Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato das atividades desenvolvidas por S.Exa. em viagem ao Estado do Paraná realizada ontem.

Autor
Blairo Maggi (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Blairo Borges Maggi
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
AGRICULTURA.:
  • Relato das atividades desenvolvidas por S.Exa. em viagem ao Estado do Paraná realizada ontem.
Publicação
Publicação no DSF de 06/02/2013 - Página 1218
Assunto
Outros > AGRICULTURA.
Indexação
  • REGISTRO, VIAGEM, ORADOR, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MUNICIPIO, CASCAVEL (PR), ROLANDIA (PR), ESTADO DO PARANA (PR), VISITA, EVENTO, ATIVIDADE AGROPECUARIA, TECNOLOGIA, COMENTARIO, RELEVANCIA, POLITICAS PUBLICAS, GOVERNO FEDERAL, DISPONIBILIDADE, AGRICULTURA, PAIS.

            O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, quero fazer um registro na noite de hoje da viagem que fiz ontem no Paraná, junto com a Presidente Dilma. Fizemos essa viagem acompanhados do Senador Sérgio Souza e da Senadora Kátia Abreu, quando estivemos na cidade de Cascavel inicialmente para participar de um evento chamado Agrishow, ou Show Rural. Esse evento já tem 25 anos e é responsável pela difusão tecnológica da agricultura do Paraná e da agricultura brasileira. Ali no local desse evento encontramos tudo que é necessário para a agricultura brasileira desenvolver-se, seja ela de grandes produtores, seja ela de pequenos produtores.

            A Presidente Dilma ficou muito entusiasmada, ficou muito alegre com tudo o que viu nessa exposição, não só pelo fato de ver as coisas bonitas de uma exposição como o Show Rural, mas também por saber que as políticas públicas que são colocadas pelo Governo Federal à disposição da agricultura brasileira chegam hoje a todos os agricultores brasileiros. Sejam eles grandes, médios, pequenos, são capazes e têm condições de buscar nos seus agentes financeiros, no Banco do Brasil, nos bancos particulares, no Pronaf, recursos para uma agricultura com alta produtividade.

            E, no seu discurso, a Presidenta foi muito feliz quando fez, sim, as ponderações das dificuldades que nós temos, Senador Jayme: de ver, com milhões e milhões de toneladas que produzimos Brasil afora, as dificuldades que temos para acessar nossos portos, as dificuldades que temos nas rodovias, ferrovias, hidrovias e também nos portos.

            Mas o importante é entender que a agricultura brasileira hoje, que alimenta mais de 150 países mundo afora, que alimenta seus mais de 200 milhões de habitantes que somos hoje no Brasil, faz isso com extrema competência e com alta tecnologia.

            Mas a alta tecnologia, para o grande, para o médio e para o pequeno produtor estava disponível também há alguns anos. No entanto, o custo do dinheiro no Brasil fazia com que os produtores brasileiros, independentemente da sua categoria, não tivessem a coragem -- Senador Jayme, o senhor, que é produtor rural, sabe --, de ir a um banco tomar um financiamento Muito provavelmente antes de a sua colheitadeira e de o seu trator virarem sucata, não valerem mais nada na propriedade -- o que acontece depois de dez, quinze anos de uso --, a dívida era quatro, cinco vezes maior do que o patrimônio que se tinha, fora os anos todos que tinham sido pagos.

            E aí entram os programas sociais.

            Foram feitos programas de redução de juro para as atividades produtivas no País, iniciados ainda no governo do Presidente Lula, quando o governo percebeu e fez um programa para aquisição de máquinas para todos os produtores rurais: em vez da TJLP mais 11% ou 12%, um juro civilizado de 8 ou 9% ao ano, sem correção monetária.

            Aí veio a crise financeira mundial, e o governo teve que olhar para a agricultura e para o agricultor. E viu que ali estava um ambiente propício para colocar o serviço, a mão de obra das cidades e beneficiar os produtores. Quando uma colheitadeira, um trator, um implemento é fabricado numa cidade, ele vai para o interior. E o governo, mais uma vez, então, fez a redução da taxa de juros -- aí uma taxa altamente significativa e baixa, de 2,5% ao ano.

            Isso levou a agricultura brasileira e a pecuária brasileira à condição de investir, e investir pesadamente, maciçamente, em novas máquinas, novos equipamentos, novas tecnologias. Vimos, então, a produção brasileira e a produtividade da nossa agricultura simplesmente subirem. Passamos de uma safra por ano para duas safras por ano, principalmente na Região Centro-Oeste e no Sul do Brasil e principalmente no Estado de Mato Grosso, porque foi muito simples: se eu tive dinheiro barato para comprar uma máquina, eu comprei uma máquina grande, eu comprei várias máquinas; e o meu tempo de plantio, Senador Jayme Campos, que era de três meses, baixou para um mês; a minha colheita, que era de 90 dias, baixou para 40 dias; e a janela de plantio de segunda safra simplesmente diminuiu. E os produtores puderam, então, fazer a segunda safra.

            Então, eu faço aqui esse reconhecimento à Presidente Dilma, em nome de todos os agricultores brasileiros, porque sei que há esse reconhecimento, porque sem dinheiro barato, sem se endividar… Ou melhor, endividar-se dentro de sua capacidade foi o que permitiu à agricultura brasileira dar o salto que deu.

            Saímos lá de Cascavel e fomos para Rolândia, uma cidade próxima de Maringá. Ali -- confesso a vocês --, levei um choque, porque fui parar no meio de um assentamento de sem-terra, ou ex-sem-terra, comandados pelo MST. Agora, imaginem, de repente, Blairo Maggi no meio de uma festa do MST… Mas, como estava com a Presidente Dilma, senti-me muito à vontade e sem nenhum receio. Aliás, sempre me dei bem com os movimentos sociais quando fui Governador do Estado do Mato Grosso.

            Mas o que me chamou a atenção… Encontrei lá João Pedro Stédile; encontrei o Coordenador Nacional do MST, o Baggio; encontrei Gilberto Carvalho, todos ligados ao PT e que entendem que a agricultura familiar e a reforma agrária são a saída do País. Eu tenho minhas dúvidas…

            Mas, ontem, Senador Monteiro, o que eu vi lá nessa cidade, nesse assentamento, me acendeu a esperança de que finalmente -- finalmente -- a defesa intransigente que o MST tinha da terra pela terra está sendo trocada por terra pela produtividade; por terra pela agroindustrialização, dentro de um programa que o Governo está colocando para tirar os assentamentos brasileiros da miséria e colocá-los em condições de competir com a grande indústria nacional, porque sempre há espaço, sempre há lugar para quem faz melhor.

            A planta de laticínio que vi ontem e os produtos que provei me fizeram dizer a alguns que estavam lá: “Olha, a Batavo, quando começou no Brasil, era muito menor do que essa fábrica que estamos vendo hoje”.

            Portanto, percebi na viagem de ontem que nós, brasileiros, estamos deixando as diferenças ideológicas de lado. Estamos todos procurando construir um País -- sim -- para todos, com riqueza para todos. Mas a riqueza para todos significa que precisamos produzir, trabalhar e nos libertar dos programas sociais do Governo. Essa pode ser a porta de saída que o Movimento Sem Terra no Brasil encontrou: o de agroindustrializar o assentamento. E o volume de um, somado ao volume de dois, somado ao volume de três, isso dará grande possibilidade para que a gente possa ter algo diferente no futuro deste País.

            Então, gostaria de deixar esse registro dos dois locais onde estive com a Presidente Dilma ontem e agradecer aos meus amigos de Cascavel, que tive a oportunidade de encontrar depois de muito tempo, já que nasci naquela região do oeste do Paraná. Quero cumprimentar o Presidente da Coopavel, o Sr. Dilvo Grolli que, junto com o Rogério, faz esse show rural, que é um espetáculo, uma coisa muito diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil.

            Senador Jayme, há lugares até -- depois que você anda muito, vai ver a máquina, vai comprar, fica entusiasmado -- que quer pensar um pouquinho. Aí você se retira, senta num banco, tem uma música de passarinhos, você reflete e compra a sua máquina: uma coisa muito bonita, muito bem organizada.

            Também encontrei lá o Sr. Assis Gurgacz, pai do nosso Senador Acir, que é meu amigo, foi amigo do meu pai, assim como o Pedro Muffato, produtor do Paraná e do Mato Grosso; também o Alcides Cavalca e o Celso Maggi, meu primo, que encontrei por lá. Enfim, revi muitos amigos que há anos não via.

            Então, quero deixar o meu reconhecimento desses dois eventos que presenciei no dia de ontem em companhia da Presidente Dilma. Posso dizer, com toda certeza, que, se seguirmos o caminho que vi ontem, teremos novidades muito boas no Brasil.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/02/2013 - Página 1218