O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco/PTB - PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Como este momento é, por assim dizer, de certa catarse do semiárido, e estamos todos aqui, o Senador Vital, o Senador Inácio, compartilhando essa tragédia que se abate por lá, fiquei com vontade e, ao mesmo tempo, com certo embaraço de interromper a fala tão pungente do nobre Senador Vital do Rêgo, que trouxe aqui a expressão do nosso sentimento, do sentimento de todos aqueles que vivem a realidade do semiárido nordestino e que assistem a esse fenômeno recorrente e a essa tragédia que tem sempre data certa, como se fosse um calendário absolutamente perverso a que temos, todo ano, de nos submeter.

            Acho, meu caro Senador Vital, que sua palavra nos remete ao compromisso que temos, como homens públicos, de sair do discurso da comiseração, do discurso que registra esse cortejo de sofrimento que se repete, para uma ação mais firme e mais rigorosa, do ponto de vista político, que temos de assumir para cobrar ações estruturantes que promovam um mínimo de segurança hídrica a essas regiões.

            E há muito que isso já poderia ter sido feito, Senador Jayme Campos. Há a possibilidade de uma malha de adutoras, que não fizemos ao longo dos anos. O atraso na transposição impossibilita que se utilize o eixo leste, por exemplo, no meu Estado, para fazer a grande adutora do agreste. Existe em nosso Estado, meu caro Senador Vital, no agreste, um déficit hídrico maior do que no sertão, por paradoxal que pareça, em razão da maior densidade populacional.

            E o que é que distingue o semiárido nordestino de Israel e até mesmo da Califórnia? É que temos a maior população do mundo em termos relativos vivendo num espaço árido como esse. Então, a dimensão dessa tragédia é também a dimensão da densidade populacional de um povo que, teimosamente, insiste em não abandonar seu chão, nesse sentimento telúrico, nesse sentimento que nos liga ainda a esse chão tão difícil.

            Eu quero compartilhar este momento e me congratular com o Senador Vital do Rêgo, que, como todo bom paraibano, sabe transformar, inclusive, até dor em poesia.