Discurso durante a 67ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Congratulações ao Embaixador Roberto Azevêdo por sua eleição para Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio.

Autor
Ricardo Ferraço (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Ricardo de Rezende Ferraço
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Congratulações ao Embaixador Roberto Azevêdo por sua eleição para Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio.
Aparteantes
José Sarney.
Publicação
Publicação no DSF de 10/05/2013 - Página 24658
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, EMBAIXADOR, BRASIL, ELEIÇÃO, DIRETOR GERAL, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMERCIO (OMC), ELOGIO, ATUAÇÃO, DIPLOMATA.

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exma Srª Presidente desta sessão Senadora Ana Amélia, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, caro Presidente Senador José Sarney, na condição de cidadão, na condição de Senador da República, na condição de Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, quero registrar, nesta tarde, uma importante vitória para o Brasil.

            A vitória do Embaixador Roberto Azevêdo, na disputa pela Direção- Geral da Organização Mundial do Comércio, oficialmente anunciada no dia 8 de maio, oferece motivo para justificável celebração, mas deve servir também para ensejar importantes reflexões. No ambiente político radicalizado que se percebe no Brasil este ano, possivelmente já em precoce ensaio para a campanha eleitoral de 2014, as reações que se observam na imprensa e entre analistas levam à conclusão mais desavisada de um conceito muito embaralhado sobre as conclusões da importância da eleição do primeiro brasileiro a presidir a Organização Mundial do Comércio, que é uma das mais importantes organizações para mediar e disciplinar as relações multilaterais e globais.

            Em primeiro lugar, cabe reconhecer os méritos pessoais e profissionais do futuro Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio.

            Diplomata de carreira há três décadas, com larga e variada experiência, há pelo menos quinze anos Roberto Azevêdo se vem dedicando, com crescente grau de especialização e de aprofundamento e em posições de crescente responsabilidade, à complexa temática do comércio internacional, particularmente no que concerne ao funcionamento da instituição multilateral que passará a comandar em breve, ao substituir o francês Pascal Lamy.

            Essa trajetória granjeou-lhe extensa rede de relacionamentos em todo o mundo, entre autoridades governamentais e diplomáticas, assim como entre empresários e entidades de um conjunto muito relevante e vasto de classes sociais. Mais que isso, sua longa experiência como negociador brasileiro em importantes disputas comerciais, no âmbito da Organização Mundial do Comércio, com parceiros internacionais e como representante de seu país na até agora truncada negociação da chamada Rodada Doha, rendeu-lhe, seguramente, uma reputação e uma credibilidade que foram premissas para que ele pudesse alcançar uma posição tão destacada como essa. Mesmo diante de disputas por vezes ácidas, erodidas, seus interlocutores sempre reconheceram no Embaixador Roberto Azevêdo os predicados do bom negociador, negociador que endurece sem desrespeitar e que obedece as regras do jogo sem procurar em momento algum burlá-las.

            Caso o candidato apresentado pelo Brasil não reunisse as singulares credenciais pessoais e profissionais que pôde ostentar, seguramente que apenas o prestígio internacional do nosso País não bastaria para vencer disputa tão acirrada, que iniciou com nove candidatos, todos muito fortes e representativos, e terminou num embate apertado com o candidato mexicano.

            À exceção do Embaixador Roberto Azevêdo, todos os seus oito concorrentes são ou já foram Ministros de Estado em seus respectivos países, o que evidencia ainda mais a dimensão pessoal dos atributos que conduziram o candidato brasileiro à vitória na Organização Mundial do Comércio.

            Em segundo lugar, é inegável que o resultado espelha o crescente protagonismo internacional do Brasil e coroa de êxito uma estratégia diplomática arrojada, que, em processo cumulativo, resultante de muitos anos de trabalho, ampliou nossa capacidade de articulação política em escala verdadeiramente global.

            Deve-se, entretanto, evitar a abordagem excessivamente reducionista e também contaminada pelo imediatismo simplista do jogo político doméstico, o qual tende a se expressar como ganha/perde, e que é incompatível com o projeto de nação que deve mover a política externa como política de Estado, de índole permanente e voltada ao longo prazo, ao contrário dos interesses cambiantes e eventuais dos governos de plantão.

            Ouço, com prazer e com alegria, o Senador José Sarney, até porque julgo que S. Exª contribuiu para a construção desse ambiente e desse protagonismo político alcançado por nosso País.

            O Sr. José Sarney (Bloco/PMDB - AP) - Muito obrigado a V. Exª. Quero juntar-me às congratulações que V. Exª faz ao Itamaraty e ao Embaixador Roberto Azevêdo pela sua eleição para a Organização Mundial do Comércio. Isso tem vários aspectos: em primeiro lugar, nós verificamos que o Brasil alcançou um novo patamar internacional, de tal maneira que já pode presidir uma organização dessa dimensão e dessa importância em nível mundial. Em segundo lugar, devo também ressaltar a competência com que o País sempre se desempenhou na Organização Mundial do Comércio, com todos os embaixadores que ali passaram. Nós tivemos homens do maior brilho, inteligência e capacidade, que foram, no passado, representantes do nosso País. Quero lembrar o Embaixador Paulo Nogueira Batista, para começar, o primeiro deles; depois, o Embaixador Celso Amorim; o Embaixador Seixas Corrêa. São grandes nomes da diplomacia brasileira. E, agora, estamos elegendo o Embaixador Roberto Azevêdo, que, sem dúvida alguma, é uma das mais brilhantes expressões da nossa diplomacia. É um homem que tem um grande currículo profissional, ao mesmo tempo em que é um homem voltado ao diálogo, com uma longa experiência de diplomacia parlamentar e que, sem dúvida alguma, firmou-se e afirmou-se, dentro daquele organismo, como um homem de tamanha respeitabilidade. E, agora, é escolhido para Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio. Sem dúvida alguma, nós devemos também nos congratular com o próprio Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que é um organismo exemplar no nosso País, de grandes recursos humanos e que, ao mesmo tempo, tem um respeito internacional pela qualidade dos seus quadros e pelo desempenho que sempre teve nos grandes fóruns internacionais. V. Exª está expressando acho que um sentimento da Casa e, ao mesmo tempo, com o brilho, a competência e o prestígio de que V. Exª desfruta em nosso meio. Muito obrigado.

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES) - Agradeço ao Senador José Sarney pelas contribuições.

            Quero crer, como V. Exª acaba de afirmar, que essa é uma construção que exigiu muito trabalho, um trabalho que vem sendo plantado ao longo de muitos anos.

            Nós alcançamos a nossa democratização nos anos 80. O Brasil alcançou a democratização e a sua legitimidade política.

(Soa a campainha.)

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES) - Tudo isso foi e é contribuição importante para o protagonismo de que o nosso País neste momento desfruta.

            Mas não apenas a redemocratização; há também a estabilização macroeconômica, conquista dos anos 90. Quer dizer, o Brasil não reuniria as condições de desenvolvimento econômico e social que vem sendo construída nos últimos vinte anos sem crescimento econômico sustentável, sem dinamismo social, com combate à fome e à miséria. O Brasil não teria se tornado esta potência emergente que é - é verdade, com muitos desafios -, mas é preciso que nós tenhamos a capacidade de olhar para trás e a grandeza e o orgulho por tantos e tantos passos que foram dados ao longo desses anos.

            Portanto, Srª Presidente, faço aqui uma longa fundamentação que justifica, seguramente, essa construção, cumprimentando,...

(Soa a campainha.)

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES) - ... evidentemente, o Itamaraty, cumprimentando a diplomacia brasileira, cumprimentando o ex-Chanceler Celso Amorim, Ministro da Defesa, o Chanceler Antonio Patriota e, de maneira muito efetiva também, a participação que teve a Presidente Dilma, que assumiu pessoalmente, de maneira dedicada, essa candidatura, fazendo crer na opção e ecoar, internacional e globalmente, que o nosso País está fazendo pelas relações multilaterais.

            Portanto, essa é uma conquista da qual nós precisamos ter orgulho. E deixo aqui a nossa certeza, a convicção e a confiança na jornada exitosa do Embaixador Roberto Azevêdo, que fará um trabalho extraordinário, já com tarefas muito grandes. Ao final do ano, haverá uma importante reunião na Indonésia, em que será relançada ou sepultada a rodada de Doha.

(Soa a campainha.)

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES) - Por isso mesmo, a Organização Mundial do Comércio tem à frente um brasileiro da maior qualidade, que seguramente estará brilhando, como brilhante é a sua carreira.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/05/2013 - Página 24658