Pela Liderança durante a 70ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa dos interesses dos produtores dos perímetros irrigados do baixo São Francisco, no Estado de Sergipe.

Autor
Eduardo Amorim (PSC - Partido Social Cristão/SE)
Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR, CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Defesa dos interesses dos produtores dos perímetros irrigados do baixo São Francisco, no Estado de Sergipe.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 14/05/2013 - Página 25468
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR, CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, PRODUTOR RURAL, LOCAL, IRRIGAÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, ESTADO DE SERGIPE (SE), MOTIVO, SECA, REGISTRO, ATUAÇÃO, ORADOR, SOLICITAÇÃO, APOIO, PRESIDENTE, COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DO VALE DO SÃO FRANCISCO (CODEVASF), OBJETIVO, RESOLUÇÃO, PROBLEMA.

            O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC - SE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, colegas Senadores, ouvintes da Rádio Senado, espectadores da TV Senado, todos que nos acompanham pelas redes sociais, mais uma vez, exercendo o meu dever constitucional de defender os interesses de nossa gente - falo do povo do Estado de Sergipe -, faço uso da tribuna desta Casa para me solidarizar com o drama vivido pelos produtores dos perímetros irrigados da região do baixo São Francisco do Estado de Sergipe.

            A situação é calamitosa, Sr. Presidente.

            Alguns dias atrás, um grupo de prefeitos e produtores daquela região fez uma manifestação em uma rádio local, cobrando providências por parte da Codevasf, pedindo soluções urgentes contra o drama da seca e contra o drama do maquinário quebrado, do descaso, dos canais obstruídos, que estão atingindo e inviabilizando a produção de toda aquela região, que, com certeza, já foi orgulho para todos nós sergipanos, que alimenta muitas mesas e que, ainda hoje, apesar da baixa produtividade, é o sustento e o alimento de muitas famílias.

            Atendendo ao convite desses produtores e dos seus representantes, prefeitos, vereadores e autoridades locais, ouvi suas reivindicações, de forma muito atenta, e entendi que o caminho mais justo e correto seria convidar o superintendente local da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba, a nossa Codevasf, para ficar ciente dos problemas que afetam a região.

            Assim, Sr. Presidente, ladeado pelo Deputado André Moura, pedimos audiência ao Ministro da Integração e também a participação do Presidente da Codevasf. De forma muito gentil, fomos atendidos.

            Por motivos que excedem a nossa compreensão, após a confirmação e a surpresa tanto do Ministro como do Presidente da Codevasf com aquela situação que ali mostramos, acompanhados do Prefeito de Propriá, José Américo, houve, sim, a confirmação de que o Presidente Nacional da Codevasf iria a Sergipe ouvir os produtores. Ninguém da companhia, Sr. Presidente, após ter marcado a data, lá compareceu, numa atitude de total descaso com as famílias e com as autoridades daquela região. Famílias que hoje vivem, Sr. Presidente, situações lastimáveis de descaso, de desprezo, de perfeito abandono.

            Sem contar com o apoio e a sensibilidade dos dirigentes locais da Companhia, estive pessoalmente com o Presidente Nacional da Codevasf, que, num gesto até elegante à época, diferentemente dos outros dirigentes locais, se desculpou pela desatenção e prometeu a mim - passei isso ao povo de Sergipe - que ele retornaria a Sergipe para conversar com os produtores dos perímetros irrigados do Estado o mais rápido possível.

            A mim ele disse a data, Sr. Presidente, mas, para que ninguém interferisse ou viesse a proibir, o que é uma atitude antidemocrática, que o Presidente da Codevasf lá testemunhasse o que se passa, eu preferi, desta vez, não divulgar o dia. Espero que ele cumpra a palavra. E confio perfeitamente no Sr. Elmo Vaz até que ele possa estar lá em Sergipe.

            Agora, o fato é que é de se estranhar, Sr. Presidente, Srs. colegas Senadores, que, desta Casa, é que a partir daí, ao invés de contar com o apoio de todo o setor e de alguns do setor político, passei a ser duramente criticado por ter simplesmente atendido aos apelos dos prefeitos e dos produtores do meu Estado. Fiz o meu exercício democrático, o meu dever e a minha obrigação. Não sou omisso, nem o serei. E não são vozes perversas que me calarão ou que me imobilizarão, porque o meu dever, estando nesta Casa, escolhido pelo povo de Sergipe, é, sim, trazer as questões e as críticas de forma construtiva e realmente me solidarizar com todo aquele povo e todas aquelas famílias.

            É lamentável que, em pleno século XXI, Sr. Presidente, determinados setores da política ainda abrigam uma compreensão atrasada de que os órgãos estatais possam funcionar como verdadeiros feudos, a serviço não do povo, mas de seu agrupamento. Fato como este, além de lamentável, é inconcebível em pleno século XXI e numa democracia amadurecida como a nossa.

            Assim como é inconcebível, Sr. Presidente, o que acontece nos perímetros irrigados. Lá, as bombas estão quebradas - aqui estão, Presidente, as fotos dos locais visitados pelas pessoas -, não funcionam adequadamente. As águas estão contaminadas, a produção comprometida e os parceleiros sem perspectiva de futuro. Vimos in loco a situação que ora descrevo, como demonstram todas estas fotos, Sr. Presidente.

            Não há nenhum tipo de preocupação eleitoreira, mesmo porque estou como Senador, sou médico, trabalho pelo bem-estar do meu povo de Sergipe e pelos irmãos brasileiros distribuídos em todos os cantos. Especificamente, nesse caso, fui convidado pelos trabalhadores dos perímetros irrigados e por seus representantes locais - prefeitos e autoridades -, para conhecer a situação pela qual passam e fiz o que, como Parlamentar, era o meu dever e a minha obrigação!

            Exerço meu mandato com humildade, responsabilidade e mantenho o compromisso que assumi com o povo, com a minha gente, com o meu Estado de Sergipe, com meus irmãos brasileiros. Dessa maneira, todas as vezes que for convocado a interceder por uma causa estarei presente e farei o que tiver que ser feito, doa a quem doer, a permanência de determinados feudos.

            Tenho dito, Sr. Presidente, que acredito na política como instrumento de transformação social, de justiça social, e é para isso que aqui estou, e é para isso que trabalho, que milito na política, retirando, muitas vezes, o tempo que pertence aos meus filhos e a minha família, mas, com certeza, vale a pena, porque é a busca da construção do bem, é a busca de materializar o sonho de ver um Brasil muito melhor, especialmente um Estado de Sergipe muito melhor.

             Hoje, dia 13 de maio, 125 anos após a abolição da escravatura, em nosso País oficialmente não há mais escravos, não deve haver. Mas será que quando nos deparamos com relatos de uma realidade inversa e somos acusados de prepotentes por querermos trabalhar pelo povo de um Município, de um Estado ou de uma Nação, quando nos querem calar, será que, de alguma forma, de alguma maneira, não nos estão querendo escravizar?

            Pois bem, Presidente, não me calarão. E, aqui estão as fotos, mais uma vez, do que se passa nos perímetros irrigados de Sergipe. Esta é a realidade, é uma realidade perversa.

            Sr. Ministro e Sr. Presidente da Codevasf vão in loco e vejam. Tenho certeza de que a Presidente Dilma não sabe o que está acontecendo. Tenho certeza de que a Presidente Dilma não pactua e não concorda com uma situação como essa, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, nosso País tem pouco mais de 500 anos de descobrimento. Há quase 200 anos proclamamos a nossa Independência, proclamamos a nossa República, vencemos guerras mundiais, atravessamos a ditadura, mas, por incrível que pareça, ainda há esses feudos e a perversidade da seca, e alguns acham que são donos de algumas situações, de alguns cargos e de alguns espaços do Poder Público.

            Então, Sr. Presidente, não me calarão porque a nossa missão é fazer o bem, o que é justo, por entender, sim, que a política é verdadeiramente um instrumento de transformação e de justiça social. Só assim vamos ter um Brasil muito melhor, só assim vamos ter um Sergipe muito, muito melhor.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senador Eduardo Amorim.

            O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC - SE) - Pois não, Senador Eduardo Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Quero assinalar como importante a sua manifestação sobre o que se sucede na Codevasf e em Sergipe, mas gostaria, tendo em conta que V. Exª é Senador de Sergipe, de cumprimentar Sergipe e Aracaju por estarem entre os Estados e os Municípios que mais avançaram no processo da chamada busca ativa. Ou seja, se nós analisarmos o número de famílias em Sergipe e, em especial, em Aracaju que recebem até R$140 per capita, por mês, e que, portanto, deveriam estar inscritas no programa Bolsa Família... Há lugares no Brasil onde essa proporção está em torno de 50%, 60% e, em Sergipe e em Aracaju, está próxima de 80%. Aracaju é a capital, entre as 27 capitais e unidades da Federação, que está com o índice mais alto. Então, eu queria...

            O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC - SE) - Obrigado, muito obrigado.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ... aproveitar a sua presença na tribuna para assinalar isso que há pouco mencionei.

            O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC - SE) - Eu ouvi, Senador Eduardo Suplicy.

            Muito obrigado.

            Essa é uma das mazelas que estamos enfrentando e, como você disse aí, estamos sendo vencedores, mas ainda há muitas outras, como essa que relato aqui, que precisam ser vencidas, que os feudos devem deixar de existir.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/05/2013 - Página 25468