Pela Liderança durante a 136ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o atraso na votação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias em virtude da não apreciação de vetos presidenciais.

Autor
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Aloysio Nunes Ferreira Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. CONGRESSO NACIONAL, ORÇAMENTO.:
  • Preocupação com o atraso na votação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias em virtude da não apreciação de vetos presidenciais.
Publicação
Publicação no DSF de 22/08/2013 - Página 55995
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. CONGRESSO NACIONAL, ORÇAMENTO.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE, SENADO, CAMARA DOS DEPUTADOS, REFERENCIA, DECISÃO, DELIBERAÇÃO, VETO (VET), PROJETO DE LEI, AUTORIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, LOCAL, CONGRESSO NACIONAL, MOTIVO, INTIMIDAÇÃO, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL.
  • CRITICA, DECISÃO, RETIRADA, APRECIAÇÃO, VETO (VET), REFERENCIA, PROJETO DE LEI DE CONVERSÃO (PLV), MEDIDA PROVISORIA (MPV), ASSUNTO, REGULAMENTAÇÃO, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA, AGRICULTOR, ORIGEM, REGIÃO NORDESTE, PROJETO DE LEI, RELAÇÃO, EXTINÇÃO, MULTA, FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS), HIPOTESE, DEMISSÃO, AUSENCIA, JUSTA CAUSA, RESULTADO, PARALISAÇÃO, PAUTA, CONGRESSO NACIONAL, IMPEDIMENTO, DELIBERAÇÃO, LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTARIAS (LDO).

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Congresso Nacional, ontem, em boa hora, resolveu cumprir a Constituição no que diz respeito à apreciação dos vetos. Foi uma decisão do Congresso em que todos participaram, mas não posso omitir, seria injusto dizer que a presença tanto do Presidente Henrique Eduardo Alves quanto do Senador Renan Calheiros foram fundamentais para que isso acontecesse, como também a pressão das bancadas de oposição para exercer o direito de votar e concluir o processo legislativo. Vamos cumprir a Constituição. As matérias vetadas serão incluídas na Ordem do Dia depois de 30 dias de comunicadas ao Presidente do Senado, e, caso não sejam deliberadas nesse prazo, tranca-se a pauta do Congresso. Esse é o lado positivo do episódio de ontem.

            O lado negativo, infelizmente, foi a maneira como isso aconteceu. O Senado e a Câmara foram invadidos por manifestantes que, inúmeras vezes, insultaram Parlamentares. Invadiram o plenário da Câmara dos Deputados, interrompendo, com isso, os trabalhos; organizaram verdadeiros corredores para que os Congressistas que se dirigiam ao plenário passassem, alguns deles recebendo insultos; tentaram forçar a porta da chapelaria para invadir o saguão.

            O Presidente do Senado, Senador Renan Calheiros, se refere à manifestação de ontem como uma manifestação democrática. Manifestação democrática é manifestação que respeita a ordem democrática. Manifestação que visa a intimidar Congressistas eleitos pelo povo é uma manifestação que não se coaduna com os princípios da ordem democrática de uma República representativa, que é o caso do Brasil. Nós estamos cada vez mais banalizando esse tipo de episódio.

            Toda manifestação é legítima, mas é preciso que elas transcorram dentro da lei. Nenhum grupo de cidadãos, por mais que tenham razão - ou que pensem que tenham razão -, podem se dar ao direito de chegar a interromper os trabalhos do Congresso Nacional. Não foi democrática, foi antidemocrática.

            E o Congresso não pode tolerar. Congresso próximo do povo não é o que flerta com esse tipo de manifestação. É Congresso que vota leis sérias, amadurecidas pelo debate; que combate privilégios; que corta gastos inúteis - isso, sim; Congresso que ouve o povo; congressistas que dialogam para captar que o povo quer dizer. Mas, tolerar esse tipo de manifestação, mais uma vez venho à tribuna para dizer que, eu, pessoalmente, não tolero.

            Quero dizer também que, em relação a ontem, Sr. Presidente, havia, na Ordem do Dia inicialmente proposta pelo Senador Renan Calheiros, dois itens que foram excluídos da deliberação por decisão da maioria dos Líderes governistas e com a oposição dos Líderes do Democratas e do PSDB. Refiro-me ao veto aposto pela Presidente Dilma ao Projeto de Lei de Conversão da MP nº 610, que, entre outras matérias, tratava de uma relevantíssima, que são regras para renegociação e abatimento de dívidas de agricultores do Nordeste castigados pela seca. Isso foi vetado. E refiro-me também a outro item, que é a supressão de uma multa adicional sobre os 40% de FGTS em caso de demissão imotivada. Essa multa foi criada para cobrir um rombo no orçamento do Fundo...

(Soa a campainha.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) - ... que não existe mais, já foi coberto, e que, portanto, deixou de dar qualquer suporte jurídico, econômico ou financeiro legítimo a essa multa. O Senado aprovou, por unanimidade, a supressão dessa multa e a Câmara aprovou por 315 votos. A Presidente Dilma vetou e estava no direito dela vetar. O que não estava certo era o Sr. Ministro Gilberto Carvalho vir, a partir disso, insultar o Congresso Nacional, quando se vislumbrava a derrubada do veto. O fato é que eles foram excluídos da Ordem do Dia.

            Com isso, Sr. Presidente, a pauta do Congresso estará trancada, a partir do próximo dia 28, pelos vetos ao FGTS, e, já a partir de hoje, pelos vetos, apostos a MP 610, porque transcorreram 30 dias, e eles não foram votados. Com isso, não podemos votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

            Agora, vejam V. Exªs a situação absurda que nós estamos vivendo.

            A Constituição Brasileira coloca como baliza e parâmetro para a elaboração da Lei Orçamentária exatamente a Lei de Diretrizes Orçamentárias, prevista na Constituição, para dar os rumos para a elaboração do Orçamento Federal. Ela fixa os parâmetros básicos que deverão presidir a elaboração do Orçamento.

            Ora, a Lei de Diretrizes Orçamentárias não poderá ser deliberada. Não podemos deliberar sobre ela pelo menos até o dia 17 de setembro, para quando foi convocada uma reunião do Congresso para votar os vetos. Então, até lá, não teremos Lei de Diretrizes Orçamentárias. Acontece que o Orçamento Federal vai chegar aqui, ao Congresso, no dia 31.

(Soa a campainha.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) - Então, vamos receber o Orçamento para 2014 antes de termos votado a lei que condiciona, do ponto de vista jurídico, racional e lógico, a sua elaboração.

            Esse é mais um dado, Sr. Presidente, do processo de degradação institucional que se soma a esse tipo de manifestação a que me referi, que se projeta também no balanço das medidas provisórias. São 102 medidas provisórias editadas no governo Dilma. Dessas, mais de 20% ou caducaram, por não terem sido deliberadas dentro do prazo, ou então foram julgadas prejudicadas, o seu conteúdo foi absorvido por outras.

            Esses números mostram a banalização do uso da medida provisória, a leviandade por parte da Presidente da República ao declarar que uma matéria é, a tal ponto, relevante e urgente a ponto de determinar a edição de medida provisória.

            O fato, Sr. Presidente, é que estamos indo de mal a pior. E faço essa observação sobre medidas provisórias, sobre Orçamento e a LDO, não para levantar aqui, perante o Senado, nenhuma reivindicação de ordem corporativa, de ordem jurídico-abstrata. Não. É que existe um valor chamado segurança jurídica. Existe um valor que se expressa no funcionamento normal das instituições e que está sendo dilapidado.

            E isso tem uma influência direta sobre o funcionamento da economia, sobre as expectativas, sobre a vida de cada um. Quer dizer, um país que se quer sério, que deseja progredir, que deseja dar oportunidade aos seus filhos de viver melhor é um país bem organizado. E o nosso País, por exemplos como esse a que estou me referindo, é um País desordenado, malgovernado, onde as instituições, infelizmente, estão sendo malbaratadas.

            Agradeço, mais uma vez, a tolerância de V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/08/2013 - Página 55995