Discurso durante a 147ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre as manifestações populares agendadas para o Sete de Setembro; e outros assuntos.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA, POLITICA NACIONAL.:
  • Comentários sobre as manifestações populares agendadas para o Sete de Setembro; e outros assuntos.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Pedro Taques.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/2013 - Página 60116
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA, POLITICA NACIONAL.
Indexação
  • ELOGIO, PARTICIPAÇÃO, JUVENTUDE, POLITICA, ENFASE, MIDIA SOCIAL, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, CRITICA, MANIFESTAÇÃO, VIOLENCIA, APREENSÃO, POSSIBILIDADE, TUMULTO, DIA, INDEPENDENCIA.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srs. Parlamentares, eu volto a esta tribuna para discutir sobre um assunto que está sendo levantado e correndo mais na sombra do que a céu aberto. Há uma pergunta, inclusive manchete como esta que aqui está: “Planalto em alerta: Dia da Pátria pode ser dia de guerra”. Senhores, essa outra aqui: “A baderna e a repressão”. Isso tudo tendo em vista a Semana da Pátria, o dia 7 de setembro.

            E, nos movimentos de que temos sido defensores, os movimentos dos jovens que têm sacudido as cidades brasileiras, ultimamente tem havido uma mistura e apareceram alguns jovens com vestiário diferente, os Anonymous, os Black Blocs e militantes de alguns partidos que estão lá para fazer o debate e alguns para praticar violência física e material.

            É impressionante, e me chama a atenção, que numa hora em que a Nação inteira entende e compreende a ação desses jovens, num momento em que nós defendemos, bem como a imensa maioria dos brasileiros defende e compreende o sentimento, a alma, a presença desses jovens, surja esse conflito, surja essa interrogação, surja essa preocupação com o que pode acontecer no 7 de Setembro.

            No dia 7 de setembro do ano passado, assisti em Brasília - e assisti emocionado, talvez um exemplo que não se tenha repetido muitas vezes para o mundo inteiro -, aqui, na Esplanada dos Ministérios, como é tradicional, ao lado do Senado, ao desfile das tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Todas as autoridades, a Presidenta da República, Ministros do Supremo, membros da Câmara e do Senado, Ministros e Embaixadores lá estavam. O desfile transcorreu na mais absoluta ordem, como é e como deve ser.

            Do lado de lá, o lado da Catedral, havia a passeata dos jovens. Saídos da frente da Catedral, caminhavam em silêncio com as suas faixas e cartazes, nenhuma deles de provocação, manifestando a sua ação, o seu ato, a sua rebeldia e a sua manifestação. E as manchetes do dia seguinte noticiaram o significado altamente positivo dessa realidade, o amadurecimento da nossa democracia e a possibilidade de existir exatamente aquilo: civis e militares, os jovens olhando o futuro, protestando contra o passado; e muitos militares, senhores do passado, ali, mas não incomodados.

            Agora, neste ano que passou, de lá até aqui, muita coisa mudou. Lá, quando eu vinha a esta tribuna, falava e insistia, de início as pessoas estranhavam e me perguntavam: “Mas por que tu estás dando tanta importância para isso? Por que tu estás dando tanta importância para essas colunas populares nas televisões e coisa que o valha, que não têm maior importância?” Eu respondia: “Eu penso diferente”. E eu penso que nós estamos vendo o alvorecer de uma época nova; estamos vendo mudanças profundas da humanidade. Estamos vendo, por exemplo, que o jornal escrito está perdendo, e muito, a sua influência. O Globo, o Estadão, Folha de S.Paulo, JB e Correio da Manhã, que foram absolutamente os responsáveis por tanta movimentação, por tantos movimentos, como o de 64, estão perdendo terreno. E, agora, o povo, o povo mesmo, que não tinha condições de chegar aos modernos meios de comunicação, nem na rádio, nem no jornal, nem na televisão, de repente, essa mídia popular; de repente, essa fórmula que faz com que o mundo realmente seja global; de repente, estamos...

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB-RS) - ... assistindo a essa nova realidade, a realidade em que, por esses modernos meios sociais de comunicação, os jovens se comunicam praticamente pelo mundo inteiro.

            E, já naquela época, há um ano, eu dizia - e repito hoje - que isso está se tornando quase que um vício, até entre nós. E ali está a nossa querida Senadora pelo Amazonas, e o que está fazendo? Está com seu telefone vendo, mandando e recebendo as suas mensagens. Lá estava eu, até há pouco tempo, fazendo o que com o meu telefone? Recebendo e mandando as minhas mensagens. E assim são os jovens: recebendo e já mandando.

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB-RS) - Fiquei sabendo que no Rio Grande do Sul havia jovens desses (Fora do microfone.), 350 mil no Brasil inteiro que tomam conhecimento do que ele escreve e do que ele diz. Essa é uma realidade; esse é um debate que gera a necessidade de discutirmos, mas discutirmos de maneira positiva e concreta o que fazer e como fazer.

            Eu repito: de um ano atrás, do 7 de Setembro para hoje, muita coisa aumentou. Em primeiro lugar, praticamente tomou conta do Brasil essa mocidade que debate, discute, troca informações as mais variadas.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB-RS) - Eu já estava falando, Sr. Presidente. Nós estávamos agora, às 17h30min, aguardando a sua chegada.

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco Maioria/PMDB-AL) - Com a palavra V. Exª.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB-RS) - Agora que V. Exª já chega, espera eu concluir.

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco Maioria/PMDB-AL) - Claro, com muito prazer, Senador Simon.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB-RS) - Muito obrigado.

            Neste ano, as coisas avançaram. Esses jovens, com os seus métodos de comunicação, ocasionaram a Primavera Árabe, derrubaram a ditadura de um país como o Egito, que, em milhares de anos, nunca teve um regime democrático, nunca teve um presidente eleito. O primeiro foi esse, que, aliás, durou pouco tempo. E lá estão quase à beira de uma guerra civil.

            Até nos Estados Unidos esses jovens têm se manifestado e tomado essas posições e tomado as suas decisões. No Brasil, também! E tem sido altamente positivo esse trabalho.

            É claro que aos Anonymous e aos Black Blocs não podemos recebê-los bem. Eu dizia, segunda-feira, daqui, que o governo devia tomar posição, porque não me parece correto que seja permitido um cidadão, com máscara, fazer como se viu. Nós assistimos daqui! Eu estava aqui, com o Senado funcionando, e, olhando pela janela, via o cidadão atirando pedra no Itamaraty, quebrando as portas do Itamaraty com pedras, paus e tudo mais.

            A televisão transmitiu; eu vi na Globo News o cidadão mascarado, com um palanque enorme, arrombando e arrebentando as portas de vidro do Palácio da Prefeitura do Rio de Janeiro.

            É claro que isso tem uma irracionalidade. E eu aprovo a decisão que foi tomada. Se essa gente aparecer, qualquer policial tem o direito de dizer: “Quero ver a tua carteira. Quero ver a tua carteira com a tua cara, com a tua fotografia. Quero saber quem tu és e quero que tu tires isso”. Mas é evidente! O que aconteceu, o que a gente assistiu é um absurdo!

            Na Prefeitura de Porto Alegre, de um lado, estavam os jovens insistindo para que eles não quebrassem os vidros, tentando apartar, para que eles parassem com aquilo; e, do outro lado, estavam eles indo e arrebentando. E a polícia assistindo.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT-SP) - V. Exª me permite?

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Eu creio e volto a repetir: foi tomada a decisão. A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, inclusive, já teria votado uma lei. Lei esta determinando a obrigatoriedade de o cidadão ter a sua carteira de identidade com a sua fotografia e ser obrigado a mostrá-la se estivesse na rua, num desses acontecimentos, e acontecesse qualquer incidente.

            Eu acho que os jovens que querem manifestar o seu pensamento, que querem, assim como gritaram contra a Câmara dos Deputados na hora em que votaram contra a cassação de um parlamentar condenado pelo Supremo, queiram agora fazer outro tipo de manifestação.

            Os jovens que vieram aqui, na frente do Senado, encheram aqui de cruzes, um outro dia encheram a frente do Senado de bolas de futebol e chutaram para cá, mas, na minha opinião, como aqui na Câmara...

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB-RS) - ... que não aceitou, que rejeitou a cassação do mandato do Deputado condenado pelo Supremo, ontem, por unanimidade, sem um voto contra, votação secreta, votaram contra o Deputado.

            Nós, também, aqui, numa sessão, as manifestações foram todas contra o projeto da ficha limpa, achando que era um projeto ridículo, que não podia ser aprovado, que estava cheio de erros. Os jovens vieram aqui para frente, não fizeram lambança. Foi até uma manifestação elegante, mas dura, e, no dia seguinte, o Senado, por unanimidade, aprovou o projeto da ficha limpa.

            Eu acho que esse é um movimento recíproco que devemos debater. Não significa obrigatoriedade que os jovens estejam, aí, a gritar qualquer coisa e que nós tenhamos de obedece-los ou que iremos fazer aquilo que não deve ser. Mas que eles têm o direito de falar e de protestar, principalmente quando nós sabemos que as coisas estão erradas...

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB-RS) - ... e que nós precisamos mudar, é importante. Isso é importante!

            Nós, parlamentares, com toda a sinceridade, temos que ser sacudidos para mostrar que nós temos que sair desse movimento paralisante: “Eu não tenho o que fazer”, “Eu não posso fazer nada”. O que é que é isso? Sou eu, um e mais seiscentos... É importante que isso aconteça. É importante que a gente caminhe em busca de um bom caminho. Que esse movimento, de um lado, leve os jovens a debater, a discutir, a se reunir, a conversar com seus professores, a conversar entre si, para discutir como vamos caminhar no campo da educação, no campo da saúde, no campo da segurança, no campo da construção social. É importante. E que nós, Parlamentares, tenhamos a coragem de reconhecer os nossos equívocos no conjunto.

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - (Ininteligível.) ... que faz com que o Brasil, nas manchetes, jogue R$1 trilhão fora, no roubo e na falcatrua. (Fora do microfone.) É importante.

            Isso deve gerar fato positivo, Sr. Presidente. Como V. Exª, eu faço justiça: desde que essas coisas começaram, houve nova dinâmica no Senado. O Senado está tendo nova dinâmica, e V. Exª o diz com toda franqueza. São esses jovens, são essas manifestações nas ruas que fazem com que nós façamos isso. E o Senado está fazendo; e está fazendo por causa disso. É olhar o fato de maneira positiva. Não é botar a polícia para prender, para parar, para fazer não sei o quê, mas olhar de forma positiva. É o que nós estamos fazendo.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - V. Exª me permite?

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Acho que o Governo Federal deve fazer a mesma coisa. Acho que a dona Dilma...

            Não é esta a manchete: “Planalto em alerta: Dia da Pátria pode ser de guerra”. Acho que não é por aí que a gente deve caminhar, porque, se a gente está esperando que o Dia da Pátria seja dia de guerra, é natural que o Governo se arme para se defender de uma guerra.

(Soa a campainha.)

             O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Eu acho que não é por aí. O Dia da Pátria é um dia em que nós devemos tomar as posições, amando a nossa Pátria e a favor do nosso País.

            Que venham os jovens, que falem, mas vamos respeitar o desfile da Pátria, porque é sagrada. Vamos respeitar a Presidência da República e as autoridades que estão naquele palanque, porque elas nos representam. Vamos respeitar a história, o passado deste nosso Brasil, que temos a honra de representar. Vamos falar para quem vier para anarquizar, quem vier para soltar foguete, soltar bombinha, quem vier para bater, quem vier de cara escondida, quem vier mascarado que o dia 7 de setembro não é dia de vir aqui. Não é dia de comparecer nem de querer fazer anarquia. Esse é o mal brasileiro. O bom brasileiro é o que aparece...

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - ...o que conduz, o que anda, o que caminha, o que mostra seu pensamento, o que mostra a sua discordância (Fora do microfone.), mas mostra com grandeza, mostra com respeito. Esse está construindo. Esse pode dizer o que não gosto, pode falar coisas de mim que eu não gostaria de ouvir, mas eu tenho que respeitar. Mas o que aconteceu na frente da Catedral, na frente do Itamaraty, o que aconteceu na frente da prefeitura do Rio de Janeiro não foi isso. E temos que nos preparar para que na comemoração de 7 de setembro, isso não aconteça.

            Eu faço um apelo, eu que fui jovem, que andei e que lutei desde quando vocês ainda não tinham nascido, com a campanha “O Petróleo é nosso”, a campanha de 54. Era duro, porque quem dizia “o petróleo é nosso” era considerado comunista por aquela gente. Era considerado um absurdo dizer uma coisa daquela. Nós nos juntávamos, andávamos, caminhávamos com a bandeira de “o petróleo é nosso.”

            É normal que se lute, que se defendam as nossas bandeiras, as bandeiras do Brasil, que a mocidade tenha mais garra, tenha mais vontade, que a mocidade nos cutuque, nos empurre para frente.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Isso é normal, mas um grupo de jovens provocar tumulto?! De um lado, vão os anônimos; de outro lado, vão os black blocs; de outro lado, vai a mocidade do PT, para defender o Governo dessa gente.

            Perdoem-me, jovens do PT, mas vocês não devem se meter com essa gente no dia 7 de setembro. Os jovens do PT, segundo a notícia, vão lá para defender a Dona Dilma dos black blocs. Não são eles que devem ir. Quem tem que ir é a polícia. Se eles querem defender a Dona Dilma, vão a outro lugar. Movimentem, levantem a bandeira que quiserem!

            Os homens, esses jovens que estão nesses movimentos - espetaculares, na minha opinião -, que estão debatendo...

(Interrupção no som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - ...e se se meterem, a polícia tem condições, segundo a lei votada na Assembleia do Rio de Janeiro.

            Eu digo aqui com a maior franqueza: é racional, é lógico que, se há uma movimentação, e se alguém aparece nessa movimentação com uma vara, com um pau, com uma pedra e com o rosto mascarado, escondido, é natural que a polícia o pegue para saber quem é e determine o que ele deve fazer. É naturalíssimo! É absolutamente natural. Agora, não é o caso de se preparar para transformar isso numa guerra, de se preparar para ir para cima. Isso é o que os black blocs e os anônimos querem. Eles querem que vão para cima deles; eles querem até apanhar, ver sangue, querem ser vítimas, querem movimentar, fazer o jogo deles. Quem tem que fazer algo com relação a eles é a polícia.

(Soa a campainha.)

             O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Não pode acontecer o que vimos acontecer outro dia, na frente da Catedral, e lá na frente da prefeitura: eles batendo, quebrando vidraça, e a polícia de braços cruzados, olhando tudo acontecer. Olhando tudo acontecer sem fazer nada! Os outros jovens estavam tentando evitar, pedindo para parar, tentando fazer alguma coisa para que isso não acontecesse. E a polícia assistindo, de braços cruzados!

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Fora do microfone.) - V. Exª me permite?

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Posso seguir falando, não é, Presidente?

            Pois não. Aparte.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Sou testemunha, Senador Pedro Simon, de como V. Exª aqui, tantas vezes, estimulou os jovens e os brasileiros a saírem às ruas em campanha por Diretas Já, por ética na política, por eleições limpas, pela Ficha Limpa. Vamos sempre confrontar a força física com a força da alma - recomendação de Martin Luther King Jr. para que não se utilize a violência, e ele foi um exemplo de como alcançar objetivos maiores e sonhos, como a Lei dos Direitos Civis e a Lei de Direito ao Voto. Estou plenamente de acordo com a recomendação que V. Exª faz aos anônimos e aos black bocs: mascarado é, por exemplo, quem também quer que haja doações ocultas, e não transparentes.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Caro Senador Pedro Simon, V. Exª recomenda muito bem aos jovens: vamos sair de rosto aberto e dizendo as coisas como elas devem ser.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Muito obrigado pela gentileza do aparte de V. Exª. Muito obrigado!

            A imprensa está noticiando e comenta-se, de boca a boca, que o olhar de todos está voltado para a Presidenta. V. Exª é Presidente, e a última palavra, aqui, no Congresso, é a de V. Exª. A última palavra, no Governo Federal, é a da Presidente da República.

            Em primeiro lugar, não creio que, em uma hora como essa, a Presidenta vá pecar por omissão. Cá entre nós, com tudo o que está acontecendo, com tudo o que se está falando, com tudo o que está sendo debatido, não passa pela cabeça de ninguém que a Presidente da República está lá olhando não sei o quê. Esse fato deve estar correndo na frente dela, deve estar passando na frente dela.

            Então, dizem alguns que o desfile vai ser menor, para haver menos tempo, porque a Presidente teria medo de ser vaiada. Vaia ou não vaia, não é isso o que caracteriza um presidente.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - O Lula foi vaiado, eu estava lá, na abertura dos Jogos Militares - acho que foi profundamente injusto, porque aquele não era o momento -, e ele ganhou a eleição tranquilamente.

            Eu acho que diminuir o tempo, tudo bem. Se quiserem diminuir o tempo, diminuindo o número de pessoas que vão desfilar, é um problema com o qual eu não tenho a ver. Mas garantir a ordem, e garantir a tranquilidade, isso é importante. Olhar para o outro lado da igreja, na frente da Catedral. A primeira coisa é saber: há mascarado? Não precisa esperar começar o desfile. “Cadê sua carteira? Mostre-me a sua carteira. Quais são suas credenciais?”

            Pois não, Senador Pedro Taques.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Senador Pedro, V. Exª falou de mascarado, não é? Cidadão mascarado não pode. Agora, doador mascarado pode! Hoje, na reforma eleitoral...

(Interrupção do Som.)

            O Sr. Pedro Taques (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) -... nós discutíamos a existência ou não de um doador oculto ou do doador mascarado. Vejo que a Justiça Estadual do Rio proibiu o cidadão de andar com máscara do Batman, do Super-Homem, do Zorro. Não se pode mais andar com máscara. Se isso ocorrer, o cidadão será levado à delegacia. Muito bem, mas doador mascarado pode! É uma contradição no Brasil, como essa da discussão do voto aberto. Temos que afastar isso aqui.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Quem vê esse aparte do grande Senador, pode imaginar que eu sou a favor de que doador mascarado pode. S. Exª fez uma intimação que parece que eu sou a favor. Que mascarado não pode andar na praça pública, mas pode doar dinheiro o mascarado.

            V. Exª não tinha nascido, Senador, e eu já defendia o que deve ser uma campanha eleitoral. Defendi, apanhei e sou daqueles que, desde o início, defendem que a eleição tem que ser com verba pública.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Defendi e defendo permanentemente o combate a esse tipo extraordinário, absurdo, escandaloso de se fazer eleição como se faz no Brasil. Não aceito.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Senador Pedro.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Sei que não é a preocupação de V. Exª, mas quem vê a maneira como V. Exª falou pode dizer: “O Pedro Taques deve ter alguma coisa com relação ao Pedro Simon”!

            Não. Eu acho que mascarar na eleição não pode. Eu acho que a eleição deve ser com dinheiro público. Eu acho que a eleição deve ser com dinheiro dado e deve ser dito quem deu e como deu. Quanto a isso, não há dúvida nenhuma.

             Há uma passagem no Evangelho, meu amigo, Senador Pedro, que diz que há momento para tudo neste mundo. Há momento para rir, para chorar, para trabalhar, para descansar. Agora, o momento a que me refiro é o da mocidade, no dia 7 de setembro.

            Quando nós debatermos as emendas das reformas política e eleitoral...

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS. Fora do microfone.) -... mas ainda não consigo saber. Eu digo, claro, que sou contra doador mascarado.

            Mas digo, Sr. Presidente, com toda a sinceridade - acho muito importante isto -: vamos continuar. Vamos continuar nessa caminhada. Vamos fazer com que o dia 7 de setembro seja apenas mais um dia.

            Tenho certeza, Sr. Presidente, de que estão fazendo levantamentos com relação a como é que o Senado vai votar a emenda das eleições abertas. Estão dizendo, então, que como nós votamos há muito tempo - há mais de um ano, de dois anos, votamos uma; depois votamos a outra, e a Câmara não fez nada -, agora íamos dar o troco e também íamos ficar paralisados. Não acredito! Acho que, na hora exata, nós vamos fazer o que nos compete. E se nós já votamos por unanimidade, vamos votar na hora exata o que dever ser votado. 

            Esta é uma interrogação. Os jornalistas perguntaram para mim: “Como é que é, você vai votar”? “Mas é claro que vou votar. Nós já votamos.” “Mas é agora ou vai deixar para depois?” “O Presidente, tenho certeza, na hora oportuna, vai votar. Pode ficar tranquilo”.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Agora, eu falo para os jovens, eu que tenho meus filhos. Um jovem, que está no início da Faculdade de Direito, 18 anos, e que, emocionado, acompanha tudo isso, me pergunta: “Como é isso?” Eu oriento o meu filho dizendo que vale a pena. Que vale a pena ele conhecer os problemas do seu País. Que vale a pena ele ser um jovem que se integre na realidade do seu País. E digo a ele: “Meu filho, você tem muita sorte, muito mais do que eu, que, na idade que você tinha, 18 anos, lá atrás - já se vão sessenta anos -, o Brasil não era o que é hoje. O País hoje é uma grande nação, que cresceu, que se desenvolveu, que avançou. Hoje está aprendendo a viver na democracia. Bem ou mal o povo está avançando, correções estão sendo feitas, menos gente está morrendo de fome. E, se Deus quiser, meu filho, na época em que a tua geração estiver no comando deste País, nós seremos um grande Brasil, onde haverá mais paz e mais justiça, menos fome e menos miséria”.

            Por isso, meus irmãos, jovens de todo o Brasil, eu tenho fé.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Peço a Deus que olhe para vocês, que olhe para nós, que nos inspire a todos a ter bom senso e equilíbrio, que nos oriente para o bem, e que a imensa maioria dos jovens brasileiros, que têm amor, que têm paz e que têm o direito e a vontade de construir, saiam vencedores nesse momento, e o Brasil dê mais um passo adiante, rumo à paz com desenvolvimento, à democracia com justiça, e a Deus com amor e liberdade.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco Maioria/PMDB - AL) - Agradecemos ao Senador Pedro Simon.

            O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Sr. Presidente, pela ordem.

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco Maioria/PMDB - AL) - Senador Pedro Taques, pela ordem, concedo a palavra a V. Exª.

            O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Apenas para desfazer um mal-entendido na minha intervenção ao Senador Pedro Simon. De nenhuma maneira eu disse que ele seria favorável à doação oculta, porque conheço a história dele. A intervenção foi para fazer uma comparação entre os mascarados do Rio e a doação mascarada. Que não fique nenhuma dúvida a respeito do apreço que tenho. Eu não quis questionar o Senador Pedro Simon.

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco Maioria/PMDB - AL) - Agradecemos a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/2013 - Página 60116