Pela Liderança durante a 159ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre entrevista dada pelo Ministro do Trabalho, Manoel Dias, envolvido recentemente em acusações de supostas irregularidades na Pasta.

Autor
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Aloysio Nunes Ferreira Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
IMPRENSA, EXECUTIVO.:
  • Considerações sobre entrevista dada pelo Ministro do Trabalho, Manoel Dias, envolvido recentemente em acusações de supostas irregularidades na Pasta.
Publicação
Publicação no DSF de 19/09/2013 - Página 64554
Assunto
Outros > IMPRENSA, EXECUTIVO.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, MANOEL DIAS, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE), REFERENCIA, ENTREVISTA, JORNAL, O GLOBO, ASSUNTO, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, GESTÃO, MINISTERIO.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP. Pela Liderança. Com revisão do orador.) - Eles serão bem-vindos, Senadora.

            Agradeço, Senadora Ana Amélia, mais uma vez a demonstração de gentileza e de generosidade de sua parte.

            Venho à tribuna hoje, meus caros colegas, para comentar perante o Senado uma entrevista absolutamente desconcertante: a entrevista do Sr. Ministro do Trabalho Manoel Dias concedida hoje ao jornal O Globo. Esdrúxula, incompreensível.

            Todos nós sabemos que o Ministro foi alvo de denúncias, e ele diz nessa entrevista que não vai pedir demissão porque tem apoio de 99% do Partido. E mais, se a Presidente Dilma ousar demiti-lo, ele sairá atirando e tomará providências, no dizer dele, abro aspas, “impublicáveis”.

            Pergunto: por que o Ministro não publica o que é impublicável? Não é sua função como Ministro, como gestor público?

            Repito algo que disse a respeito do Ministro Manoel Dias: não tenho nenhuma prova do envolvimento direto dele nesses assuntos escabrosos. Mais ainda: tem o Ministro uma biografia absolutamente exemplar no que diz respeito à sua posição pelas liberdades públicas no período difícil da ditadura militar, tendo pago um preço alto pela sua coragem e pelo seu desassombro.

            Com o PDT minhas relações são as melhores possíveis. A última conversa política que o Governador Brizola teve em São Paulo foi com o então candidato José Serra e comigo, na companhia de Manoel Dias, de Carlos Luppi e de Paulinho, para tratarmos do apoio do PDT à candidatura de Serra no segundo turno, em 2002. E esse apoio foi incondicional. Nada foi exigido em troca. O PDT ocupou cargos no nosso governo, como ocupa hoje, e não podemos imputar aos seus militantes nenhum tipo de conduta que possa nos envergonhar do ponto de vista da ética pública.

            Agora, o Ministro do Trabalho está sendo acusado pelo conjunto da obra, por coisas que ocorreram no seu Ministério ao longo dos anos, que teriam sido ou patrocinadas ou pelo menos toleradas por correligionários seus e até mesmo por ele, antes que a coisa viesse a público mediante uma investigação, em boa hora, aliás, levada a efeito pela Polícia Federal.

            O Ministro diz o seguinte: “Tenho o apoio da Presidente Dilma e do partido. E se me tirarem vou tomar providências impublicáveis”. Que providências são essas? A quem o Ministro está ameaçando? Será que ele está pedindo uma espécie de delação premiada às avessas? Numa delação premiada, todos sabemos, alguém que é acusado de determinado crime, de determinado ilícito diz o que sabe, aponta os seus cúmplices em troca da complacência do julgador. Talvez ele esteja trocando o seu silêncio pela permanência no cargo.

            A quem ele está ameaçando? Seguramente não a nós, do PSDB. Não, porque, em todos os momentos em que nos governos do PSDB houve casos problemáticos suspeitos em relação a convênios, as providências foram tomadas imediatamente e a situação irregular foi sustada para sempre.

            Mas, ao imputar a responsabilidade por convênios assinados...

(Soa a campainha.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) - … ao imputar a governadores de Estado, de vários partidos, a responsabilidade por convênios assinados no âmbito de secretarias de Estado ou de órgãos da administração direta inferiores à secretaria de Estado, ele está consagrando a tese de que os Presidentes da República, no caso Lula e Dilma, são também responsáveis pelas falcatruas ocorridas e comprovadas no Ministério do Trabalho, ao longo desses últimos anos. É essa a tese que ele está sustentando. No fundo, ele está trazendo a Presidente Dilma para a rinha. É um episódio absolutamente desconcertante.

            O que fará a Presidente Dilma diante disso não sei. Sinceramente nunca vi nada semelhante. Não sei o que ela fará. Agora, esse episódio expõe a fragilidade política da Presidente Dilma Rousseff. Ela está hoje na posição de refém do Sr. Ministro do Trabalho. É disso que se trata.

            E, além de expor essa fragilidade política ineludível, que se confirma a cada minuto que o Ministro Sr. Manoel Dias continua no cargo depois de ter dado essa entrevista, confirma, também, o estado de degradação política a que o Governo do nosso País chegou, mercê dessa colcha de retalhos, desse ajuntamento mal feito de interesses contraditórios e nem sempre republicanos que recebe o nome, sobre o governo petista, de presidencialismo de coalizão.

            Eu lamento, Srª Presidente. O Senador Cristovam me pediu um aparte, mas eu estou falando pela liderança e nessa condição não tenho possibilidade regimental de dar o aparte que apreciaria muito receber de S. Exª. É uma impossibilidade regimental.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/09/2013 - Página 64554