Pela Liderança durante a 197ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da diversificação dos modais de transporte para a promoção do crescimento do agronegócio no País.

Autor
Osvaldo Sobrinho (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/MT)
Nome completo: Osvaldo Roberto Sobrinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Defesa da diversificação dos modais de transporte para a promoção do crescimento do agronegócio no País.
Aparteantes
Casildo Maldaner.
Publicação
Publicação no DSF de 07/11/2013 - Página 79591
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • DEFESA, DIVERSIFICAÇÃO, POLITICA DE TRANSPORTES, PAIS, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO CENTRO OESTE, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), AGRICULTURA, INFRAESTRUTURA, ARMAZENAGEM, TRANSPORTE, INVESTIMENTO, FERROVIA, REDUÇÃO, CUSTO, PRODUTO AGRICOLA.

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, muito obrigado pela oportunidade.

            Srªs e Srs. Senadores da República, mais uma vez eu venho à tribuna do Senado da República do meu País para falar sobre a grandeza da Região Centro-Oeste e, particularmente, do meu Estado de Mato Grosso.

            O Mato Grosso - e o Centro-Oeste -, além de liderar o ranking mundial de produção e exportação de café, açúcar, etanol e suco de laranja, é, acima de tudo, o segundo maior no faturamento com as vendas externas do complexo de soja, aí compreendidos o grão, o farelo e o óleo.

            O fabuloso crescimento do agronegócio em nosso País, com destaque para meu Estado do Mato Grosso, em particular, e para a região Centro-Oeste, em geral, reclama especial atenção no que concerne ao planejamento estratégico da logística de escoamento desta gigantesca produção.

            Tanto mais porque, segundo as projeções do Ministério da Agricultura, até o ano de 2030, um terço dos produtos comercializados no mundo será proveniente do Brasil, em função da crescente demanda dos países asiáticos por alimentos.

            A acentuada ascensão das economias asiáticas, notadamente a chinesa, forçosamente faz com que venhamos a rever nossa política de comércio exterior, sobretudo quando constatamos que a República Popular da China é hoje nosso principal parceiro comercial, tendo desbancado, desde 2009, o lugar que vinha sendo ocupado pelos Estados Unidos por nada menos que 80 anos.

            Uma vez que nossa matriz de exportações se caracteriza por produtos de baixo valor agregado, entre minérios e produtos agrícolas, e que mais de 33% das riquezas produzidas em território nacional correspondem às atividades do agronegócio, impõe-se viabilizar as melhores condições de infraestrutura de escoamento e comercialização para este setor.

            A utilização do Oceano Pacífico como alternativa para abastecer esse mercado emergente demonstra-se de inegável conveniência e oportunidade, não só pela expansão da demanda asiática, mas também pela importância em fortalecer parcerias e em garantir o crescimento regional integrado entre os países da América do Sul.

            Ademais, impõe-se considerar o crucial problema da competitividade de preços e de prazos.

            Há cerca de cinco anos, aqui desta mesma tribuna, o Senador Jayme Campos, falando deste mesmo assunto, questionava - aspas: “Por que, então, nossas riquezas têm de passear centenas de quilômetros até chegar aos portos com acesso ao mercado oriental? Para depreciá-las ou para trazer lucros imorais para um sistema de transporte falido e ultrapassado?”- fecha aspas.

            Trocar o insistente despautério de um penoso e oneroso périplo, em infindáveis estradas esburacadas, pela utilização de portos mais próximos, tanto da origem, quanto do destino de nossos produtos de exportação parece uma opção natural, à luz da lógica e do bom senso.

            Entretanto, o grau de vontade política até agora por nós demonstrado não tem sido capaz de efetivar tal opção. Opção que daria maior competitividade de preço às mercadorias exportadas; opção que abreviaria sobremaneira os prazos de entrega; opção que reduziria em quase dois terços os custos com tarifas portuárias; opção que traria incontáveis benefícios em prol da integração dos mercados e dos povos da América do Sul.

            Fica mais uma vez, portanto, aqui registrada, com estas minhas breves palavras, a preocupação já expressa por diversos colegas Senadores, ao longo dos últimos anos neste plenário.

            Voltarmos os olhos para o lado do Pacífico significa aproveitar novas oportunidades; significa também expandir horizontes internos e externos na relação com nossos vizinhos e com nossos parceiros; significa repensar os rumos do País, ante sua visibilidade e interação com o mundo, tendo como esteio a sua liderança e o peso de sua influência sobre os destinos do continente sul-americano.

            Não entendo, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, um país com dimensões igual ao nosso, 8,511 milhões km2, um país que tem dimensões continentais, com uma costa marítima do Atlântico com mais de 8 mil quilômetros, tão próximo também do grande Oceano Pacífico que ali está, e que antigamente os europeus, portugueses principalmente, para fazer a sua transação comercial tinham que dar a volta pelo Canal de Magalhães, em seus barcos, para chegarem até o oriente. E nós hoje, com tudo nas mãos, não conseguimos facilitar essa logística de transporte daquilo que produzimos aqui.

            Tantas possibilidades, não só de costa marítima, mas, também, de oportunidades dos nossos grandes lagos, dos nossos rios, que são caudalosíssimos, e quase todos navegáveis, não aproveitamos isso. O Brasil, que tem, de norte a sul, mais de 8 mil quilômetros, não utiliza ferrovia, ou, se utiliza, é muito pouco. Há 100 anos atrás, tínhamos mais ferrovias do que temos hoje e grande parte delas já sucateadas, com bitola estreita. Precisamos procurar nosso rumo.

            Se Juscelino Kubitschek, à época, só tinha oportunidade de fazer o transporte através da via rodoviária, nós hoje temos outras opções. O Brasil pode optar; o que não podemos é continuar saindo com a carga de 30 toneladas de Mato Grosso a 2,4 mil quilômetros do Porto de Santos ou de qualquer porto no sul do País, levando no caminhão 30 toneladas, o caminhão indo e vindo, gastando asfalto, gastando pneu, gastando tudo que se pode pensar num transporte que praticamente não tem sentido mais para o Brasil moderno de hoje.

            Quanto veio resolver a ferrovia que hoje corta Mato Grosso, levando os nossos produtos para o Porto de Santos!

            Quantas ferrovias precisamos fazer!

            Quanto beneficiou o Nordeste a Ferrovia Norte-Sul! Quanto foi importante a de Carajás!

            São poucas as ferrovias ainda. Precisamos pensar rapidamente nesse sentido. O Brasil é um continente. Nós temos a vocação de ser líder neste Cone Sul. Mas, da forma em que estamos, com estradas esburacadas, que não levam a nada, nós não podemos pensar em um futuro melhor.

            Sei que a Presidenta Dilma tem feito o que pode, inclusive um grande plano rodoviário para o País, mas precisamos voltar a diversificar esses modais, a fim de que possamos ter novas opções.

            Em Mato Grosso, com a nossa produção, somos campeões em tudo. Da porteira para dentro, fazemos tudo, e tudo bem feito e com alta produtividade, mas o transporte, a logística nos engole, toma tudo da gente. Não podemos competir com ninguém praticamente, porque, para vender, é caro o transporte, e, para trazer insumos, é muito mais caro ainda.

            É necessário repensar este Brasil! É necessário repensar o que nós queremos para o futuro desta Nação, porque, caso contrário, estaremos patinando sempre, rodando no mesmo lugar, sem atingir os objetivos desejados, que é levar aquilo que nós temos aqui, o que mais produzimos de melhor, que é a alimentação para o mundo.

            O mundo passa fome! O mundo passa fome! Quantos milhares e até milhões de pessoas passam fome no mundo? E aqui, às vezes, estragando o que produzimos nos nossos armazéns, e quando há armazéns. Mato Grosso este ano, por exemplo, chegou a perder milho porque não tinha armazéns. A nossa supersafra parece que foi um desgosto, porque produzimos bem, mais do que se poderia, e, no entanto, hoje um saco de milho, em Mato Grosso, é vendido por R$8,00. É brincadeira com o País, é brincadeira com quem largou o centro-sul do País e foi desmatar a Amazônia mato-grossense e fazê-la produzir; não só desmatar, mas fazendo-a produzir!

            Hoje nós produzimos com alta tecnologia. O nosso agricultor hoje sabe o que está fazendo. Ele não é mais um predador, como pensam que ele seria. Não! Ele está recuperando, está fazendo a sua parte, mas é necessário também que olhem para este Brasil com olhos diferentes.

            Há 120 anos, tínhamos uma Marinha Mercante muito melhor do que temos hoje. Os nossos estaleiros estavam produzindo embarcações para cruzar o Brasil. E praticamente hoje estão sucateados. Até a tecnologia que tínhamos nesse setor estamos perdendo.

            É necessário repensar, é necessário saber que este Brasil precisa de novos comportamentos, novas ideias, alguém que pense e repense o Brasil! O Centro-Oeste quer continuar a produzir, e produzir comida para matar a fome do mundo, mas é necessário que nos deem oportunidades, que venham ao nosso encontro com ferrovias traçando o nosso Estado.

            Nós estamos com a BR-163, que há vários anos está para ser concretizada e para aqui, para ali, é trecho que vai até a metade, fazem 10km, 20km, e nada acontece. A duplicação de Rondonópolis a Mutum, a Sorriso e a Sinop praticamente não sai do papel, é muito pouco que anda.

            É a Presidenta Dilma a culpada? Não! É a morosidade burocrática deste País. Quando nós fizemos a Constituição deste País, mexemos em tudo, mas não mexemos nos afazeres do Estado. Ficou um Estado pesado, paquidérmico, burocracia violenta, nada caminha. Uma estrada em que já se está aqui há cem anos trafegando por ela, precisa o Governo trabalhar contra o Governo para não sair. O Governo querendo fazer obra, e o Ibama, os organismos de controle não querem deixar sair, porque não dão o alvará para construir, não dão o licenciamento necessário para construir.

            Alguém me perguntou esses dias: ”Mas esse Ibama não é do Governo?” É. “E como é que está empatando obra do Governo?”

            Então, são coisas incompreensíveis nesta terra de Cabral. São coisas incompreensíveis neste Brasil de hoje principalmente, porque as coisas emperram, trancam, e nada acontece para melhorar.

            Tenho certeza de que a Presidenta Dilma tem vontade de que as coisas caminhem. Ela já fez vários PACs, PAC 1, PAC 2, e assim foi. Mas as coisas não caminham. As coisas param. As gavetas têm chave, e os projetos vão para as gavetas. É uma pena que isso aconteça!

            Portanto, trago aqui, mais uma vez, o reclame do povo de Mato Grosso, do povo do Centro-Oeste, o meu reclame, o reclame do Senador Jayme Campos, o reclame daqueles homens livres e independentes que querem um Brasil melhor. E peço a todos os homens aqui, livres e de bons costumes, que nos ajudem a fazer com que as coisas possam caminhar para um Brasil melhor, para um Centro-Oeste melhor e para um Mato Grosso melhor.

            Srª Presidente, ...

(Soa a campainha.)

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - ... agradeço de coração esta oportunidade.

            Dou o aparte a V. Exª.

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Com a permissão da Senadora Angela Portela, só para pegar uma caroninha, eu fiquei admirando e vendo a maneira de V. Exª... Está engavetado. Temos que abrir as gavetas. Não se pode respirar, desenvolver. Mato Grosso não espera mais, não pode. É a produção, a alimentação... E eu vejo que não é só o Mato Grosso, é o Brasil inteiro que aguarda por isso. Vamos respirar melhor todos nós. E eu quero exaltá-lo, porque V. Exª está aqui no lugar do grande Senador Jayme Campos e vem fazendo bonito. Deve estar ele ouvindo-o neste instante, assistindo-lhe: “Olha, o Senador Osvaldo falando bonito, falando legal, falando do Mato Grosso, falando do Brasil, exaltando as qualidades...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) -... exaltando as qualidades do Mato Grosso”. O Senador Jayme deve estar feliz assistindo a V. Exª aqui honrando a terra, honrando aquilo que produz, clamando não só pelo Mato Grosso, mas em nome do Brasil. Nós, como catarinenses, queremos nos associar ao pronunciamento de V. Exª, Senador.

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - Muito obrigado, Senador Casildo, pelo seu aparte, que enriquece o nosso pronunciamento.

            Quero dizer que quem assume esta cadeira aqui, representando o Estado de Mato Grosso e substituindo o Senador Jayme Campos, tem que fazer certinho, porque o Jayme tem uma história, uma vida em Mato Grosso, como governador, como prefeito três vezes, como homem público, das histórias mais honradas do meu Estado. É um Senador que, realmente, vibra com as coisas de Mato Grosso e defende o Mato Grosso com muita sabedoria.

            Portanto, cada vez que eu assumo esta tribuna, eu fico tremendo com medo de errar, porque, na verdade, estou comprometendo o mandato que foi dado pelo povo mato-grossense a ele e a mim, como seu suplente.

            Agradeço a V. Exª por esse carinho...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - ... serviço a Mato Grosso e nos cargos em que está.

            Hoje, ele está andando por todo o Mato Grosso na sua campanha de Senador da República e, portanto, tenho certeza de que nós haveremos de fazer - todos nós juntos aqui - um Mato Grosso melhor, um Brasil melhor, e haveremos de criar neste Brasil condições para que a gente possa, na verdade, adentrar novos tempos, novos momentos.

            Sra Senadora, muito obrigado pela possibilidade de aqui falar ao Brasil e falar ao meu Mato Grosso.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/11/2013 - Página 79591