Discurso durante a 222ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Governador do Estado de Sergipe, Marcelo Déda, que faleceu essa semana

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Governador do Estado de Sergipe, Marcelo Déda, que faleceu essa semana
Aparteantes
Anibal Diniz, Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2013 - Página 90531
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DOCUMENTO, HOMENAGEM POSTUMA, MARCELO DEDA, GOVERNADOR, ESTADO DE SERGIPE (SE), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Apoio Governo/PSB - SE. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, este é um momento muito difícil na vida política dos sergipanos e também na minha carreira política.

            Vim a esta tribuna para falar de meu amigo e companheiro de política, o Governador Marcelo Déda, que nos deixou na madrugada de segunda-feira passada, depois de lutar bravamente contra uma longa enfermidade, e é um dever que cumpro com muita tristeza.

            Mas, Sr. Presidente, por mais difícil e triste que possa ser essa tarefa, eu não posso deixar de cumpri-la. E é curioso perceber, e como os sentimentos se mesclam na nossa alma em momentos como este, que também o faço com uma ponta de satisfação e orgulho. Satisfação de falar de um homem público raro, e orgulho do privilégio que tive de me tornar seu amigo e companheiro de lutas e de trabalho. A sua amizade sempre me enriqueceu; a sua companhia era sempre engrandecedora.

            Para os que o conheceram, e aqui neste Plenário há muitos que tiveram esse prazer, não é difícil compreender tudo isso a que me refiro. Mas, se houvesse dificuldade, eu apelaria para as vozes de seus adversários políticos e de outras pessoas que conheceram Marcelo Déda de perto; vozes como a do Governador Geraldo Alckmin, a do Governador Antonio Anastasia, adversários políticos que nele reconheceram a dedicação à causa pública, ao bem comum, ao progresso de Sergipe e do País. Vozes como a de Aécio Neves, que aqui se pronunciou nesta tarde, dando relevo à personalidade política, à figura extraordinária de Marcelo Déda.

            E se isso não bastasse, Sr. Presidente, recorreria à irretocável biografia do político jovem que a vida nos levou tão cedo. Marcelo Déda, rapaz de origem humilde, iniciou a sua militância ainda no grêmio estudantil do Atheneu Sergipense; a militância estudantil na Universidade Federal de Sergipe, onde cursou Direito, a mesma faculdade que eu cursei em Aracaju, no Estado de Sergipe. Simultaneamente ao exercício da vice-presidência e da presidência do Diretório Central dos Estudantes da Universidade, o jovem líder político tratava de organizar a criação do PT, do Partido dos Trabalhadores em Sergipe, partido ao qual se manteve fiel por uma vida inteira. Eram os tempos de luta pela redemocratização do País, que emergia de um longo período de regime militar autoritário.

            Déda perdeu as duas primeiras eleições nas quais se candidatou a Deputado Estadual, em 1982, e a Prefeito de Aracaju, em 1985, mas não desistiu, como era de sua índole, de sua natureza. Era um lutador que enfrentava com coragem os desafios da política ou da doença fatal. Lutar, para ele, era como nadar para um peixe, uma ação absolutamente natural.

            Em fins de 1986, já membro do Diretório Nacional do PT, disputou novamente uma vaga na Assembléia Legislativa do Estado de Sergipe, tendo se sagrado o candidato mais votado da história do nosso Estado, até então. Apesar de sua atuação ativa na Assembleia, não se reelegeu no pleito seguinte, mas assumiu a presidência do Diretório Regional do Partido em 1992, continuando a luta até o outubro de 1994, quando foi eleito para uma cadeira na Câmara dos Deputados.

            Quando de sua passagem pela Assembleia Legislativa, antes de ser Deputado Federal, Marcelo Déda foi o líder da oposição ao meu governo. Eu era Governador de Sergipe e ele era Deputado Estadual, líder das oposições. Apesar da oposição ferrenha, mas respeitosa, quase sempre eu recebia o então Deputado Estadual Marcelo Déda no Palácio do Governo para ouvir as suas opiniões. Quantas delas eu aproveitei, em benefício do meu governo e do povo sergipano?

            Lá, na Câmara dos Deputados, desempenhou mandato extremamente ativo, tendo se tornado líder do PT em fevereiro de 1998, o que o levou à Executiva Nacional do Partido. A sua atuação destacada na Câmara, em particular na resistência à reforma da Previdência Social e em defesa do servidor público, garantiu-lhe a reeleição com a segunda maior votação proporcional de todo o País, em outubro de 1998. Já em 1994, quando ele se candidatou a Deputado Federal pela primeira vez, eu estava no mesmo palanque de Déda. Ele, candidato a Deputado Federal; e eu, como candidato ao Senado da República; e Jackson Barreto, hoje Vice-Governador, assumindo agora de forma permanente no lugar de Marcelo Déda o Governo, candidato ao Governo. Fizemos juntos um palanque de oposição, desde os idos de 1994. E até hoje permanecemos juntos com um intervalo apenas no ano de 2000, quando ele se candidatou a Prefeito e eu também.

            Em outubro de 2000, Marcelo Déda se elegeu prefeito de Aracaju ainda no primeiro turno, apesar de ter entrado na disputa como um dos últimos colocados. A sua atuação na Prefeitura foi dedicada à saúde, às obras de infraestrutura e à revitalização da cidade, que chegou a ser considerada a capital nordestina com melhor qualidade de vida.

            Na reeleição à Prefeitura, em 2004, quando ele contou com o nosso apoio integral, teve votação estrondosa, tendo sido eleito já no primeiro turno, com 71,3% dos votos válidos. Isso o credenciou a disputar o Governo do Estado, em 2006, em cujo pleito também eu ali estava presente, e venceu, também em primeiro turno, o hoje prefeito de Aracaju, João Alves Filho.

            Na disputa da reeleição ao Governo de Sergipe, Marcelo Déda derrotou, novamente em primeiro turno, João Alves Filho, o mesmo adversário que não se constrangeu em lhe dedicar tantas palavras elogiosas nos últimos dias.

            Mas isso não é de estranhar: só quem não conhecia o Governador Marcelo Déda poderia duvidar da facilidade com que os adversários se dispunham a lhe estender a mão, tal o respeito que ele lhes dedicava e tamanho o espírito conciliador de que era dotado. Déda fazia da política uma atividade maior, em que o benefício da sociedade era sempre o seu objetivo primeiro. Na sua prática política, não havia lugar para mesquinharia, apenas para o diálogo e para gestos de grandeza.

            Ficamos todos mais pobres, os seus amigos, os seus adversários e, afinal, a política do País. Não fosse a trágica doença, Marcelo Déda certamente estaria fadado a cumprir um grande destino na política do nosso País. O seu talento e o seu espírito largo assim o determinavam.

            Do Governo de Sergipe certamente viria para o Senado e daqui sabe Deus para onde mais iria, que voos poderia vir a empreender. Na sua esteira, iria deixando, como sempre, os rastros da construção, da boa política e da melhoria de vida da população, sempre o seu objetivo principal.

            Infelizmente, agora só nos resta o rastro da saudade que Marcelo Déda deixará conosco para sempre. Junto com ele, fica a lembrança do seu exemplo, a nos guiar na luta política, que jamais será a mesma sem Marcelo Déda.

            Sr. Presidente, o Governador Marcelo Déda fez muitas obras, deixou muitos benefícios aos sergipanos, deixou estradas, deixou prédios públicos, deixou postos de saúde, deixou escolas espalhadas em todo o Estado, escolas de primeiro e de segundo grau, mas ele, que era um visionário, pensando nesse grande patrimônio pelo qual devemos zelar todas as horas como homens públicos que somos, cuidou desse patrimônio que se chama juventude.

            Junto com Lula e com a Presidenta Dilma, ele conseguiu levar para o Estado de Sergipe a expansão universitária; para Laranjeiras, cidade histórica do nosso Estado; para Itabaiana, cidade do agreste do nosso Sergipe; para Lagarto, grande centro desenvolvimentista do Estado; e também, além de levar essa proposta do ensino de nível superior para o interior do Estado, cuidou também de preservar nosso patrimônio cultural porque ele lutou junto à ONU para que reconhecesse que a Praça São Francisco, em São Cristóvão - para isso apresentou documentos, fez justificativas, viajou e demonstrou por a mais b que a Praça São Francisco, em São Cristóvão, a primeira capital do Estado, merecia o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, e ele conseguiu isso. Hoje São Cristóvão tem um local, uma área magnífica, bela, ponteada por prédios da época colonial, que é a Praça São Francisco, considerada Patrimônio Cultural da Humanidade.

            Além disso, transformou o Palácio Olímpio Campos em museu, onde qualquer sergipano pode entrar e conhecer a historia política do Estado, seus governadores, seus vice-governadores.

            Também construiu, edificou, o Museu da Gente Sergipana, que rivaliza, inclusive, com o que existe em São Paulo, que o Senador Suplicy conhece muito bem. No ano passado, ganhou o prêmio por ser considerado o museu mais moderno do Brasil, o Museu da Gente Sergipana, construído no governo de Marcelo Déda. Era um homem de visão. Ele pensava no futuro dos mais jovens e também na preservação da nossa cultura e do nosso patrimônio como sustentáculo indispensável à formação cultural da nossa gente.

            Alguns depoimentos, eu gostaria que constasse dos Anais desta Casa, Sr. Presidente, o discurso do Arcebispo Dom Lessa, feito na missa de corpo presente do Governador Marcelo Déda, no Palácio Olímpio Campos, que hoje é museu.

            Entre outras palavras, o Arcebispo Dom Lessa disse:

Diz Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá.

Nós cremos na Vida Eterna e na Feliz Ressurreição.

Dados sobre a dimensão humanista e a espiritualidade de Marcelo Déda.

A esse respeito, gostaria de destacar alguns pontos:

1 - Ele tinha consciência do sentido da política como arte do bem comum e como chamado à missão de servir, atendendo aos apelos do seu tempo. Num dos discursos da campanha para governador em 2006, citou o texto de Eclesiastes 3, que se refere a um tempo para cada coisa, manifestando a sua consciência de que chegara o seu tempo de realizar a sua missão de servir, através do seu mandato, às necessidades do seu povo. Isso revela a compreensão que ele tinha do sentido da verdadeira política como missão, vocação - sentido da procura do bem comum.

            Ainda falou Dom Lessa:

2 - Se adentrarmos à parábola dos talentos, parece que Jesus está a retratar a figura de Déda, que foi abençoado com tantos dons: o amor pelas artes, através do cinema, do teatro, da música, da literatura, do futebol com o seu Flamengo, e, sobretudo, sua habilidade em lidar com as palavras de forma poética, eloquente, que apaixonava a todos que o ouviam.

            De fato, Dom Lessa tem toda a razão: era um humanista, um orador sem igual, um gênio da palavra. Ele conquistava todos não só pelo seu exemplo, ele conquistava também pela sua palavra. As multidões que o ouviam ficavam encantadas nos comícios históricos de que ele participou, e eu estava ali presente.

            Dentre outras personalidades que falaram naquela missa de corpo presente, a Presidenta Dilma, o ex-Presidente Lula, eu gostaria de destacar a palavra de uma pessoa modesta, simples, mas grandiosa, valorosa, guerreira. Escreveu Valter Lima, do Sergipe 247:

A esposa do Governador Marcelo Déda, a primeira-dama Eliane Aquino, pessoa que esteve diretamente envolvida com todo o processo de tratamento contra o câncer no estômago que se encerrou na madrugada desta segunda-feira, em São Paulo. Quando ele faleceu, fez o discurso mais marcante do velório, [a Eliane], já em Aracaju, na noite desta segunda-feira. [A Eliane] Revelou, em pouco mais cinco minutos, os sentimentos e as convicções que deram tônus à luta pela vida - tanto dele quanto dela - e as dificuldades na resistência à doença.

            Disse Valter Lima, do Sergipe 247:

Ao iniciar sua fala, Eliane não escondeu o cansaço - “as pernas estão fracas e o coração, dolorido” -, mas logo partiu para o agradecimento especial “à população sergipana que nunca vacilou” nos momentos em que eles mais precisaram. “Quando pedíamos oração, sempre se formava uma corrente linda e era isso que segurava”, disse.

[Falou ainda Eliane:] “Nós passamos um ano lutando, ali, em São Paulo, lutando contra o câncer, tendo muita esperança, muito esperança mesmo, de que a gente voltaria pra cá, ele vivo, curado. Muitas vezes, eu questionei a Deus. Muitas vezes, eu falava assim: ‘Por quê, meu Deus, com tanta gente ruim na face da terra, o Senhor quer tirar Marcelo Déda, que, além de ser brilhante como político, é brilhante como pai, marido, e que vivia muito intensamente tudo?’”, relatou.

Para Eliane, Déda era um “meteoro”. “Nada na vida dele foi mediano. Tudo foi muito intenso. Até o sofrimento foi muito intenso”, afirmou. Segundo ela, “nos últimos dias, ele estava bem calado”, o que a levou a questionar: “o que está passando aí nessa cabeça?”.

E ele respondeu: “o meu funeral. Eu quero que o meu povo me veja”. E ele começou a chorar, segundo o relato da primeira-dama.

“E hoje, na hora que a gente veio, eu só falava pra ele: 'meu amor, aí está o seu povo, aí está o seu povo que você tanto ama, fazendo uma baita de uma homenagem para você'. E eu tenho certeza de que ele viu cada momento”, disse Eliane, sendo muito aplaudida, tanto dentro do Palácio-Museu Olímpio Campo, onde ocorria a missa para familiares e amigos, quanto na praça Fausto Cardoso, onde centenas de pessoas ouviam a cerimônia.

“A minha frase não só para os sergipanos, mas para o Lula, que foi um companheirão, para a Dilma e para o Zé Eduardo, para toda a família, é que o tempo inteiro em que nós estivemos juntos, é de muito obrigada. E eu falo para vocês o seguinte: ‘eu daria qualquer coisa para estar trazendo ele hoje para vocês. Curado. Mas ele é uma estrela. E as estrelas brilham em várias partes. E eu falei para o meu filho que quando ele olhasse para o céu e visse a estrela que mais estivesse brilhando, ele vai saber que é o pai dele. E eu vou saber que ele está perto. Como ele me disse, quando eu olhar nos olhos de cada filho dele, quando eu olhar nos olhos dos cinco filhos, eu vou saber que ele está ali; eu vou sentir o cheiro dele; eu vou sentir a presença dele; eu vou sentir o amor dele.

E Eliane encerrou, citando uma poesia que Déda fez em sua homenagem:

“O último poema que ele fez, que ele falou para mim, foi que ele ‘não sabia por que tanto amor pra tão pouca vida’. E esse amor vai regar até o último dia da minha vida [disse ela], te amando, te carregando no meu coração e dizendo para todo mundo quem foi Marcelo Déda. Vai com Deus, meu amor. Te amo, te amo, te amo”.

            Foi o que disse Eliane, que emocionou todos nós, todos os sergipanos, com a sua prova de amor, o seu companheirismo, a sua dedicação, o seu ato de heroísmo em acompanhar seu marido nas horas alegres e naqueles momentos de aflição, terminando com a sua morte.

            Sr. Presidente, outros tantos - jornalistas, escritores, poetas, compositores, cantores - fizeram homenagens a Marcelo Déda durante todos esses dias. Agora mesmo, quando entrei no plenário, hoje à tarde, eu encontrei Gerson Camarotti, jovem jornalista, escritor, que acompanhou o Papa no Brasil.

Ele escreveu um artigo que eu também faço questão, Sr. Presidente, de que venha a constar dos Anais desta Casa.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - V. Exª poderia ler um pouco.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Apoio Governo/PSB - SE) - Dora Kramer também escreveu um lindo artigo, que peço a V. Exª que também faça constar dos Anais, assim como toda essa documentação que trago, inclusive o Diário Oficial on-line, que foi uma obra de Déda. Antes, era um documento apenas escrito. Agora, qualquer cidadão de Sergipe pode pegar na internet o Diário Oficial do Estado de Sergipe totalmente atualizado.

            Esse periódico dedicou, na última terça-feira, ontem, quatro páginas ao evento de sua morte e também às obras e a tudo que ele fez em benefício do Estado de Sergipe, publicando, inclusive, uma foto com o próprio Diretor, Jorge Carvalho, um grande intelectual de Sergipe. Ele fez questão de mandar para mim esta obra magistral que é o Diário Oficial do Estado de Sergipe, que, por iniciativa do Governador Marcelo Déda, foi transformado em peça digital, publicada diariamente e de forma transparente para a cidadania sergipana.

            Com muito prazer, concedo um aparte ao Senador Eduardo Suplicy, companheiro também de luta do Governador Marcelo Déda.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Fiz questão de vir aqui quando ouvi que V. Exª, Senador Antonio Carlos Valadares, havia iniciado o seu pronunciamento sobre o querido Governador, Prefeito, Deputado Federal, Líder do PT, seu amigo irmão, Marcelo Déda. Sou testemunha de quando Marcelo Déda, como Deputado Federal e, depois, como Governador, às vezes, adentrava aqui. Com V. Exª ao meu lado, algumas vezes conversávamos nós três juntos, e também, quando estava aqui, com José Eduardo Dutra, outro companheiro que conheceu Marcelo Déda tão bem como V. Exª. Eu, como Marcelo Déda, desde o início dos anos 80, passamos a conviver dentro do Partido dos Trabalhadores, nas reuniões do Diretório Nacional. Eu fui eleito primeiro Senador, mas ele era Deputado Federal, em 90, 98, por aí. Nessa época, já tínhamos muita convivência, diálogos. Sempre, nas reuniões do Partido, sua voz era a de quem, efetivamente, estava propondo o melhor para a população brasileira, para o povo de Sergipe, de Aracaju. Ele sabia, também, sugerir a todos nós, à direção do Partido, o melhor procedimento, sempre em defesa da transparência, da retidão. Sabia propor caminhos de construção de justiça para o nosso povo. As palavras que V. Exª, Senador Antonio Carlos Valadares, aqui reproduziu do Bispo de Sergipe e tão especialmente as palavras da Srª Eliane Aquino, esposa de Marcelo, são muito belas. Todos ficamos emocionados. Fico imaginando o quanto Marcella, Yasmin, Luísa, João Marcelo e Mateus têm em Marcelo Déda um exemplo, um caminho de luz, uma estrela a brilhar no céu, sobretudo por causa dos exemplos que deu no seu dia a dia. De parabéns está V. Exª, de parabéns está o povo de Sergipe por ter levado para a Prefeitura de Aracaju e, depois, para o Governo de Sergipe uma pessoa que soube dar de si, inclusive nos momentos de sofrimento pela doença que o acometeu. Eu estava em Montevidéu na segunda-feira cedo, quando soube da morte de Marcelo Deda. Então não tinha como me deslocar. Resolvi providenciar o voo no dia seguinte, para que eu pudesse chegar a Sergipe no início da tarde. Marquei de sair às sete e vinte de Montevidéu, para chegar a São Paulo às dez e pouco e pegar o avião das onze e dez, que chegaria no início da tarde. Mas, infelizmente, o avião em Montevidéu ficou mais de uma hora na pista e, quando cheguei ao aeroporto de Guarulhos, o avião para Aracaju já tinha saído. Eu espero, Senador Antonio Carlos Valadares, em breve fazer uma visita a Sergipe e ali dar o meu abraço a Eliane Aquino e aos filhos de Marcelo Déda, e prestar a devida homenagem, já que não pude, por essa circunstância de ontem, não ter chegado a tempo, porque o avião só chegaria ali depois de terminado o horário do velório em Aracaju. Por isso, não fui. Só poderia ter pego o avião da noite, e aí já seria tarde. Mas, em algum momento, eu quero - e dialogarei com V. Exa - verificar qual o melhor momento de fazer a visita a Aracaju...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ... terra deste bom filho que tanto honrou Sergipe (Fora do microfone.) e o Brasil, um exemplo para todos nós. Parabéns.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Apoio Governo/PSB - SE) - Obrigado, Senador Suplicy, por essas palavras que, tenho certeza, tocaram bem fundo a alma dos sergipanos e da família de Marcelo Déda: Cláudio Déda, nosso grande Desembargador, Presidente do Tribunal de Justiça, filho de Simão Dias, irmão dileto de Marcelo Déda e toda a sua família, suas irmãs, seus filhos -João Marcelo, Mateus, Luísa, Marcella e Yasmim - e a sua esposa, Eliane Aquino.

            Apresentei um requerimento, V. Exª também apresentou outro requerimento e outros tantos Senadores fizeram questão de apresentar requerimentos de pesar e condolências à família de Marcelo Déda.

(Soa a campainha.)

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Apoio Governo/PSB - SE) - Não há prova mais do que evidente do carinho com que o Senado Federal se lembra da figura magistral, extraordinária, desse grande homem público sergipano Marcelo Déda.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Lá em Montevidéu, o Presidente da Delegação brasileira, Deputado Newton Lima, apresentou um requerimento que consensualmente foi aprovado por todos os Parlamentares do Mercosul presentes em Montevidéu.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Apoio Governo/PSB - SE) - Recebi o vídeo desta homenagem e coloquei no meu Facebook e no Twitter. O sergipano acompanhou de perto esta homenagem. E agradeço a V. Exª, porque V. Exª participou, naturalmente, da votação desta homenagem que o Mercosul, que o Parlasul fez ao nosso Governador.

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Senador Antonio Carlos.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Apoio Governo/PSB - SE) - Com muito prazer.

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Gostaria de fazer também uma manifestação. Ouvi com muita atenção o seu pronunciamento e devo dizer que ouvi muitas manifestações desde terça-feira, quando pude chegar ao Senado. Ouvi muitas manifestações de solidariedade e de pesar pela morte desse grande companheiro do Partido dos Trabalhadores Marcelo Déda. Não tive o privilégio de conviver com ele, como V. Exª e o Senador Tião Viana, que tinham um conhecimento muito maior com ele, o próprio Governador Tião Viana, o Binho, que foi Governador do Acre e teve muitas reuniões, compartilhou muitos momentos com ele, mas gostaria mesmo de fazer um reconhecimento do seu pronunciamento, porque V. Exª conseguiu, com muita firmeza, fazer uma síntese do melhor que cada um pôde dizer a respeito do Déda. Foi uma aula, uma conferência, um tratado sobre Marcelo Déda que faz com que mesmo quem não conheceu Marcelo Déda o admire e possa se interessar pela política e respeitar aqueles que podem transformar o mundo a partir da sua ação. Certamente Marcelo Déda deu uma grande contribuição

E V. Exª pôde retratar isso de maneira muito precisa, tanto falando dos momentos históricos da sua vida quanto da sua capacidade intelectual, dos preparativos para a sua morte e, principalmente, dos relatos e dos depoimentos de pessoas após a sua despedida. Então, quero, neste momento em que me solidarizo também com a família de Marcelo Déda e com o povo de Sergipe, dizer que V. Exª somou muito mais pontos para o seu currículo ao fazer esse relato tão preciso, tão envolvente e tão atraente. Parabéns a V. Exª.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Apoio Governo/PSB - SE) - Agradeço a V. Exª. Suas palavras certamente vão constar da história desta sessão em homenagem ao nosso Governador Marcelo Deda.

 

DOCUMENTOS ENCAMINHADOS PELO SR. SENADOR ANTONIO CARLOS VALADARES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º do Regimento Interno)

Matérias referidas:

- Discurso do Arcebispo Dom Lessa na missa de corpo presente do Governador Marcelo Déda (Arquidiocese de Aracaju - Sergipe, 03/12/2013, às 15h03min);

- Déda: “Por que tanto amor pra tão pouca vida?” (Valter Lima, do Sergipe 247, 03/12/2013, às 6h58min);

- “No momento em que a política precisa de diálogo, Déda fará falta.” (Gerson Camarotti, 02/12/2013);

- “Morre o Governador Marcelo Déda” (Diário Oficial Estado de Sergipe, 03/12/2013);

- “Veja a repercussão da morte do governador de Sergipe, Marcelo Déda” (G1, São Paulo, 02/12/2013, 7h45min).


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2013 - Página 90531