Discurso durante a 36ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre artigo do Sr. José Carlos Werneck intitulado “A crise dos políticos descontentes”; e outros assuntos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL. POLITICA DO MEIO AMBIENTE. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Comentários sobre artigo do Sr. José Carlos Werneck intitulado “A crise dos políticos descontentes”; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 25/03/2014 - Página 100
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL. POLITICA DO MEIO AMBIENTE. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO, AUTORIA, JORNALISTA, PUBLICAÇÃO, MIDIA SOCIAL, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, LIDERANÇA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENFASE, PREVIDENCIA SOCIAL, FUNCIONARIOS, AUXILIO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • DIA INTERNACIONAL, AGUA, IMPORTANCIA, CONSCIENTIZAÇÃO, UTILIZAÇÃO, RECURSOS HIDRICOS, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, SUSTENTABILIDADE, ASSUNTO, DEBATE, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), PRODUÇÃO, ENERGIA HIDROELETRICA, BRASIL.
  • APOIO, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, AUSENCIA, PAGAMENTO, FUNDOS, PENSÃO, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG).

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Ruben Figueiró, Senador Alvaro Dias, Senador Cristovam Buarque, no caso Aerus, eu já fiz, no exercício da Presidência, uma fala de dez minutos. V. Exª colaborou, inclusive, e também se posicionou. O que posso assegurar a eles é que, terminando a sessão hoje, estarei lá com eles para dialogarmos mais sobre a mobilização que pretendemos fazer envolvendo as centrais e as confederações de apoio ao movimento.

            Mas, Sr. Presidente, fui provocado hoje pelas redes sociais para comentar na tribuna um artigo que tem um pouco a ver com esse momento pelo qual o Brasil passa. O artigo foi escrito pelo articulista José Carlos Werneck e foi publicado na coluna de um jornalista muito conhecido por todos, que é o Cláudio Humberto.

            Eu disse que não via problema em comentar na tribuna o artigo. Então, deixo registrado aqui, no plenário, o artigo “A crise dos políticos descontentes”, de autoria de José Carlos Werneck, veiculado na coluna do jornalista Cláudio Humberto.

            Peço a V. Exª que considere na íntegra o artigo. Eu vou só passar por ele, comentá-lo.

            O artigo é dele, a responsabilidade é dele. Eu apenas aqui vou comentá-lo, mediante as inúmeras provocações que recebi, provocações positivas, porque eles entendem que eu teria autoridade para comentar esse artigo com a maior tranquilidade, e assim o faço.

            Diz o artigo que as redes sociais pediram que eu aqui comentasse:

Os brasileiros receberam muito bem as últimas notícias de que Dilma Rousseff vem se afastando de uma [...] perigosa base aliada e está retomando para si [...] cargos importantes que estavam nas mãos de políticos descompromissados com os brasileiros que a elegeram Presidência da República.

A Presidente parecia desconhecer sua própria força política. Ninguém votou nela por suas ligações em figuras carimbadas, que só lhe dão apoio em troca de favores inconfessáveis e para manter intactos e cada vez mais extensos e poderosos feudos eleitorais. São [...] pessoas conhecidas do eleitor e que, apesar de estarem mandando há anos, no País, [...] deixam muito a desejar.

Costumo chamar esse aglomerado de [...] oportunistas [eu vou dizer aqui], sempre atentos em se aproveitar do poder para atingir objetivos inconfessáveis.

O eleitor sabe que [...], se a Presidenta mandar fazer uma pesquisa de opinião, verá que a pessoa Dilma é aprovada pela maioria da população. [...] Já não teria o mesmo apoio se vinculada a alguns aliados.

[Estou aqui tentando resumir:] Dilma não precisa deles absolutamente para nada [daqueles supostos aliados complicados]. Foi alçada ao poder pelo voto do eleitor, que confiou [...] nela.

Isso não significa que ela não possa e não deva escolher auxiliares [de outros partidos], de outras agremiações. [...] Mas deve escolher livremente, sem imposições e sem coronelões [...] ou algo parecido.

Existem bons nomes entre políticos de todos os partidos, principalmente entre parlamentares que trabalham anonimamente e não têm acesso à mídia e às panelinhas [...] que se instalaram aqui na República.

Dentro do seu próprio partido, o PT, há políticos honrados e trabalhadores, dispostos a colaborar com o Governo sem trair seus ideais e renegar suas raízes populares.

Sempre me pergunto por que um nome [ele perguntou se eu comentava, eu comento; não há problema nenhum] do quilate e gabarito do Senador do PT gaúcho, Paulo Paim, não está ocupando o Ministério [...], já que domina todos os assuntos atinentes à Pasta?

[Enfim, estou aqui resumindo. Não estou botando tudo o que ele colocou].

Ao menos a população brasileira seria poupada das explicações risíveis e bizarras dadas habitualmente por alguns políticos. [...]

            Por exemplo, alguns dizem que a Previdência tem “rombo”. Aqui ele diz, e eu sei também, que a Previdência não tem rombo nenhum.

Realmente, quem nunca precisou da Previdência está a quilômetros de distância dos problemas vividos pela massa trabalhadora, não tem capacidade [...] para explicar absolutamente nada [...] porque as pensões [...].

            Aí, eu estendo. Casos como o Aerus não são resolvidos, já que a Previdência é superavitária.

Paim sabe, como sabia o Ministro Waldir Pires, que a Previdência brasileira não é deficitária e que o problema [...] é só acabar com o desvio que acontece até hoje.

            Aí, ele diz: “Quem tem medo de Paulo Paim [...]?” Eu, aqui estou comentando. Para mim, não há problema nenhum.

E a exemplo dele, a Presidenta tem vários nomes que poderão mudar o rumo do Brasil e sacudir esse [...] País, que tanto desanima a população [...] por algumas posições.

A Presidenta Dilma precisa sacudir o País e dar grandes alegrias a todos aqueles que [...] sempre apostaram nela, na esperança de um Brasil melhor e [...] numa expectativa maior para o futuro].

            Aqui, eu incluo, mais uma vez, o Aerus, quando faço esse comentário. Se a Previdência, como eu digo - e o artigo diz, e reafirma -, é superavitária, por que não resolvemos questões como essa, por exemplo, do Aerus, mediante uma decisão já ganha no Supremo Tribunal Federal? É claro que, aqui, os Ministérios podem ser parceiros no encaminhamento final.

            Ele diz:

Quando vejo as pressões que a Presidenta vem sofrendo, quando pensa em fazer mudanças na composição de seu Ministério [...], mais na Câmara dos Deputados, fico imaginando que ela ainda não tem consciência [...] de sua grande força política e dos fatores que a levaram a ser escolhida pelos brasileiros para governar o País.

Será que alguém, no exercício pleno de suas faculdades mentais, pode imaginar que alguém votou em Dilma por ela ter tido o apoio dessas figuras deploráveis [...] e nesse momento estar contente?

A Presidenta foi eleita por ter o apoio do eleitorado [...], apoio do povo, é isso que interessa.

Portanto, Dilma só deve satisfações [...] ao povo brasileiro, que em uma eleição disputadíssima, livre e democrática a escolheu [...] para ser a mandante do País.

Por tudo isso, a Presidenta Dilma tem todas as condições de fazer [...] as mudanças que o País exige.

Ainda há tempo de enviar ao Congresso um projeto de reforma tributária de verdade, não esses arranjos [...] que foram propostos até hoje e que não resolveram situação nenhuma. [...] Os poderosos, mais uma vez, se beneficiaram.

A reforma tributária é urgente, pois no Brasil o trabalho e as atividades produtivas são penalizados duramente, enquanto a especulação e a agiotagem [...] são premiadas.

Poderá determinar ao presidente do Banco Central um severo controle nos juros extorsivos cobrados ao consumidor [...] pelo sistema financeiro.]. Poderá fazer a tão esperada reforma agrária e dar aos pequenos agricultores condições de trabalhar, produzir e lucrar em suas propriedades sem serem explorados por patrões inescrupulosos que [...] não deixam sequer que a gente aprove, aqui, eu complemento, a PEC do Trabalho Escravo, que combate o trabalho escravo.

            Deve continuar a cumprir, como se comprometeu, durante a sua campanha, o programa de construção de casas populares, a urbanização de comunidades carentes, tornando digna a vida de milhões de brasileiros, que são desassistidos. Aí sim, será feita uma verdadeira reforma urbana, real e necessária.

            Para isso deverá escolher auxiliares que tenham esses mesmos ideais e não paraquedistas e oportunistas, que, através de um adesismo espúrio, só visam apropriarem-se de cargos com interesses próprios.

            Enfim, comentei aqui. Não li na íntegra.

            Agradeço os elogios que ele tece à nossa conduta como Parlamentar. Claro que o artigo está bombando, eu diria, nas redes sociais. Eu diria que ele demonstra só a nossa coerência. Por isso, meus amigos do Aerus, fiz esse comentário. Não citei tudo o que ele diz de positivo do nosso mandato, mas é essa coerência que me faz estar sempre ao lado de vocês, por exemplo. Eu seria incoerente se não tivesse lado nesse debate entre Davi e o Golias. Vocês são Davi, Golias é o Estado brasileiro, que não quer dar a vocês aquilo a que têm direito.

            Peço a V. Exª, meu Presidente, que considere na íntegra o pronunciamento que aqui comentei. Senador Ruben Figueiró, considere na íntegra o artigo que comentei, apenas comentei, para não detalhar, já que ele faz inúmeros comentários sobre a nossa atuação positiva, claro, e não seria adequado estar lendo para mim mesmo tudo o que ele colocou aqui em matéria de mandato. Mas agradeço a ele pelas considerações.

            Ele pergunta também, nas entrelinhas, se eu aceitaria um desafio maior. Eu não tenho medo de arena nenhuma. Se for para defender os trabalhadores, os aposentados, os discriminados, os que mais precisam, como o caso do Aerus, eu estarei em qualquer combate, fazendo o bom debate e o bom combate, se for necessário.

            Sr. Presidente, quero ainda, aproveitando esta segunda-feira, lembrar que estamos comemorando o Dia Mundial da Água.

            Na semana em que o mundo celebra o Dia Mundial da Água, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas após a Conferência da ECO-92, entendo ser de fundamental importância o nosso engajamento na questão dos recursos hídricos, não apenas do nosso País, mas de todo o Planeta. Água é vida!

            Recurso cada vez mais escasso e finito, a água é o bem maior de que dispomos, a matéria-prima fundamental da vida, mais importante que o próprio petróleo.

            Abundante em tempos atrás, a sua crescente escassez ameaça, portanto, a nossa própria existência, de maneira direta e fatal. Não há mais dúvidas de que as mudanças climáticas que vêm acontecendo em todo o Planeta trazem, de forma cada vez mais contundente, ameaças ao abastecimento e distribuição de água em todas as nações, seja para consumo próprio ou em atividades produtivas diversas.

            A nossa própria alimentação, as plantações a que estou me referindo aqui dependem de água. É só fazer uma semeadura, pensando em colher, no futuro, dependemos da água. Eu mesmo plantei uma graminha, e que bom que choveu, porque a grama, abastecida pela água, se desenvolveu.

            Como é assim com as flores, que plantei em outro momento, como foi com tudo que eu gosto de plantar num espaço pequeno de um terreninho de 500 metros, mas, ali, eu planto. Planto radicchio, planto salada, planto salsa, planto cebolinha. Gosto de mexer na terra e de colher o fruto que a terra nos dá, num pedaço pequeno de terra.

            Nunca me esqueço, quando estive no Japão, Sr. Presidente, numa das poucas viagens que fiz ao exterior, porque entendo que não tenho que estar viajando pelo mundo; há tanta coisa por fazer aqui, não é? Mas fui ao Japão, há muitos anos. Como Senador, não fui a país nenhum. Prefiro ficar aqui, neste embate permanente. Respeito os que vão, não tenho nada contra aqueles que fazem viagem, mas eu acho que, se tenho receio de não estar aqui e de estar no exterior e as coisas acontecerem, e eu quero participar, pelo meu mandato, da vida direta do País. Mas não tenho problema nenhum com aqueles que seguem em missão oficial a outros países, representando o nosso País.

            Tenho até dificuldade de ir para o Mercosul, porque as reuniões acontecem e não rendem nada naquele bendito Mercosul. Por isso, embora indicado, resisto muito a me deslocar para lá, porque, até o momento, infelizmente, eu que sou, eu diria, um fã do Mercosul, mas não acontece nada no Mercosul, a não ser reuniões sem nenhum tipo de produção.

            Certa vez, fui a Genebra, há muitos anos, na OIT. Fiquei abismado porque, da delegação de Parlamentares, 90% passeava. Não havia 1% que acompanhava a reunião da OIT. Eu disse: “Bom, eu não vim para cá para participar disso”. Nunca mais fui às reuniões da OIT, mas na época comentei o fato na tribuna.

            Senhoras e senhores, somos bombardeados, quase semanalmente, com notícias sobre enchentes e inundações em algumas regiões, enquanto há seca, seca, seca em outras. Só há um culpado nisso tudo: é a agressão do homem ao próprio meio ambiente.

            Não raro, tais questões ocorrem até numa mesma região ou país do mundo. Numa mesma região, há chuva no mar e sol em outra área, o que não acontecia no passado. Refiro-me, por exemplo, a Brasília. Às vezes, quando saio daqui - eu moro um pouco longe, quase em Goiás -, está batendo água, quando chego à fronteira, digamos, quase chegando a Goiás, o sol está rachando. Isso mostra um desequilíbrio no meio ambiente. Eu dei esse exemplo, mas podemos dizer que, às vezes, chove no Paranoá e não chove no Plano Piloto. Os especialistas mostram que isso já é uma demonstração do que vem acontecendo.

            Neste momento, no Brasil, enquanto cidades da Região Norte contabilizam desabrigados e vítimas de enchentes, São Paulo enfrenta ameaça de racionamento no abastecimento de água, tendo já conclamado à população a diminuir o uso.

            Dessa forma, Sr. Presidente, e na condição de potência ambiental mundial e detentor de 12% das reservas globais de água doce, o desafio do Brasil, do nosso País, em proteger e regular os seus recursos hídricos é do tamanho da abundância de seus reservatórios aquíferos.

            Em primeiro lugar, precisamos ter consciência e aumentar a consciência da nossa população sobre a absoluta importância de racionalizar o consumo de água no nosso dia a dia. E tal tarefa deve ser especialmente executada entre crianças e jovens do nosso País no sentido de fomentar uma geração que cresça sobre os parâmetros do uso racional de nossos recursos hídricos.

            Não podemos, Sr. Presidente Ruben Figueiró, correr o risco de que a aparente abundância de nossas reservas hídricas traga consigo um sentimento coletivo de que não precisamos usá-la com parcimônia, ou seja, com cuidado, sabendo economizar.

            Trata-se de recurso que, embora renovável, é finito. A água que hoje escorre pelo ralo do desperdício pode levar a um futuro em que esse bem, absolutamente essencial à vida, seja um cobiçado e caro artigo de luxo.

            É preciso lembrar, senhoras e senhores, que, além do seu uso direto para a vida, para o homem, pela ingestão humana, os recursos hídricos também estão diretamente ligados à produção de alimentos, como eu falava na abertura, e à própria geração de energia.

             Essa última vertente, inclusive, é o tema escolhido pela ONU para o Dia Mundial da Água deste ano. A escolha é particularmente importante ao Brasil, cuja matriz energética está lastreada na hidroeletricidade.

            Para os senhores e as senhoras terem uma ideia, segundo o Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, há mais de mil empreendimentos hidrelétricos no País. Por meio deles, são gerados 70% dos 117 mil megawatts da capacidade instalada brasileira.

            Ora, todos nós sabemos da importância ambiental dessa energia renovável e menos agressiva ao meio natural e dos riscos muito maiores apresentados por suas alternativas, por exemplo, térmica e nuclear.

            No que tange à produção de alimentos, a importância da água atinge contornos ainda maiores. Somente a agricultura utiliza 70% de toda a água consumida no Planeta. Para produzir um quilo de grão, são necessários 1,5 mil litros de água. Para se obter um quilo de carne, por sua vez, são utilizados cerca de 15 mil litros. Segundo a FAO, para produzir alimentos suficientes para satisfazer as necessidades diárias de uma pessoa, são necessários cerca de 3 mil litros de água, no mínimo.

            Agora multipliquem esse número por oito bilhões de seres humanos, que é aproximadamente a população mundial, e obterão a monumental quantidade de água utilizada apenas para produzir alimentos voltados ao consumo humano.

            Por tudo isso, Sr. Presidente, não há mais como continuarmos com a cultura do desperdício da água em nossos dias, em todos os seus aspectos. Técnicas mais apuradas e racionais devem ser implementadas para melhorar a eficiência do uso da água em suas diversas vertentes produtivas, sobretudo na atividade agrária.

            A irrigação, por exemplo, deve ser aprimorada no sentido de fazer a umidificação do solo e o armazenamento de água com maior retenção e menos desperdício, com um controle maior e melhor de sua vazão diária. Assim, estaríamos cumprindo o nosso papel.

            Nesse sentido, com o advento das mudanças climáticas, se faz mais do que necessária uma agricultura de clima inteligente, que incremente de modo sustentável a produtividade por meio da adoção de práticas de adaptação, com uma melhor gestão dos riscos ambientais na produção de alimentos e na identificação e redução da vulnerabilidade a eventos extremos.

            Não há dúvidas de que o número cada vez maior desses eventos, como inundações e longas estiagens, exige uma atenção redobrada à gestão das bacias hidrográficas, cujos impactos vão desde a matriz energética até a própria segurança alimentar.

            O fato é que passamos muito tempo sem nos preocupar e nos debruçar sobre a questão, confortavelmente deitados em berço esplêndido e anestesiados pela abundância aparentemente infinita de nossos rios, lagos, reservas e cachoeiras. É finito, não é infinito.

            É verdade que ainda dispomos de condições bastante privilegiadas nesse aspecto, comparando com outros países, mas tal circunstância, de forma alguma, deve nos autorizar a irresponsabilidade no uso desarrazoado desse bem, já tão valorizado e disputado em escala global.

            Recentes projeções indicam que, no ano de 2025 - repito: recentes projeções indicam que no ano de 2025; praticamente daqui a 11 anos -, a falta de água atingirá algo em torno de 1,8 bilhão de pessoas em todo o Planeta. Ou seja, daqui a 15 anos, aproximadamente, 2 bilhões de pessoas serão atingidos pela falta de água, e 2/3 da população mundial serão afetados de uma maneira ou de outra por sua escassez.

            Está mais do que na hora, portanto, não somente de o nosso País acordar de uma vez por todas para o tema, mas assumir, pelo nosso potencial, a dianteira global em suas discussões e apresentar ao mundo soluções alternativas para a mitigação de tão grave problema.

            Assim como o petróleo foi a principal fonte de conflitos bélicos, guerras recentes, analistas internacionais apontam os recursos hídricos como fonte potencial de guerras em um futuro muito mais próximo do que imaginamos.

            Nesse cenário catastrófico que aqui discorri - não com alegria, mas com tristeza, apontando que ainda há tempo de fazer mudanças -, onde todos lutam pela água cada vez mais escassa, todos perdem. E nós temos de nos posicionar em defesa da vida e deste bem tão fundamental, que é a água.

            Não podemos permitir que o bem maior da vida, matéria-prima essencial de nossa existência e fonte de toda a nossa energia, transforme-se em estopim para a desintegração da convivência humana e do mundo, como a conhecemos.

            Concluindo, Sr. Presidente, para a água continuar a ser sinônimo de paz, de vida, Sr, Presidente, Srªs e Srs. Senadores, temos o dever e a obrigação de cuidar da água, de usufruí-la com responsabilidade e ponderação cada vez maiores, sob pena de transformá-la em objeto de destruição, e não mais de criação.

            Nós falamos tanto que a água é vida, e a transparência de uma água límpida, água potável, é um quadro belíssimo. Quem não se emociona, por exemplo, ao ver o cair das águas numa cascata? Quem não se emociona ao ver o verdadeiro balé das águas com os peixes em um rio ou no próprio mar? Quem me mostra um quadro mais bonito do que esse?

            Podemos olhar para o universo e lembrar das estrelas, mas, olhar para os oceanos ou para os rios, para uma cascata, também nos apaixona.

            Há, no Rio Grande, a Cascata do Caracol; aqui perto de Brasília, em Formosa, a cascata de Itiquira, uma das mais longas, mais altas de todo o País. Eu estive lá diversas vezes. Quem puder que vá lá. A energia que sentimos daquela cascata - que, se eu não me engano, chega a quase 200 metros - parece que o universo está ali a dizer qual o caminho a seguir, pensando no bem da humanidade - eu vou seguido a essa cascata.

            Enfim, espero que juntos saibamos preservar os nossos rios, as nossas lagoas, os nossos mares, os oceanos. Que a gente saiba valorizar este bem tão importante que é a água doce, mas, nem por isso, temos que menosprezar a força dos mares e oceanos. E poderíamos aproveitar bem mais do que aproveitamos a água da chuva.

            Sr. Presidente, peço que V. Exª considere na íntegra os meus pronunciamentos.

            Os companheiros do Aerus estão aqui. Iniciei lá na Presidência, vim para cá, comecei falando e termino falando: vida longa aos companheiros do Aerus! Espero que a solução venha o mais rápido possível, e que aconteçam as reuniões já esta semana.

            Passaremos a noite dialogando, cantando e falando talvez dos seus filhos, dos seus netos e dessa jornada de luta que vocês travam com tanta vontade, com tanta raça, com tanta coragem, dos melhores guerreiros que já escreveram a história da humanidade. Viva o Aerus!

 

SEGUEM, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTOS DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero deixar registrado aqui no Plenário, o artigo “A crise dos políticos descontentes”, de autoria de José Carlos Werneck, veiculado no site Diário do Poder, do jornalista Cláudio Humberto.

            Peço, respeitosamente, ao colega Sr. Presidente, a Senhoras e Senhores Senadores aqui presentes nesta Sessão, que o texto, pelo grau de reflexão, entre nos anais desta Casa.

            “A crise dos políticos descontentes”

            Os brasileiros receberam muito bem as últimas notícias de que Dilma Rousseff vem se afastando de sua malfadada base aliada e está retomando, para si, cargos importantes que estavam nas mãos de políticos totalmente descompromissados com os brasileiros que a elegeram para a Presidência da República.

            A presidente parecia desconhecer sua própria força política. Ninguém votou nela por suas ligações com essas figuras carimbadas, que só lhe dão apoio, em troca de favores inconfessáveis e para manter intactos e cada vez mais extensos seus poderosos feudos eleitorais. São velhos conhecidos do eleitor e que, apesar de estarem mandando, há anos, no País, nada fazem pelos brasileiros.

            Costumo chamar esse aglomerado de aproveitadores de “Base Afiada”, sempre atentos em se aproveitar do Poder, para atingir seus objetivos inconfessáveis.

            O eleitor sabe,que o apoio dessa gente é pura balela! Para tirar qualquer dúvida, basta que a presidente mande fazer uma pesquisa de opinião e verá que a pessoa Dilma é aprovada pela maioria da população. Já seus aliados são totalmente desaprovados.

            Dilma não precisa deles absolutamente para nada! Foi alçada ao Poder pelo voto do eleitor, que confiou em seu nome e em seu programa.

            Isso não significa que ela não possa e não deva escolher auxiliares de outras agremiações políticas para fazer parte do Governo. Ao contrário. Mas deve escolher livremente sem imposições dos coronelões, velhos conhecidos do eleitor.

            Existem bons nomes entre políticos de todos os partidos, principalmente entre parlamentares que trabalham anonimamente e não tem acesso à Mídia e às panelinhas comandadas pelos coronelões.

            Dentro do seu próprio partido, o PT, há políticos honrados e trabalhadores, dispostos a colaborar com o Governo, sem trair seus ideais e renegar suas raízes populares.

            Sempre me pergunto por que um nome do quilate e gabarito do senador do PT gaúcho, Paulo Paim, não está ocupando o Ministério da Previdência, já que domina todos os assuntos atinentes à pasta.

            Ao menos, a população brasileira seria poupada das explicações risíveis e bizarras, dadas habitualmente por políticos que ocuparam a Pasta, com o intuito de justificar o “rombo”da Previdência Social.

            Realmente, quem nunca precisou da Previdência e está a quilômetros de distância dos problemas vividos pela massa trabalhadora, não tem capacidade e autoridade para explicar absolutamente nada aos que vivem de pensões e aposentadorias miseráveis.

            Paim sabe, como sabia o ministro Waldir Pires, que a Previdência brasileira não é deficitária e que o problema está na má gestão e na roubalheira deslavada.

            Quem tem medo de Paulo Paim na Previdência?

            E a exemplo dele, a presidente tem vários nomes que poderão mudar o rumo do Brasil e sacudir esse marasmo, que tanto desanima a população a cada dia que passa.

            A presidente Dilma, precisa sacudir o País e dar grandes alegrias a todos aqueles que votaram nela, na esperança de um Brasil melhor e também nos que não votaram, mas confiam que algo diferente pode ser feito e estarão ao seu lado em 2014!

            Quando vejo as pressões que a presidente vem sofrendo quando pensa em fazer mudanças na composição de seu Ministério, fico imaginando que ela, ainda não tem consciência plena de sua grande força política e dos fatores que a levaram a ser escolhida pelos brasileiros para governar o País.

            Será que alguém, no exercício pleno de suas faculdades mentais, possa imaginar que alguém votou em Dilma, por ela ter tido o apoio dessas figuras deploráveis que há décadas ocupam espaço importante na política do País e nada fazem pelo Povo.

            A presidente foi eleita, por ter o apoio do eleitorado. Nada além disso.

            Portanto Dilma Rousseff só deve satisfações a ela própria, e, acima de tudo e de todos, ao Povo brasileiro, que em uma eleição disputadíssima, livre e democrática a escolheu para o importante cargo que passou a exercer a partir de 1º de janeiro de 2011.

            Por tudo isso a presidente Dilma tem todas as condições de fazer as reformas sociais aguardadas há muito tempo e que nenhum governo fez.

            Ainda há tempo de enviar ao Congresso um projeto de Reforma Tributária de verdade, não esses arranjos mambembes que foram propostos até hoje e,que, sempre beneficiam os poderosos, em prejuízo dos mais necessitados.

            A Reforma Tributária é urgente, pois no Brasil o trabalho e as atividades produtivas são penalizados duramente, enquanto a especulação e a agiotagem institucionalizada são premiadas.

            Poderá determinar ao presidente do Banco Central um severo controle nos juros extorsivos cobrados ao consumidor pelas instituições financeiras, que no Brasil, agem como verdadeiros agiotas.

            Poderá fazer a tão esperada Reforma Agrária e dar aos pequenos agricultores condições de trabalhar, produzir e lucrar em suas propriedades sem serem explorados por patrões inescrupulosos que mantém seus empregados em regime de semi-escravidão, não respeitando seus direitos, previstos em legislação já existente, mas que não é obedecida, pela grande maioria dos empregadores.

            Deve continuar a cumprir, como prometeu, durante, sua campanha, o programa de construção de casas populares e de urbanização das comunidades carentes, tornando digna a vida de milhões de brasileiros desassistidos e ignorados, solenemente, pelos governos e pela sociedade. Aí sim será feita uma Reforma Urbana real e necessária.

            Para isso deverá escolher auxiliares que tenham estes mesmos ideais e não pára-quedistas e oportunistas, que através de um adesismo espúrio, só visam apropriarem-se de cargos para saquearem as verbas públicas.

            Feito o registro, senhor Presidente.

            Era o que tinha a dizer.

 

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na semana em que o mundo celebra o Dia Mundial da Água, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas após a Conferência da Eco 92, entendo ser de fundamental importância o nosso engajamento na questão dos recursos hídricos não apenas de nosso País, mas de todo o Planeta.

            Recurso cada vez mais escasso e finito, a água é o bem maior de que dispomos, a matéria-prima fundamental da vida.

            Abundante, em tempos atrás, a sua crescente escassez ameaça, portanto, a nossa própria existência de maneira direta e fatal.

            Não há mais dúvidas de que as mudanças climáticas que vêm acontecendo em todo o Planeta trazem, de forma cada vez mais contundente, novas ameaças ao abastecimento e distribuição de água em todas as nações, seja para consumo próprio ou em atividades produtivas diversas.

            Vejam os Srs. e as Srªs que, semanalmente, somos bombardeados com notícias sobre enchentes e inundações em algumas localidades, enquanto estiagens e secas castigam outras.

            Não raro, tais fenômenos ocorrem até numa mesma região ou país.

            É o nosso caso. Neste momento, no Brasil, enquanto cidades da região Norte contabilizam desabrigados e vítimas de suas enchentes, São Paulo enfrenta a ameaça de um racionamento em seu abastecimento de água, tendo já conclamado sua população a diminuir significativamente o seu uso.

            Dessa forma, Sr. Presidente e Srªs e Srs. Senadores, e na condição de potência ambiental mundial e detentor de 12% das reservas globais de água doce, o desafio de nosso País em proteger e regular os seus recursos hídricos é do tamanho da abundância de seus reservatórios e aquíferos.

            Em primeiro lugar, precisamos conscientizar a nossa população sobre a absoluta importância de racionalizar o consumo de água em nosso dia-a-dia.

            E tal tarefa deve ser especialmente executada entre as crianças e jovens de nosso País, no sentido de fomentar uma geração que cresça sob os parâmetros do uso racional de nossos recursos hídricos.

            Não podemos correr o risco, Senhor Presidente, de que a aparente abundância de nossas reservas hídricas traga consigo um sentimento coletivo de que não precisamos usá-la com parcimônia.

            Trata-se de recurso que embora renovável, é finito!

            A água que hoje escorre pelo ralo do desperdício pode levar a um futuro em que esse bem, absolutamente essencial à vida, seja um cobiçado e caro artigo de luxo.

            É preciso lembrar, minha Senhoras e meus Senhores, que além de seu uso direto pela ingestão humana, os recursos hídricos também estão diretamente ligados à produção de alimentos e à geração de energia.

            Essa última vertente, inclusive, é o tema escolhido pela ONU para o Dia Mundial da Água deste ano.

            A escolha é particularmente importante ao Brasil, cuja matriz energética está visceralmente lastreada na hidroeletricidade.

            Para os Srs. e as Srªs terem uma ideia, segundo o Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, há mais de mil empreendimentos hidrelétricos no País.

            Por meio deles, são gerados 70% dos 117 mil megawatts da capacidade instalada brasileira.

            Ora, todos nós sabemos da importância ambiental dessa energia renovável e menos agressiva ao meio natural, e dos riscos muito maiores apresentados por suas alternativas térmica e nuclear.

            No que tange à produção de alimentos, a importância da água atinge contornos ainda maiores.

            Somente a agricultura utiliza 70% de toda a água consumida no Planeta. Para produzir um quilo de grão, são necessários mil e quinhentos litros de água.

            Para se obter um quilo de carne, por sua vez, são utilizados cerca de quinze mil litros.

            Segundo a FAO, para produzir alimentos suficientes para satisfazer as necessidades diárias de uma pessoa, são necessários cerca de três mil litros de água, no mínimo.

            Agora multipliquem esse número por oito bilhões de seres humanos, que é aproximadamente a população mundial, e obterão a monumental quantidade de água utilizada apenas para produzir alimentos voltados ao consumo humano.

            Por tudo isso, Senhor Presidente, não há mais como continuarmos com a cultura do desperdício hídrico de nossos dias, em todos os seus aspectos.

            Técnicas mais apuradas e racionais devem ser implementadas para melhorar a eficiência do uso na água em suas diversas vertentes produtivas, sobretudo na atividade agrária.

            A irrigação, por exemplo, deve ser aprimorada no sentido de fazer a umidificação do solo e o armazenamento de água com maior retenção e menos desperdício, com um controle maior e melhor de sua vazão diária.

            Nesse sentido, com o advento das mudanças climáticas, se faz mais do que necessária uma agricultura “de clima inteligente”, que incremente de modo sustentável a produtividade por meio da adoção de práticas de adaptação, com uma melhor gestão dos riscos ambientais na produção de alimentos e na identificação e redução da vulnerabilidade a eventos extremos.

            Não há dúvidas de que o número cada vez maior desses eventos, como inundações e longas estiagens, exige uma atenção redobrada à gestão das bacias hidrográficas, cujos impactos vão desde a matriz energética até a própria segurança alimentar.

            O fato é que passamos muito tempo sem nos preocupar e nos debruçar sobre a questão, confortavelmente deitados em berço esplêndido e anestesiados pela abundância aparentemente infinita de nossos rios, lagos, reservas e cachoeiras.

            É verdade que ainda dispomos de condições bastante privilegiadas nesse aspecto, mas tal circunstância - de forma alguma! - deve nos autorizar ao uso desarrazoado desse bem, já tão valorizado e disputado em escala global.

            Recentes projeções indicam que, no ano de 2025, a falta de água atingirá algo em torno de 1,8 bilhão de pessoas em todo o Planeta, e que dois terços da população mundial será afetada, de alguma maneira, por sua escassez.

            Está mais do que na hora, portanto, de nosso País não somente acordar de uma vez por todas para o tema, mas assumir a dianteira global em suas discussões e apresentar ao mundo soluções e alternativas para a mitigação do problema.

            Assim como o petróleo foi a principal fonte de conflitos bélicos recentes, analistas internacionais apontam os recursos hídricos como fonte potencial de guerras num futuro mais próximo do que imaginamos.

            Nesse cenário catastrófico, onde todos lutam pela água cada vez mais escassa, todos perdem.

            Não podemos permitir que o bem maior da vida, matéria-prima essencial de nossa existência e fonte de toda a nossa energia, se transforme no estopim para a desintegração da convivência humana e do mundo como conhecemos.

            E para a água continuar a ser sinônimo de vida, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, temos o dever e a obrigação de usufruí-la com responsabilidade e ponderação cada vez maiores, sob pena de transformá-la em objeto de destruição, e não mais de criação.

            Espero que juntos saibamos preservar os nossos mananciais!

            Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/03/2014 - Página 100