Explicação pessoal durante a 38ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Explicação pessoal referente ao pronunciamento da Senadora Gleisi Hoffmann.

Autor
Aécio Neves (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
Nome completo: Aécio Neves da Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Explicação pessoal
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).:
  • Explicação pessoal referente ao pronunciamento da Senadora Gleisi Hoffmann.
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/2014 - Página 262
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
Indexação
  • CRITICA, PRONUNCIAMENTO, GLEISI HOFFMANN, SENADOR, REFERENCIA, INVESTIGAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).

            O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Serei bastante breve. Agradeço a V. Exª, Senador Inácio.

            O SR. PRESIDENTE (Inácio Arruda. Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - Senador Aécio.

            O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Com enorme respeito à Senadora Gleisi, olha, eu não consigo compreender tamanha preocupação por parte da Senadora. Ela própria disse aqui que o Ministério Público investiga; a Procuradoria, portanto, investiga; investiga a Polícia Federal, o Tribunal de Contas. E quero tranquilizar a ilustre Senadora: nenhuma dessas investigações será comprometida. Ao contrário, elas continuarão ocorrendo. O Senado da República está fazendo aqui o que deve fazer.

            O que eu percebo, de forma muito clara, em todas as argumentações dos ilustres Líderes do Partido dos Trabalhadores: não há nenhuma argumentação concreta e consistente para dizer: “Não, não ocorreu nada disso. Não houve prejuízo.” Ou então: “Olha, quando nós soubemos do prejuízo lá atrás, tomamos todas as providências para mandar investigar, para afastar do serviço público aqueles que cometeram atos inadequados”, segundo a nota da Presidência da República. Nada. Absolutamente nenhuma argumentação sobre o fato. Uns dizem: “Inconveniência em ano eleitoral.” Será que o ano eleitoral deveria ser o ano da anistia? Ora, em ano eleitoral, pode-se tudo? Não acredito.

            Ouvi hoje algumas Lideranças do PT dizendo: “Olha, é muito perigoso uma CPI com a Petrobras, porque a Petrobras tem ações em bolsas.” São aqueles mesmos que apoiam essa gestão temerária da Petrobras, que fez com que R$200 bilhões fossem perdidos com uma gestão temerária, Sr. Presidente.

            E V. Exª vai se lembrar, como brasileiro que é, que acompanha, inclusive, a Petrobras de perto - e eu já participei de debates com V. Exª sobre o tema - de que, no ano de 2008, o Governo fez uma ofensiva muito forte, inclusive, com o próprio Presidente da República, conclamando, instando os servidores brasileiros, os trabalhadores a aplicarem o seu fundo de garantia na Petrobras. E a Petrobras, como é dito hoje nos jornais, já tinha, desde aquele instante, ações em bolsas.

            O cidadão brasileiro que colocou R$100, Sr. Presidente, da sua poupança, das suas economias, em ação da Petrobras, tem hoje R$37. Isso é natural? Dá para aceitar que uma refinaria orçada em US$2,5 bilhões em parceria com uma empresa venezuelana já tenha custado aos cofres da Petrobras US$18 bilhões? E sabe por que, Sr. Presidente? E sobre esse tema não ouço absolutamente nenhuma contestação da situação. Porque ela foi planejada para refinar o petróleo pesado da Venezuela. Não sei se isso foi feito num aperto de mão, num tapinha nas costas, num convescote entre os então Presidente da Venezuela e do Brasil.

            Como uma empresa como a Petrobras é levada a fazer um entendimento que gera, no seu caixa, um prejuízo tão grande como esse? E já não falo apenas de Pasadena, onde a empresa venezuelana sai do negócio e não tem que arcar com nenhum recurso, não tem que arcar com qualquer responsabilidade por ter abandonado o projeto. Onde é que está a responsabilidade, seja do Conselho de Administração ou da Diretoria, que não estabeleceu ali uma salvaguarda no momento em que o planejamento foi feito conjuntamente e a planta foi feita para atender ao refino do petróleo venezuelano? A Venezuela sai e, mais uma vez, a Petrobras arca com o prejuízo.

            Não vou falar aqui de Comperj e outras denúncias, mas o que eu posso garantir, falei agora há pouco, volto a dizer à Senadora Gleisi, aos ilustres Líderes do PT, que tenham muita tranquilidade e fiquem absolutamente serenos na discussão desse tema.

            Todos nós somos brasileiros, não acredito que alguma das Srªs Senadoras ou algum dos Srs. Senadores queira aqui a falência absoluta ou a fragilização definitiva da Petrobras.

            Talvez essa CPI seja o início do processo de resgate de uma empresa que não foi construída num governo. Ao contrário, vem se fragilizando num governo como jamais ocorreu em qualquer outro momento da nossa história. O que nós queremos é, com transparência, com as responsabilidades atribuídas àqueles que têm responsabilidade, permitir que a Petrobras volte a ser respeitada não apenas pelos brasileiros, mas volte a ser respeitada no mundo.

            Deixamos de ser a maior petroleira da região, perdemos para a colombiana. Deixamos de ser a 12ª maior empresa do mundo, somos a 120ª empresa mais valiosa do mundo. Onde nós vamos parar? Eletrobrás está no mesmo caminho, Sr. Presidente. É preciso um basta, já deu! Ninguém aguenta mais esse tipo de administração que terceiriza responsabilidade, onde as pessoas não têm coragem de fazer a sua meia culpa: “Olha, errei, sim, me enganei. Peço desculpas aos brasileiros por ter me enganado.” Não, é sempre passando para frente, é sempre achando que o escândalo de amanhã vai fazer com que o escândalo de hoje seja esquecido.

            O nosso papel, como representante da sociedade brasileira, da Federação e da população brasileira, é não permitir que essa gestão temerária, que já aniquilou patrimônios extraordinários da população brasileira, venha a aniquilar definitivamente o próprio Brasil.

 

            [...]

            O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Senador Mário, para que não fique sem resposta. Quero apenas esclarecer à Senadora Gleisi, talvez por ter chegado há tão pouco tempo ao Senado Federal, ela não conheça a minha trajetória. Senadora, fui Deputado Federal por quatro mandatos, fui Presidente da Câmara dos Deputados, Governador de Minas por dois mandatos e, hoje, sou Senador da República. Quem sabe, se eu for Deputado Estadual por São Paulo, algum dia possa responder a sua pergunta.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/2014 - Página 262