Discurso durante a 39ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Otimismo com o desempenho da economia brasileira nos primeiros meses do ano corrente.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Otimismo com o desempenho da economia brasileira nos primeiros meses do ano corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 28/03/2014 - Página 193
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • ELOGIO, REFERENCIA, MELHORIA, INDICE, ECONOMIA NACIONAL, COMENTARIO, IMPORTANCIA, PROGRAMA DE GOVERNO, RELAÇÃO, COMBATE, POBREZA, DESIGUALDADE SOCIAL.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Prezado Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, quero, hoje, falar de uma boa nova: o bom desempenho da economia brasileira nestes primeiros meses de 2014.

            Nos últimos dias, tivemos uma boa surpresa: os indicadores de atividade econômica conhecidos para janeiro e fevereiro superaram as expectativas, e mesmo os indicadores de março estão caminhando na mesma direção, ainda que o quadro seja de uma economia com crescimento modesto.

            O ano começou com um ritmo de atividade superior ao esperado. Indicadores de renda, emprego, produção industrial, vendas do varejo, movimentação de carga, entre outros, garantiram um bom desempenho econômico no primeiro bimestre e afastaram o risco de queda no Produto Interno Bruto entre janeiro e março. O retrato é de uma recuperação que superou as expectativas do mercado.

            Na segunda-feira, 24 de março, apesar dos bons indicadores de nossa economia, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito no Brasil. Como resposta, a Bolsa de Valores continua operando forte, inclusive no dia de hoje. Desde o dia em que foi anunciado esse rebaixamento da situação da economia brasileira pela Standard & Poor's, a Bolsa de Valores continua aumentando e, no dia de hoje mesmo, operando forte. A taxa de câmbio não recuou. E, até agora, o impacto não foi relevante sobre o custo de capital. Isso demonstra que o mercado reagiu com total confiança na política econômica brasileira. Acredito que o futuro ratificará a solidez dos nossos fundamentos macroeconômicos.

            O bom desempenho da economia brasileira também foi confirmado pela análise do Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman, conforme afirmou para o jornal Valor, dia 18 de março de 2014. Em visita ao Brasil, disse que o País tem hoje mais estabilidade, uma inflação sob controle e uma política fiscal mais responsável. O economista Prof. Paul Krugman, que é colunista do jornal The New York Times, é hoje considerado um dos mais capacitados analistas sobre a política econômica internacional dos mais diversos países. Sua voz tem sido muito respeitada. Eu próprio tive a oportunidade de assistir a palestras dele em Nova York por mais de uma vez, durante os congressos internacionais da Basic Income Earth Network e da Eastern Economic Association, que, normalmente, ocorrem em janeiro de cada ano.

            A boa notícia, afirmou Krugman, é que, nas últimas crises, as coisas não chegaram próximas ao abismo nos países em desenvolvimento, que foram mais resilientes que no passado. Segundo Krugman, houve, de fato, uma desvalorização grande do real, mas não houve um colapso; o Brasil não é vulnerável há algum tempo, assertiva que contraria a opinião da maioria dos analistas econômicos.

            A dívida externa, lembrou Krugman, não é nem de perto algo importante como foi no passado, quando os países em desenvolvimento não podiam tomar empréstimo em suas próprias moedas, o que os tornava sensíveis aos movimentos cambiais.

            Em entrevista à Carta Capital, de 18 de março de 2014, o Prêmio Nobel fez uma breve análise da conjuntura econômica, elencando aspectos positivos, em resposta à seguinte pergunta do periódico: “Não se corre o risco de uma repetição de 1998 ou mesmo 2002 no Brasil?”

            Assim respondeu Paul Krugman à Carta Capital:

Não vejo o Brasil de 2014 em meio a um cenário desastroso. No fim dos anos 1990, vivemos o que acreditávamos ser uma crise financeira global. O que convenhamos, depois de atravessarmos 2008, parece café-pequeno. Mas é importante lembrar que, mesmo quando o Brasil se tornou o próximo alvo da crise e viveu a inevitável desvalorização do real, muitos colegas meus tinham certeza absoluta de que estavam diante de mais uma catástrofe econômica, que não aconteceu. O Brasil passou por um momento difícil, mas provou não ser vulnerável como se imaginava. E, uma década e meia depois, o País é ainda menos vulnerável. Não há um déficit gigantesco em moeda estrangeira, a situação fiscal é aceitável e a inflação não é significativamente alta. O Brasil de hoje não é, definitivamente, um caso típico de país vulnerável a ataques especulativos.

            Krugman continuou seu raciocínio:

Insisto que não há, neste momento, assim como nos anos 1990, altos níveis de endividamento do Brasil em moeda estrangeira. Também não há endividamento significativo do setor privado. O Brasil, que mostrou solidez mesmo durante a fuga de capitais de 1999, não deveria ser, neste momento, de forma alguma, classificado como uma economia vulnerável.

            Como a confirmar as palavras de Paul Krugman, os dados oficiais de janeiro para a economia brasileira - indústria, varejo, serviços e emprego - foram todos acima do projetado pelos analistas.

            O mercado de trabalho, principal sustentação do consumo, mostrou bons números. A renda começou 2014 com alta superior à do início do ano passado.

            Pela pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio real de janeiro foi 3,6% superior ao de igual período do ano anterior, marcando o terceiro mês seguido de ganho real, acima de 3%, na comparação com o mesmo do período do ano anterior, 2013.

            Além disso, no ano de 2013, a taxa de desemprego média apurada pelo IBGE, nas seis principais regiões metropolitanas do País, ficou em 5,4%. Essa foi a menor média anual desde o início da série histórica da taxa de desemprego em 2003.

            E como esse índice vem evoluindo nesses primeiros dois meses do ano? Informa o IBGE que a taxa de desocupação foi estimada em 5,1%, em fevereiro de 2014, para o conjunto das seis regiões metropolitanas, a menor taxa para o mês de fevereiro desde o início da série histórica em 2002.

            Também informa o IBGE que o rendimento médio real habitual dos ocupados (R$2.015,60) foi 0,8% maior do que o verificado no mês anterior (R$2.000,53) e 3,1% acima do registrado em fevereiro de 2013, que fora de R$1.954,99. A massa de rendimento real habitual (R$47,1 bilhões) aumentou 1% em relação a janeiro e 4,1% em relação a fevereiro de 2013. A massa de rendimento real efetiva dos ocupados (R$47,7 bilhões), estimada em janeiro de 2014, caiu 16,7% no mês e subiu 5,8% ao ano. Portanto, há dados quase todos muito positivos.

            A aceleração do ganho real foi acompanhada por um aumento mais forte nas contratações com carteira assinada no primeiro bimestre, reforçando a massa salarial e, por consequência, dando um fôlego extra ao consumo.

            No primeiro bimestre a inflação de alimentos foi menor do que em 2013, o que liberou renda para outros bens.

            Continuando com as boas notícias, a pesquisa mensal de comércio do IBGE mostrou alta de 0,4% sobre dezembro e 6,2% sobre janeiro do ano passado, percentual próximo ao 6,8% indicado pela pesquisa do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo para o mesmo mês. Para fevereiro, o índice Antecedente de Vendas do IDV aponta um crescimento de 7,5% nas vendas das 48 varejistas associadas ao Instituto, enquanto a estimativa das mesmas empresas para março é de alta de 4%.

            E a surpresa positiva permaneceu em fevereiro com ajuda do Carnaval, porque, sem a data festiva, o período ganhou três dias úteis em relação ao ano passado - e lembro que o Carnaval deste ano foi no início de março. Mesmo descontado esse efeito, o indicador antecedente de vendas de 48 grandes varejistas do País apontou alta de 6,2% na comparação com fevereiro de 2013.

            Pelos dados da Serasa Experian, no primeiro bimestre, o movimento nas lojas foi 6% superior ao dos dois primeiros meses de 2013. Ou seja, os consumidores continuam acreditando na economia.

            O início de ano mais forte do que o esperado se estendeu a outros segmentos da indústria. As vendas de aços planos subiram 16,4% sobre o primeiro bimestre do ano passado e as vendas internas de produtos químicos aumentaram 3,3%, no mesmo período. Algumas consultorias projetavam um mês de fevereiro mais fraco, mas com os indicadores já disponíveis passaram a estimar alta de 0,6% da produção industrial no período, após avanço de 2,9% em janeiro, feitos os ajustes sazonais.

            A produção de automóveis subiu 15,1% nessa comparação, de acordo com dados da Anfavea, dessazonalizados pela consultoria. "Foi um resultado disseminado, com alta de veículos leves e de ônibus e consideravelmente acima das nossas projeções". Pelas projeções a indústria deve encerrar o trimestre com aumento de 0,5% da produção, após dois trimestres consecutivos de queda, segundo análises da Tendências Consultoria.

            Esses avanços no quadro macroeconômico estão em harmonia com a boa evolução dos indicadores sociais, que refletem a ação incisiva das políticas públicas adotadas pelo governo da Presidenta Dilma Rousseff na erradicação da fome e no combate à pobreza.

            Por exemplo, o Programa Bolsa Família muito contribuiu para a redução da pobreza absoluta e do nível de desigualdade no Brasil. O coeficiente de Gini, que havia atingido 0,599, em 1995, e 0,601, em 1996, quando estávamos entre os três países mais desiguais do mundo, diminuiu gradualmente, a cada ano, chegando a 0,519, em 2012.

            Segundo o Ministro Marcelo Côrtes Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, em apenas um ano, de 2011 para 2012, 3,5 milhões de brasileiros deixaram a linha da pobreza.

            Assim, as informações que aqui apresento confirmam o êxito da política econômica da Presidenta Dilma Rousseff e do principal Ministro da área econômica, Guido Mantega, da Pasta da Fazenda, no sentido de estimular o crescimento econômico com estabilidade de preços e combate à fome e à desigualdade social, que são as condições necessárias para a construção de uma sociedade mais justa e menos desigual.

            Desde que a Presidenta Dilma, a partir de 2011, conclamou os brasileiros a realizar a busca ativa, aumento significativamente o número de famílias que hoje constam do Programa Bolsa Família. São hoje beneficiadas 14.053.368, segundo os dados de março de 2014, no sítio eletrônico ou página do Ministério do Desenvolvimento...

(Interrupção do som.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT-SP) - Isso significa 75,48% das 18.618.493 famílias que, em maio de 2013, correspondiam às famílias cadastradas com renda per capita mensal até R$140,00, que teriam, portanto, direito de receber o Programa Bolsa Família. Já aumentou significativamente nestes últimos dois anos. Inclusive, no Município de São Paulo, passou-se de uma proporção de cerca de 50%, em dezembro de 2012, para 75,74%, que corresponde a 362.074 famílias. E sobre isso eu cumprimento o esforço do Prefeito Fernando Haddad e da Secretária de Desenvolvimento Social de São Paulo, Luciana Temer.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Acho importante que se registrem esses dados positivos da evolução da economia brasileira.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/03/2014 - Página 193