O SR. ALFREDO NASCIMENTO (Bloco União e Força/PR - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, é inaceitável que a população de Manaus seja obrigada a usufruir de um sistema de transporte coletivo falido. Promessas não faltam, principalmente com o advento da Copa do Mundo; da mesma forma que justificativas pelo atraso dos investimentos são corriqueiras. A questão é que a sociedade não tolera mais essa situação. Vale recordar que, durante a minha gestão como prefeito de Manaus, implantei 80% do Sistema Expresso, posteriormente, apelidado pela população de "Estresso", devido a descontinuidade do projeto. Muito me entristeceu ver um projeto inovador excluído das prioridades dos governos que me sucederam. Agora com outro nome, BRT, o Expresso vem sendo implantado.

            Aproveito o momento e faço um desabafo: já se passaram 14 anos e7 ao longo desse período, ter percorrido as ruas de Manaus e deparar-me com as plataformas e o s terminais de integração do Expresso em total abandono foi muito cruel. O BRT é uma versão atualizada do modelo de transporte idealizado na minha gestão como prefeito de Manaus, que poderia estar em funcionamento há um bom tempo. Estamos há menos de quatro meses da Copa do Mundo e as plataformas próximas da Arena Amazônia foram reformadas. O fato é que Manaus é muito maior que o raio de influência do estádio e as obras não são para usufruto dos milhares de turistas que virão para o campeonato. O transporte público é um patrimônio da população brasileira e um serviço vital para o bom funcionamento dos grandes centros urbanos. Em nossa capital, é um direito inalienável do manauara.

            Não venho aqui apontar falhas, tampouco criticar gestões, mas, sim, torcer para que o problema seja resolvido independente do fato de Manaus ser uma das sedes da Copa do Mundo. Muito se falou do "legado" que um evento internacional desse porte deixaria para o país, mas até o presente momento o que se vê são projetos ainda no papel. Os jogos acontecerão e ao que tudo indica a população manauara continuará a exigir um transporte público decente. Antes e depois.

            Vale recordar que a sociedade brasileira saiu às ruas em junho passado para externar sua insatisfação com a precária mobilidade urbana em todo o país. Leis não faltam e nem recursos, de acordo com o governo federal. O que falta a meu ver é vontade política e ousadia na execução dos projetos. Quando lancei o Sistema Expresso em Manaus não medi esforços para realizá-lo e, por um dever de justiça, vou defender ao lado dos cidadãos de Manaus, a implantação de um transporte coletivo de qualidade.

            Afinal, um transporte público que atende bem a população precisa ser ágil, seguro e confortável. No entanto, em qualquer país do mundo, essa eficiência só é percebida pelos usuários quando se cria corredores exclusivos para o tráfego dos ônibus. Ciente que essa era a alternativa mais viável, implantei o Expresso e construí corredores específicos para garantir a trafegabilidade nos moldes do transporte público de Curitiba, no Paraná.

            Ainda assim, todos os dias me pergunto: por que esse projeto foi interrompido? Se não tivesse havido essa descontinuidade, certamente, a população de Manaus estaria usufruindo, hoje, de um transporte público de qualidade e por um preço justo. Se medidas equivocadas foram tomadas no passado, a população não pode arcar com os prejuízos no presente e esperar soluções somente em um futuro que nunca se realizam. O atual prefeito, Arthur Neto, tem tratado o tema com a seriedade merecida e desde o ano passado retornou as obras de recuperação do sistema. Não importa o nome que se dê, nem o "Pai da idéia", o que importa é que a população precisa de uma melhoria imediata no sistema de transporte.

            Muito obrigado.