Discurso durante a 95ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem à escritora Rose Marie Muraro, influente voz do movimento feminista no Brasil, por ocasião de seu falecimento.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à escritora Rose Marie Muraro, influente voz do movimento feminista no Brasil, por ocasião de seu falecimento.
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/2014 - Página 53
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, VOTO DE PESAR, ESCRITOR, APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA, REGISTRO, HISTORIA, VIDA, COMENTARIO, INFLUENCIA, MANIFESTAÇÃO, FEMINISMO.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Caro Presidente, Senador Cristovam Buarque, eu me sinto na responsabilidade de requerer, nos termos dos arts. 218, inciso VII, e 221 do Regimento Interno, inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento da escritora querida Rose Marie Muraro, no último sábado, dia 21 de junho, aos 83 anos, bem como a apresentação de condolências aos seus filhos, Marcos Alexandre, Maria Cristina, André Domingos, Tônia Maria e Verônica Maria, aos netos Alef, Lívia, Clarice, Paula, André Felipe, Alexandre, Jonas, Cristina, Leonardo, Júlio, Lucas, Maiara e Gabriela e aos bisnetos Clara, Isabele, Artur e Laura.

            Tendo vivido 83 anos, Rose Marie deixou-nos, muitos, em condição de tristeza. As mulheres brasileiras estão órfãs. Perderam Rose Marie Muraro, a grande amiga, pioneira e uma das mais influentes vozes do movimento feminista no Brasil. Em verdade, todos estamos órfãos, inclusive os homens, pois Rose Marie nos ajudou a compreender e respeitar muito mais as mulheres em todos os aspectos da vida cotidiana. Apesar de uma vida dramática, do principio ao fim, ela lutou, por mais de 60 anos, pelos direitos das mulheres. Sua personalidade singular deu-lhe força e determinação suficientes para se tornar uma das mais brilhantes intelectuais de nosso tempo.

            Rose nasceu em 11 de novembro de 1930, no Rio de Janeiro, com uma deficiência visual que a tornou praticamente cega. Só aos 66 anos, ela se submeteu a uma cirurgia e recuperou a visão.

            Aos 15, os pais morreram, de maneira abrupta e, em razão de divergências sobre a herança, ela renunciou complemente à fortuna. Na época, conheceu o então padre Helder Câmara, tornou-se membro de sua equipe e reinventou a própria vida na trilha das lutas sociais, tornando-se uma das mais aguerridas representantes do movimento feminista.

            A Editora Vozes foi um capítulo à parte na vida de Rose. Lá trabalhou com Leonardo Boff durante 17 anos. Os dois escreveram livros e editaram obras fundamentais para dois movimentos de emancipação da América Latina: a teologia da libertação e o feminismo.

            Foi nos anos 70, quando ela e Leonardo Boff trabalhavam na Editora Vozes, que tive a felicidade de conhecer essa extraordinária mulher chamada Rose Marie Muraro, que também se tornou muito amiga de Marta Suplicy, hoje Ministra da Cultura, com quem eu era casado. Então, Rose Marie Muraro tornou-se uma grande amiga de nossa família. Meus filhos, Eduardo, André e João, ainda se lembravam da forma como ela agia, da forma como se sentava à mesa. Por sua dificuldade de ver a comida, ela aproximava seus olhos da comida e fazia gestos muito brincalhões, às vezes falando alguns palavrões como forma de externar seus sentimentos.

            Foi nos anos 70 que, ao aproximar-me dela, apresentei-lhe um conjunto de artigos que havia publicado nos jornais Última Hora, O Movimento, Opinião e Folha de S. Paulo. Nessa época, publiquei um conjunto de artigos no livro Política Econômica Brasileira e Internacional, justamente pelo entusiasmo de Rose Marie para que eu colocasse minhas ideias, que, depois, fizeram com que alguns amigos viessem me dizer que meus artigos estavam sendo muito lidos e que seria bom se eu defendesse minhas ideias no Parlamento. Foi aí, então, que me tornei Deputado Estadual, Deputado Federal, Vereador e Senador.

            Minha interação com Rose Marie Muraro continuou. Em 1979, no primeiro ano como Deputado Estadual, interessei-me pela questão dos Direitos Humanos. Muitas vezes, acompanhei trabalhadores, metalúrgicos, professores, lixeiros e tantas outras categorias, em São Paulo, em suas reivindicações e greves. Nessa época, também visitei unidades da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor - Febem, onde, por vezes, havia denúncias de que diversos rapazes e moças estavam sendo maltratados naquelas unidades da Febem.

            Esse foi bem o caso ocorrido com Sandra Mara Herzer, ou Anderson Herzer, como costumava se referir a si mesma, que teve sua história, contada em poemas, publicada pela Editora Vozes por aprovação entusiasta de Rose Marie Muraro e Leonardo Boff. Há um livro que está na 25ª edição, Queda para o Alto, lido em todo o Brasil, sobretudo por jovens. Eu recomendo sua leitura.

            Nos últimos três anos, a Rose Marie Muraro passou a contribuir comigo em meus pronunciamentos. Eu quero muito agradecer a ela pelas contribuições que me deu em diversos momentos. Ela ajudou-me a escrever, por exemplo, sobre as mulheres, sobre a violência e sobre a economia solidária.

            Ela era uma grande fã da moeda social como da criada pelo Banco Palma, em Fortaleza, e tantas outras. Foi uma pessoa que contribuiu muito, inclusive no período em que já estava muito doente. Entretanto, como ela podia trabalhar em casa, ajudou-me na redação de vários pronunciamentos relevantes.

            Quero aqui registrar a bonita e merecida homenagem de Leonardo Boff a Rose Muraro, parceira de tantas jornadas:

Rose Marie Muraro: a saga de uma mulher impossível

No dia 21 de junho concluiu sua peregrinação terrestre no Rio de Janeiro uma das mulheres brasileiras mais significativas do século XX: Rose Marie Muraro (1930-2014). Nasceu quase cega. Mas fez desta deficiência o grande desafio de sua vida. Cedo instituiu que só o impossível abre o novo; só o impossível cria. É o que diz no seu livro Memórias de uma mulher impossível (1999,35). Com parquíssima visão formou-se em física e economia. Mas logo descobriu sua vocação intelectual: de ser uma pensadora da condição humana especialmente da condição feminina. Foi ela que no final dos anos 60 do século passado, suscitou a polêmica questão de gênero. Não se limitou à questão das relações desiguais de poder entre homens e mulheres mas denunciou relações de opressão na cultura, nas ciências, nas correntes filosóficas, nas instituições, no Estado e no sistema econômico. Enfim deu-se conta de que no patriarcado de séculos reside a raíz principal deste sistema que desumaniza mulheres e também homens.

Realizou em si mesma um impressionante processo de libertação, narrado no livro “Os seis meses em que fui homem” (1990, 6ª edição). Mas a obra quiçá mais importante de Rose Marie Muraro tenha sido Sexualidade da Mulher Brasileira: corpo e classe social no Brasil (1996). Trata-se de uma pesquisa de campo em vários Estados da federação, analisando como é vivenciada a sexualidade, tomando em conta a situação de classe das mulheres, coisa ausente nos pais fundadores do discurso psicanalítico. Neste campo Rose inovou, criando uma grelha teórica que nos faz entender a vivência da sexualidade e do corpo consoante as classes sociais. Que tipo de processo de individuação pode realizar uma mulher famélica que para não deixar o filhinho morrer, dá o sangue de seu próprio seio? Trabalhei com Rose por 17 anos como editores da Editora Vozes: ela responsável pela parte científica e eu pela parte religiosa. Mesmo sob severo controle dos órgãos de repressão militar, Rose tinha a coragem de publicar os então autores malditos como Darcy Ribeiro, Fernando Henrique Cardoso Paulo Freire os cadernos do CEBRAP e outros. Depois de anos de longa discussão e estudo em conjunto reunimos nossas convergências num livro que considero seminal Feminino & Masculino: uma nova consciência para o encontro das diferenças (Record 2010). Destaco apenas uma frase dela: ”educar um homem é educar um indivíduo, mas educar uma mulher é educar uma sociedade”.

Sem deixar nunca de lado a questão do feminino (no homem e na mulher) voltou-se cedo aos desafios da ciência e da técnica moderna. Já em 1969 lançava Autonomação e o futuro do homem e previa a precarização do mundo do trabalho.

A crise econômico-financeira de 2008 levou-a colocar a questão do capital/dinheiro com o livro Reinventando o capital/dinheiro (Idéias e Letras 2012), onde enfatiza a relevância das moedas sociais e complementares e as redes de trocas solidárias que permitem aos mais pobres garantirem sua subsistência à revelia da economia capitalista dominante.

Outra obra importante, realmente rica em conhecimentos, dados e reflexões culturais se intitula Os avanços tecnológicos e o futuro da humanidade: querendo ser Deus? (Vozes 2009). Neste texto ela se confronta com a ponta da ciência, com a nanotecnologia, a robótica, a engenharia genética e a biologia sintética. Vê vantagens nessas frentes, pois não é obscurantista. Mas pelo fato de vivermos dentro de uma sociedade que de tudo faz mercadoria, inclusive a vida, percebia o grave risco de os cientistas presumirem poderes divinos e usarem os conhecimentos para redesenharem a espécie humana. Daí o sub-título: Querendo ser Deus? Essa é a ingênua ilusão dos cientistas. O que nos salvará não é essa nova Revolução Tecnológica mas, como diz Rose, é a “Revolução da Sustentabilidade, a única que poderá salvar a espécie humana da destruição…pois a continuarmos como está, não estaremos em um jogo ganha-perde e sim no terrível jogo perde-perde que significará a destruição de nossa espécie, na qual todos perderemos” (Reinventando o Capital/dinheiro, 238).

Rose possuía um sentimento do mundo agudíssimo: sofria com os dramas globais e celebrava os poucos avanços. Nos últimos tempos Rose via nuvens sombrias sobre todo o planeta, pondo em risco o nosso futuro. Morreu preocupada com as buscas de alternativas salvadoras. Mulher de profunda fé e espiritualidade, sonhava com as capacidades humanas de transformar a tragédia anunciada numa crise purificadora rumo a uma sociedade que se reconcilie com a natureza e a Mãe Terra. Conclui seu livro Os avanços tecnológicos com esta sábia frase: “quando desistirmos de ser deuses poderemos ser plenamente humanos, o que ainda não sabemos o que é, mas que intuímos desde sempre”(p. 354).

Proclamada a 30 de dezembro de 2005 oficialmente pelo Presidente, Patrona do Feminismo Brasileiro e com a criação da Fundação Cultural Rose Marie Muraro em 2009 deixará um legado de fecundo humanismo para as futuras gerações. Rose Marie Muraro mostrou em sua saga pessoal que o impossível não é um limite mas um desafio. Ela se inscreve na linhagem das grandes mulheres arquetípicas que ajudam a humanidade a preservar viva a lamparina sagrada do cuidado por tudo o que existe e vive. Nesse afã ela se tornou imorredoura.

            Assim conclui a sua homenagem o grande teólogo Leonardo Boff.

            Rose Marie Muraro foi eleita, por nove vezes, a "Mulher do Ano". Em 1990 e 1999, recebeu da revista Desfile, o título de "Mulher do Século". E da União Brasileira de Escritores, o de "Intelectual do Ano", em 1994. O trabalho de Rose, como editora, foi um marco na história da resistência ao regime militar. Por conta dele, recebeu, recentemente, do Senado Federal, o prêmio Teotônio Vilela, em comemoração aos 20 anos da anistia no Brasil. Foi professora e palestrante nas universidades de Harvard e Cornell, entre tantas outras 40 instituições de ensino americanas.

            Escreveu 35 livros. A partir de 1990, foi diretora da Editora Rosa dos Tempos, única dedicada a questões de gênero na América Latina. Entre os seus livros está a sua autobiografia, "Memórias de uma Mulher Impossível" (Rosa dos Tempos, 1999), uma das três únicas autobiografias de mulheres da história do Brasil.

            Em 2009, inaugurou o Instituto Cultural Rose Marie Muraro - local onde trabalhava até a piora de seu estado de saúde.

            No ano passado, ela escreveu uma carta aos amigos pedindo, literalmente, socorro, pois já estava muito doente e com graves dificuldades financeiras para sobreviver e pagar o tratamento, apesar da ajuda dos filhos: “Sou Rose Marie Muraro, chegando aos 83 anos, e como vocês sabem fui nomeada pelo governo federal, em 2005, a Patrona do Feminismo Brasileiro, e também cidadã honorária de Brasília e de São Paulo, além de ter sido duas vezes escolhida uma das mulheres do século.”

            É assim que descreveu a sua condição:

Depois de mais de cinquenta anos de dedicação à sociedade brasileira, encontro-me hoje numa situação financeira muito delicada porque não tenho mais condições físicas para ler nem escrever, pois minha miopia aumentou enormemente (42 graus), e uma pneumonia dupla me levou a força das pernas. Não posso mais trabalhar nem viajar como antes. Continuo trabalhando em casa dando assessoria para um senador e transformando algumas de minhas obras em e-book.

            Tenho a honra de ter sido o Senador que pediu para que ela, mediante uma modesta retribuição, contribuísse com o meu trabalho no Senado. Fico feliz em registrar que ela muito me ajudou com suas ideias.

            A reportagem do jornal Correio Braziliense visitou Rose Marie Muraro. Encontrou uma mulher que mantinha a capacidade de raciocínio e o senso de humor: “Sou uma maluquete”, dizia. “Gostei muito do que fiz. E ainda produzo porque só assim a minha vida faz sentido. No dia em que eu parar, morro.” Infelizmente a luta contra um câncer de medula a venceu e a obrigou a parar.

            No Twitter, a presidente Dilma Rousseff lamentou a morte e enalteceu a luta de Rose Muraro pelos direitos das mulheres.

Foi com tristeza que soube da morte de Rose Marie Muraro, ícone da luta pelos direitos das mulheres. Intelectual notável, Rose Marie foi uma mulher determinada em tudo, na luta contra a barreira da cegueira, na luta pelas suas ideias. Somos todas gratas à dedicação incansável de Rose Marie.

            Eu tive a oportunidade de estar presente na última homenagem a Rose Marie Muraro, no Memorial do Carmo, no Cemitério do Caju. Muitos de seus familiares, as irmãs, os filhos, as filhas, netos e netas, os bisnetos, ainda crianças, estávamos lá, junto com suas amigas e amigos, admiradores, entre os quais a Deputada Benedita da Silva.

            Desejo registrar que a Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, esteve lá, não apenas em seu nome, mas também no da Presidenta Dilma Rousseff, para homenagear Rose Marie.

            Gostaria de ler o comunicado que recebi do Instituto Rose Marie Muraro sobre seu falecimento:

Rose Marie Muraro acaba de nos deixar e partir para outra dimensão. Lutou por sua vida até o ultimo fôlego e neste momento:

A família perde sua matriarca

As mulheres perdem uma amiga e

A sociedade brasileira perde uma grande aliada.

Os mais de sessenta anos de dedicação ao nosso Pais, sua luta e conquistas pelos direitos das mulheres, seu sonho de construir um mundo mais humano e solidário, o seu imensurável amor pela vida, nos revelam que Rose além de um exemplo de superação foi realmente Uma Mulher Impossível! Mas agora nos deixa na condição de órfãos de sua beleza, de sua cabeça fascinante, de sua capacidade de criar o impossível para uma realidade palatável, de onde sua sensibilidade e profundidade podiam vislumbrar a grande beleza neste planeta.

Os seus últimos quinze anos de vida foram preenchidos de muitas batalhas, mas também engrandecida com uma linda historia de Um Grande Amor.

            Para finalizar leio um inédito e apaixonado poema de nossa querida Rose Marie Muraro:

O Pássaro de Fogo

Tu vieste como um pássaro

E pousaste no meu ombro

E eu fui habitada

Pela paixão da entrega.

 

Eu te amei antes que tu existisses

Como o deserto que tem sede de água

E as flores tem sede da luz

E te amei como a pedra ama a terra

Que lhe dá sua força.

Com teu bico colocaste na minha mão esquerda

A semente da morte

E na direita a semente da vida

Para que com as duas juntas

Eu fizesse a escolha de cada momento,

Ligando o instante à sua profundidade eterna.

 

Pássaro de fogo

Capaz de queimar sem consumir

Estás dentro de mim.

 

Pássaro de fogo

Irei onde tuas asas me conduzirem

E meu caminho se tornou incandescente

Como teus olhos.

            Ah, como Rose Marie Muraro está contente ali, onde ela estiver, em ouvir essas palavras da pessoa que ela tanto estimulou a se consagrar como brilhante Presidenta do Brasil! Dilma Rousseff é também resultado das batalhas que, ao longo da sua vida, Rose Marie Muraro empreendeu.

            Muito obrigado.

 

            O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque.Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador Suplicy, eu quero agradecer, em primeiro lugar, essa sua emoção final. Essa emoção engrandece o seu discurso e o torna algo concreto. Em segundo lugar, quero agradecer que tenha tomado a iniciativa desse voto, que eu, com muito honra, assino embaixo.

            Conheci bem a Rose Marie. Tenho dívida com ela. Um livro meu foi publicado graças a ela. Ela não apenas publicou o livro na sua editora, Rosa dos Tempos, mas me ajudou muito no processo de escrever o livro que é a história econômica do Brasil para crianças. Ela me ajudou muito na linguagem, na maneira de fazer.

            Tive por ela uma admiração muito grande, porque ela faz parte de um grupo muito raro de brasileiros: o intelectual militante, o intelectual comprometido. Ela não deixou de ser uma grande intelectual, mas não ficou em ser apenas o intelectual; ela militou, participou pelos direitos das mulheres, pela independência do Brasil, pela sociedade. Militou tanto que foi candidata a Deputada pelo PDT junto com Darcy Ribeiro.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - É verdade.

            O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Darcy Ribeiro foi candidato a governador e ela, a Deputada Federal.

            Aqui, fica o meu agradecimento a V. Exª.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - E, sobre essa experiência, ela escreveu algo como Os seis meses em que eu fui homem.

            O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - É, isso mesmo. Um belo livro: Os seis meses em que fui homem, em que ela dizia coisas que a gente nunca percebe - os homens - na política. Diz que, na maior parte dos encontros em que ela ia, não havia banheiro para as mulheres. Segundo, que é comum, em uma reunião, os homens dizerem: “Eu não vou poder continuar, porque vou assistir a um jogo de futebol.” Mas não aceitam que as mulheres digam: “Eu não posso continuar, porque tenho que amamentar meu filho.” Ou seja, ela denunciou o machismo, que caracteriza a prática da política.

            Foi uma grande mulher, uma grande brasileira.

            Meus parabéns pelo seu discurso. Esta Casa precisa prestar, sim, uma homenagem a ela.

            Parabéns, Senador.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Muito obrigado, Senador Cristovam.

            Quero ver se consigo logo obter da Taquigrafia a íntegra do pronunciamento - não a parte apenas escrita, mas o que falei de improviso -, para que tudo seja constado, inclusive as palavras de V. Exª, que, neste momento, ocupa a Presidência do Senado. Faço questão de que elas sejam inseridas e que constem do nosso requerimento de pesar, em solidariedade à família, pelo falecimento de Rose Marie Muraro.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/2014 - Página 53