Pela Liderança durante a 101ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexões sobre a necessidade de modernização das entidades dirigentes do futebol no País; e outro assunto.

Autor
Randolfe Rodrigues (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AP)
Nome completo: Randolph Frederich Rodrigues Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • Reflexões sobre a necessidade de modernização das entidades dirigentes do futebol no País; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2014 - Página 563
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • COMENTARIO, ENCERRAMENTO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCAL, BRASIL, ELOGIO, TIME, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA, PARTICIPAÇÃO, POPULAÇÃO, INCENTIVO, ATLETA PROFISSIONAL, EXECUÇÃO, HINO NACIONAL, REGISTRO, BENEFICIO, COMERCIO, TURISMO, PAIS, CRITICA, ATRASO, OBRAS, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE URBANO, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, CONSTRUÇÃO, ESTADIO, COMPORTAMENTO, SOCIEDADE, ABERTURA, EVENTO, MOTIVO, OFENSA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, MODERNIZAÇÃO, ENTIDADE, ORGANIZAÇÃO, ESPORTE, FUTEBOL, DEFESA, INVESTIGAÇÃO, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL (CBF), MOTIVO, IRREGULARIDADE, GESTÃO, DIRIGENTE.

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Minoria/PSOL - AP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Agradeço-lhe, meu querido amigo Presidente, Senador Jorge Viana, do irmão Estado do Acre.

            Senador Jorge Viana, eu quero continuar, obviamente, no tema da Copa do Mundo. Este dia de hoje, dia 14, no Senado, é um dia em que o tema é a Copa. Não é todo ano que uma nação, 64 anos depois, torna-se sede de uma Copa do Mundo, e creio que, em nossa existência, não haverá lugar para sediar de novo uma Copa do Mundo em nosso País.

            Esta Copa tem razões para serem celebradas, como aqui disse a Senadora Vanessa Grazziotin, que me antecedeu. E creio que também não podemos, de forma ufanista, dizer que não há razões para também lamentar. Quero aqui destacar primeiro as razões para celebrar.

            Ontem, foi encerrada uma Copa com razões, obviamente, para se celebrar. Uma Copa em que o esforço coletivo de um futebol ágil, bem jogado, venceu a individualidade, celebrado na Final da Copa, isto pelo resultado final da Copa. O futebol coletivo, bem jogado, o esforço coletivo da Alemanha representou isso na Final da Copa e no resultado final do espetáculo.

            Também me refiro ao sucesso das demais equipes que participaram: ao futebol bem jogado também da própria Argentina, da Holanda, do Chile, da Colômbia; ao futebol bem jogado; e às surpresas da Copa, como a Costa Rica, que veio aqui como boa. E foi também uma Copa das boas surpresas, como de Costa Rica, da Argélia e de tantas outras. Também foi uma Copa de goleiros e de muitos gols distribuídos por atletas, e uma copa da maior média de gols dos últimos 20, 30 anos, e isso deve ser muito bem celebrado.

            O povo brasileiro participou da Copa e, unido, celebrou o maior canto à capela do Hino Nacional da história das copas - alguns que não sabiam cantar o Hino, inclusive, aprenderam, e isso deve ser celebrado por todos nós. Quem viajou de avião ficou, inclusive, surpreso com a pontualidade dos voos e o baixíssimo índice de atrasos. Recordaremos desta Copa da simpatia multiplanetária de holandeses, da generosidade alemã, da irmandade de nossos companheiros latino-americanos, colombianos, argentinos, que para cá vieram e, apesar da nossa rivalidade, aqui a ampla maioria dos que vieram celebraram conosco essa irmandade: uruguaios, chilenos, entre os diferentes povos, mexicanos e costa-riquenhos que aqui vieram, e tudo isso favorecido pela maravilhosa generosidade do nosso povo.

            Sem dúvida, o maior beneficiado por essa Copa foi o nosso comércio. Bilhões circularam, também através de pessoas de todo o mundo que visitaram o País e praticaram e incentivaram o nosso turismo. Que a indústria do turismo possa aproveitar nos próximos anos a continuidade dos lucros que vieram da Copa! Foram movimentados bares, hotéis, restaurantes. Que isso seja um bom legado que tenha continuidade - que isso seja um bom legado que tenha continuidade!

            Houve um excesso que foi, de fato, anunciado de desorganização, que foi, inclusive, anunciado por setores da mídia e que, de fato, não aconteceu. E isso tem que ser aqui reconhecido. Foi uma copa de integração e que mostrou que o nosso povo tem muito de generosidade e mostrou uma paixão que, entre tantos povos do mundo, só o nosso povo tem.

            Reafirma um dizer de Darcy Ribeiro, de que a melhor e maior realização da integração que houve neste País, nesta realização geográfica, nos últimos 500 anos, foi o povo brasileiro.

            Ocorre, porém, que ontem houve outra copa, bastante diferente, que também se encerrou. Há também explicações a serem dadas sobre os excessos...

(Soa a campainha.)

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - ... das obras que foram concluídas. Há obras superfaturadas, mal-acabadas, que foram concluídas, inclusive obras como a do estádio aqui de Brasília; obras construídas de maneira afoita.

            Há o discutido legado dessas obras, que há de ser questionado. As obras de infraestrutura, inclusive de mobilidade urbana, hão de ser questionadas, pois só 20% dessas obras foram, de fato, entregues. Há acidentes, como o da queda do viaduto de Belo Horizonte, que mostram o resultado...

(Interrupção do som.)

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - ..., Senador Jorge Viana, concretamente, o problema dessas obras.

            Houve problemas que temos de questionar. Houve o incidente, na festa de abertura, dos insultos à Presidente da República. Eu tenho minhas críticas à Presidente da República, mas ataques daquela natureza devem ser, de nossa parte, questionados. E houve e há de ser questionado o atentado às liberdades individuais, com a prisão de 19 ativistas, que ocorreu anteontem, por parte da Justiça do Rio de Janeiro, ferindo todos os direitos individuais presentes na Carta Constitucional e ferindo tudo que está inscrito no nosso Estado democrático de direito.

            Além disso, Sr. Presidente, antes de concluir, há de se questionar também... Há um legado da Copa que tem de ser aqui destacado. E, aí, temos de refletir o resultado de sete a um, que foi aplicado em relação à nossa Seleção.

            Quanto a esse sete a um, nunca é demais destacar os números do que representou: nunca houve uma goleada tão elástica em uma semifinal, nunca um time levou cinco gols nos 27 primeiros minutos em uma copa do mundo, nunca a seleção brasileira de futebol levou sete gols...

(Soa a campainha.)

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - ...em jogos oficiais, nunca a seleção brasileira de futebol havia sofrido mais de dez gols em uma edição de copa do mundo. Tudo isso, e a dimensão dos últimos resultados da Seleção Brasileira, deve servir de reflexão para nós sobre a necessidade que há de reforma profunda sobre o nosso futebol. E isso tem que ser também um legado sobre a necessidade que há de reforma em nosso futebol.

            A derrocada que se consumou nos sete a um para a Alemanha e nos três a zero para a Holanda oferece uma oportunidade para reflexão e ação sobre o futebol brasileiro. Há muito que percebemos a necessidade de modificação sobre os esquemas que existem dentro da Confederação Brasileira de Futebol. A Confederação Brasileira de Futebol, as federações estaduais de futebol, há muito, transformaram-se em uma espécie de esquema de lavagem de dinheiro, e esquemas dos piores existentes no futebol brasileiro.

            Há muito que há necessidade de uma investigação profunda sobre esses esquemas existentes no futebol brasileiro. Portanto, é mais do que necessário...

(Soa a campainha.)

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - ... aproveitarmos esse momento de crise profunda no futebol, para instaurarmos um processo de investigação sobre a Confederação Brasileira de Futebol.

            Por isso, quero aqui lembrar um comissão parlamentar de inquérito que havia sido solicitada antes desta Copa do Mundo, solicitada por mim e pelo Senador Mário Couto, para que se investigassem os negócios da CBF e das federações estaduais de futebol.

            Esta oportunidade da tragédia que se abateu sobre o futebol brasileiro tem que ser tida por nós como uma oportunidade para passarmos o futebol brasileiro e as federações estaduais de futebol a limpo.

            Nós não podemos desperdiçar...

(Interrupção do som.)

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - Eu já concluo, Sr. Presidente. (Fora do microfone.)

            Nós não podemos desperdiçar esta oportunidade para modernizarmos o principal esporte nacional, o futebol. Nós não podemos deixar que, passada a Copa do Mundo, os esquemas existentes nas federações estaduais de futebol e a necessidade de modernização do futebol, que é um clamor existente de movimento de atletas organizados em associações, como o Bom Senso Futebol Clube, que é um clamor existente, já há algum tempo, de cronistas esportivos, passem em vão.

            Se nós deixarmos que as quadrilhas existentes nas federações estaduais, em alguns clubes de futebol...

(Soa a campainha.)

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - ... e na Confederação Brasileira de Futebol se reorganizem e se articulem, nós teremos a perpetuação dessas tragédias.

            Eu fico feliz que, no Congresso Nacional, novamente tenham-se mobilizado ações agora para que o futebol brasileiro seja de fato modernizado. Por isso, ainda hoje vejo com bons olhos a iniciativa de projeto de lei trazida aqui pelo Senador Alvaro Dias, que propõe, de fato, a regulação do futebol brasileiro. Essa, sim, uma iniciativa modernizadora. E há, sim, a necessidade de uma investigação sobre o futebol brasileiro.

            É inaceitável - falo isso para concluir e peço um minuto, Senador Jorge Viana -...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - ... porque o futebol em nosso País não é uma modalidade qualquer. O futebol em nosso País, pelo que foi mobilizado nesta Copa do Mundo, é algo que faz parte da cultura do brasileiro.

            É inaceitável que algo que faz parte da cultura do brasileiro em nosso País tenha sido entregue a um valhacouto de ladrões. Por isso, é indispensável que nós não deixemos que a poeira assente. É necessário que existam uma investigação séria e uma investigação política sobre os esquemas que tomam conta da Confederação Brasileira do Futebol e das federações estaduais que cuidam do futebol brasileiro.

            O futebol brasileiro mobiliza R$200 bilhões no Brasil, e é necessário...

(Interrupção do som.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2014 - Página 563