Comunicação inadiável durante a 102ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao uso do aparato administrativo pelo Governo Federal com finalidades eleitorais.

Autor
Jarbas Vasconcelos (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PE)
Nome completo: Jarbas de Andrade Vasconcelos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELEIÇÕES.:
  • Críticas ao uso do aparato administrativo pelo Governo Federal com finalidades eleitorais.
Publicação
Publicação no DSF de 16/07/2014 - Página 305
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELEIÇÕES.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, AUMENTO, INFLAÇÃO, VIOLENCIA, REDUÇÃO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), QUALIDADE, TRANSPORTE COLETIVO URBANO, UTILIZAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, GOVERNO FEDERAL, OBJETIVO, FINANCIAMENTO, ELEIÇÕES.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE. Para uma comunicação inadiável. Com revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente, mais uma vez, pela sua atenção.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, há muito tempo não via um governo se encerrar de maneira tão melancólica como ocorre agora com o Governo da Presidente Dilma Rousseff.

            A administração está perdida, dividida e comete abusos seguidos na tentativa de iludir o povo brasileiro, na tentativa de manter no poder um modelo de gestão político e administrativo que se esgotou já há muito tempo.

            Mas o povo não é bobo. A Presidente tentou fazer uso político oportunista da Copa do Mundo e não deu certo. Tanto é verdade o que estou dizendo, Sr. Presidente, que a edição de hoje do Correio Braziliense traz na sua capa “Brasil entre o fiasco da Seleção e o jogo eleitoral da Copa”, onde narra que a Presidente se reuniu com 16 ministros durante quase três horas e teceu loas à atuação do Governo Federal na exemplar edição da Copa do Mundo, aqui no Brasil.

            O Governo não tem nada a ver com isso. A vitória foi do povo brasileiro, foi da Nação, foi do País e não do Governo Federal, que sempre atrapalha onde se mete. Dilma como sempre, em suas aparições e discursos, trajando casaco vermelho, para depois usar as imagens na propaganda eleitoral, a partir de agosto.

            Quero dizer, Sr. Presidente, que foi uma tremenda falta de pudor aquele gesto que a Presidente da República fez com os braços na véspera do jogo do Brasil contra a Alemanha. Um absurdo tão grande que virou motivo de chacota em todas as redes sociais. Diz o ditado que, quando a esperteza é grande demais, termina engolindo o esperto. Foi o que aconteceu com a Senhora Dilma.

            Discordo de agressões verbais contra qualquer Presidente da República, mas é preciso dizer desta tribuna, mais uma vez, que foi o PT o useiro e vezeiro desse tipo de comportamento no passado, quando ainda estava na oposição. A história registra vários episódios contra, por exemplo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, para ficar apenas nesses dois ex-Presidentes da República, vítimas dos ataques rasteiros de petistas e apaniguados.

            Pois bem, três dias após a melancólica derrota da Seleção Brasileira, surgiu novo oportunismo deslavado de um integrante do partido, desta vez protagonizado pelo ex-Ministro Franklin Martins, que integra a cúpula da campanha da reeleição da Presidente. Em artigo divulgado na internet, ele fez duras críticas aos dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol, a CBF.

            Eu até concordo com muitas das coisas que o Franklin Martins escreveu, mas porque só agora ele veio fazer essas críticas, após a Seleção Brasileira ter passado por um vexame histórico?

            Quem foi que disse que a Seleção Brasileira, que o estilo brasileiro da Copa do Mundo era padrão Felipão? Quando se falava em padrão FIFA, a Presidente da República, Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, falava que o seu governo era padrão Felipão.

(Soa a campainha.)

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Agora, depois que o padrão Felipão veio a se mostrar frágil, ridículo, o Governo foge disso como o diabo foge da cruz.

            Franklin era Ministro de Estado da Comunicação Social durante a gestão Lula, período no qual o Brasil foi escolhido país-sede da Copa de 2014, e aceitou - isso deve ficar sempre claro na cabeça de todos os brasileiros -, o Governo aceitou todas as exigências absurdas da FIFA, legitimadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

            Os brasileiros e as brasileiras sabem que está na hora de mandar o PT e os seus aliados para a oposição. Está na hora de o Brasil mudar, de buscar novas soluções para os problemas que não foram resolvidos em 12 anos de administração petista.

            O Brasil enfrenta uma crise urbana generalizada…

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC. Fora do microfone.) - Pode prosseguir, Senador Jarbas.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - com sérios problemas de mobilidade urbana, deficiência no transporte público e crescimento da violência urbana. Questões com as quais o atual Governo não sabe lidar. Por exemplo, estimula o uso individual de automóveis, reduzindo o imposto para as montadoras. Enquanto o transporte público de passageiros transforma em um martírio o ir e vir nas capitais e demais cidades de grande e médio porte.

            O atual Governo também não cuida das nossas fronteiras, permitindo o tráfico livre de drogas e de armamentos pesados que abastecem o crime organizado nas grandes cidades brasileiras. Estão aí as razões dos protestos que ocorreram no ano passado.

            O nosso País avançou, especialmente a partir da estabilidade econômica conquistada pelo Plano Real, há 20 anos. Mas a atual gestão está fazendo o Brasil andar para trás. Teremos, em pouco tempo, no próximo dia 5 de outubro, a oportunidade de recolocar o nosso País nos trilhos.

            Só o nervosismo com uma iminente derrota pode explicar o fato de a Presidente ter montado uma megaestrutura no Palácio do Planalto, um evento financiado com dinheiro público, e em sete Estados - ao custo de R$ 2milhões -, para, por meio de uma transmissão ao vivo, entregar casas, no último dia 3, às vésperas das restrições da Justiça Eleitoral, que designa o dia 5 de julho para a proibição desse tipo de evento dentro dos órgãos públicos.

            Essa cerimônia, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, foi um abuso, uma campanha eleitoral explícita, escancarada e ilegal, nas barbas da Justiça e sob o olhar passivo do Ministério Público.

            Os megaeventos, no entanto, não poderão esconder os graves sinais emitidos pela economia brasileira, que hoje tem a trágica conjunção de inflação em alta com desenvolvimento econômico em queda e um PIB pífio.

            O setor energético brasileiro, fundamental para o nosso desenvolvimento, encontra-se completamente desorganizado, desestruturado…

(Soa a campainha.)

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - … quer seja no que toca às geradoras e distribuidoras de energia elétrica, quer seja no programa do etanol ou na gestão da nossa maior estatal, a Petrobras. E nunca é muito lembrar que esse segmento era gerido pela atual Presidente, no governo Lula, à frente do Ministério de Minas e Energia.

            Para finalizar, Presidente, e agradecer, mais uma vez, a sua generosidade, essas são as questões que devem ser debatidas agora, com o término da Copa do Mundo e o início da campanha eleitoral.

            Precisamos debater o futuro do Brasil de forma séria, qualificada, tratando do dia a dia das pessoas, sem usar dinheiro público, nem no Senado da República, nem no Palácio do Planalto, onde a Presidente, de paletó vermelho, todos os dias, para aparecer na futura campanha eleitoral na televisão, usa e abusa do dinheiro do contribuinte.

            Precisamos tratar do que realmente interessa ao trabalhador, à trabalhadora, aos jovens, aos aposentados, aos empresários, enfim, Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, a todos aqueles que estão cansados desta mesmice, deste samba de uma nota só, representado pelo Governo da Senhora Dilma Rousseff.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/07/2014 - Página 305