Discurso durante a 159ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Referência à comemoração do 29º ano de instalação do Comando Militar do Oeste (CMO), em 15 de outubro último, momento em que S.Exª recebeu o diploma Amigo do CMO; e outros assuntos.

Autor
Ruben Figueiró (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Ruben Figueiró de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS. MANIFESTAÇÃO COLETIVA, ATIVIDADE POLITICA.:
  • Referência à comemoração do 29º ano de instalação do Comando Militar do Oeste (CMO), em 15 de outubro último, momento em que S.Exª recebeu o diploma Amigo do CMO; e outros assuntos.
Aparteantes
Fleury, Kaká Andrade, Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 07/11/2014 - Página 122
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS. MANIFESTAÇÃO COLETIVA, ATIVIDADE POLITICA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, COMANDO MILITAR, REGISTRO, RECEBIMENTO, ORADOR, DIPLOMA, FORÇAS ARMADAS, EXERCITO.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, FORÇAS ARMADAS, RELAÇÃO, DEFESA NACIONAL, TERRITORIO, FAIXA DE FRONTEIRA, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DISCURSO, AUTORIA, GENERAL DE EXERCITO, ASSUNTO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, COMANDO MILITAR.
  • COMENTARIO, GRUPO, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, OBJETIVO, CRITICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PEDIDO, RETORNO, DITADURA, REGISTRO, IMPORTANCIA, POPULAÇÃO, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, ATIVIDADE POLITICA.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente Senadora Ana Amélia, Srªs e Srs. Senadores, Srs. ouvintes da rádio Senado, telespectadores da TV Senado, senhoras e senhores aqui presentes e muito especialmente o eminente Prefeito de Capela, de Sergipe, que nos visita neste instante. Receba V. Exª as nossas homenagens.

            Srª Presidente, permita-me agradecer a cortesia sempre generosa do Senador Mozarildo Cavalcanti, cedendo-me a oportunidade de falar neste instante.

            Srª Presidente, no último dia 15 de outubro, fui distinguido com a honra de receber o diploma Amigo do CMO - Comando Militar do Oeste, homenagem que me prestaram, assim outros cidadãos e cidadãs de Mato Grosso do Sul, que também foram distinguidos como parte das comemorações do 29º ano de instalação daquela importante unidade militar na fronteira oeste de nosso País.

            A mim, Srª Presidente, Srs. Senadores, a homenagem muito me sensibilizou e a recebi não só como uma distinção pessoal de reconhecimento ao meu trabalho parlamentar sempre pelo fortalecimento e aprimoramento da atuação do Exército como das duas outras unidades das Forças Armadas, a Marinha e a Aeronáutica, mas a acolhi também como uma homenagem a antepassados meus que tiveram altiva atuação na defesa de nossa nacionalidade, de nossa Pátria.

            Orgulhosamente, Srs. Senadores Kaká Andrade e Mozarildo Cavalcanti, refiro-me ao Coronel Pedro José Rufino, meu tataravô, que na chamada Guerra do Paraguai teve brava e decisiva atuação na epopeica Retirada da Laguna, ao atender às ordens do comandante da nossa coluna expedicionária, o Coronel Camisão.

            Meu tataravô assumiu a missão de assegurar a retaguarda de nossas Forças quanto ao avanço da cavalaria paraguaia para permitir que os nossos homens esquálidos pelo mal da cólera pudessem retornar ao solo pátrio, sob a orientação geográfica do famoso Guia Lopes, e assim atingir as margens do Rio Miranda, em Jardim, e, após, até as barrancas do Rio Aquidauana, na hoje denominada localidade de Camisão, também no Município de Aquidauana.

            Esse fato épico de bravura e brasilidade deu a Pedro José Rufino as homenagens do Exército como um dos heróis da Retirada da Laguna, herói da Pátria.

            De sua descendência, outros militares se destacaram no serviço da República: os Generais Mário Xavier e Paulo Xavier e o Sargento Pedro Rufino Xavier.

            Permita-me, Srª Presidente, Senadora Ana Amélia, referir-me ainda à presença de um parente também próximo que se distinguiu como simples soldado, Antônio Diniz de Oliveira, como integrante da Força Expedicionária Brasileira quando da 2ª Guerra Mundial nas lutas ocorridas em solo italiano. Reitero, Srª Presidente, o meu sentimento ufano de ter recebido a homenagem em nome daqueles bravos homens que distinguem a minha família.

            A ação do Comando Militar do Oeste tem sido extremamente relevante não somente para garantir a integridade territorial como para coibir o aumento da criminalidade em nossa região, notadamente nas fronteiras com as Repúblicas do Paraguai e da Bolívia.

            Afirmo que o nosso Exército precisa de mais recursos e estrutura para melhorar seu trabalho institucional.

            Desejo também aproveitar este pronunciamento para assegurar que as Forças Armadas estão perfeitamente cientes de seu papel institucional, sendo um dos pilares de nossa democracia.

            Digo isso, Excelências, porque no último domingo vi com extrema preocupação o destaque exagerado que alguns órgãos de imprensa deram às manifestações isoladas de algumas pessoas pedindo em praça pública - aspas - "a volta do regime militar", em meio a protestos contra o Governo da Senhora Presidente Dilma - essa, sim, talvez merecesse as reprovações.

            Defendo intransigentemente o direito de os cidadãos inconformados com os resultados das últimas eleições mostrarem que desejam outro rumo para o nosso País.

            Todas as manifestações políticas pacíficas e ordeiras devem ser respeitadas, concordemos ou não com a integridade de suas teses. Assim funciona o sistema de liberdades democráticas.

            Entendo também, Excelências, que novas manifestações ocorrerão por causa do nível de tensão criado logo após o resultado das urnas, que vem mostrando que a sociedade brasileira está polarizada entre dois projetos e duas maneiras de pensar o nosso País.

            Caberá à Senhora Presidente Dilma e a sua equipe encontrar pontos de convergência para levar o País a um ambiente de diálogo com o objetivo de fazer avançar nossa economia e diminuir as desigualdades sociais.

            Nesses momentos, Srs. Parlamentares, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, é natural que surjam reivindicações das mais diversas, embalando propósitos difusos, abrangendo as mais diversas tendências ideológicas.

            Mas, francamente, dar destaque a uma manifestação isolada como se ela representasse o sentimento coletivo... Acho que, nesse caso, não seria atrevimento de minha parte solicitar um jornalismo mais criterioso para não confundir um ambiente já confuso.

            Digo isso, Excelências, porque estou convencido de que as Forças Armadas são verdadeiras guardiãs, juntamente com os Poderes da República, do Estado democrático de direito.

            O brasileiro refuta qualquer arreganho de autoritarismo, tanto de esquerda, como de direita. Já temos experiência histórica suficiente para não flertar com os traços discricionários de regime de força de inspiração liberal, muito menos com modelos populistas de inspiração bolivariana.

            Estamos consolidando a nossa democracia. Sinto que o último processo eleitoral deixou claro para os cidadãos e cidadãs brasileiros que só temos condições de mudar o País por meio do fortalecimento dos partidos políticos.

            Por isso, digo a todos aqueles que se mostram inconformados com os resultados da última eleição que essa energia difusa deve ser canalizada para dentro dos partidos políticos. Dou aqui - permitam-me, Excelências - o meu conselho aos jovens: se vocês querem mudanças, filiem-se a um partido político, a qualquer um deles, do nosso País. Se preferirem, filiem-se ao meu partido, o PSDB, conheçam as nossas propostas, nosso programa, nossas diretrizes.

            Excelências, quero aproveitar este momento para deixar consignado nos Anais desta Casa o pronunciamento feito pelo General de Exército Juarez Aparecido de Paula Cunha, Comandante Militar do Oeste, por ocasião da comemoração do 29° aniversário daquela instituição em Mato Grosso do Sul, não somente pela sua importância histórica, como também pelo significado da prestação de contas do trabalho que o Exército vem executando no País, principalmente nas longínquas fronteiras oestes da nossa Pátria.

            Permita, Srª Presidente, que eu leia aqui, para que conste dos Anais, o texto do importante pronunciamento. S. Exª afirma:

Hoje, 15 de outubro, o Comando Militar do Oeste comemora o seu 29º aniversário de criação. Nesta significativa data é interessante recordar como foi marcada a presença do Exército Brasileiro nesta região estratégica do Centro-Oeste do Brasil. Sua origem foi na época da União das Coroas, quando os Bandeirantes expandiram as fronteiras do Brasil para além da linha demarcatória do Tratado de Tordesilhas, criando assim a necessidade de guarnecê-las, ocupar efetivamente as terras e garantir a sua defesa. A primeira tropa militar foi conduzida em 1748, pelo Capitão-General Rolim de Moura Tavares, e era formada por uma Companhia de Dragões, responsável por guarnecer essas novas fronteiras.

Posteriormente, com objetivo de iniciar a defesa contra as invasões externas, foram criados os Fortes de Coimbra, de Corumbá, de Cáceres e de Príncipe da Beira, pelo Capitão-General Mello e Cáceres, o que possibilitou a ocupação e manutenção dos novos limites nacionais.

A Força Terrestre foi personagem imprescindível no extremo oeste brasileiro, inicialmente com a implantação do Governo das Armas da Província de Mato Grosso, recebendo ao longo dos anos as denominações de 7° Distrito Militar, 13ª Região de Inspeção Permanente, Circunscrição Militar de Mato Grosso, 1ª Circunscrição Militar, 9ª Região Militar, 9ª Divisão de Exército e, finalmente, Comando Militar do Oeste.

Atualmente, o Comando Militar do Oeste tem sob sua responsabilidade as áreas compreendidas pelo Estado de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, o município Aragarças [no Estado de Goiás] e as fronteiras com o Paraguai e Bolívia. Nessa área destaca-se, entre outras, a região do Pantanal, patrimônio extraordinário da nação brasileira.

Nesta data, perfilados, recordamos o expressivo trabalho dos chefes militares que, no passado, souberam conquistar [com maestria] os objetivos estabelecidos pelo Exército e, graças à sua determinação, disciplina, trabalho e foco na missão, fizeram com que este Grande Comando fosse reconhecido como um dos mais importantes e renovados da Força Terrestre. Aproveitamos, assim, para reverenciar aqueles que nos antecederam.

No início do século 20, heróis como o Marechal Rondon, partindo de Aquidauana, percorreram as terras e rios que cortam essa imensa região do País. Com o seu inestimável trabalho, consolidaram nossas fronteiras e permitiram a perfeita integração das diversas tribos indígenas que habitavam esses maravilhosos rincões.

Ainda no século 20, sul-mato-grossenses, inspirados pelos ideais democráticos e atendendo à convocação nacional, integraram a Força Expedicionária Brasileira. Assim, jovens nascidos nessa região atravessaram o oceano Atlântico para lutar e vencer o nazifascismo, no teatro de operações da Itália.

Em continuidade à grandiosa missão atribuída ao Exército Brasileiro nessa região, engenheiros militares desbravaram o cerrado mato-grossense, construindo em seus ombros estradas e lançando ferrovias que facilitaram a vivificação a oeste do Rio Paraná até as margens do Rio Paraguai.

No alvorecer deste novo milênio, contingentes militares integraram as tropas da Companhia de Engenharia e do Batalhão de Infantaria de Força de Paz no Haiti, conduzindo em seus ombros a esperança para o povo haitiano. Desta forma, o Comando Militar do Oeste marcou sua indelével atuação junto às Nações Unidas.

Nos dias de hoje, integramos e interagimos com os mais seletos segmentos da sociedade mato-grossense e sul-mato-grossense, graças à presença marcante de organizações militares em importantes municípios desses Estados.

Soldados do século 21! Temos a consciência de que o Comando Militar do Oeste conduz, sobre os seus ombros, não somente a missão constitucional de manter a soberania da Fronteira Oeste do Brasil, mas, sobretudo, o legado cívico de sua gloriosa história, permanecendo fiéis às responsabilidades atribuídas pelo Comando do Exército de cooperar com o desenvolvimento e o crescimento dessa maravilhosa região brasileira.

Ao nos reunirmos nesta oportunidade, para comemorarmos tão significativa data, aproveitamos para saudar e parabenizar os comandantes de nossas organizações, nossos oficiais, praças, servidores civis e a todos os setores da sociedade sul-mato-grossense e mato-grossense, por tudo o que foi feito nesses vinte e nove anos de marcante e inesquecível presença nesta região deste imenso País.

            E conclui o eminente general: “Pantanal! Brasil!”

            Srª Presidente, Senadora Ana Amélia, essa é a exortação do eminente Comandante Militar do Oeste, General do Exército Juarez Aparecido de Paula Cunha, proferida por ocasião da comemoração do 29° aniversário do Comando Militar do Oeste, que transcrevi na íntegra, pelo seu profundo teor de brasilidade e convicção serena da atuação da força terrestre e de forma pioneira na reconquista, sedimentação em nome da Pátria daquela imensa área do Centro-Oeste.

            A convocação do ilustre Comandante General Juarez Aparecido de Paula Cunha é para que, atentos, reconheçamos a máxima de nossas Forças Armadas, ou seja, baluartes não só da integridade do território brasileiro, como também da preservação intimorata dos valores da democracia e, ainda, da preservação intangível da nossa vocação pela liberdade contra qualquer ranço discricionário com que se pretenda macular os sentimentos mais nobres, que desde o passado, nós, brasileiros, defendemos na preservação dos nossos ideais de liberdade e de fraternidade.

            Esse é o pronunciamento, Sra Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, que eu desejava manifestar neste instante

            O Sr. Kaká Andrade (Bloco Apoio Governo/PDT - SE) - Senador, V. Exª me concede um aparte por favor?

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Com grande alegria e prazer ouço V. Exª.

            O Sr. Kaká Andrade (Bloco Apoio Governo/PDT - SE) - Primeiro eu gostaria de me congratular pela honraria, pela merecida honraria, que recebeu e pela lucidez de seu pronunciamento com relação à questão dessas manifestações com inclusões autoritárias no meio. O autoritarismo no Brasil - pegando um gancho de uma música - “foi um rio que passou em nossas vidas” e esperamos que não mais retorne. O nosso papel é desencorajar e repudiar qualquer tentativa na direção de retrocesso dessa natureza. Quero também me somar a V. Exª quando conclama o jovem brasileiro a se engajar na política. Há pesquisas que mostram que o jovem está desinteressado da política e, quando se engaja, engaja-se muitas vezes em causas isoladas, na causa ambiental, em alguma causa social. Mas, da política, o jovem brasileiro está afastado. Essas pesquisas dão conta de que eles não acreditam em nós, políticos, não acreditam no Congresso Nacional, não acreditam na Presidência da República. Nós precisamos, efetivamente, encontrar essa ponte, que é a chamada ponte intergeracional, para que nós comecemos a nos utilizar de uma linguagem que o jovem entenda, para que o jovem se some a todos nós para fazermos a boa política no País. São em torno de 45 milhões de eleitores jovens, que decidem, seguramente, os destinos políticos do País. Então, eu me somo a V. Exª quando V. Exª conclama esses jovens. Vamos deixar de ser analógicos e vamos nos tornar digitais para que alcancemos esses jovens e os tragamos para darem a sua valorosa contribuição à política brasileira, para engrandecer ainda mais a política brasileira. Parabéns a V. Exª pelo brilhante pronunciamento.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Com a palavra, meu querido amigo e ilustre Senador Mozarildo Cavalcanti. Tenho a honra de ouvi-lo também.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco União e Força/PTB - RR) - Senador Figueiró, eu quero justamente também me ater a esse ponto sobre o qual o Senador Kaká fez o aparte ao seu pronunciamento. Falo justamente da falta de interesse do jovem pela política. Acho que, justamente pelo fato de eles verem permanentemente políticos - e, diga-se a verdade, é a minoria deles, mas que têm o domínio, às vezes, das máquinas - praticarem atos de improbidade e corrupção, eles realmente não acreditam nas instituições brasileiras. Eles começam por não acreditar na Justiça, porque a Justiça é feita apenas para punir os pobres e não os ricos e, segundo, porque a Justiça é lenta; e no Congresso, porque os políticos são todos... É o que se rotula, às vezes, por equívoco da imprensa, que se coloca sempre ressaltando aqueles malfeitos de um modo geral. E, quanto à Presidência da República, o que se vê na prática é que as coisas acontecem e, como dizia o Presidente Lula, ele não sabia de nada. E aí fica realmente complicado o jovem se interessar pela política, embora - e é bom que se diga - tudo o que acontece na vida da gente, inclusive a questão da educação dos jovens, a questão do pagamento do professor e os impostos, é decidido pela política. E deveria ser decidido por bons políticos. Então, falta um trabalho, no meu entender, por parte dos partidos políticos de se antenarem, como dizia o Senador Kaká, com o século em que estamos vivendo. Poderíamos utilizar as redes sociais, por exemplo, mas poderíamos também promover encontros para motivar os jovens para que eles entrem e possam realmente praticar a boa política que nós queremos e que todos nós defendemos.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Muito grato a V. Exªs, Senadores Kaká Andrade e Mozarildo Cavalcanti.

            O que posso afirmar a V. Exªs é que eu me encontro como esses jovens, com uma diferença: há uma distância muito grande, pois hoje já estou transitando pelos 84 anos de idade. Mas, como dizia Frank Crane, não se envelhece com o passar dos anos, mas, sim, pelo abandono dos ideais. Eu me mantenho jovem. E, com esse espírito de juventude que embala a vida da Senadora Ana Amélia e de V. Exªs, eu também continuo na luta, procurando conclamar a juventude para que participe do processo político.

            Assim o fiz pela primeira vez - recordo-me, Excelências - no mês de agosto do ano de 1945, quando ouvi, na minha cidade, aquela caravana da União Democrática Nacional: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Lembro perfeitamente o Brigadeiro Eduardo Gomes e os Deputados Odilon Braga e Oswaldo Aranha conclamarem-nos para que participássemos daquele processo de redemocratização do Brasil. Lembro perfeitamente que os jovens daquela época começaram a participar do processo político. Isso ocorreu, se não me falha a memória, até o mês de novembro de 1965 - e V. Exªs, naturalmente, hão de se lembrar -, quando o chamado governo da revolução, ao qual, na época, eu tinha me aliado, baixou um ato institucional chamado Ato Institucional nº 2, que proibiu a existência dos partidos e criou dois monstrengos: a Arena e o MDB, um a favor da tese que eles defendiam e outro contra. Todos os dois fabricados.

            A partir desse instante, a mocidade começou a se afastar do processo político. Ocorreram movimentos depois - o Diretas Já, o processo de redemocratização com a elaboração da nossa Constituinte e o que ocorreu depois, com o colapso que tivemos com o governo Collor, enfim, foram seguindo vários e vários outros movimentos - e a juventude foi se considerando à margem do processo.

            Hoje, como um fanal, surge uma nova luz a se projetar sobre a consciência de todos nós. Esta campanha eleitoral liderada pelo eminente Líder do meu Partido, Aécio Neves, foi como um chamamento à juventude, para que ela voltasse às ruas e incendiasse os nossos corações e consciências para que voltássemos a participar efetivamente, através dos jovens, da luta política.

            Eu não tenho dúvidas, Senador Kaká Andrade, de que esse chamamento vai ter eco, até porque todos, principalmente os senhores que ficarão nesta Casa, sem dúvida alguma, vão continuar na luta. V. Exªs não vão ficar na retaguarda, não; V. Exªs vão ficar na vanguarda desse trabalho. E eu, lá da minha terra, os estarei aplaudindo, certo de que realmente nós vamos restabelecer a ordem democrática neste País, para que não haja o império de alguns em prejuízo da grande maioria do povo brasileiro.

            Disto eu estou convicto: esse chamamento de Aécio Neves para que os jovens de todas as idades, Senadora Ana Amélia, de todas as idades, nas quais eu me incluo, lutem para que haja uma participação maior, através dos partidos, na restauração verdadeiramente democrática da Pátria brasileira. Essa é a confiança que eu levarei para casa.

            Muito obrigado.

            O Sr. Fleury (Bloco Minoria/DEM - GO) - Um aparte, Senador.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Com muito prazer, Senador Fleury.

            O Sr. Fleury (Bloco Minoria/DEM - GO) - O senhor, como jovem que viu...

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - E me considero mesmo.

            O Sr. Fleury (Bloco Minoria/DEM - GO) - Tenho certeza. O senhor viu tudo neste País, da democracia para cá, chegando a este momento. Eu confesso a V. Exª que, há três, quatro anos, era uma das pessoas mais descrentes com os políticos e com a política deste País, porque sou um homem do agronegócio e via a riqueza que nós poderíamos produzir, mas via a distância dos políticos próximos à nossa riqueza. Cheguei a ouvir de filho e neto que político era sinônimo de alguém que não presta e que jamais queriam que eu entrasse nessa vida. Por ter sido presidente de sindicato rural por 25 anos e fundado a primeira associação de fornecedores de cana do Estado de Goiás, fui convidado para suplente de uma chapa e, aqui, cheguei. Mas posso dizer a V. Exª que, de seis meses para cá, vi coisas que eu não esperava ver, como uma neta com 7 anos e outra com 11 anos, com bandeira na rua, pedindo voto para o candidato Senador Aécio Neves, com alegria. E dizia para mim a mais velha que, às vezes, discutia no colégio e que as professoras, às vezes, proibiam a conversa dos alunos sobre política. Ela falava: “Quero mostrar para o meu avô que este País tem jeito”. Então, pelo que nós vimos ontem, com o pronunciamento, nesta Casa, do Senador Aécio Neves - não pude aparteá-lo -, saí daqui convicto de que, daqui a quatro anos, este País passará para novas mãos e de que nós teremos o prazer - eu principalmente - de concordar com a minha neta. É isso que queria dizer ao aparteá-lo. E quero dizer que, com a juventude do senhor, eu faço questão de que nós conversemos daqui a quatro anos.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Senador Fleury, V. Exª abre um espaço muito grande para mim. Deus permita que, daqui a quatro anos, eu tenha a vitalidade de que gozo hoje para ver este País na mão e sob a direção do nosso grande Líder Aécio Neves.

            Eu tenho essa certeza - permita-me - não tanto pelo nosso trabalho, que será permanente através da tribuna desta Casa, mas pela flama dos nossos jovens. O que ocorreu na sua família, entre seus netos, também ocorreu na minha, e creio que na dos colegas que hoje nos ouvem. É um clamor nacional. Nós queremos mudar, nós vamos mudar, o País exige isso.

            É com essa confiança, repito, que eu vou para casa no final de janeiro do ano que vem, mas vou para casa convencido de que aqui será um baluarte da democracia, de que aqui se irradiará essa flama que hoje nós precisamos transmitir à nossa juventude. Ela está aí à nossa espera, ela espera que nós a conduzamos. E nós a conduziremos, porque, no nosso coração, na nossa consciência, existe a mensagem de um grande líder nacional, que é Aécio Neves.

            Srª Presidente, muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/11/2014 - Página 122