Comunicação inadiável durante a 163ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação quanto às manifestações sociais que defenderam a implantação de um regime autoritário no País.

Autor
Jarbas Vasconcelos (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PE)
Nome completo: Jarbas de Andrade Vasconcelos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.:
  • Indignação quanto às manifestações sociais que defenderam a implantação de um regime autoritário no País.
Publicação
Publicação no DSF de 12/11/2014 - Página 18
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
Indexação
  • REPUDIO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, DEFESA, DITADURA, BRASIL, MOTIVO, CORRUPÇÃO, REELEIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CRITICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ENFASE, AUMENTO, INFLAÇÃO, CRESCIMENTO, MISERIA, REDUÇÃO, VALOR, AÇÕES, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), BANCO DO BRASIL, CIRCUNSTANCIAS, INEFICACIA, GESTÃO.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE. Para uma comunicação inadiável. Com revisão do orador.) - Sra Presidente, Sras Senadoras, Srs. Senadores, como é do conhecimento de todos nesta Casa, iniciei a minha vida pública como um Deputado de oposição à ditadura militar implantada no Brasil em 1o de abril de 1964. Combati aquele sistema de exceção como Deputado Estadual na Assembleia Legislativa de Pernambuco e, depois, como Deputado Federal neste Congresso Nacional.

            Vivenciamos, nos vinte anos desse regime autoritário, um dos momentos mais sinistros e aterrorizantes da história do nosso País. Nada, nada mesmo, Sra Presidente, justifica qualquer movimento que defenda uma volta à ditadura, seja ela civil ou militar, de esquerda ou de direita. Não existe tirania em defesa do povo. Essa é uma ilusão que nunca me seduziu, nem quando jovem e nem agora, após quarenta anos de vida pública.

            É por isso que, apesar de ter votado contra a reeleição da Presidente Dilma Rousseff nos dois turnos, quero aqui deixar o meu claro repúdio às manifestações de meia dúzia de equivocados que defendem a implantação de um regime autoritário no Brasil por conta dos erros, corrupção e desmandos cometidos pelo PT em 12 anos à frente dos destinos do Brasil. Mesmo sabendo que esses grupelhos são insignificantes, eles podem causar perturbação na vida política do Brasil. São segmentos que não têm representatividade para falar em nome do sentimento da população brasileira. Fazem barulho por causa das redes sociais e da dimensão exagerada dada a eles pelo próprio PT, que tenta vinculá-los, deliberadamente, à oposição.

            Não posso concordar também, Srª Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, que setores do Governo preguem suas próprias soluções antidemocráticas, seguindo a cartilha já utilizada tanto pelos regimes autoritários do passado da nossa história quanto pelos ditadores atuais que assolam a política latino-americana com propostas como o controle da mídia, a estatização da participação popular ou ideias do tipo "cavalo de Tróia", como o plebiscito ou a Constituinte exclusiva para fazer a reforma política.

            O sentimento que tenho é o de que a radicalização interessa ao Partido dos Trabalhadores e ao Governo, que insiste na ideia retrógada do "nós" contra "eles".

            Para manter a minha coerência, da mesma forma que condeno os arroubos bolivarianos de parte dos integrantes do PT, não poderia adotar comportamento diferente nessa situação. Ao contrário de alguns "progressistas" -entre aspas - que fazem parte da Base de Apoio do Governo Dilma, não enxergo diferença alguma entre um ditador que prega uma agenda pretensamente “liberal” de outro que fala uma fajuta linguagem de "esquerda".

            O que esses regimes têm em comum, Srª Presidente, é o que me causa asco, nojo, repúdio: ausência de liberdade de Imprensa, repressão das forças de oposição e controle dos Poderes Legislativo e Judiciário.

            Lutei durante décadas para restabelecer a democracia no Brasil. Combati a prisão de adversários da ditadura e denunciei o abuso repetido dos direitos humanos. Jamais, em momento algum, defenderia a adoção de um regime de força como solução para os problemas que hoje afligem os brasileiros e as brasileiras.

            O que nós, da oposição, continuaremos a fazer é mostrar a imensa diferença que existe entre o Brasil do marketing da Presidente Dilma Rousseff e o Brasil real. Enquanto a fantasia governamental mostra um País sem crise, no Brasil do povo brasileiro a miséria volta a crescer, os juros aumentam, os supermercados remarcam os preços nas prateleiras, os combustíveis são majorados, a cotação do dólar dispara e as ações da Petrobras e do Banco do Brasil despencam por causa da gestão inábil e temerária do Governo.

            A Presidente da República, que acusou os adversários de estarem mancomunados com os bancos, contraditoriamente, procura um banqueiro para ser Ministro da Fazenda. 

            A Presidente, que acusava os concorrentes de ameaçar as conquistas sociais dos trabalhadores brasileiros, ameaça cortar despesas como seguro-desemprego e outros benefícios trabalhistas.

            Essas e outras medidas, Srª Presidente, revelam que a então candidata Dilma Rousseff mentiu e enganou, deliberadamente, o povo brasileiro com o único intuito de conseguir se reeleger para se manter no poder. Como ela mesma já dizia, abre aspas: “Nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição”, fecha aspas.

            Esse deve ser o campo de atuação de uma oposição democrática como é esta da qual eu faço parte. Passei a maior parte da minha vida pública atuando na oposição. Não são novidades para mim os abusos de poder, a intolerância, a manipulação dos fatos e os argumentos rasteiros deste Governo que aí está.

            Uma parcela expressiva do povo brasileiro já percebeu que a mudança é uma necessidade - ela não tarda a ocorrer. Tanto isso é verdade que a própria Presidente buscou colocar o "novo" na sua propaganda, mas era apenas marketing eleitoral. O que estamos vendo, Srª Presidente, para findar, é um Governo que cheira a coisa velha antes mesmo de tomar posse em 1º de janeiro de 2015.

            Por tudo isso, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, como é natural em uma democracia, vamos usar os instrumentos assegurados pela Constituição Federal para fiscalizar e exigir que o Governo cumpra as suas promessas e não frustre a expectativa daqueles que votaram pela reeleição da Presidente da República, sem nenhum devaneio autoritário, venha de onde vier, de qualquer extremo do espectro político.

            Por isso, Srª Presidente, não poderia deixar de registrar o meu repúdio, a minha completa intolerância, à ameaça de alguns brasileiros - equivocados - que, em vez de lutar contra o PT e contra a Presidente Dilma, pedem o retorno de uma ditadura militar.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/11/2014 - Página 18