Discurso durante a 176ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque à melhoria dos indicadores sociais do País; e outro assunto.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROGRAMA DE GOVERNO, POLITICA NACIONAL. EXECUTIVO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Destaque à melhoria dos indicadores sociais do País; e outro assunto.
Aparteantes
Armando Monteiro, Valdir Raupp.
Publicação
Publicação no DSF de 28/11/2014 - Página 198
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROGRAMA DE GOVERNO, POLITICA NACIONAL. EXECUTIVO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • ELOGIO, GESTÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, DESMATAMENTO, MELHORIA, INDICE, DESENVOLVIMENTO, SAUDE, EDUCAÇÃO, ENFASE, EXTINÇÃO, FOME, MOTIVO, BOLSA FAMILIA, PROGRAMA DE GOVERNO, GOVERNO FEDERAL, AUMENTO, RENDA, POPULAÇÃO CARENTE, PARTICIPAÇÃO, SOCIEDADE, POLITICA.
  • SAUDAÇÃO, JOAQUIM LEVY, MOTIVO, NOMEAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), CRITICA, ATUAÇÃO, OPOSIÇÃO, ACUSAÇÃO, ESTELIONATO, CAMPANHA ELEITORAL, ELOGIO, ADMINISTRAÇÃO, GUIDO MANTEGA, MIRIAM BELCHIOR, EX MINISTRO DE ESTADO.

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente.

            Srªs e Srs. Senadores, quem está nos ouvindo pela Rádio Senado, também quem está nos assistindo pela TV Senado, eu quero, com grande satisfação - e é por isso que venho a esta tribuna na tarde de hoje -, falar sobre a redução da desigualdade no Brasil, Sr. Presidente, e comentar algumas questões que foram debatidas aqui - tive oportunidade de debater com o Senador Cristovam Buarque.

            Segundo um levantamento feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pelo Ipea e pela Fundação João Pinheiro, o Brasil está menos desigual em todas as regiões do País.

            Mais do que isso, considerando os resultados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em 16 áreas metropolitanas, que mostraram melhora consistente entre os anos 2000 e 2010 nos indicadores de saúde, educação e renda, é possível afirmar que todas as regiões nacionais receberam pontuação suficiente para serem classificadas como “alto desenvolvimento humano”, sendo que os maiores avanços ocorreram nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil.

            Acho, inclusive, extremamente auspicioso para aqueles que passaram a analisar, muitas vezes com absurdo e equivocado preconceito, os resultados da eleição presidencial nas diversas regiões do País que passem a considerar como possível explicação do comportamento dos eleitores o fato de que a qualidade de vida dos brasileiros avançou em todo o País, porém nas Regiões Norte e Nordeste progrediu ainda mais.

            No último levantamento, feito em 1991, todas as regiões apresentavam IDH muito baixo. Já em 2010, Senador Armando Monteiro, estavam classificadas com alto Índice de Desenvolvimento Humano.

            É absolutamente evidente, portanto, a partir dessa nova edição do IDHM, constatar o sucesso do Governo na redução das desigualdades regionais, especialmente nas áreas que mais importam para o bem-estar da população: saúde, educação e renda. Isso mostra o acerto da política econômica, porque, sem um acerto de política econômica, não tem como reduzir desigualdade social e melhorar os indicadores sociais.

            Temos dito frequentemente, em defesa da política econômica do Governo, o quanto priorizamos o emprego e a renda dos trabalhadores, buscando sempre resguardar, ao máximo, o bem-estar das famílias brasileiras, num período em que o mundo ainda convive com os reflexos da maior crise financeira do capitalismo.

            É extremamente gratificante constatar que, mesmo num momento de grande dificuldade da economia mundial, progressos significativos foram obtidos em nosso País. É sempre bom lembrar, até porque foi surpreendente a pouca atenção dada ao tema - talvez porque estivéssemos em campanha -, que, em setembro passado, o Brasil saiu do Mapa da Fome das Nações Unidas, segundo a FAO. O Brasil saiu do Mapa da Fome das Nações Unidas segundo a FAO: talvez este seja o dado mais relevante que nós tenhamos em termos de economia brasileira. Não é o crescimento do PIB, não são os macroindicadores, mas este: nós conseguimos sair do Mapa da Fome.

            Surpreende-me sobremaneira a pouca divulgação dessa conquista, pois, com toda segurança, posso afirmar que, ao longo da minha infância e ao longo da minha juventude, a fome era a pior das mazelas nacionais. Quem aqui não lembra da bela luta do Betinho, depois encampada pelo Presidente Lula, e que trouxe os resultados que hoje nós estamos divulgando? Quem não lembra aqui daquelas intermináveis reportagens do Globo Repórter mostrando as pessoas, no interior do Nordeste, comendo calango, fazendo sopa de papelão? Talvez isso seja a coisa mais... Talvez não: é a coisa mais ultrajante para um país ter seres humanos que o habitam nessas condições.

            Pois eis que o relatório global da ONU para a FAO de 2014 mostra que o indicador de Prevalência da Subalimentação atingiu no Brasil nível menor que 5% e, assim, o Brasil saiu do Mapa Mundial da Fome em 2014. Segundo os dados analisados entre 2002 e 2013, caiu em 82% a população de brasileiros em situação de subalimentação.

            Nós temos que falar aqui: valeu, Betinho! Valeu, Lula! Valeu, Dilma! Sobretudo, valeu Josué de Castro, porque este lutou muito para falar sobre a situação da fome neste País. Ele trouxe o tema e conseguiu dar-lhe relevância, tendo continuidade depois com o Betinho e com os governos do Presidente Lula e da Presidenta Dilma, com medidas práticas para acabar com essa que é uma das maiores chagas da humanidade.

            Por isso, o Brasil é destaque no Relatório de Insegurança Alimentar no Mundo de 2014, por ter construído uma estratégia de combate à fome e ter reduzido de forma muito expressiva a desnutrição e a subalimentação nos últimos anos.

            Segundo a FAO, contribuíram para esse resultado os seguintes fatos:

            - aumento da oferta de alimentos - em dez anos, a disponibilidade de calorias para a população cresceu 10%;

            - aumento da renda dos mais pobres, com crescimento real de 71,5% do salário mínimo e geração de 21 milhões de empregos;

            - Programa Bolsa Família: 14 milhões de famílias - pode-se ver que o número para a geração de empregos é quase o dobro do número relativo ao Bolsa Família;

            - merenda escolar: 43 milhões de crianças e jovens com refeição;

            - governança, transparência e participação da sociedade, com a recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).

            A Ministra Tereza Campello, que quero aqui elogiar pelo excelente trabalho que faz à frente do Ministério de Desenvolvimento Social, na época do relatório, com base nos dados da FAO, disse o seguinte: “Chegamos a um percentual de 1,7% de subalimentados no Brasil”. Isso significa, Senador Armando Monteiro, que 98,3% da população brasileira têm acesso a alimentos e têm segurança alimentar. Trata-se de uma tremenda vitória, digna de exaltação. E me refiro a V. Exª porque V. Exª representa nesta Casa uma região que vivenciou, e ainda vivencia, problemas e situações difíceis com a pobreza, mas vivenciou também a miséria, a fome e a exclusão.

            Aliás, tem sido bastante comum no País observarmos grandes debates em torno do crescimento do PIB nacional, e foi assim nessas eleições. Obviamente, essa é uma variável importante para o acompanhamento permanente da economia, porém é triste constatar a pouca atenção, por exemplo, dada à evolução do Índice de Desenvolvimento Humano ou mesmo ao nível de subalimentados como forma de aferir os verdadeiros avanços numa sociedade.

            Por isso Lula, Betinho e a Presidenta Dilma lutaram, e lutam muito, para colocar e deixar esse assunto em pauta, para que ele não seja tratado como um assunto de segunda categoria, como muitas vezes é colocado nas discussões econômicas.

            É evidente que muito há de ser feito ainda para que os brasileiros de todas as regiões tenham a melhor qualidade de vida possível, atingindo maiores e melhores índices de educação, de saúde e tudo mais que representa a verdadeira cidadania que tanto almejamos, mas é seguro afirmar que estamos no caminho certo e avançando significativamente.

            Voltando aos índices de desenvolvimento humano, São Paulo é a região metropolitana com IDHM mais alto do País. Em uma escala que vai de zero a um, a capital paulista alcançou a nota 0,794, seguida de perto pelo Distrito Federal, com 0,792, e pela minha Curitiba, com 0,783.

            Melhor, entretanto, é constatar que a diferença entre as regiões metropolitanas de São Paulo e de São Luís, no Maranhão, em 2000 - a maior registrada naquele período -, que era de 0,132 ponto, caiu para 0,110, que hoje é a diferença entre o melhor e o pior colocado: Distrito Federal e Fortaleza.

            A diferença de esperança de vida, que em 2000 era de 4,82 anos entre o primeiro e o último colocado, Porto Alegre e também São Luís, no Maranhão, passa para 2,9 anos em 2010, tendo como primeiro colocado o Distrito Federal e, ainda como último, São Luís no Maranhão. 

            Enfim, é muito boa a notícia de que a redução da diferença entre a melhor e a pior região caiu de 22% para 10% em uma década.

            Os indicadores mostram com clareza que estamos avançando. Democracia, universalização e combate à pobreza dão resultado, e isso se reflete no atlas da desigualdade.

            Acho igualmente importante registrar, Srªs e Srs. Senadores, a afirmação creditada ao Ministro Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, de que os dados relativos ao IDHM poderiam ter sido divulgados há alguns meses, mas que essa divulgação foi adiada por causa das eleições. Eram dados positivos, Senador Armando Monteiro, mas seu anúncio foi adiado por conta das eleições, para que o Governo não fosse criticado por estar soltando dados para ajudá-lo, para ajudar a Presidenta Dilma no processo eleitoral. Nas palavras do Ministro Marcelo Neri: “A instituição tem um cuidado fundamental. Achamos importante divulgar quando corações e mentes já estão mais calmos, olhando as coisas com mais clareza”. Atitude bastante distinta que nós tivemos em relação a outro órgão da República, que chegou a apresentar dados equivocados sobre a redução da desigualdade social no País, precisamente no período eleitoral, dizendo que em 2013 não houve queda ou redução da pobreza. O erro acabou sendo admitido, posteriormente, e os números corrigidos confirmaram a manutenção da queda das desigualdades no Brasil, também em 2013. Aliás, o que vem ocorrendo desde 2001.

            Concedo, com honra, um aparte ao Senador Armando Monteiro.

            O Sr. Armando Monteiro (Bloco União e Força/PTB - PE) - Senadora Gleisi, eu quero me congratular com V. Exª pelo pronunciamento e registrar a minha alegria, como brasileiro, de constatar a melhoria desses indicadores, o que significa dizer que o Brasil, ao longo especialmente da última década, avançou de maneira significativa para reduzir desigualdades. E a minha região se insere nesse processo, de forma, a meu ver, muito importante. O Nordeste viveu nessa década um processo de dinamização do seu crescimento econômico e de melhoria significativa no perfil de distribuição de renda da região, o que se deu pela ampliação dos programas sociais levados a efeito e pela política de elevação do salário mínimo, que tem sido uma marca, também, dos últimos governos no País. Ao mesmo tempo, quero registrar o meu inconformismo com o fato de que os órgãos de comunicação no Brasil não têm dado maior destaque a esses resultados tão significativos. É impressionante como no Brasil se dá, sempre, muito mais repercussão e importância a alguns indicadores conjunturais que podem, de alguma forma, atestar um quadro de relativa deterioração na situação econômica, sem, no entanto, reconhecer e dar o destaque devido aos extraordinários avanços sociais que ocorreram no País. Então, eu me congratulo com V. Exª e quero, ao mesmo tempo, reconhecer, também, que V. Exª, ao tempo em que esteve dando uma importante contribuição ao Governo da Presidente Dilma, também pôde oferecer uma contribuição para que esses resultados, ao final, pudessem ser hoje celebrados. Eu me congratulo com a manifestação de V. Exª.

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Obrigada, Senador Armando Monteiro. Agradeço o seu aparte.

            Por isso eu estava debatendo com o Senador Cristovam sobre os indicadores macroeconômicos e sobre o resultado primário. Eu não me conformo com esse discurso de que nós temos de manter a qualquer custo um superávit fiscal que está se transformando em um objetivo em si mesmo.

            O superávit, o resultado fiscal é um instrumento de uma política macroeconômica, a política fiscal, e deve ser usado de maneira cíclica. Saúdo a Presidenta Dilma pela coragem de mandar ao Parlamento, de forma clara, a mudança na meta. Não há problema algum, não é a primeira vez que este Congresso vota e muda a meta na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

            Isso já aconteceu em anos anteriores. Houve ano, inclusive, em que o Governo sequer cumpriu a meta. E não se configura crime de responsabilidade fiscal, a Constituição é clara sobre crime de responsabilidade. Isso não constitui.

            E louvo a Presidenta Dilma por mandar, por fazer o debate com esta Casa. Por que temos de fazer uma economia maior para pagar juros da dívida se esse não é o principal desafio neste momento? Já fizemos isso em outras circunstâncias. Já fizemos isso.

            Eu fui da equipe de transição do governo do Presidente Lula, em 2002 e 2003. Assisti à dificuldade em que o País estava. Não havia recursos investidos no Brasil, não havia saldo de balança. Dependíamos do Fundo Monetário Internacional, e tivemos de fazer um ajuste rigorosíssimo. Mas em nenhum momento esse ajuste comprometeu a linha que nós tínhamos, que era exatamente a de gerar emprego, distribuir renda e acabar com a fome neste País.

            Tanto isso é verdade que o resultado está aí: hoje, depois de 12, 13 anos de governo, podemos nos orgulhar do que estamos mostrando para o mundo. Nós saímos do mapa da fome! Isso não é pouco! É muita coisa acabar com a fome no País! E esse é um dos pontos em que mais avançamos.

            Então, fico muito triste em ver e ouvir pessoas da oposição virem com esse discurso fácil de dizer que o superávit primário é fundamental para a respeitabilidade do Brasil. A respeitabilidade do Brasil está exatamente na quantidade de investimentos externos, e temos recebido muito investimento externo. Mais de U$62 bilhões estão investidos aqui. E esse valor não cai, só vem crescendo.

            Isso é confiança! Isso é respeito! Portanto, não dá para cair no discurso fácil, achar que o que é instrumento de uma política tem de virar finalidade em si mesmo. Foi isso que fizeram no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso. E eu louvo que ele tenha estabelecido a meta fiscal, que tenha aprovado a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas foi muito duro com a realidade do povo brasileiro. Não quis saber se, colocando aquela meta a qualquer preço, as pessoas iriam passar fome, ficar desempregadas. Tratavam os seres humanos como números. Seres humanos não são números. Seres humanos sentem dor, sentem fome, sentem frio. Não dá para falar de um pouquinho de desemprego para melhorar a economia.

            Portanto, eu também acho despropositado, primeiro, a oposição, que não ganhou eleição, querer nomear ministros. Altamente despropositado. Segundo, vir aqui dizer que a Presidenta, ao nomear seus ministros da área econômica, está fazendo estelionato eleitoral. Um verdadeiro absurdo!

            Primeiro, eu quero saudar os ministros que foram nomeados hoje. Saudar o Ministro Joaquim Levy; saudar o Ministro Nelson Barbosa; saudar o nosso Presidente do Banco Central, que está fazendo um bom trabalho.

            Conheço o Ministro Joaquim Levy, e conheço não de visitá-lo, de encontrá-lo em eventos ou neste Congresso. Conheço porque o Ministro Joaquim Levy trabalhou com o Presidente Lula. Conheço porque o Ministro Joaquim Levy esteve comigo na equipe de transição de governo do Presidente Lula.

            Não é estelionato eleitoral. Não estamos trazendo uma pessoa que não participou desse processo de conquistas, que não deu condições para que avançássemos. O Ministro Levy é uma pessoa séria, capacitada, firme, rigorosa com as contas públicas, mas acaba de anunciar que jamais vai fazer um pacote, e tem sensibilidade com o social. Foi Secretário de Tesouro do Presidente Lula por quase três anos, e foi nesses primeiros anos de governo que surgiu o Bolsa Família, foi nesses primeiros anos de governo que começamos a implantar as políticas sociais.

            Portanto, não tem procedência o discurso da oposição de querer dizer que a Presidenta Dilma está em contradição. Porque o Ministro Joaquim Levy, quando esteve conosco no primeiro governo do Presidente Lula, ajudou a construir as bases desse governo de sucesso: de enfrentamento da fome e da miséria e de políticas sociais que hoje são referenciais no mundo.

            Eu quero me congratular com o Ministro Joaquim Levy. Quero me congratular com o Ministro Nelson Barbosa, que é uma pessoa com uma capacidade imensa, que tem visão de desenvolvimento, que conhece o serviço público. Aliás, ambos conhecem muito bem e têm um espírito público muito elevado; e também o nosso Presidente do Banco Central, que continua no cargo, Alexandre Tombini. Essas três pessoas, com certeza, vão dar à Presidenta Dilma grande estabilidade. Eu diria que são os Três Mosqueteiros da Presidenta. Vão dar grandes condições de desenvolvimento e, sobretudo, condições de continuidade aos programas sociais.

            Portanto, não há uma contradição em relação ao discurso da campanha da Presidenta Dilma, porque ela vai continuar exatamente com aqueles programas que estão dando esses índices e esse resultado para o Brasil.

            Concedo um aparte ao Senador Valdir Raupp.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Senadora Gleisi Hoffmann, V. Exª aborda, nesse seu pronunciamento, um tema relevantíssimo, que é a economia do nosso País. Eu entendo que essa medida da Presidente Dilma está acertada, e já era hora de realmente colocar sangue novo nessas pastas da economia. Acho que temos que agradecer todo o papel desempenhado pelo Ministro Guido Mantega, pela Ministra Miriam Belchior, mas o Ministro Joaquim Levy, que vai assumir essa pasta, e também o Ministro Nelson Barbosa, Fazenda e Planejamento, com Tombini, Luciano Coutinho, no BNDES, são um time de ponta, e eu não tenho nenhuma dúvida de que a economia vai deslanchar já no primeiro anúncio. Ainda na semana passada, a Bolsa de Valores já subiu cinco pontos percentuais, e isso é muito bom, é positivo. Daqui para frente, eu acredito que a economia vai deslanchar, o PIB vai crescer, a geração de emprego vai continuar forte, como já vem sendo, a renda das famílias também vai continuar melhorando, assim como a qualidade de vida da população brasileira. Parabéns a V. Exª.

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Obrigada, Senador Valdir Raupp. Agradeço o seu aparte.

            E eu queria, exatamente agora, falar dos dois ministros que hoje ocupam os cargos da Fazenda e do Planejamento: Ministro Guido Mantega e a Ministra Miriam Belchior. Eu não poderia deixar de, nesta tribuna, fazer um agradecimento público e uma homenagem a esses dois grandes companheiros. Tive a oportunidade e o privilégio de trabalhar com eles no Governo da Presidenta Dilma, quando fui Ministra-Chefe da Casa Civil. Aliás, o Ministro Guido Mantega é um dos mais longevos da Esplanada dos Ministérios. Foi Ministro da Fazenda do Presidente Lula.

            Fico pensando por que muitas vezes se critica tanto o Ministro Guido Mantega, agora, nos últimos meses e anos em que ele está no Governo, numa situação difícil, adversa internacionalmente, e não se lembra dos seus feitos quando era Ministro da Fazenda do governo do Presidente Lula. Ele foi o mesmo ministro, um ministro que nos ajudou a consolidar as contas, que colocou a economia do País no seu rumo, que garantiu superávits primários elevados para o País. Fez com que a relação da dívida/PIB baixasse quase a metade do que era. Era mais de 60%, estamos em 35%. Esse é o Ministro Guido Mantega, que ajudou a construir tudo isso. Obviamente acho que, até por interesse dele também, ele quer deixar o Governo; um ministro que tem mais de 10, 11, 12 anos de ministério. Mas eu não poderia deixar aqui de fazer esse reconhecimento.

            E a dureza que é você estar em um cargo público em momentos que são difíceis, porque o Brasil vive hoje - e viveu nos últimos anos - uma grande crise internacional, a maior crise financeira do capitalismo. E conseguiu-se, com as medidas econômicas, tendo à frente o Ministro Guido Mantega e a Ministra Miriam Belchior, manter os empregos, gerar renda, fazer as políticas sociais e chegar ao resultado que hoje nós estamos comemorando: a redução das desigualdades sociais e a saída do Brasil do mapa da fome. Foram esses ministros que ajudaram o Brasil a chegar até aqui.

            Portanto, eu não poderia deixar de usar esta tribuna para fazer um agradecimento profundo ao Ministro Guido Mantega e à Ministra Miriam Belchior, que conduziram, com seriedade, disciplina, determinação, momentos difíceis da economia internacional com resultados positivos para o Brasil.

            Como disse V. Exª, agora é outro mandato. A Presidenta Dilma tem todo direito e até necessidade de fazer a renovação. Acredito também que os ministros deram sua contribuição louvável ao Brasil. Tenho certeza de que vamos continuar no mesmo rumo, com uma economia desenvolvida, com políticas sociais, com desemprego baixo, com renda distribuída e com equilíbrio macroeconômico. Isso é importante.

            E queria, Sr. Presidente, para terminar, falar de outro índice que saiu hoje, que me alegra muito e que também foi motivo de discussão na campanha eleitoral de maneira equivocada.

            Hoje, foi publicada a notícia, em todos os jornais - aliás, notícia pequenininha; o Ministério do Meio Ambiente noticiou, mas saiu pequenininho nos jornais on-line, não sei como vai sair amanhã -, de que nós tivemos a segunda menor taxa de desmatamento do Brasil. A segunda menor taxa...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senadora Gleisi, desculpe interromper, mas, antes que o pessoal do Aerus saia, eu gostaria de dar o depoimento de que V. Exª ajudou muito para que esse projeto fosse encaminhando à votação, que será terça-feira, a partir da Presidenta Dilma. A Senadora Gleisi foi fundamental para que isso acontecesse.

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Obrigada.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Desculpe o aparte, mas é uma questão de reconhecimento da forma firme como, na bancada, defendeu essa ideia.

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Obrigada. Agradeço, Senador Paim.

            Mas eu queria aqui registrar isto: nós temos a segunda menor taxa de corte raso florestal em nosso bioma. O desmatamento na Amazônia caiu 18%, é a segunda menor taxa desde 1988.

            Eu acompanhei, como Ministra-Chefe da Casa Civil, o trabalho da Ministra Izabella e a determinação da Presidenta Dilma para manter em queda o desmatamento, com a força da Polícia Federal, com a força também das Forças Armadas - a quem quero parabenizar -, que sempre estiveram presentes na Região Amazônica para cuidar da nossa floresta.

            E por que eu acho que é importante dizer isso aqui, Presidente? Porque nós tivemos, recentemente, a divulgação de que o Brasil tinha aumentado o seu desmatamento. Na discussão, um pouco depois da eleição do segundo turno, se disse que o Governo da Presidenta Dilma tinha omitido dados e, portanto, se tivesse dito antes, não teria sido eleita. Isso é um absurdo!

            Agora está aqui: nós caímos em termos de desmatamento; isso é muito importante.

            Os números que eu trago aqui se referem ao projeto de monitoramento da Floresta Amazônica brasileira por satélite, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Os últimos cinco anos registram as cinco menores taxas de desmatamento da Amazônia. A Presidenta Dilma é mais verde do que a Marina Silva. Os últimos cinco anos registram as cinco menores taxas de desmatamento da Amazônia.

            V. Exª, Senador Valdir Raupp, que é da região, pode constatar isso, um esforço imenso do Brasil, do seu Estado, da população, da economia para que a gente pudesse e possa oferecer esses dados ao mundo.

            As taxas divulgadas são estimadas com base na análise das fotos de satélite e cobrem áreas de até 6,25 hectares. Os números estão sendo consolidados até o primeiro semestre de 2015 e vão ser submetidos a auditoria externa pelo Governo brasileiro. Comparados à série histórica que vem desde 1988, os números representam uma queda de 83% no desmatamento e a retomada de uma tendência de redução.

            Então, isso, Sr. Presidente, é muito importante. Eu gostaria que a imprensa nacional desse com a mesma ênfase, com o mesmo espaço, e fizesse os mesmos comentários sobre esta notícia que fez quando saiu a notícia falsa de que o desmatamento no Brasil tinha crescido.

            Por isso, nós temos que colocar luz à verdade, trazer o debate como ele tem que ser feito. Não dá para vir aqui mentir, induzir a opinião das pessoas.

            O Governo, claro, tem os seus erros, pode ter os seus equívocos, mas tem, sobretudo, um compromisso com o desenvolvimento deste País, e isso é mostrado exatamente nos índices, que não são índices de governo, são índices de instituições, inclusive internacionais, reconhecidas.

            Então, Sr. Presidente, eu não poderia deixar de vir a esta tribuna hoje para falar destes dois fatos: a nossa saída do mapa da fome, que para mim é o maior acontecimento histórico que nós temos na história recente da Nação, e a queda no desmatamento que nós tivemos na Região Amazônica.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/11/2014 - Página 198