Pronunciamento de Bárbara Melo em 19/11/2014
Discurso durante a 27ª Sessão Solene, no Congresso Nacional
Sessão solene destinada ao lançamento da Campanha Nacional “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”.
- Autor
- Bárbara Melo
- Casa
- Congresso Nacional
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
CONGRESSO NACIONAL, FEMINISMO.:
- Sessão solene destinada ao lançamento da Campanha Nacional “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”.
- Publicação
- Publicação no DCN de 20/11/2014 - Página 26
- Assunto
- Outros > CONGRESSO NACIONAL, FEMINISMO.
- Indexação
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- SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, LANÇAMENTO, CAMPANHA NACIONAL, OBJETIVO, EXTINÇÃO, VIOLENCIA, VITIMA, MULHER.
A SRª BÁRBARA MELO - Bom dia. Como acho que ninguém almoçou ainda, digo “bom dia”.
Nós, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas - UBES, estamos aqui, no dia de hoje, por entender a importância da luta das mulheres. Nós, do movimento estudantil, sabemos o quanto a escola nos encarcera, e não nos liberta; o quanto a escola reproduz o machismo; o quanto a escola banaliza a violência sofrida pelas mulheres. E nós, da UBES, na nossa incansável luta pela reformulação do ensino médio, por mais verbas para
a educação e pela melhoria da educação, entendemos que a luta pela igualdade de gênero é fundamental. E aqui nesta Casa já ganhamos e já perdemos muitas batalhas.
O Plano Nacional de Educação - PNE foi aprovado. Isso é uma grande vitória. Porém, é importante destacar que, no que tange à igualdade de gênero, nós perdemos. O texto do PNE não teve nenhuma flexão de gênero, inclusive no que tange a propor que a escola seja um espaço onde não haja preconceito contra as mulheres, preconceito de orientação sexual de gênero. Infelizmente, a bancada fundamentalista conseguiu se articular para que isso não passasse.
E para que esse tipo de coisa não ocorra mais, para que o que seja aprovado nesta Casa e na Câmara Federal seja cada vez mais paritário com o desejo de todas e todos, com o desejo das mulheres, com o desejo dos estudantes e dos trabalhadores, é necessário aprofundar a nossa democracia, democracia que foi tão bem defendida pelos estudantes. Nós, as entidades estudantis - muitos heróis nossos tombaram, como a Helenira Rezende, como a Maria Lucia Petit --, precisamos aprofundar a nossa democracia com reformas estruturais.
Não dá mais para a mídia mostrar que o estupro é algo normal. Não dá mais para aceitar um seriado chamado Sexo e as Negas. Não dá para aceitar o preconceito que se tem todo dia quando se liga a televisão, onde a mulher é colocada como objeto sexual; onde a mulher é usada para vender produtos; onde a mulher se mostra mais na televisão com propaganda de cerveja do que falando, dando sua própria opinião, do que falando daquilo que ela vê no mundo e quer mudar, expondo-se enquanto sujeito, enquanto ser da sociedade que tem voz e que tem vez.
E, para acabar com a disparidade aqui dentro do Congresso Nacional e do Senado Brasileiro, é impor- tante a reforma política, com lista de alternância de gênero. E é preciso que a reforma política seja em torno do debate de ideias, com participação popular.
Infelizmente, muitas vezes, a cabeça das pessoas, especialmente a nossa, dos jovens, fica confusa com a falta de identidade que se tem hoje em dia. Infelizmente, muitos partidos políticos têm um debate político esvaziado. E para o debate político ser cada vez mais qualificado, para a opinião de toda a sociedade ser consi- derada, é importante uma reforma política com a inclusão das mulheres e com a participação popular.
Por isso, eu acredito que nós só vamos conseguir reduzir a violência contra a mulher, ou acabar com a violência contra a mulher quando todas nós, todas nós formos para as ruas, quando todas nós não só conse- guirmos pautar uma reforma política, mas também não aceitarmos nenhum tipo de violência, não nos calar- mos, denunciarmos, porque violência não é só física, é verbal. Violência é também a opressão que as mulheres sofrem no dia a dia, não só com um tipo de agressão, mas com um mero “fiu-fiu” na rua.
Eu acredito que nós mulheres devemos nos unir para ocupar cada vez mais espaços de poder, ocupar o nosso lugar, alcançar o respeito que merecemos na sociedade brasileira e acabar com a violência contra a mulher. (Palmas.)