Discurso durante a 182ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a atuação parlamentar de S. Exª.

Autor
João Vicente Claudino (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PI)
Nome completo: João Vicente de Macêdo Claudino
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Considerações sobre a atuação parlamentar de S. Exª.
Aparteantes
Ana Amélia, Ataídes Oliveira, Benedito de Lira, Casildo Maldaner, Eduardo Amorim, Jayme Campos, Magno Malta, Mozarildo Cavalcanti, Paulo Paim, Waldemir Moka, Walter Pinheiro.
Publicação
Publicação no DSF de 10/12/2014 - Página 245
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • ANUNCIO, DESPEDIDA, MANDATO PARLAMENTAR, SENADOR, COMENTARIO, BALANÇO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, PERIODO, LEGISLATURA.

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, venho nesta tarde fazer o meu pronunciamento de despedida da missão política no Senado Federal.

            Subo a esta tribuna pela última vez neste mandato, mais uma vez, para concluir a missão que assumi no dia 1º de fevereiro do ano de 2007, quando tomei posse no cargo de Senador da República pelo Estado do Piauí.

            Neste momento em que estou deixando esta Casa, gostaria de externar algumas palavras que resumem esses oito anos de trabalho infatigável e contínuo em prol do Estado do Piauí e do Brasil.

            Dizem que, quando o coração pode falar, não há necessidade de se preparar um discurso. Eu particularmente acredito que o melhor discurso de um político é a sua atitude. Seu melhor discurso é cumprir suas funções e seu dever com dignidade, com respeito aos votos recebidos e aos não recebidos também, sem dizer uma palavra, sem dizer nada. Thomas Fuller, filósofo e historiador britânico, disse: “Um bom exemplo é o melhor discurso.”

            Encerro essa missão iniciada pelos votos de mais de dois terços do eleitorado piauiense, recebidos nas eleições de 2006. Tive êxito na primeira eleição em que concorri, porque o povo soube entender a nossa disposição para servi-lo. Naquele momento, mesmo com as incertezas de qual rumo tomaria a minha vida, prometi a mim mesmo que ia me dedicar ao exercício pleno de meu mandato.

            Hoje, provido de mais experiência, percebo que a poucos, muito poucos, é dada a oportunidade de compor esta Casa e assumir a responsabilidade e o ônus que se impõem aos Senadores; a ousada missão de manifestar-se com plena independência, baseando-se apenas na Constituição e nas leis, na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Todos esses fatores convergiram para a grandeza de nossa instituição, realizada pelo esforço de todos nós.

            É claro que o País ostenta grandes desafios para o futuro. Afastemos as crises com boas ações, não destruindo o que existe, mas construindo o que falta. Se for preciso mudanças, que todos nós tenhamos coragem para mudar o que deve ser mudado e buscar sabedoria para isso.

            Todavia, agora ao sair, sei que o Senado Federal prosseguirá no seu caminho histórico. Tenho a certeza de que o País está rumando seguramente na direção do desenvolvimento, da igualdade de oportunidade, da justiça social. Temos mostras cotidianas de que há grande esforço sendo empreendido em prol da superação da Nação brasileira.

            Tudo que se faz com moral, trabalho e dignidade atua por si mesmo e não precisa de pessoas determinadas. Os homens sucedem-se, mas o ideal permanece, como estrela guiando todos os caminhos sem se mover no céu.

            Deixo esta Casa, portanto, com a certeza de que todos aqui, Senadores, Senadoras e nossos servidores, cumprem seu dever com a Nação sem se deixar levar pelas ventanias do descompromisso e da desonestidade. O trabalho continua com os que ficam. Os objetivos permanecem os mesmos.

            Ressalto, de forma oportuna, minha tranquilidade ao saber que o assento por mim deixado será ocupado pelo meu amigo Elmano Férrer, eleito pelo PTB, aqui presente nesta sessão. O êxito de sua gestão à frente da Prefeitura de Teresina ficou comprovado através dos resultados expressivos apresentados na última eleição. Elmano Férrer foi eleito Senador com quase um milhão de votos. Jamais o vi rendido às inúmeras dificuldades que apareceram. Pelo contrário, vi-o enfrentá-las serenamente, sem alvoroço, sempre decidido e firme, sem recuos no empenho de resolvê-las. Com perfil técnico e estratégico, compartilhamos os mesmos objetivos: garantir os recursos públicos necessários para ampliar os investimentos públicos que resultarão na melhoria da qualidade de vida e dos serviços públicos das nossas cidades do Piauí. Desejo a Elmano sucesso na sua missão.

            A honra a mim concedida por homens e mulheres piauienses para representá-los no Senado Federal é uma etapa que mudou de maneira indelével a minha história de vida, pois o que era o desejo de um cidadão tornou-se, na política, a causa mais importante dos meus dias e das minhas decisões: trabalhar incansavelmente pelo povo do Estado do Piauí.

            Assim nos comportamos neste mandato, produzindo leis que propiciam um Brasil mais justo e tendo o Piauí como protagonista desse processo, defendendo o nosso Estado acima de todos os interesses, alocando recursos que propiciaram obras importantes e, assim, possibilitaram a diminuição das desigualdades causadas por um pacto federativo concentrador e injusto. Ou seja, trabalhamos para que todos os piauienses não se envergonhassem do papel que cumprimos no Senado Federal em prol do Piauí.

            Sei que a política nos remete a incertezas. Se a vida é uma missão divina, se o mandato é uma missão que expressa a legítima vontade de um povo, se tanto a vida quanto a política são incertas nos seus caminhos, desígnios e objetivos, seja nas atitudes, nos compromissos, nas posturas, nas decisões, o povo do Piauí terá sempre a certeza de que nossa luta, nosso trabalho e nossa causa, em qualquer lugar que estejamos e em qualquer missão que exerçamos, serão sempre o Piauí.

            Nossa missão, nesta augusta Casa de leis, solidificou-se durante este mandato, com dedicação, objetividade, proficuidade e conquistas. Foram oito anos de encontros e reencontros. Em muitos casos originando e consolidando profícuas amizades que levarei para o resto da minha vida; em outros, mesmo que não tenha sido possível fortalecer esse vínculo, levarei em meu coração e mente a lembrança de uma convivência harmoniosa, respeitosa, transparente e leal, que possibilitou a construção de um trabalho de sucesso. Enfim, sempre fiz questão de deixar claro nossa posição e compromisso com o Piauí, enquanto unidade da Federação e enquanto povo. Retorno ao meu querido Estado convicto de que os piauienses nunca duvidaram do nosso dever cumprido.

            Aqui pude viver intensamente cada dia de trabalho e, por isso, é que tenho hoje uma dívida impagável de gratidão e reconhecimento com todos aqueles que me proporcionaram essa experiência. Ficará, é claro, o vazio impreenchível da convivência com os colegas, as discussões às vezes acirradas nas sessões, da troca permanente e enriquecedora de opinião, mostrando-me, mais uma vez, que o conhecimento não é obra egoísta de um só homem, mas de um permanente diálogo multilateral, que permite a interação comunicativa dos espíritos na admirável construção da convivência humana.

            Tomem em conta, ainda, para me conceder o perdão pela singeleza de minhas palavras, o instante que estou a vivenciar. Nestas horas, a emoção supera o raciocínio, o que me obriga a ser breve.

            Sempre irei me alimentar das palavras de Fernando Pessoa, para quem - abre aspas - “o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que elas acontecem”. Todos sabemos que o exercício do mandato em cargo eletivo é finito, o tempo é determinado e nunca transformei e nunca transformarei a política em carreira. Despeço-me do Senado Federal, mas o compromisso de trabalhar pelo povo do Piauí continuará a ter de mim a dedicação e o tempo de uma vida.

            Peço-lhes, meus caros amigos e amigas, que me presenteiam com sua presença - e neste momento trato-os sem as formalidades exigidas pela tribuna -, licença para mais alguns agradecimentos.

            A Deus sou grato por me ter abençoado com saúde, paz, tranquilidade e sabedoria para dedicar-me a essa jornada; por ter mantido a chama da fé acesa e a crença de que o futuro poderia ser melhor do que o presente.

            Agora, ao experimentar um dos momentos mais significantes de minha vida, gostaria de voltar minhas palavras aos meus familiares. Meu pai, João Claudino, que me ensinou todos os valores que cultivo na minha vida; meus irmãos e, em especial, evoco aqui a memória de minha saudosa mãe, que me deixou no meio do meu mandato, Dona Socorro, como carinhosamente era chamada, de quem tantas horas de convívio minha missão tomou, e dizer o quanto ela era importante para mim. E dela e do meu avô Vicente talvez tenha vindo a aptidão política.

            Quero dizer o quanto a família é importante para alguém conseguir realizar-se no campo social e profissional. Com meus familiares, que são a fonte de renovação de minhas energias, divido a glória deste momento.

            A minha mulher, Joselene, esposa e amante, que me soergueu nos momentos em que fraquejei, que me alegrou nos momentos de grandes turbulências, que me afagou nos momentos de extremo cansaço, é aquela que melhor soube compreender os momentos reclusos e solitários por mim enfrentados nesse período, os quais inexoravelmente me afastaram, em muitas oportunidades, de seu convívio e do convívio com meus filhos.

            Um agradecimento aos meus filhos, que, apesar da pouca idade, tanto souberam, em certo grau, compreender a necessidade de o pai ausentar-se mais cedo de casa, passar a semana fora e chegar, muitas vezes, ao fim da noite, quando já se encontravam em sono profundo.

            Quero agradecer a todos os colaboradores que dividiram comigo essa missão, tanto no gabinete de Brasília quanto no trabalho político no Piauí. Sem eles, essa tarefa de representar bem o Piauí seria inalcançável.

            Como também quero agradecer aos valorosos servidores do Senado Federal, em todos os seus departamentos, onde sempre fui tratado e atendido com distinção e presteza.

            A despedida nem sempre é um adeus. Pode ser um até logo, mesmo que o logo ainda seja demorado, e se me cabe o direito de pedir algo, gostaria apenas de me valer das palavras de Mário Quintana - abre aspas: “Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho.”

            Quando chegamos ao Senado, Senador Benedito de Lira, Senador Casildo Maldaner, Senador Mozarildo...

            Quero conceder a palavra à Senadora Ana Amélia, Senador Casildo.

            A Srª Ana Amélia (Bloco Maioria/PP- RS) - Começo, Senador João Claudino, com este verso do nosso grande, inesquecível e imortal Mário Quintana: “Se me esqueceres, o faça bem devagarinho.” Mário Quintana tinha essa habilidade e, talvez, V. Exª tenha herdado, em sentimento, porque as palavras emocionam e comovem, mas os exemplos arrastam, o viver de Mário Quintana, com simplicidade, com suavidade e transitando, aqui nesta Casa, com os colegas, com um cavalheirismo, com uma educação e com uma atenção exemplares. Então, eu queria dizer ao senhor que não vamos esquecê-lo nem devagarinho, porque deixará essa lembrança de uma pessoa muito afável, muito comprometida com o seu Estado, embora as suas organizações levem o nome de um outro Estado lá do Nordeste, mas o Nordeste é um estado de espírito, é todo ele junto. Quero dizer que a sua cidade, a capital do Piauí, Teresina, que eu tive o privilégio e o prazer de conhecer, quente como é o “forno alegre” da nossa capital, neste momento do verão, Porto Alegre, é muito bem conduzida por quem o substituirá a partir de 2015: o ex-prefeito Elmano. Eu estive lá, recentemente, e fiquei encantada com o planejamento urbano, com a preservação e a sustentabilidade ambientais, com o palácio do governo, bem recuperado. Então, tudo isso leva a que V. Exª não seja esquecido, porque o seu sucessor aqui nesta Casa, do seu partido também, do seu Estado, vai ser a figura permanente lembrando a sua figura e a sua participação no Senado Federal. Parabéns para o senhor, muito bonita a sua despedida, emocionante, porque o senhor falou mais com o coração, mas não esquecendo de se referir à razão e, também, à gratidão por todos aqueles que o ajudaram a chegar a esta Casa. Parabéns, Senador João Claudino, foi uma grande alegria e uma grande honra conviver com V. Exª. 

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Eu quero agradecer suas palavras, Senadora Ana Amélia. Também construímos uma amizade, e sinto a força do Rio Grande, que tem um povo guerreiro, no seu mandato - presente, determinado e trabalhando pelo Rio Grande do Sul. Uma grande amiga, um laço muito forte, e tenho certeza de que V. Exª voltará outras vezes ao Piauí para comer o capote e vivenciar um pouco mais do calor.

            Senador Casildo.

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Senador João Claudino, sei que o Senador Ataídes, também, está querendo homenageá-lo, cumprimentá-lo, mas eu quero dizer que o seu sucessor...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC.) - ... o Senador eleito Elmano, vai ter muito trabalho nesta Casa. V. Exª vai ter que... Porque o João Claudino que eu conheço - não só da Mesa Diretora, mas nas ponderações que ele faz -, ele fala, às vezes, com conteúdo, ele não é de aparecer muito nas comissões da Mesa Diretora, mas a influência dele nas decisões, quando ele fala na Comissão Diretora do Senado, é muito difícil todo mundo muito seguir o mesmo caminho. Eu aprendi a admirá-lo nesses momentos de arquitetar, de encontrar o caminho, de encontrar a solução. O João Vicente Claudino, na Mesa Diretora, eu comecei a avaliar... Olha, ele é um grande arquiteto, é um grande político; ele sabe articular e parece que ele carrega a agulha e a linha, para costurar as saídas. Eu tenho essa impressão de V. Exª, de sua luta... Eu, que também estou saindo com V. Exª, depois de ter começado aos 20 anos de idade, completo meio século, passo de meio século, 52 anos de caminhadas, mas vou acompanhá-lo. A família de V. Exª, a dedicação... Quando eu ouvi V. Exª falar da família, a coisa engasgou. Eu vejo que a família, V. Exª tem em alto relevo, como tem os amigos, como tem o grande Piauí que V. Exª cultiva. Continue dando os seus conselhos. Diz que sai daqui, mas ainda tem com os seus amigos, com o Piauí, com o Brasil uma vida ainda à qual vai se dedicar. Meus cumprimentos, Senador João Claudino.

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Eu agradeço, Senador Casildo Maldaner, e quero reafirmar este convívio nosso tão afável, tão ameno e construir esta amizade. Tenho certeza de que V. Exª conta, no Piauí, com um amigo. Um amigo de Santa Catarina, admirado pela sua postura, pela sua história política também.

            Senador Ataídes e, depois, Senador Mozarildo e Senador Moka.

            O Sr. Ataídes Oliveira (PROS - TO) - Senador João Vicente Claudino, JVC, em 2011, quando cheguei a esta Casa, como suplente - passei por aqui quatro meses, em 2011, e por seis meses, em 2013 -, sempre aqui ao seu lado, vendo a sua atuação. Quero lhe dizer, Senador, que, como empresário que é, V. Exª tem contribuído muito com o nosso País, dando emprego, distribuindo renda e pagando impostos, esse grande grupo de que hoje V. Exª faz parte.

(Interrupção do som.)

            O Sr. Ataídes Oliveira (PROS - TO) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Como Senador da República, eu quero lhe dizer que foi uma honra enorme para mim ver a forma serena e equânime, como disse o nosso querido Senador Maldaner, essa facilidade de articulação com os seus pares, a forma com que V. Exª sempre conduziu o seu mandato. Foi uma honra, principalmente para mim, ter convivido ao seu lado esse pouco período que tivemos. Peço-lhe que não deixe a política, que continue contribuindo como político, porque o País precisa de homens como V. Exª. V. Exª está saindo agora, mas eu imagino e peço que seja da sua vontade e da vontade de Deus que retorne, um dia, a esta Casa ou ao Governo do seu e do nosso querido Piauí. Eu peço a Deus que continue lhe dando saúde e sabedoria para que V. Exª continue na sua caminhada. Muito obrigado.

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Quero agradecer-lhe, Senador Ataídes. Também sempre admirei a sua história de vida, um homem que começou numa vida simples, galgou degraus importantes, como empresário, e hoje representa o Tocantins no Senado Federal.

            Senador Mozarildo.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco União e Força/PTB - RR) - Senador João Vicente, V. Exª, como colega de Partido, só engrandeceu a nossa Bancada e foi um exemplo. E diga-se aqui que V. Exª está saindo do Senado porque tomou a decisão de não concorrer mais.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco União e Força/PTB - RR) - Portanto, quero cumprimentá-lo pelo belo trabalho que fez em defesa do Piauí, inclusive pela forma de ter contribuído para vir no seu lugar um grande amigo nosso, que é o Senador Elmano. Parabéns a V. Exª!

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Senador Mozarildo, quando cheguei ao Senado, V. Exª era o Líder da Bancada do PTB no Senado Federal, e sempre fui, nas nossas conversas, tentando captar a experiência, a sabedoria e recebi muitos ensinamentos de V. Exª, tendo aqui um grande amigo, que, tenho certeza, continuará em Brasília, servindo Roraima com todo amor e toda determinação.

            Senador Moka.

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Senador João Vicente Claudino, quero dar um testemunho, em especial ao Piauí, mas a toda população brasileira, da sua dedicação, principalmente na Comissão de Assuntos Sociais, que, nesses últimos dois anos, tenho o privilégio e a honra de presidir. V. Exª faz parte da Comissão de Assuntos Sociais, sempre zeloso, muito, muito, muito responsável nos seus relatórios. Ainda amanhã teremos a oportunidade, talvez a derradeira, de aprovar um projeto relatado por V. Exª. Quero desejar sucesso na vida fora daqui do Senado. Tenho certeza de que V. Exª, com a sua capacidade, liderança e credibilidade, continuará influenciando nos destinos políticos do Piauí. Para nós, vai ficar uma saudade muito grande do amigo, do companheiro, mas, sobretudo, do político e do Senador muito responsável e que atendeu todos nós com uma enorme gentileza. Parabéns e já saudades do convívio e da amizade de V. Exª.

             O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Eu que agradeço, Senador Moka. Primeiro, quero parabenizá-lo pelos dois anos à frente da Comissão de Assuntos Sociais, com a experiência política e de vida que V. Exª possui de construir essa amizade em tão curto espaço de tempo, com essa sua maneira diligente e proativa que se comporta no Senado Federal dirigindo a Comissão de Assuntos Sociais. No Piauí, o senhor tem um amigo.

            Senador Benedito de Lira.

            O Sr. Benedito de Lira (Bloco Maioria/PP - AL) - Meu caro Senador João Claudino, ao chegar aqui, em 2011, tive muita alegria e satisfação em conviver com V. Exª, bem como com os representantes do Piauí nesta Casa - Senador Cyro Nogueira, Senador Wellington Dias, hoje eleito Governador daquele Estado. Mas V. Exª, numa decisão pessoal, não desejou mais disputar a eleição, entendeu que cumpriu, num primeiro momento, a sua missão nesta Casa em defesa dos interesses do Estado do Piauí. E o seu pai, que é o grande timoneiro de um grande grupo empresarial, tem prestado relevante serviço àquela região e àquele Estado particularmente. E lógico que V. Exª veio a esta Casa para ajudar o Piauí e a sociedade brasileira. É lamentável para nós perder um companheiro da sua qualidade. Mas não vamos perdê-lo, nós vamos devolvê-lo ao Piauí, para que o senhor continue fazendo o que tem feito em defesa e no melhoramento da vida daquela população. Deixa conosco este grande companheiro Elmo, Prefeito daquela cidade de Teresina, que vai aqui, realmente, representar o Piauí com tanta dignidade quanto V. Exª o fez. Meus parabéns e que Deus o proteja. Continue brilhando e espalhando brilhos por onde passa aos seus coestaduanos e aos seus amigos. Um grande abraço.

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Senador Benedito de Lira, eu quero agradecer. A nossa amizade foi assim à primeira vista, pelo seu jeito espontâneo. V. Exª esqueceu de falar da sua influência na montagem da coligação do Piauí. O senhor é o padrinho dessa coligação dos três Senadores do Piauí. Muito obrigado meu amigo.

            Senador Paulo Paim; depois, Senador Eduardo Amorim.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador João Claudino, eu vou ser muito breve, até porque sou o próximo orador. Se eu falar muito, não vou poder falar, estou sabendo. Mas me deixe só dizer a V. Exª que foram muito prazerosos, eu diria, os oito anos da minha convivência com V. Exª. Lembro-me de quantas vezes eu e V. Exª, o Senador Zambiasi, seu parceiro de Partido, dialogávamos. V. Exª é um homem que tem lado. V. Exª faz o bem sem olhar a quem. Eu tenho orgulho dos compromissos que tenho - é claro que todos nós temos. Eu me dedico muito, muito ao campo social e fico muito feliz de ver Senadores como V. Exª se despedindo neste momento e poder dizer: eu tenho orgulho. Não houve um único projeto - e não importava se era meu ou não - do campo social que V. Exª, como um grande empresário bem-sucedido, por méritos próprios e de sua família, deixasse de votar. Sempre votou do lado dos que mais precisam. Por isso, sua família pode ficar muito, muito orgulhosa porque um grande homem se despede, aqui na tribuna, neste momento. Não sairá da vida pública, mas vai voltar para casa. Como é bom este termo: estou voltando para casa. Mas não sairá da vida pública pelos compromissos que V. Exª tem de fazer o bem para todos. Parabéns! Eu gosto de dizer que sou seu amigo.

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Muito obrigado, Senador Paulo Paim. Essa amizade é recíproca. Construímos esses laços nas comissões, no dia a dia, discutindo projetos aqui no plenário e em todas as votações, sempre com o pensamento de fazer este Brasil mais justo, com o sentimento de que temos passos a dar, e estamos dando. Temos certeza de que, um dia, alcançaremos a justiça do sonho de cada um de nós e V. Exª tem um papel importante nesse processo.

            Senador Eduardo Amorim.

            O Sr. Eduardo Amorim (Bloco União e Força/PSC - SE) - Senador João Vicente Claudino, digo que V. Exª é um daqueles nomes que nos orgulham muito e que também é motivo de orgulho para o povo do Piauí. V. Exª é um daqueles missionários que veio para cumprir sua missão, deixando seus negócios, deixando seus afazeres, deixando suas empresas, deixando sua família, para vir a esta Casa buscar materializar a esperança de um Brasil melhor, de um Piauí também melhor. Tenho certeza de essa missão V. Exª desempenhou muito bem. Há alguns anos, cheguei a esta Casa e V. Exª era a referência que nós tínhamos e temos nas questões, nos embates, na orientação na hora certa e no momento certo. Tenho muito orgulho de ser seu colega. Tenho muito orgulho de tê-lo como amigo. O povo do Piauí, com certeza, tem muito orgulho da sua presença e do seu desempenho na sua missão. Como foi dito, fez a opção por não estar aqui, porque se tivesse colocado seu nome à disposição, talvez o povo do Piauí tivesse devolvido o seu mandato. V. Exª será substituído à altura, pela capacidade, pela orientação e pelo zelo com que o nosso Senador Elmo também vai conduzir. Parabéns! Parabéns ao povo do Piauí! Olhe, o sentimento é de missão cumprida, bem cumprida. Mas a luta continua por um País melhor. Este País tem jeito. O jeito quem dá somos nós. Você tentou fazer isso de forma exemplar aqui nesta Casa e vai continuar fazendo de volta à sua terra, Piauí. Um forte abraço, amigo.

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Quero agradecer ao Senador Eduardo Amorim pelas palavras. Essa amizade foi construída no dia a dia do Senado e também no bloco de que fazemos parte. Estive em Sergipe torcendo, porque sei do sentimento que V. Exª nutre pelo povo sergipano e o sentimento que queria empreender numa gestão em Sergipe. Mas acho que tudo tem o momento. Deus escolhe o momento certo. Tenho certeza de que esse momento acontecerá e o povo de Sergipe, nessa comunhão, marchará no mesmo sentido de desenvolvimento.

            Senador Jayme Campos.

            O Sr. Jayme Campos (Bloco Minoria/DEM - MT) - Meu caro, ilustre e eminente Senador João Vicente Claudino, saí às pressas do meu apartamento por ter chegado meio tarde, mas, quando vi V. Exª subir à tribuna e fazer aqui a sua primeira fala, a sua despedida como Senador da República, fiz questão absoluta de estar presente aqui para dizer que, eu e V. Exª chegamos juntos. Para mim, uma das mais gratas satisfações que tive na minha vida foi conhecer V. Exª, uma das amizades mais sadias e construtivas que tive durante minha vida pública, por mais de 30 anos. Fui prefeito por três mandatos na minha cidade, 14 anos prefeito na cidade de Várzea Grande, minha terra natal, segunda maior cidade do Mato Grosso. Fui governador do meu Estado, sou Senador da República e posso lhe afiançar que conheço muito da política e conheço muitos políticos, muitos seres humanos, mas um dos maiores privilégios que tive na vida foi conhecer V. Exª, ver seu trabalho honrado aqui, um homem calcado na ética, sobretudo, no respeito com seus colegas, com o povo do seu Estado, e sempre estava aqui labutando, falando em defesa intransigente daqueles brasileiros sofridos do seu Estado do Piauí. Quando V. Exª sobe à tribuna, estamos vendo aqui a manifestação de apreço, de carinho de todos os seus colegas. Tenho a certeza de que a opção que o senhor fez de não ser novamente candidato, ou seja, de não concorrer novamente ao cargo de Senador foi uma questão de opção de vida. Da mesma forma como V. Exª fez, eu também o fiz, mas fiz certo também, pois estamos deixando aqui esta Casa com a missão cumprida, sobretudo o dever de que procuramos fazer muito mais, talvez, diante da nossa capacidade, pelo fato de que o Brasil realmente precisa de homens competentes, honrados, que acima de tudo tenham compromisso com a população. E esse papel V. Exª cumpriu com muita galhardia, de forma exitosa, da mesma forma que procuramos fazer. Portanto, quero ter aqui a oportunidade ímpar, porque acho que é um momento ímpar da nossa vida, de dizer que considero V. Exª meu amigo. Quero levar comigo, para o meu Estado de Mato Grosso, essa amizade sincera, esse modo carinhosa como sempre tratou não só a mim como também seus pares. E tenho a certeza de que o povo do Piauí jamais vai esquecer V. Exª pela sua trajetória não só como político, mas sobretudo como empresário, como um homem do povo. Portanto, meu caro amigo João Vicente Claudino, tenha certeza absoluta que V. Exª vai deixar saudades nesta Casa e boas recordações, não só pelos seus colegas Senadores, mas acima de tudo, tenho certeza, pelos servidores, pelos trabalhadores e pelo o povo brasileiro, que viram a sua luta incessante. Eu, particularmente, convivi com o senhor aqui, não só neste plenário, mas também nas comissões de que participamos juntos. V. Exª foi exemplo de Senador, não só para esta década, mas para outras décadas que virão pela frente. Fica aqui meu efusivo cumprimento, meu reconhecimento e, acima de tudo, a minha amizade sincera que dedico a V. Exª. Parabéns! Sucesso! E que Deus abençoe V. Exª.

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Senador Jayme Campos, chegamos aqui juntos em 2006. V. Exª com uma história política, de vida e de muito trabalho pelo Mato Grosso e eu, exercendo o meu primeiro mandato político, na minha primeira eleição. E foi essa troca de convívio tão ameno - sentamos quase lado a lado - que realmente enriqueceu e fez-me amadurecer também politicamente. E quem sabe agora - Mato Grosso é um Estado que eu não conheço - eu vá conhecer, Senador Jayme Campos, o Pantanal, para termos esse convívio nesta decisão que tomamos juntos, neste momento.

            Senador Magno Malta.

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Senador João Claudino Filho, filho de João Claudino pai, a legenda da honra do Nordeste. Seu pai, você e seus irmãos se constituíram a legenda da honra do Nordeste. Alguém que está me ouvindo pode dizer: é muito atrevimento o cara dizer que alguém é a legenda da honra. Sabe por que eu me atrevo a falar dessa forma? Porque vocês são geradores de trabalho, vocês são geradores de emprego. Alguém é capaz de dizer quantas pessoas já passaram e se aposentaram ao longo da história do Armazém Paraíba? Quem gera emprego gera honra. V. Exª é mais do que Senador, é gerador de honra. Eu conheço as entranhas, um pouco mais, do Armazém Paraíba, porque já participei de algumas festas de funcionários, desde o mais alto escalão até a filha do motorista de caminhão. E quando o aniversário do Armazém Paraíba é comemorado, Srs. Senadores, todo ano, ao final do ano, eles começam a fazer um trabalho de sortear pessoas ao longo do ano porque não cabem todos. Na festa a que eu fui havia cinco mil que ganharam a passagem para essa festa ao longo do ano, porque não cabiam todos. Senador Benedito de Lira, há uma tradição: à meia noite, as debutantes, as filhas dos funcionários, seja caminhoneiro, seja caixa, seja filha daquele que trabalha no almoxarifado, do gerente ou daqueles pensadores de logística da empresa que têm salário um pouco mais que o dono, as filhas de 15 anos são recolhidas, naquele ano, num hotel de luxo, recebem o mesmo tratamento no SPA e entram para debutar meia-noite com o mesmo anel de ouro, com o mesmo colar de ouro, com a mesma pulseira de ouro. Sabe, uma das coisas que mais me chamaram a atenção quando estive na festa da sua família, foi esse gesto do seu pai. Ao perguntar para sua esposa, que estava sentada a meu lado, ela me disse: “Esse gesto se repete há 50 anos.” Agnaldo Timóteo veio ao palco, cantou Segura na Mão de Deus e, quando me viu na platéia, desceu, chegou em minha mesa e me deu o microfone para cantar Segura na Mão de Deus com ele. O que eu posso lhe desejar hoje, João? Amigo, essa relação próxima me fez sentir...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - ... admiração pela geração de honra, de trabalho, de dignidade que a sua família produz, que V. Exª, o Senador João, produz, o empresário João produz, que dirige uma parte da empresa, assim como seus irmãos. V. Exª vai continuar produzindo honra. Os seus oito anos aqui de convivência, e V. Exª está grisalho, alguém pode pensar: “Não, ele já chegou grisalho, é assim mesmo.” Infelizmente, é mais novo do que eu - é mais novo do que eu. V. Exª aqui se portou como um homem público dos mais dignos na missão que o Piauí lhe deu e na missão que esta Casa lhe deu, em nome do povo, para cumprir o seu papel no Plenário e nas Comissões. Eu vou lhe desejar, usando a frase que Agnaldo Timóteo cantou naquele dia, na noite de 50 anos, em que tive a oportunidade de com ele participar. V. Exª não será esquecido por nós de maneira nenhuma, e muito menos por mim, até porque tenho família no Piauí e não tem como esquecer a relação que travamos - não estou rasgando seda para V. Exª. É uma relação próxima, de irmão mesmo. Então, não tem como esquecer. Mas, de volta para sua vida empresarial, para contribuir com seus impostos de um homem público e digno, para somar com a vida do seu Piauí, com a vida do País, vou repetir a frase, a mais significativa da música: “Segura na mão de Deus e vai”.

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Muito obrigado, meu estimado Senador Magno Malta. Eu não queria aqui falar para o Senador, o Senador Magno Malta, porque eu conheci o Magno, filho da Dona Dadá. Este foi o que esteve no Piauí, participando em diversos momentos com essa mesma maneira, simples, tratável, que desenvolve projetos sociais.

            Magno, essa amizade é para o resto da vida. E foi muito bom dividir, aqui, momentos com você no Senado Federal.

            Senador Walter Pinheiro.

            O Sr. Walter Pinheiro (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Senador João Claudino, eu tive até menos tempo do que outros Senadores aqui, do que o próprio Malta, enfim, mas foi um tempo suficiente para a gente entender e compreender, inclusive, a proeza que vocês empreenderam por todo o Nordeste. Apesar de não o conhecermos antes, a gente já conhecia o seu trabalho, que se espalha pela Bahia, em desenvolvimento econômico, em uma atividade comercial de grande monta e, ao mesmo tempo, que envolve, tendo a coragem de levar empreendimentos para o sertão da Bahia e, portanto, contribuindo. É fácil alguém chegar e dizer que, na realidade, esse trabalho de vocês foi um trabalho que buscava obter ganhos, mas ninguém também leva em consideração que tentar plantar oásis no deserto não é fácil. Então, acho que é importante lembrar isso, esse espírito empreendedor, esse caráter inovador, essa forma desbravadora. Portanto, eu diria que V. Exª obviamente vai deixar uma lacuna aqui. Mas perde muito mais o Senado do que V. Exª, porque eu tenho certeza de que, para onde você - quero lhe tratar assim de forma direta - vai continuar o seu trabalho, onde você vai estar, com certeza fará com a mesma dedicação que tem ao seu povo, com o mesmo espírito, com a mesma correção e com a mesma honra que aqui foi citada, agora, há pouco. Então, nós do Senado é que vamos perder muito. É óbvio que o Piauí também vai ganhar com a vinda do nosso “veinho” trabalhador. Portanto, sai um grande trabalhador e vem um que, ainda se considerando velhinho, está a toda prova, vai trabalhar e trabalhar muito. E esta é a grande proeza: ainda na saída, vocês conseguiram construir a sucessão, também trazendo gente do mesmo peso, do mesmo jeito, do mesmo caráter e, principalmente, com a mesma honra. Foi um prazer ter convivido aqui, esse período inteiro, com essa pessoa maravilhosa que o Piauí emprestou ao Brasil.

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (Bloco União e Força/PTB - PI) - Eu que agradeço, Senador Walter Pinheiro, por ter conquistado mais essa amizade, desse amigo no Senado Federal.

            Eu quero agradecer, Senador Jorge Viana, pela compreensão. Sei que a Ordem do Dia hoje está corrida, em função do Congresso Nacional, mas eu queria aqui finalizar, e finalizar um pouco de uma maneira diferente, Senador Humberto Costa.

            Faz parte do folclore. Quando eu vim para o Senado, Senador Paim, disseram-me, quando fui eleito: “Olha, das Casas Legislativas, você vai para o céu, ou até melhor do que o céu.” São tantos os autores dessa frase, Senador Casildo Maldaner, que se coloca, às vezes, para o Dinarte Mariz, do Rio Grande do Norte, e outros políticos. Mas eu vi muitos desafios.

            Não sei se vim para o céu, mas eu quero agora usar as palavras do poeta maior do Piauí, o Da Costa e Silva, que diz o seguinte, quando ele ressalta a cidade dele, Amarante: “A minha terra é um céu, se há um céu sobre a terra.”

            Se eu vim, não sei, mas que eu volto para o céu, que é o céu do Piauí, a minha verdadeira terra.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/12/2014 - Página 245