Pronunciamento de Ana Amélia em 05/02/2015
Comunicação inadiável durante a 3ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Preocupação com a crise de credibilidade das instituições públicas brasileiras; e outros assuntos.
- Autor
- Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
- Nome completo: Ana Amélia de Lemos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Comunicação inadiável
- Resumo por assunto
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ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
- Preocupação com a crise de credibilidade das instituições públicas brasileiras; e outros assuntos.
- Aparteantes
- Gladson Cameli, José Agripino, Omar Aziz.
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/02/2015 - Página 150
- Assunto
- Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
- Indexação
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- APREENSÃO, CRISE, PRESTIGIO, INSTITUIÇÃO PUBLICA, BRASIL, CRITICA, OCUPAÇÃO, POLITICA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), DEFESA, NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, MODELO, CONTRATAÇÃO, FUNCIONARIOS, EMPRESA ESTATAL.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Cara Senadora Gleisi Hoffmann, caros colegas Senadores e Senadoras, nossos telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado, o Regimento tem que ser obedecido, esse tempo é regimental. Senadora Gleisi Hoffmann, V. Exª está, como determina, cumprindo o Regimento. Mas a Casa, hoje, com tantos temas em relevância na vida do País, eu penso que V. Exª poderia, nessa circunstância, entender que podemos estender um pouco mais, por um ou dois minutos, até porque, ontem, a nossa querida Senadora Vanessa Grazziotin, presidindo a Mesa, deixou-me com um crédito de seis minutos. Não vou cobrar de V. Exª, porque a responsabilidade foi da nossa querida Senadora. Eu estava aguardando que ela falasse mais tempo, porque o tema, com o aparte do nosso Senador Aziz, é um tema que me afeta, não só por ser mulher - e aqui são três mulheres, o senhor é o bendito fruto -, porque nós temos essa compreensão, vivemos. Meu Estado, lamentavelmente, Senadora Gleisi - o Rio Grande do Sul, que é politizado, festejado -, registra um dos piores índices de violência contra a mulher - é muito grave - e, mais ainda, uma violência de pais contra filhos.
Tivemos o caso do menino Bernardo, que o Brasil inteiro viu, que foi assassinado bárbara e friamente pela madrasta com a ajuda de uma cúmplice, uma enfermeira. E, agora, nesta semana, no Município de Bagé, outro crime chocou: a mãe mata uma criança, uma filha de cinco anos, porque ela estava estorvando a relação com o companheiro. Isso é uma tragédia, é uma perda de valores, Senadora Gleisi. V. Exª é de um Estado, o Paraná, onde há uma imigração europeia muito importante - alemães, italianos, poloneses, ucranianos -, que está lá mostrando e preservando esses valores. É trágico o que estamos vivendo hoje em relação a isso.
Mas o que isso, no fundo, está mostrando? Está mostrando que perdemos um pouco o senso de respeito, de respeito à vida, de respeito à relação com as pessoas. Nas pequenas coisas, já esquecemos tudo: de dizer obrigado, com licença, por favor. Essas palavras saíram de nosso vocabulário. E é assim que começam as violências maiores. Eu sou muito simples, observo no cotidiano essas atitudes. Quando a gente quer ultrapassar... Por que o nosso trânsito é tão violento? Temos o melhor código brasileiro e, no entanto, somos o país que mais mata. É de moto, é de carro, é de ônibus, é tudo! Porque nós não respeitamos. É excesso de velocidade, é álcool combinado com direção, e dá essa tragédia.
Acidentes estão superlotando, especialmente de moto, Senador - o senhor foi governador, é uma pessoa que tem grande experiência -, as UTIs, onerando a Previdência. Jovens, quando não morrem nas motos, ficam com problemas sérios e sequelas graves, cujo tratamento é tão caro que onera. É um problema, hoje, uma epidemia para a saúde pública de nosso País. Nós estamos vivendo esse processo, dessa violência.
Então, foi muito bom a Senadora ter começado a falar, porque tudo está interligado. São os valores que nós perdemos. A vida está valendo muito pouco. Às vezes, a vida vale um par de tênis, porque um jovem adolescente quer um tênis de marca e mata para ter esse tênis de marca. É a perda desses valores, Senador, que acho que está perpassando também pelo campo político, também pelo campo público, pelo setor privado, em todos os níveis.
(Soa a campainha.)
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - Então, eu queria dizer, Senadora, que vim aqui para falar sobre instituição, mas acabei me emocionando, estimulada com o que a Senadora Vanessa trouxe à tribuna. Penso que ela trouxe uma grande contribuição, pelo menos uma reflexão para a gente fazer.
A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. PT - PR) - Verdade.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - Peço a V. Exª só... Vou fazer bem rápido.
A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. PT - PR) - Não se preocupe, Senadora. V. Exª tem mais cinco minutos e quantos minutos precisar para falar a este Plenário.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - Muito obrigada, Senadora.
Em meio à crise que nós estamos vivendo hoje com a nossa querida Petrobras... Eu gosto da Petrobras, eu sou brasileira. A Petrobras é um patrimônio nosso, e nós temos que continuar fortalecendo a Petrobras. Não tenho dúvida de que a Presidente Dilma tem o mesmo sentimento. Todos os Senadores que estão aqui querem isso. Mas o que está acontecendo na Petrobras é um pouco do reflexo dessas questões que a gente acabou de falar, e o que acontece na Petrobras acaba se refletindo sobre a credibilidade das instituições públicas, seja do Poder Executivo, seja do Poder Legislativo, seja do próprio setor privado.
Hoje, apesar de tudo isso, eu mantenho a esperança e tenho o conforto de ver o trabalho que está sendo feito por instituições públicas.
Lá no Paraná, a Justiça Federal, o Juiz Sérgio Moro, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal, todos agindo republicanamente. Essas instituições atuando com espírito público. E não é qualquer empresa que está envolvida nesse escândalo, é a maior e mais importante empresa do País e uma das maiores do mundo. Depois de saneada, Senadora Gleisi, ela vai continuar sendo não só a maior, mas também a de maior credibilidade. Eu acredito nisso. Mas, para isso, é preciso um grande trabalho de saneamento, profundo, na nossa grande Petrobras. São 80 mil trabalhadores, a empresa que mais impacta na economia brasileira, mas ela precisa ser salva. A confiança nessas instituições é o que dá fôlego e ânimo aos que se dedicam à atividade política de modo responsável, ético e propositivo.
Não sei se o Parlamento, o nosso Parlamento, hoje, estará à altura para enfrentar, neste 2015, os grandes desafios que temos que enfrentar.
A sociedade, graças às redes sociais, está ligada em tudo o que acontece nesta Casa, tudo. Senador Gladson, o senhor que está chegando agora, vem da Câmara, com grande experiência, representando o Acre, sabe que a rede social é muito forte e poderosa. Assim, essa rede social aumenta a fiscalização e o olhar dela sobre a Casa, sobre o Senado, sobre a Câmara e sobre as Assembleias Legislativas, o que é extremamente saudável para a democracia e para o nosso trabalho. O aumento dessa fiscalização pelos eleitores sobre o nosso desempenho e o nosso trabalho, através da internet, alimenta a esperança de que, com a pressão de fora, e só com ela, esta Casa possa, pelo menos e minimamente, responder as expectativas da sociedade brasileira. Isso vai acontecer.
Hoje, o jornal Folha de S. Paulo publicou pesquisa internacional feita em 27 países, entre os quais o Brasil, chamada de barômetro de confiança. Esse estudo mostra que o Governo - veja só, o Governo, e aí não é o Governo Federal, são os Governos, é o Governo como ente federal, estadual e municipal - é a instituição menos confiável, menos confiável na percepção dos brasileiros - o Governo. Apenas 37% dos brasileiros confiam nas instituições públicas. Entre as avaliações sobre as empresas estatais - como é o caso da Petrobras -, o descrédito é generalizado.
Nessa crise de credibilidade que vivemos hoje no nosso País, até as empresas brasileiras no exterior estão com suas imagens arranhadas, segundo a mesma pesquisa. Trinta e oito por cento dos entrevistados disseram desconfiar também das empresas privadas nacionais - ou das nossas empresas.
Essa amostragem reflete como é grave a posição do Brasil aqui e lá fora, sobretudo quando avalia o desempenho dos políticos brasileiros, e esse estrago, do ponto de vista dos valores éticos, eu penso e acredito, supera os R$88,6 bilhões, que foi a perda causada pela corrupção na Petrobras. Esse rombo é superior à meta de um superávit primário previsto para este ano, feita pelo Governo, de R$66 bilhões, ou seja, 1,2% de nosso PIB.
Em todos os grandes jornais do mundo, o Brasil, em especial a Petrobras, ocupa lugar de destaque, lamentavelmente do lado negativo. O Financial Times publicou:
O drama corrosivo que assola o Brasil tem aleijado uma das empresas mais importantes da América Latina [para mim, do mundo] e que, antes admirada por sua capacidade tecnológica e enormes descobertas de petróleo, a empresa tornou-se símbolo de corrupção.
O The New York Times diz que "prevaleceu o ceticismo em relação à capacidade da ex-Presidente da estatal Graça Foster lidar com esse escândalo".
O The Washington Post qualificou a atual fase da estatal como "grande escândalo de pagamentos de propina que durou muito tempo".
O El País, da Espanha, afirmou o seguinte: "Gigantesco escândalo de corrupção atinge uma das maiores empresas estatais da América Latina".
Já o francês Le Monde destacou que "a rede de corrupção desviou pelo menos US$ 4 bilhões em dez anos".
Há mais de um ano, repousa nas gavetas do Legislativo brasileiro a Lei Anticorrupção 12.846, de 2013. É preciso que ela saia do papel para assegurar maior vigilância sobre o dinheiro público, tanto na Administração Pública direta quanto na indireta.
Creio firmemente - estou terminando, Senadora Gleisi - que o maior patrimônio que um homem ou uma mulher, que um agente público ou uma agente pública pode ter é a imagem que as pessoas fazem desta figura pública. Poder andar nas ruas de cabeça erguida e olhar olho no olho as pessoas, esse é o patrimônio maior.
Sou responsável pelos meus atos - eu Senadora, pelos meus atos, não pelos dos outros. Não sou juíza de ninguém, de ninguém. Não é esse o meu propósito aqui. Apenas estou manifestando a responsabilidade que cada um individualmente tem e eu em particular.
Sou responsável, portanto, por assumir o compromisso tendo posições que me permitam continuar a andar pelas ruas de Porto Alegre ou de todas as cidades do interior, especialmente da minha querida Lagoa Vermelha - que faz o melhor churrasco do mundo, estão todos convidados a ir lá; e não pude ir, porque estávamos aqui na véspera da escolha para a Mesa do Senado.
Mas, Senador Aziz, com muita honra, concedo o aparte a V. Exª.
O Sr. Omar Aziz (PSD - AM) - Eu que fico honrado em poder participar deste debate com esses dados importantes. Senadora, a Petrobras sempre foi historicamente do povo brasileiro e ninguém tinha o direito de ter feito isso, ninguém tem o direito de fazer isso. Eu fui dirigente estudantil, militante e O Petróleo é Nosso esteve na União Nacional dos Estudantes como uma bandeira forte em uma época de ditadura, na década de 40. Nós conseguimos, a duro custo, chegar a tecnologias avançadas. Mas, veja bem! Aonde nós poderíamos ter chegado se não houvesse esses desvios de recursos que foram feitos? Nós não estamos falando... E agora é impressionante porque ninguém contesta a corrupção dentro da Petrobras. A Presidenta Dilma concorda que há corrupção, a Graça Foster concorda que há corrupção. Não há aquele negócio de ter dizer: Ah! Não tem. Antigamente, havia um problema no ministério, aí aparecia alguém para defender. A partir deste momento, não acredito que a mudança pura e simples da Presidente da Petrobras vai resolver o problema. Não é a Graça Foster, é o comportamento, é a forma como é dirigida a Petrobras hoje culturalmente, em que há distribuição de cargos para pessoas que não têm competência para estar dentro da Petrobras. Aliás, não é só lá. Se V. Exª for levantar o número de cargos comissionados que há neste País, pegar nome a nome e ver a capacidade dessas pessoas para estarem exercendo um cargo, muitas vezes, ganhando mais do que o médico, ganhando mais do que um engenheiro, nós iríamos mudar este País. E quando eu vejo hoje o Brasil esperando essas mudanças... Eu acredito na Presidenta Dilma, eu conheço a Presidenta Dilma e sei que Sua Excelência fará o máximo para fazer essas mudanças. Mas aí, nós políticos temos que dar à Presidenta Dilma um voto. Nenhum partido político pode estar exigindo ministério ou cargos dentro do Governo para colocar pessoas que não tenham capacidade de ajudar o Brasil a sair desta crise neste momento. Se fala muito em crise, o povo brasileiro está entendendo muitas vezes, mas o Governo Federal tem que fazer a sua parte. Nós, políticos, temos que fazer, nós temos que cortar na carne. Nós precisamos economizar na atividade meio para que a atividade fim possa beneficiar o povo brasileiro. Por isso, não é a mudança pura e simples da Presidenta da Petrobras, é a mudança cultural, mudança que se aprofundou e se tornou uma cultura de “quem se dá melhor na Petrobras”. E, com isso, nós chegamos ao fundo do poço, sem o petróleo que esperávamos. Nós a chegamos com a Petrobras ao fundo do poço e, infelizmente, neste fundo do poço não há mais petróleo. Há desvios que hoje poderiam estar ajudando deficientes físicos neste País, poderiam estar ajudando as mulheres que são agredidas neste País, recursos que poderiam ter feito casas, recursos que poderiam estar resolvendo o problema de água em centenas de Municípios, dinheiro que poderia estar resguardando as nossas fronteiras contra a entrada de armamento pesado e drogas no nosso País, e todo mundo faz de conta, e vamos empurrar com a barriga, porque não está acontecendo nada. A senhora vai ver neste Senado uma mudança em relação a isso. Então, Petrobras é uma coisa, o seguinte: todos, sem exceção, concordam que há corrupção. É a primeira vez que acontece isso. Geralmente, acontecia um negócio no Ministério - não é só no Governo da Dilma, em outros governos -, aí vinha um pessoal defendendo; agora ninguém defende. Nós estamos defendendo o patrimônio do povo brasileiro. E uma outra coisa, Senadora, que eu queria colocar: semana passada, eu vi uma propaganda da Petrobras na televisão. A Petrobras não tem moral para colocar uma propaganda na televisão para enganar o povo brasileiro, como enganou anos, fazendo com que as pessoas comprassem...
(Soa a campainha.)
O Sr. Omar Aziz (PSD - AM) - ... ações da Petrobras, achando que a Petrobras era uma empresa sólida, era uma empresa séria, era uma empresa em que não havia ingerência política. Então, eu faço um apelo à Petrobras: retira da televisão essa propaganda, porque é mentirosa essa propaganda, é para enganar mais brasileiros, como enganou esses anos que vieram por aí. Eu quero lhe parabenizar por a senhora trazer um assunto muito... E a Presidenta Dilma conte comigo, conte conosco aqui no Senado, para que a gente faça essas mudanças.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - Senador Omar Aziz, eu poderia terminar com o seu aparte este discurso. O senhor resumiu, com a capacidade política que tem, tudo que está acontecendo.
Eu diria: há o aparelhamento político das instituições sem um critério de competência e profissionalismo e o cidadão vai abastecer hoje no posto e paga um preço abusivo pelo litro da gasolina ou do diesel. Ali ele sente e fica pensando: “O que fizeram com a Petrobras?” É exatamente aí, é nessa hora.
O povo está sentindo no bolso esta crise, e, por isso, nós precisamos trabalhar muito para salvar este patrimônio nacional. Aqueles trabalhadores que usaram, muitos deles, o seu Fundo de Garantia para colocar, a poupança inteira, Senador Omar Aziz, a poupança de anos e anos virou pó. Era para ter uma aposentadoria melhor.
Nós temos que salvar a empresa de qualquer maneira. E sabe qual é a maneira de salvar? Isto que o senhor disse: não pode ser apadrinhamento político. Têm que ser as melhores cabeças, buscar os melhores, os mais preparados, aqui ou no mundo - e temos muitos brasileiros fantásticos e preparados, nem precisa ir buscar lá fora -, mas eu estou dizendo dado o momento que estamos vivendo.
(Soa a campainha.)
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - Eu queria agradecer imensamente o que o senhor disse, porque é muito daquilo que eu também penso.
Com muito prazer também concedo aparte ao meu, não só amigo, mas meu correligionário Gladson Cameli, do Acre.
O Sr. Gladson Cameli (Bloco Democracia Participativa/PP - AC) - Senadora Ana Amélia, é o primeiro aparte que eu faço nesta Casa, pois tomamos posse agora no dia 1º.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - Fico honrada com isso, Senador.
O Sr. Gladson Cameli (Bloco Democracia Participativa/PP - AC) - Certo. Quero me associar a V. Exª e ao Senador Omar Aziz sobre a questão da Petrobras. Realmente é um patrimônio brasileiro de que nós políticos, nós brasileiros temos que cuidar, essa grande empresa que é o Brasil, que é a Petrobras, que nos representa. Mas, Senadora Ana Amélia, eu, como membro do Partido Progressista e Senador da República, empossado dia 1º, o Senador mais jovem desta Casa, quero dizer a V. Exª que sou seu fã...
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - Obrigada.
O Sr. Gladson Cameli (Bloco Democracia Participativa/PP - AC) - ... pela forma como V. Exª conduz a política, pelos seus posicionamentos, pela sua determinação. Eu não poderia deixar de fazer este aparte e elogiá-la por sua competência também à frente da Presidência da nossa Fundação Milton Campos. Então, parabéns a V. Exª! Tenha certeza de que juntos nós vamos contribuir com o povo brasileiro.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - Muito obrigada, Senador Gladson Cameli, que vem do Acre, da Câmara, agora para o Senado, para emprestar o seu talento a essas mudanças.
Eu queria finalizar sobre o que Senador Omar Aziz falou sobre a questão da profissionalização, da necessária e urgente profissionalização nos setores públicos, e não da, digamos, ocupação política ou do uso das empresas como instrumento político de poder, exclusivamente para isso.
O jornal Correio Braziliense hoje, num primoroso editorial...
(Soa a campainha.)
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - ... diz o seguinte:
A escolha dos futuros dirigentes e conselheiros deve ser pautada por critérios técnicos e valores que reconduzam a empresa ao status que desfrutava antes da Operação Lava-Jato no cenário nacional e internacional. Aos 61 anos [jovem], a companhia é um dos maiores patrimônios do país, resultado da luta popular.
Tem papel relevante na economia e nas políticas sociais. Dela dependem não somente os funcionários [mais de 80 mil], mas um pool de empresas, cujas atividades e resultados estão interligados pelo ouro negro e por subprodutos. Os futuros dirigentes não podem ser resultado de acordos entre amigos.
É essa a manifestação que eu faço.
Para terminar, Senador José Agripino...
(Soa a campainha.)
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - ... grande figura, por quem eu tenho grande respeito. É com muita honra que concedo este aparte ao senhor.
O Sr. José Agripino (Bloco Oposição/DEM - RN) - Senadora Ana Amélia, inicialmente, cumprimentos pelo registro que V. Exª faz do seu posicionamento diante da crise que atravessa a Petrobras. Na verdade, a Petrobras é um dos patrimônios do Brasil, do Governo e dos brasileiros, porque ela é propriedade do Estado brasileiro e propriedade de milhões de brasileiros, inclusive, de trabalhadores brasileiros que foram instados a comprar ações com o Fundo de Garantia para capitalizar uma empresa que - repito - é patrimônio do povo do Brasil e que, na verdade, opera a política de combustíveis. Ela tem o monopólio da importação, da exportação de petróleo, e de refino para a produção de gasolina, de óleo diesel, dos combustíveis, enfim. E V. Exª faz uma apreciação sobre a débâcle de uma empresa da joia da coroa. O que aconteceu com a Petrobras? A Petrobras, num dado momento, passou a ser... Em função daquilo que o Presidente Lula instalou como política da Petrobras: “Vamos fazer as plataformas, no Brasil, porque vai gerar emprego.” O.k., é um pensamento, é um pensamento, pode gerar emprego. E faz a plataforma muito mais cara do que se comprasse, diminuindo o poder de competitividade da joia da coroa, mas tem a compensação de gerar empregos, teoricamente. A partir dessa iniciativa e daquelas fotografias multiplicadas, às centenas e aos milhares...
(Soa a campainha.)
O Sr. José Agripino (Bloco Oposição/DEM - RN) -... de Dilma, Ministra, e de Lula, Presidente, ambos vestidos em macacões laranja; ambos com as mãos sujas de petróleo; ambos digitando as mãos nas costas dos macacões, criou-se a ideia de que a Petrobras e o pré-sal - que, lamentavelmente, é um sonho que se está esvaindo - seriam o futuro do Brasil, e que, dali, sairiam os maiores investimentos em custo Brasil. E onde existe dinheiro, existe interessado, existem interesses; e esses interesses geraram uma escalada de corrupção que envergonha o Brasil e que está destruindo a joia da coroa, produzindo coisas que, em qualquer país, derrubaria o governo; em qualquer país, derrubaria o governo. Já imaginou, Senadora Ana Amélia? Eu sou do Rio Grande do Norte e quantas vezes eu fui à Petrobras discutir com Presidentes, com o Sérgio Gabrielli...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. PT - PR) - Só um minutinho, Senador, só para comunicar à Senadora que são 25 minutos já de tribuna...
O Sr. José Agripino (Bloco Oposição/DEM - RN) - Eu já vou terminar.
A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. PT - PR) - ... numa comunicação inadiável, em que nem caberia aparte, mas, como o dia está mais tranquilo... É só para...
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - Eu queria agradecer muito a sua generosidade, Senadora Vanessa... - a Senadora Vanessa estava aqui há pouco -, Senadora Gleisi Hoffmann.
Tenho certeza de que, nas redes sociais, as pessoas que estão acompanhando esta transmissão vão elogiar o seu gesto, porque a senhora permitiu aqui um debate, com diversos partidos...
A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. PT - PR) - Claro.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - ... sobre o mesmo tema, que é de interesse nacional. Então, eu queria tributar essa homenagem à senhora, porque sei que o cidadão brasileiro está nos acompanhando.
Agradeço muito ao Senador. E peço que o senhor conclua a sua manifestação, porque é muito relevante.
O Sr. José Agripino (Bloco Oposição/DEM - RN) - Procurarei ser o mais breve possível, até para que V. Exª possa fazer a sua conclusão. Quantas vezes fui à Petrobras - eu e a Bancada inteira de todos os partidos - para pleitear que a refinaria do Nordeste fosse feita no Rio Grande do Norte, que tinha um bom montante de barris de petróleo em terra, algo de perspectiva no mar e, portanto, uma fonte de suprimento para a produção de derivados de petróleo no nosso território? Criaram expectativas, desmancharam expectativas. Fizeram de uma pequena refinaria em Guamaré uma espécie de compensação ao nosso sonho, e o nosso sonho se dirigiu, primeiro, para Pernambuco e, depois, para o Ceará e para o Maranhão. Maranhão não tem uma gota de petróleo. O Ceará, praticamente nada e produziu aquilo a que o Brasil hoje assiste estarrecido. Foram gastos R$2,7 bilhões em obras...
(Soa a campainha.)
O Sr. José Agripino (Bloco Oposição/DEM - RN) - ... em supostas obras, que estão enterradas, estão declaradas. Aquilo ali está perdido; aquele dinheiro foi para a lata do lixo. Em qualquer país do mundo, uma declaração de governo como essa derrubaria o governo. Só isso! De modo que eu quero, com esses registros, cumprimentar V. Exª e dizer que nós temos pela frente uma arduíssima tarefa, que é a de esclarecer aquilo que aconteceu na Petrobras e corrigir. Não há outro caminho, senão corrigir os rumos com a punição dos culpados, para que o Brasil vire uma democracia que mereça o respeito dos brasileiros e o respeito do mundo. Cumprimentos a V. Exª pelo belo e oportuno pronunciamento que faz nesta tarde de quinta-feira.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - Senador José Agripino, muito obrigada.
V. Exª é do Rio Grande do Norte, onde houve um projeto não executado muito importante de refinaria. Eu sou do outro extremo, do Rio Grande do Sul, onde há um projeto em vigor...
(Soa a campainha.)
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Participativa/PP - RS) - ... muito importante criado pela então Ministra de Minas e Energia, Dilma, que conhece bem o Rio Grande do Sul: o polo naval para a construção de plataformas marítimas, uma obra relevante. Trata-se de uma das obras mais importantes que mudou o perfil econômico de uma região deprimida, que é a metade sul do nosso Estado e o litoral sul.
Pois um polo naval, agora, por conta do escândalo da Petrobras, está paralisado. E isso já está tendo consequências sociais gravíssimas, como o desemprego. Então, são esses os desdobramentos lamentáveis que todo esse rumoroso escândalo está provocando no País e fora do País, com uma imagem negativa das nossas instituições.
Agradeço muito a todos os Senadores que me apartearam e especialmente à Senadora Gleisi Hoffmann, pela generosidade.