Pela Liderança durante a 16ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a greve dos caminhoneiros.

Autor
Blairo Maggi (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Blairo Borges Maggi
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
TRANSPORTE:
  • Preocupação com a greve dos caminhoneiros.
Aparteantes
Flexa Ribeiro, Ivo Cassol, José Medeiros, Lúcia Vânia, Magno Malta, Omar Aziz, Sérgio Petecão.
Publicação
Publicação no DSF de 25/02/2015 - Página 495
Assunto
Outros > TRANSPORTE
Indexação
  • REGISTRO, APREENSÃO, GREVE, MOTORISTA, TRANSPORTE DE CARGA, PREJUIZO, AGROPECUARIA, BALANÇA COMERCIAL, PAIS, APOIO, REIVINDICAÇÃO, REAJUSTE, VALOR, FRETE, ADIAMENTO, PARCELA, PAGAMENTO, FINANCIAMENTO, CAMINHÃO, REDUÇÃO, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), OLEO DIESEL, ENFASE, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), DEFESA, SANÇÃO, LEGISLAÇÃO, REGULAMENTAÇÃO, ESTATUTO, MOTORISTA PROFISSIONAL.

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Wellington Fagundes, meu conterrâneo de cidade, Rondonópolis, também conterrâneo do Estado de Mato Grosso, e, pela primeira vez, se não me engano, presidindo nossa sessão aqui no Senado Federal. Então, quero cumprimentá-lo e dizer, Senador Wellington, que nós, em Mato Grosso, a exemplo de outros Estados da Federação, também ocupamos agora a tribuna, como já passaram por aqui Senadores e Senadores hoje à tarde, para falar sobre o movimento dos caminhoneiros, a greve dos caminhoneiros. Eu não poderia deixar de fazer uma fala hoje nesta sessão da tarde, uma vez que o Estado de Mato Grosso é um dos que mais estão sendo afetados por essa greve e porque lá se iniciou essa greve também. E eu gostaria de fazer uma explanação àqueles que nos ouvem do porquê da greve neste momento.

 Todos nós sabemos que, em qualquer cadeia produtiva, em qualquer negócio que exista no País ou no mundo afora, é necessário e importante que todos os elos dessa cadeia possam se sustentar, possam ganhar dinheiro, possam progredir e ir para frente. Infelizmente, aconteceu que, neste ano, o setor do transporte, dentro desse grande negócio que o Brasil tem que é o agronegócio, e também os transportes gerais de carga no País não tiveram a possibilidade de ter uma remuneração que pagasse seus custos e que desse a esses caminhoneiros a sustentação necessária para permanecerem com seus negócios rodando.

 E por que isso aconteceu? Alguns motivos de dois, três anos atrás nos trouxeram a este momento. O primeiro deles foi que o Governo, para ajudar - e não estava errado naquele momento - a indústria automobilística, a indústria de caminhões, criou um programa chamado PSI e criou, dentro do Finame, uma possibilidade de financiamento de caminhões com juros extremamente interessantes, de 2,5% ao ano, sem nenhum tipo de correção.

 Ora, é claro que os transportadores, as grandes transportadoras e os autônomos, aqueles que precisavam comprar dez caminhões compraram vinte, aquele que não precisava comprar nenhum comprou dois, três. Então, desequilibrou o mercado de fretes também. Foram milhares e milhares de novos caminhões que chegaram ao Estado de Mato Grosso, chegaram ao Brasil, às estradas brasileiras.

 E aí aconteceu um fato de natureza também, de clima. Neste ano, a safra brasileira de grãos sofreu um atraso, porque as chuvas de setembro e de outubro retardaram e os agricultores não puderam plantar a soja e o milho nesse período. Então, o frete, que deveria ter reagido no início de fevereiro, só começa a reagir no final de fevereiro, indo para março.

 Isso deu um desequilíbrio muito grande no setor. O elo da cadeia de transporte acabou esmorecendo e disse: “Olha, eu não posso trabalhar perdendo dinheiro”. E foi avisando as empresas, avisando todo mundo, como deveria ser.

 Infelizmente - infelizmente! -, não se tomaram as atitudes devidas. E aí eu me coloco aqui também na posição de quem tem uma empresa de negócios, de trading, que transporta e movimenta em torno de 12 milhões de toneladas de grãos, não só no Brasil, mas fora do Brasil. Não houve essa compreensão do tempo, do timing - todos sabiam que teria que subir o frete, mas não o momento no qual isso deveria acontecer.

 Em parte de Mato Grosso, esse reajuste já foi feito, por exemplo, no corredor noroeste, para Porto Velho, subindo para aquela região, o movimento já se extinguiu, acabou na sexta-feira e está todo mundo transportando. Mas, no movimento do sul, isso ainda não foi possível - Senador Medeiros, eu já lhe dou um aparte. Não foi possível, porque a coisa fica mais complexa.

 Além da reivindicação de um novo valor de frete, que já se aproximou, já chegou ao nível de que os caminhoneiros precisam, há outras demandas, como, por exemplo, a demanda da redução do ICMS do diesel em Mato Grosso, de 17 para 12. O Senador Pedro Taques, hoje Governador Pedro Taques, já disse: “Olha, eu não tenho como fazer isso”, e eu fui Governador daquele Estado e sei que ele não pode fazer isso neste momento. Então, há um ponto de interrogação nessa questão.

 Outros dois pontos importantes em nível de Governo Federal: primeiro, é a postergação dos pagamentos das prestações dos caminhões, dos Finames, para daqui a um ano - acho perfeitamente possível que o Governo faça isso neste momento; segundo ponto, também em nível nacional, quer-se a sanção integral da nova Lei dos Caminhoneiros, que foi aprovada aqui no Senado Federal, aprovada na Câmara dos Deputados neste ano e que está para sanção da Presidente Dilma, e eles querem que não haja nenhum veto nessa posição.

 Hoje pela manhã, estive reunido com quatro Ministros e mais alguns Senadores que estavam como Líderes e disse que o Governo precisa tratar disso com muita rapidez, com muito tato e com muito jeito, porque é uma coisa muito perigosa o que estamos sofrendo. O desabastecimento de diesel é o primeiro ponto, mas o desabastecimento, na cadeia de alimentação, no supermercado, é real. Daqui a três dias, começa a faltar frango em São Paulo ou em qualquer lugar do Brasil, e vai faltar carne, vai faltar leite, faltar iogurte, faltar tudo, e podemos chegar a uma convulsão social, a uma confusão social.

 O Sr. Sérgio Petecão (Bloco Maioria/PSD - AC) - E qual é a saída?

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - A saída, Senador, é a Presidenta resolver com seus Ministros os dois pontos de pleito nacional; a saída é chamar os grandes transportadores hoje, como os frigoríficos, as empresas de laticínios e as empresas exportadoras, colocar isso numa mesa e dizer o que estou dizendo. Não é possível que um elo da cadeia pague a conta sozinho, e não vai pagar. E me parece que o Governo já está fazendo isso.

 Então, precisamos estar atentos. Já disse lá e vou repetir aqui - parece que o Senador Luiz Henrique já repetiu isso na tribuna -, esse é um assunto que derruba governo; esse é um assunto que complica a vida de governo, porque já estamos numa situação econômica complicada: já se mexeu no bolso do brasileiro na energia, no combustível, na telefonia, assim por diante, e agora se mexe no estômago. Então, a coisa pode se complicar, e não queremos que esse movimento comece a ser utilizado por vias e por meios políticos para atingir outros objetivos.

 A coisa não está muito complicada de resolver, mas precisa ser resolvida, precisa que haja posição. Para tanto, o Governo do Estado de Mato Grosso está fazendo isso, conversando com os transportadores. E a sugestão, então, foi para o Governo central, para que ele chamasse as empresas e todos os interessados, que se coloquem numa mesa, e vamos tentar achar uma solução para desobstruir.

 Mais um detalhe: isso afeta a balança comercial brasileira, porque o grão, a carne, a madeira, as coisas que não foram transportadas, nesta semana, nesses 10 dias, não serão transportadas mais, só no final do ciclo de novo, porque aquilo que não se transportou não se vai transportar. São os mesmos caminhões, as mesmas estradas, os mesmos portos; enfim, o que se perdeu se perdeu. Então, é uma coisa bastante complicada, que precisa da atenção do Governo.

 Ouço o Senador Medeiros, meu colega do Estado de Mato Grosso, e, depois, o Senador Magno Malta.

 O Sr. José Medeiros (Bloco Democracia Participativa/PPS - MT) - Senador Blairo, não era possível esperar outra explanação que não essa de V. Exª. Primeiro, porque V. Exª conhece a cadeia, conhece os problemas tanto de um lado quanto do outro. V. Exª tem a noção do ciclo completo do transporte pelas características da atividade econômica que exerce. V. Exª falou muito bem ao levantar a seriedade desse problema. E mais: quando V. Exª conclama o Governo, para que restabeleça o diálogo, essa é a única saída, na verdade. Eu ouvi por aí conversas no sentido de se colocar a polícia. Esse não é um caso que se resolve com a polícia, esse não é um caso que se resolve com multa. Eu estive reunido com o Superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Estado de Mato Grosso e coloquei para ele: olha, se eu fosse vocês não me meteria nisso. Essa é uma questão de Governo da mais alta periculosidade. Se vocês se mexerem e der errado, vai sobrar para vocês. De fato, temos uma questão que, desde o início - há quase duas semanas esse problema começou -, eu não tenho dúvida de que o Governo sabia, apenas não entendo por que demorou tanto para chegar a essa conclusão. E V. Exª colocou muito bem: se quiser resolver, há saídas, porque é uma questão de mercado que, parece-me, em determinado momento, ela tende a se resolver por si só em alguns pontos. Quanto ao outro ponto, o Governo tem total controle. São as dívidas contraídas, e esse é um ponto que o Governo tem até responsabilidade de resolver, porque, em determinado momento, até se capitalizou politicamente com isso e deu essa abertura para as compras. As pessoas compraram, e agora não estão conseguindo pagar. Então, parece-me até uma questão de justiça que se estenda, que se conceda esse prazo para que as pessoas possam pagar as suas dívidas. Então, não é um problema fácil, mas me parece que, se houver vontade política, vai se resolver. E eu queria chamar atenção para um fato, Senador Blairo Maggi. O senhor colocou muito bem a respeito de que daqui a pouco esse movimento possa ser usado para outros fins. E aí eu queria levantar aqui para notar a responsabilidade que está tendo a oposição brasileira. Em nenhum momento, Senador nenhum aqui desta Casa, ou mesmo Deputado, fez desse problema, que é grave, um cavalo-de-batalha para politizar. Na verdade, todos que subiram a esta tribuna foram no sentido de alertar: “Olha, nós precisamos resolver o problema”. Todo mundo chamando ao diálogo. V. Exª colocou muito bem essa questão. Muito obrigado pelo aparte.

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado, Senador Medeiros, que não é transportador, mas conhece tudo de transporte, porque sempre atuou na vida como um profissional da Polícia Rodoviária Federal, no Estado de Mato Grosso, e conhece a dificuldade dos caminhoneiros, as agruras que esse pessoal passa naquelas belas estradas que nós temos, todas duplicadas, sem buracos, etc. Sonhamos todos os dias - não é, Senador Welligton Fagundes? - para que isso possa acontecer.

 Quero ouvir o Senador Magno Malta neste momento.

 O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Senado Blairo, o Senador Medeiros disse, no início da sua fala, em aparte a V. Exª, que na tribuna não poderia estar a pessoa mais indicada para falar dessa cadeia do que V. Exª, pela própria vivência prática, uma vida dedicada como empresário e que conhece exatamente essa cadeia. V. Exª não é caminhoneiro, mas, por conhecer a cadeia, sabe das dificuldades desde o volante até o asfalto, até a estrada, como V. Exª acabou de colocar. E ninguém precisa ser especialista em nada, para saber das dificuldades dos caminhoneiros do Brasil. Penso que resolver o problema deles agora... Eu digo o problema deles, porque eles é que são os caminhoneiros, mas resolver o problema do Brasil, porque imaginem se eles resolverem de fato parar, porque perder de 1 a 0 ou perder de 10 dá no mesmo, e eles entendem que perder de 1 ou perder de 10 dá no mesmo. O País vai pagar uma conta muito alta. Eu estava ouvindo o Senador Luiz Henrique, quando ele disse: “Eu já vi um Presidente cair por essa questão.” Dizia agora o Senador Medeiros: “Não vi ninguém aqui, nem na outra Casa, politizar essa questão.” Não devemos, porque é uma questão que trata até da mesa da família do caminhoneiro.

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Segurança nacional.

 O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Segurança nacional. Nós não podemos politizar essa questão. Mas, na situação grave em que mergulharam o Brasil, resolver essa demanda não vai nem aumentar a nossa crise nem vai diminuir. Muitas colocações, muitos vieses foram feitos aqui. O Senador Moka, quando estava na tribuna, disse que o Governador do Estado dele está analisando abrir mão de algo de seus impostos. V. Exª acabou de dizer que o nosso Governador, Pedro Taques, disse: “Aqui eu não posso, por conta das dificuldades do Estado”, que V. Exª registra, porque foi Governador e tem conhecimento. Estão discutindo saídas, mas é preciso também chamar as concessionárias. Esse pedágio absurdo que o Brasil tem. Eles, neste momento, precisam dessa contribuição, porque eles têm um lucro absurdo com a movimentação dos caminhoneiros do Brasil. E uma das reclamações é que o caminhoneiro passa com o terceiro eixo levantado, voltando. Entregou a carga, volta, batendo carroceria, na linguagem do meio, levanta o terceiro eixo, mas no pedágio ele é obrigado a pagar três eixos. O Governo precisa chamar, Senador Medeiros, Senadora Lúcia Vânia, as concessionárias. Todos agora precisam dessa contribuição, Senador Blairo, para que esse problema seja debelado. E agora não é correr para resolver os problemas e começar a botar culpa na crise internacional, porque tudo é crise internacional - tudo é crise internacional! É igual a gerente de banco que não quer emprestar dinheiro para alguém: “Volta segunda-feira.” A pessoa volta, ele fala: “Há uma norma do Banco Central.” Não existe nada, é por que ele não quer emprestar mesmo. Então, esse negócio de crise internacional é para justificar aquilo que não se quer fazer ou fugir do problema, e desse problema não dá para fugir. Chegou a um pico de gravidade que está ficando assustador. Quero parabenizar meu Líder, V. Exª, Senador Blairo, pelo conhecimento da matéria, a sensibilidade. V. Exª, que conhece a cadeia, porque está no topo dela, até porque, como empresário, V. Exª é um gerador de honra neste País, porque quem gera emprego, gera honra, de todos nós, nesta Casa, a nossa sensibilidade para debelar um problema que pode causar um dano horroroso a este País, quem sabe irrecuperável, desse dano enorme até a mesa do trabalhador do volante que precisa sustentar os seus filhos. Muito obrigado a V. Exª.

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado, Senador Magno Malta, pelo seu posicionamento, que também é um profundo conhecedor das questões sociais do País, sabe onde a coisa aperta.

 E, como disse anteriormente, numa cadeia, numa corrente, cada elo é importante. Não há elo mais forte ou elo mais fraco; na hora de se romper, rompe-se a cadeia.

 Então, todos nós temos que ter essa compreensão.

 E só para informar V. Exª, Senador Magno: dentro da Lei do Caminhoneiro está prevista - e é quanto a isso que os motoristas não querem que haja veto por parte da Presidente - a questão do eixo levantado. Está dentro desse contexto e é um dos pleitos que estão sendo colocados neste momento.

 Eu ouço o Senador Ivo Cassol com o maior prazer, ex-Governador de Rondônia e Senador por aquele Estado.

 O Sr. Ivo Cassol (Bloco Democracia Participativa/PP - RO. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Blairo Maggi. É sério o momento a que o nosso País e nós, aqui no Senado, estamos assistindo. Eu vi hoje vários colegas debatendo essa situação, essa greve dos caminhoneiros em nível nacional. Fiz um aparte a V. Exª, Senador Blairo Maggi, pela experiência de vida que o senhor teve, e tem, como empreendedor, como um grande estimulador do agronegócio no nosso Brasil e no Mato Grosso e, ao mesmo tempo, pela experiência que eu tenho também, como ex-caminhoneiro que fui. E eu digo para vocês de coração... Eu acompanhei a greve e a manifestação dos caminhoneiros em Rondônia. Quero deixar meu abraço em nome do presidente que comanda a associação de Mato Grosso e Rondônia, aquela região que pega a BR-364, o Marreta, e deixar um abraço para todos os caminhoneiros que fizeram a reivindicação, mas, ao mesmo tempo, tiveram a compreensão do Grupo Maggi, que é a empresa sua e de sua família, que teve a sensibilidade de repassar essa reivindicação - não exatamente da maneira que os caminhoneiros queriam, mas também não de maneira inversa. Mesmo o senhor, Senador Blairo Maggi... Conversei com o senhor uma semana antes do Carnaval. Como nós temos cargos públicos, nossas empresas são comandadas por alguém da família ou por algum presidente ou alguns diretores que fazem parte da empresa. Mesmo assim, eu quero aqui, publicamente, agradecer que o senhor se sensibilizou diante da situação. O senhor esteve na semana passada em Rondônia, visitou o novo porto que vocês estão construindo para poder embarcar toda a produção de soja da região norte do Mato Grosso, que desemboca pelo Estado de Rondônia. Isso vai desafogar o centro da cidade - Jorge Teixeira, onde está o porto hoje, perto da ponte no Rio Madeira -, vai facilitar esse escoamento. Ao mesmo tempo, mesmo o senhor estando na vida política, o senhor conversou com os diretores da empresa e, juntamente com eles, com bom senso, conseguiram com os caminhoneiros chegar a esse entendimento hoje e criar para eles uma nova expectativa. Quando eu falo que fui caminhoneiro, Senador Blairo Maggi, é porque eu fazia Rondônia-São Paulo. Eu carreguei banana em 77, 78 e 79 de Porto Velho a Manaus. Os caminhoneiros tiveram incentivos do Governo Federal para comprar caminhões à vontade, com juros baixos, mas infelizmente o custo de manutenção acaba não cobrindo a demanda existente. Nós temos muitos caminhoneiros Brasil afora que estão me assistindo. Quero mandar um abraço aos meus colegas - eu falo colegas - que têm dificuldade para pagar a prestação do caminhão, que têm dificuldade para dar condições aos seus filhos de poderem estudar. Hoje a manifestação é em nível nacional. Infelizmente estão parando alguns setores de algumas regiões. Portanto, queria só fazer este aparte a V. Exª para parabenizá-lo pela sensibilidade que teve dando início a essa ação. Que outras empresas façam essa corrente para frente nos demais setores do Brasil. Infelizmente há o efeito cascata. O que acontece neste País? Se não fosse esse esquema podre, essa roubalheira que existe dentro da Petrobras, e quem está pagando é o povo brasileiro quando colocam o preço na gasolina... Até ano passado a importação do combustível dava prejuízo, porque o barril do petróleo custava cento e poucos dólares; agora caiu para US$40, US$50, mas continua aumentando para cobrir o rombo que havia. Então, infelizmente, a conta quem acaba pagando somos nós. Portanto, quero deixar o meu abraço e agradecer em nome do povo de Rondônia, agradecer em nome dos caminhoneiros do meu Estado de Rondônia, por V. Exª ter tido a sensibilidade de trabalhar junto com seus familiares, sua empresa, diretores e presidente, e atender em parte a demanda que tem. Sucesso! Que Deus o abençoe! E que os demais empresários do Brasil e o Governo Federal copiem o trabalho que o senhor fez na semana passada e deu certo. Obrigado.

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Obrigado, Senador Ivo Cassol.

 Senadora Lúcia Vânia está com o microfone levantado? Então passo a palavra à Senadora Lúcia Vânia com todo prazer.

 A Srª Lúcia Vânia (Bloco Oposição/PSDB - GO. Sem revisão da oradora.) - Senador Blairo, eu gostaria de cumprimentá-lo, primeiro, por V. Exª colocar a sua experiência a serviço do País, porque nós estamos vivendo, realmente, com essa greve, um momento muito delicado. V. Exª, como disse aqui, com a sua experiência, não só mostra a delicadeza do momento, o que isso pode significar para desaguar numa nova crise no País, mas também apresenta alternativas. Eu acho fundamental que neste momento o Governo ouça o discurso de V. Exª e faça dele um norte para resolver esse problema. Não poderia deixar de parabenizá-lo em nome do meu Estado, o Estado de Goiás, que se sente representado por V. Exª neste momento, porque, assim como Mato Grosso, Goiás também está padecendo com essa greve - aliás, o Brasil inteiro. Portanto, receba os nossos cumprimentos e, sem dúvida nenhuma, a nossa admiração pela aplicação de V. Exª, que coloca a sua sabedoria, a sua vivência, a sua experiência a serviço do nosso País. Muito obrigada.

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado, Senadora Lúcia Vânia. Goiás também está tão ativo quanto os outros Estados - são oito Estados que estão com essas paradas -, e todos com o mesmo objetivo. Muito obrigado por sua participação.

 Concedo a palavra ao Senador Omar Aziz, ex-Governador do Estado do Amazonas.

 O Sr. Omar Aziz (Bloco Maioria/PSD - AM. Sem revisão do orador.) - Senador Blairo Maggi, V. Exª tem uma relação com o nosso Estado muito forte, utiliza bem a hidrovia no Município de Itacoatiara. Aliás, o Município lhe fez uma homenagem neste último final de semana, homenagem já feita lá atrás, como cidadão da cidade de Itacoatiara - V. Exª mantém um importante porto para o escoamento de grãos por aquela hidrovia. Eu falei ainda há pouco sobre essa questão - pedi um aparte ao Senador Luiz Henrique - e dizia que nos últimos 10 anos, 12 anos - nem o Presidente Lula nos 8 anos, nem a Presidenta Dilma nos 4 primeiros anos -, não se enfrentou uma greve que mexesse com uma cadeia produtiva toda. Nós tivemos greves de servidores públicos na área federal, professores nas universidades, Correios, setores que pontualmente prejudicavam uma área, mas o prejuízo final não era do porte que se observa agora. Inúmeros pequenos produtores estão apreensivos neste momento porque podem perder tudo do dia para a noite. Veja bem, nós não estamos falando de grandes produtores não, nós estamos falando de pequenos produtores cuja produção cabe dentro de um caminhão, produtores que saíram para escoar a produção e estão desesperados porque o ano todo deles pode ser perdido. Nós não estamos falando naquele homem que plantou milhares de hectares de grãos, tem um pasto enorme, nós estamos falando do pequeno também, que saiu com a sua produção para levar para outro Estado ou para outro Município e pode perder tudo. O prejuízo dele não tem como depois ser compensado. Eu, pessoalmente, sou contrário a qualquer tipo de movimento grevista que chegue a um extremo, como esse chegou, mas nós temos um problema. Há pouco o Senador Luiz Henrique disse que, juntamente com o Senador Jorge Viana, foi ao Ministério da Justiça conversar com o Ministro Cardozo. Acho que é o momento de levarmos isso mais a sério. Tinha que ser criado um comitê de crise imediatamente para resolver esse problema, que vai afetar uma cadeia produtiva no Brasil. Em Minas Gerais, a Fiat está parada; em Santa Catarina, há o problema dos suínos; em Mato Grosso, não há escoamento da produção de grãos. Você pega alguns tipos de componentes das indústrias que não estão chegando, você pega insumos que não estão chegando à agroindústria...

(Soa a campainha.)

 O Sr. Omar Aziz (Bloco Maioria/PSD - AM) - ...e você pega o produtor que leva diretamente o seu produto - ele tem o próprio caminhão, ele mesmo transporta o produto dele, não é um grande produtor, esse é o pequeno produtor, o médio produtor que faz o mesmo trabalho. Se houve erros... “Ah, facilitou a compra de novos veículos, de novos caminhões”... E o cara acreditou naquilo, acreditou naquilo. Então, o Governo não pode esperar: 24 horas, para muitos desses produtores, serão cruciais, terão impacto no resto de suas vidas. Por isso, com a experiência que V. Exª tem, de manhã tocar nesse assunto com o Ministro Pepe Vargas e o Ministro Miguel Rosseto... Falou claramente de sua posição sobre essa questão e de sua preocupação com ela. E só corrigir um negócio, Senador, se é que posso dizer que é corrigir: não são só esses oito Estados, é o Brasil todo que vai sofrer, porque lá no Acre não vai chegar, ao Amazonas não vai chegar e, não chegando ao Amazonas, não chega ao Estado de Roraima. São produtos produzidos aqui, na região central, no centro-sul, que precisam chegar às regiões Norte e Nordeste do País - é o caso de muitos produtos que o senhor sabe que chegam. Então, tendo que passar por onde as estradas estão fechadas, esse produto não chegará ao resto do País. O desabastecimento não será somente nesses oito Estados, o desabastecimento também será em outros Estados brasileiros. Então é o Brasil todo que neste momento está angustiado com essa questão. Outra questão que V. Exª levanta é sobre a negociação. A negociação não é tão simples, mas é preciso intervir.

(Soa a campainha.)

 O Sr. Omar Aziz (Bloco Maioria/PSD - AM) - E não acredito, mesmo a Justiça declarando essa greve inconstitucional... Eles não têm de quem cobrar essa multa de R$100 mil por hora. De quem eles vão cobrar? De quem? O sindicato, as pessoas que representam esses caminhoneiros, neste momento, não são vanguardas desse movimento. Esse é um movimento muito mais espontâneo do que liderado por alguém. Era o que tinha a colocar no aparte.

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado, Senador Omar Aziz.

 O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Oposição/PSDB - PA) - Senador Blairo, V. Exª me permite um aparte?

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Já concedo um aparte a V. Exª.

 O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Oposição/PSDB - PA) - Pois não.

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Gostaria de dizer duas coisas aqui antes de conceder o aparte ao Senador Flexa.

 Primeiro, que essa questão de grande ou pequeno produtor não faz muita diferença. Meu avô tinha um ditado que dizia: “Pé grande, sapato grande; pé pequeno, sapato pequeno; mas, na hora em que o calo aperta, dói igualzinho para os dois, não tem diferença nenhuma”. Então, essa questão de grande, pequeno, médio... Todos sofrem igualmente nesses movimentos.

 E V. Exª tem toda razão: quando há oito Estados parados, que são os maiores produtores, o resto do País vai sofrer. Vai sofrer pelo seguinte: o café da manhã daqueles que estão nos ouvindo neste momento, nos assistindo, daqui a dois ou três dias, o almoço, daqui a três dias, está na carroceria de um caminhão. E se ele não chegar ao supermercado, não chegará a sua casa. Então, as consequências desse movimento é que precisam ser olhadas, porque ele vai afetar a vida de todos os brasileiros, seja rico, pobre, classe média. A mercadoria não vai chegar, os preços vão subir e teremos reflexos também na questão inflacionária.

 Ouço o Senador Flexa Ribeiro com todo prazer.

 O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Oposição/PSDB - PA. Sem revisão do orador.) - Senador Blairo Maggi, V. Exª é um empresário reconhecido por sua competência. O Estado do Pará tem em V. Exª um grande colaborador para o desenvolvimento do nosso Estado. E V. Exª conhece, e coloca aqui com propriedade, o problema que a Nação hoje enfrenta. Não sei, Senador Blairo, se a gente pode dizer que o Brasil hoje é uma nau sem controle, desgovernada, ou se é um Titanic a ponto de colidir com um iceberg. Mas não há dúvida de que nós estamos passando por um momento gravíssimo na nossa Nação. Eu fico impressionado de ver que o Executivo... A Presidenta Dilma parece a Alice no país das maravilhas: nada está acontecendo, está tudo funcionando a contento, o Brasil está em desenvolvimento, quando o que nós vemos, ao sairmos às ruas, ao ouvirmos as vozes das ruas, é exatamente o contrário. Essa greve dos caminhoneiros, que, se parou oito Estados, vai parar o Brasil. No Pará, lá no Norte, tenho notícia também de que...

(Soa a campainha.)

 O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Oposição/PSDB - PA) - ... já interromperam as estradas. Então, é uma questão de dias para que comece a população a sentir a falta de produtos básicos para o dia a dia. Mas eu não vejo, lamentavelmente, por parte da Presidente, nenhuma ação. Ainda há pouco, o Senador Omar Aziz disse que o Senador Luiz Henrique com o Senador Jorge Viana foram até o Ministro Cardozo no sentido de haver uma ação proativa para resolver o problema. V. Exª já deu a sua colaboração, já fez o que podia ser feito. Mas é necessário que a Presidenta possa efetivamente assumir o controle dessa nau desgovernada, para que o nosso País não venha a ter dificuldades maiores do que já está tendo. Ainda há pouco, a Senadora Ana Amélia fez um pronunciamento a respeito do que está ocorrendo em países vizinhos ao nosso. Na Venezuela, o Presidente Maduro manda prender um opositor político. E, pelo que a gente ouve aqui no plenário do Senado, a base do Governo vai à tribuna dizer que a Venezuela é uma democracia, que Cuba é uma democracia, que a Bolívia é uma democracia. Quer dizer, democracia que serve de exemplo, lamentavelmente, à Presidenta Dilma, amiga da Presidenta Cristina Kirchner, que está acabando, lamentavelmente, com a Argentina. Parabéns, Senador Blairo Maggi, pela ajuda que V. Exª dá como empresário, gerando emprego para os brasileiros.

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado, Senador Flexa. Só para não faltar com a verdade também dos encaminhamentos, eu tenho que dizer e reconhecer, Senador Flexa, que o Governo hoje está trabalhando, hoje ele está, desde cedo, reunido. Conversei com vários Ministros e há atitudes para amanhã, reuniões marcadas para amanhã, e espero que a gente saia desse impasse o mais rápido possível.

 Concedo agora, para encerrar, o aparte ao Senador Petecão, pelo Estado do Acre.

 O Sr. Sérgio Petecão (Bloco Maioria/PSD - AC) - Senador Maggi, quero parabenizá-lo pelo pronunciamento, um pronunciamento com conhecimento. Quando eu perguntava a V. Exª: “E a saída? Qual é a saída?” Porque, às vezes, muitos Parlamentares usam a tribuna e fazem um discurso bonito, mas não mostram a saída, e V. Exª está dizendo, está dando os caminhos ao Governo, o que é que tem que ser feito. Eu conversava com o Senador Omaz Aziz e aqui com a Senadora Lúcia Vânia e eles expressavam a preocupação. A Senadora Lúcia Vânia, preocupada aqui com Goiás, e eu fico aqui, preocupado com meu Estado. Nós, que importamos quase tudo, praticamente tudo, 90% do que se consome no Acre vai daqui do Sul, do Sudeste, dos grandes centros. Se parar o transporte terrestre, se os caminhões pararem, o nosso Estado será um dos mais prejudicados em nosso País. Um exemplo foi quando a BR-364 fechou por conta daquele transbordamento, das enchentes do rio Madeira.

(Soa a campainha.)

 O Sr. Sérgio Petecão (Bloco Maioria/PSD - AC) - Nós passamos ali uma semana parados porque nós não temos estoque, nós não temos estoque. Se parar o transporte em nosso País, eu tenho certeza de que a nossa situação lá irá se agravar muito porque estamos vivendo uma das maiores enchentes. Brasiléia é um Município que se encontra totalmente devastado pelas águas do rio Acre. O rio Madeira enchendo e, agora, como se não faltasse mais nada, esse problema do transporte. Eu diria que, nós dependemos 90% ou 95% da nossa BR-364 e do transporte terrestre. Então, quero parabenizá-lo pelo pronunciamento e pela preocupação que o senhor traz para todos nós dessa situação que hoje o País vive. Parabéns, Senador.

 O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado, Senador Petecão.

 Para finalizar, aproveitando a questão do Acre, de dizer que vocês não têm estoques, na verdade, ninguém tem estoques hoje. Hoje, o comércio todo e as indústrias funcionam no just in time, que é da mão para a boca. Quer dizer, se a mercadoria não chega hoje, não tem amanhã para vender, e no Brasil inteiro é assim e assim é que funciona esse mercado no Brasil, bem como no mundo inteiro.

 Eu quero, Presidente Wellington Fagundes, agradecer a paciência, a tolerância pelo tempo que se excedeu aqui por várias vezes. Muito obrigado. É um tema importante, e vários colegas tiveram a oportunidade, então, de colocar aqui o seu ponto de vista também, o seu apoiamento e a sua reivindicação, para que o Governo continue mobilizado, como está mobilizado no dia de hoje, fazendo as convocações necessárias das partes interessadas, para tentar resolver esse assunto, como já disse aqui n vezes, que é de extrema gravidade para o País.

 Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/02/2015 - Página 495