Pela Liderança durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Dia do Taquígrafo.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem ao Dia do Taquígrafo.
Aparteantes
Ana Amélia, Cássio Cunha Lima.
Publicação
Publicação no DSF de 06/05/2015 - Página 99
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, TRABALHADOR, TAQUIGRAFIA, COMENTARIO, IMPORTANCIA, NOTAS TAQUIGRAFICAS, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, DEFESA, NECESSIDADE, REGULAMENTAÇÃO, PROFISSÃO, ANUNCIO, DESENVOLVIMENTO, SOFTWARE, AUTORIA, CENTRO DE INFORMATICA E PROCESSAMENTO DE DADOS DO SENADO FEDERAL (PRODASEN), PARCERIA, SECRETARIA, REDAÇÃO, SENADO, OBJETIVO, MELHORIA, GESTÃO, DIFUSÃO, INFORMAÇÃO, POPULAÇÃO.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente, Senador Jorge Viana.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna, neste dia 5 de maio do ano de 2015, dia em que celebramos o Dia do Taquígrafo. 

            Venho aqui para fazer uma singela, porém, profunda homenagem. Aqui temos duas companheiras taquígrafas trabalhando, e eu acabo de visitar a sala dos taquígrafos, que fica aqui embaixo, Sr. Presidente. É uma sala diferente de todas as outras salas do Senado Federal, pois é muito grande, e todos quase que trabalham juntos, mas cada qual no seu trabalho e no seu silêncio, apesar de toda aquela vizinhança.

            Então, é com muita alegria que eu venho fazer esta homenagem. Aliás, homenagem já feita pelo Jornal do Senado, no dia de hoje. Nós temos aqui a capa, que ninguém sabe que é do Jornal do Senado, tampouco sabe ler a chamada principal. Mas aqui está escrito, e eu recorro à cola: “Jornal do Senado. Pauta do dia inclui direitos das domésticas e reforma política.” Aqui consta como essa frase é escrita pela taquigrafia.

            É com muita alegria que, neste momento, eu faço esta homenagem. Muitos estão sentados aqui, na nossa tribuna de honra, e é um prazer tê-los aqui, vocês que são servidores do Senado Federal, colaboradores do processo de desenvolvimento democrático do País.

            Muitos sabem, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que a história da taquigrafia no Brasil se confunde com a história do Parlamento brasileiro, mas não quero aqui fazer essa menção à data e aos taquígrafos pensando no passado; não.

            Embora seja um ofício milenar, eu falo sobre a taquigrafia de hoje, sobre o que ela representa para o processo legislativo, sobre quem se encarrega dos registros taquigráficos e qual é o seu papel no Congresso Nacional.

            Os profissionais desse ofício têm o privilégio de testemunhar em tempo real a construção da história que acontece diariamente no Parlamento. São intérpretes fiéis de cada orador e zelam pela autenticidade do registro de cada fala.

            Talvez tenham uma rotina física, um local de trabalho determinado, mas intelectualmente, não há traço de monotonia em seu cotidiano, do qual faz parte toda a diversidade do que se debate aqui, como os direitos humanos, a responsabilidade fiscal, questões de agricultura, turismo, recursos hídricos e inúmeros outros assuntos.

            O bom taquígrafo tem exímia memória, audição e visão apuradíssimas, grande capacidade de concentração, velocidade sobre-humana de escrita e enorme resiliência para trabalhar sob pressão constante do relógio - afinal, seu trabalho é medido em minutos e, mais do que isso, é medido em segundos!

            Foi uma das primeiras ocupações a exigir que seus postulantes dessem prova de suas habilidades para serem contratados para o serviço público. No ano de 1823, quando a taquigrafia ensaiava timidamente sua entrada no Parlamento, determinou-se que os taquígrafos teriam que se submeter a concurso.

            Paradoxalmente, é profissão que até hoje carece de regulamentação, talvez por isso não tenha sido plenamente acolhida pela academia. É ensinada em algumas escolas, mas pouco estudada nas universidades, apesar do vasto campo de pesquisa linguística que abraça.

            Na verdade, fora da academia também se sabe pouco ou quase nada a respeito da taquigrafia. Muitos pensam, inclusive, que é habilidade do desuso, que logo será substituída por novas tecnologias.

            Quem pensa assim, não sabe que a taquigrafia hoje é muito mais do que um conjunto de profissionais discretos, munidos de papel e lápis, registrando o que acontece no plenário. A taquigrafia hoje é computador, é internet, está on-line em tempo real.

            Vivemos a era da informação, e essa informação precisa chegar às pessoas rapidamente. Tudo o que se discute em plenário, nas comissões, é publicado na internet logo após as reuniões.

            Em minutos, a equipe da Secretaria de Registro e Redação Parlamentar do Senado Federal anota os debates em escrita rápida, transcreve para o português, revisa em duas etapas e publica no Portal da Casa. Pelo computador, qualquer brasileiro, do Oiapoque ao Chuí, pode acompanhar o processo legislativo, através de documentos primorosamente estruturados e de consulta fácil.

            A taquigrafia hoje também é precisão!

            Novas tecnologias de reconhecimento de voz não são capazes de registrar falas simultâneas, de identificar múltiplos oradores, de detectar apartes fora do microfone. Dispõem, até agora, de vocabulário incompleto e limitada capacidade de dar ao texto a apropriada forma e estrutura, livre de repetições desnecessárias, sem frases entrecortadas ou inserções sem nexo.

            Aqui quero abrir parênteses para dizer o seguinte: eu, quando falo e escuto a minha fala, é uma coisa não tão boa como quando leio a fala escrita e reproduzida pela taquigrafia, porque é exatamente essa função, não apenas de reproduzir fielmente o que se diz, a opinião que se expressa, mas de reproduzir da forma correta, sem que haja deturpação ou manipulação do discurso feito.

            Após o apanhamento, transcrição, revisão e montagem, os textos oriundos de notas taquigráficas publicados pelo Senado Federal têm redação perfeita, estão estritamente adequados à devida norma gramatical. Tudo isso sem se afastarem do exato teor dos discursos proferidos - o que acabei de falar...

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - ... alterada minimamente a sua forma para adaptá-la à linguagem escrita.

            Por fim, mas não menos importante, a taquigrafia hoje é símbolo do compromisso desta Casa com a transparência e a democracia!

            Não se pode conceber um Legislativo democrático sem que haja divulgação às pessoas das atividades de seus representantes eleitos. Ao dar a conhecer com exatidão o que se debate e se delibera nas Casas do Congresso Nacional, os taquígrafos e as taquígrafas tornam-se os olhos e ouvidos do povo dentro do Parlamento. E essa publicidade proporciona, inclusive, maior legitimidade ao processo legislativo.

            O fundamental trabalho prestado pela Secretaria de Registro e Redação Parlamentar do Senado Federal é feito por uma equipe, Senador Jorge Viana, de 95 servidores efetivos, dos quais 48 se dedicam ao apanhamento dos discursos - desde a primeira reunião da Casa pela manhã até a última palavra dita em plenário - e 24 se dedicam à revisão do material produzido.

            Em 2014, por exemplo, os taquígrafos se incumbiram da monumental tarefa de transformar 2.400 horas de áudio em textos prontos para publicação. Em 2015, a média tem sido de 11 horas de debates por dia, registrados nas Comissões, nas Comissões Parlamentares de Inquérito, Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito, em audiências públicas e outras reuniões oficiais que acontecem no Congresso Nacional. Às vezes, são seis ou sete eventos simultâneos. E a taquigrafia sempre está representada em todos eles!

            Vanguardista em sua área...

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - ... a Secretaria de Redação Parlamentar do Senado, órgão que congrega os taquígrafos, concebeu um software que foi chamado de Escriba, em iniciativa conjunta com o Prodasen. O programa tem a função de otimizar o compartilhamento e a gestão da informação, apoiando o trabalho de registro taquigráfico e oferecendo diversos recursos de consulta para a população. É um sistema multimídia que disponibiliza na internet os áudios e textos transcritos após cada evento.

            Em breve, dará acesso também aos vídeos gravados no plenário e nas comissões. Por meio do Escriba, será possível fazer o levantamento dos temas discutidos recentemente na Casa, das contribuições de Parlamentares e convidados em cada reunião e até da ocorrência de termos ou expressões durante os debates para se verificar a relevância e a repercussão de cada tema.

            Se algum dia as novas tecnologias...

(Interrupção do som.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Eu já estou concluindo, Presidente Jorge Viana.

            Se algum dia as novas tecnologias superarão o engenho humano na perfeita execução dos registros a que se dedicam os taquígrafos, nós ainda não sabemos.

            No momento, a taquigrafia é o único mecanismo capaz de dar aos brasileiros, com a devida exatidão e celeridade, acesso a tudo o que se discute no Congresso Nacional.

            Por toda a informação que chega a nós por meio das notas taquigráficas, pela transparência do processo legislativo alcançada com a divulgação desses registros, pela fidelidade com que o debate parlamentar chega ao público de hoje, quero aqui fazer um agradecimento e um reconhecimento imenso a todos os taquígrafos e taquígrafas do Brasil, representados nas senhoras e nos senhores que aqui estão.

            O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Senadora Vanessa.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Pois não, Senador.

            O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Permita-me um breve aparte, Sr. Presidente, para em nome...

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Senador Cássio, com a permissão do nosso Presidente...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Serei muito breve. Não gostaria de perder a oportunidade de cumprimentar V. Exª pelo pronunciamento e me associar a ele em nome da Liderança do PSD, em respeito a todos os taquígrafos e taquígrafas que aqui se encontram, pelo trabalho indispensável, de fundamental importância que todos realizam. Que todos nós Senadores e Senadoras possamos ter o devido reconhecimento do valor inestimável e insubstituível desse trabalho que muitas vezes é questionado pelas novas tecnologias, mas não haverá tecnologia capaz de nos superar, de superar os humanos, com a nossa capacidade de trabalho e de realização. Portanto, cumprimento V. Exª - prometi ser breve - e saúdo todos os servidores do Senado, com o reconhecimento, o respeito e o aplauso de todos os Senadores, neste caso específico, da nossa Bancado do PSDB nesta Casa.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Eu agradeço a V. Exª e agradeço ao Senador Jorge Viana, que permitiu, neste momento em que uso a palavra como Líder de Partido, como Líder do meu PCdoB, o aparte de V. Exª.

            Se me permitem, Senador Maranhão, Senador Geraldo, Senador Jorge Viana, Senadora Ana Amélia, em nome de todos nós Senadores e Senadoras, que eu possa homenagear essa categoria muito importante, visível que é, mesmo estando em plenário, porque mal olham para a gente - olham rapidamente e desviam o olhar, porque a concentração é no seu trabalho. Então, recebam de todos nós as homenagens e os profundos votos de que possam seguir com essa profissão belíssima, que, como dito, é aparentemente monótona, mas que de monótona não tem absolutamente nada.

            Eu tenho a certeza de que a maior de todas as homenagens, Senadora Ana Amélia - abusando da paciência de nosso Presidente, eu gostaria muito de conceder o aparte a V. Exª -, viria com o reconhecimento e a regulamentação da profissão de taquígrafo. Essa seria a melhor forma de o Parlamento reconhecer esses profissionais. E eu quero me disponibilizar, com todos os meus colegas que aqui estão, para conversarmos com os Líderes partidários, com todos que aqui estão, para que possamos avançar no processo de reconhecimento e regulamentação da profissão dos taquígrafos.

            Presidente, é possível?

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Senadora Ana Amélia.

            A Srª Ana Amélia (Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Eu tenho a certeza de que é, devido à generosidade do Presidente Jorge Viana. Como fez o Senador Cássio Cunha Lima, pelo PSDB, eu queria também, em nome do Partido Progressista, apresentar e endossar integralmente a manifestação de V. Exª para homenagear essa categoria que, silenciosamente, faz um trabalho indispensável à nossa função legislativa e a todas as outras funções. No registro de uma ata de uma grande empresa, por exemplo, ali está um secretário, que é, sobretudo, um taquígrafo, com a qualidade exemplar de nada deixar passar. Por isso, às vezes, eu tenho o cuidado de falar com clareza, porque imagino que, por melhor que seja o ouvido do taquígrafo ou da taquígrafa, em geral, homens e mulheres, ainda assim, sofrem para compreender a grafia de nomes ou palavras que nem sempre são compreensíveis a todos eles. Então, eu queria me associar à manifestação de V. Exª, Senadora Vanessa Grazziotin, pela justa e oportuna homenagem que faz aos profissionais, homens e mulheres, que cuidam desse ato e desse gesto que são fundamentais para escrever não apenas a história do Congresso, mas a própria história do nosso País. Parabéns, Senadora Vanessa Grazziotin.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Muito obrigada, Senadora, pelo aparte que, sem dúvida alguma, está sendo recebido de forma calorosa por todos esses profissionais.

            Eu concluo voltando aqui ao jornal, Senador Jorge Viana. Quando vi o jornal hoje cedo, eu pensei: “Mas escrito em árabe?” Não é, não; está escrito pelos taquígrafos - e só eles entendem isso. Aqui estão todas as palavras fielmente escritas que depois passam a ser transcritas.

            Recebam os nossos cumprimentos e o nosso reconhecimento, com o compromisso de apoiá-los e ajudá-los no que for preciso, no que for necessário, para que essa função, esse exercício, essa profissão seja regulamentada em nosso Brasil. Parabéns a todos e a todas.

            Muito obrigada, Presidente Jorge Viana.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/05/2015 - Página 99