O SR. VALDIR RAUPP (Bloco Maioria/PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Dário Berger, que preside a sessão neste momento. Obrigado, Senador Flexa Ribeiro, por permutar comigo o tempo.

            Sr. Presidente, Sr^as e Srs. Senadores, senhoras e senhores ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, minhas senhoras e meus senhores, às vezes, no decorrer da vida, somos surpreendidos por alguns acontecimentos inesperados. Assim foi, Sr. Presidente, no último domingo, quando a política brasileira e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) perderam dois grandes homens: o ex-Deputado e ex- Ministro da Agricultura do Rio Grande do Sul, Mendes Ribeiro, e o nosso querido Senador Luiz Henrique da Silveira, de Santa Catarina.

            Tanto Mendes quanto Luiz Henrique desempenharam papel fundamental na construção de um País melhor, mais justo e democrático. Portanto, trata-se de duas perdas irreparáveis para o País.

            Foi com muita tristeza que participei do velório e da despedida do amigo e Senador Luiz Henrique, em Joinville. Na ocasião, foi lido um texto, elaborado pela sua assessora de imprensa, Letícia, que representa o pensamento de todos os que com ele conviveram ou trabalharam. Por tratar-se de um belo texto, Sr. Presidente, faço questão de realizar a leitura de parte dele no plenário desta Casa, em homenagem ao Senador Luiz Henrique, à sua família e a todos de seu gabinete.

            Abre aspas:

Perdemos um grande líder, um grande homem, um homem diferente! Às 15h15, o Senador Luiz Henrique da Silveira foi declarado morto pela equipe médica do Hospital Unimed de Joinville. PMDB até a morte, levava o 15 no peito, peito que o traiu nesse domingo em que os corações estão mais acalentados, por ser o Dia das Mães. Depois de vencer 15 eleições, faleceu às 15h15 do dia 10 do mês 5, de 2015, o homem que era uma esperança para a política brasileira e admirado pela maioria esmagadora dos catarinenses, que sempre confiaram nele o seu voto. Homem público há 45 anos de uma trajetória política irretocável. Só quem conviveu de perto com o Senador, trabalhando com ele como Governador, como Deputado, como Prefeito, como Ministro ou como Senador [da República], pode saber que ele era apaixonado pela política, pela política limpa, pela política que faz acontecer para todos, pela possibilidade que o Poder Público o dava de fazer o bem ao maior número de pessoas, pela vontade obcecada de um país melhor, com menos desigualdade, ‘por um Brasil de menos Brasília e mais Brasis’, como dizia sempre. Motivava a nós todos, sem deixar de se preocupar com o pai ou a mãe ou o filho de cada um.

Saúde e família, em primeiro lugar.

Ficava agoniado se por qualquer motivo tivesse que se afastar do trabalho no Senado, na sua luta incansável pelo pacto federativo, pela reforma política, pelo fim da guerra fiscal, entre tantos outros projetos importantes.

Ele era diferente. Escrevia seus próprios discursos e artigos semanais. Era culto, devorava livros, mas era humilde no saber e multiplicava seu conhecimento. Nos ensinava sempre.

Ele era diferente. Cuidava de cada um dos 295 Municípios catarinenses, sem distinção. Todos tinham importância. Todos eles eram essenciais para que Santa Catarina fosse o Estado forte que é.

Ele era diferente. Recebia e conciliava todos os tipos de políticos, de todas as siglas, de Vereadores a Senadores, de Prefeitos à Presidência da República.

Assim como cada um de nós, sua equipe, éramos assim tratados, de maneira igual. Com cobrança, com exigência de trabalho perfeito para que ninguém deixasse de ser atendido em seu gabinete, ou fora dele.

Descentralizador e, ao mesmo tempo, detentor de uma sabedoria e memória invejáveis.

Sem descuidar dos interesses de Santa Catarina, entrou na segunda parte do seu mandato de oito anos com a proposta de se aprofundar cada vez mais nos grandes temas nacionais que levassem às reais mudanças nas estruturas do Brasil [fecha aspas, Sr. Presidente.].

            Esse foi um trecho da fala da Letícia, sua assessora de gabinete, ontem, no velório em Joinville, Santa Catarina.

            Parafraseando Santo Agostinho, o Senador Luiz Henrique não nos deixou. Ele apenas está do outro lado, mas todo o seu legado torna-se exemplo não só para os catarinenses, mas também para todos os brasileiros.

            A sua falta já está sendo sentida nesta Casa, seja nas Comissões ou no plenário, e o eco da sua voz nunca deixará de ser ouvido no túnel do nosso tempo.

            Como falava V. Exª, ainda há pouco, Sr. Presidente, o nome do Senador Luiz Henrique da Silveira não está mais ali, no painel, mas seus ideais, suas propostas, seu trabalho estarão sempre presentes no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados e aqui, no Senado Federal.

            O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Oposição/PSDB - PA) - V. Exª me concede um aparte, Senador Raupp?

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Concedo, com muito prazer, um aparte ao nobre Senador Flexa Ribeiro.

            O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Oposição/PSDB - PA) - Senador Raupp, iria usar da tribuna, como os Senadores que me antecederam, para dizer do pesar pela perda do amigo de todos nós, Senador Luiz Henrique da Silveira. Conversava, há pouco, com o Senador Dário Berger, que preside a sessão, sobre o Senador Luiz Henrique. O testemunho do Senador Dário Berger é exatamente o fato de que, pela convivência que tivemos ao longo dos primeiros quatro anos do seu mandato e agora, nesses meses, só fez aumentar a admiração que todos nós tínhamos por Luiz Henrique. Ele era, como foi dito aqui, um Senador que estava sempre atento e à frente do tempo. Ele foi Relator aqui de dois projetos dificílimos para relatar, para se tentar chegar a um consenso: o Código Florestal, em que ele trabalhou diuturnamente para que pudesse chegar a um texto de consenso, e a mudança dos indexadores das dívidas dos Estados. Esses dois projetos e vários outros tiveram a lavra do Senador Luiz Henrique. Era, sem sombra de dúvida, um homem culto, inteligente, trabalhador pela sua Santa Catarina. Conversava com ele algumas vezes. Há coisa de um mês, ele fez uma viagem à Rússia com o Senador Jorge Viana e o Senador Aloysio Nunes da Silveira.

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Aloysio Nunes Ferreira.

            O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Oposição/PSDB - PA) - Aloysio Nunes Ferreira. E me falava, entusiasmado, da escola de dança Bolshoi que ele trouxe para Santa Catarina, quando era Governador. Dizia-me ele que era a única fora da Rússia que havia em todo o mundo. Lá eram formados bailarinas e bailarinos. Tenho certeza absoluta de que o Brasil perdeu um grande homem, e Santa Catarina, o seu maior líder. E quero aqui me associar a V. Exª, Senador Raupp, como Presidente do PMDB, por essa perda também para o PMDB. Ele, como foi dito aqui, foi fundador do PMDB. Sempre que discordava, ele ia pelo caminho que a sua consciência e o seu conhecimento indicavam. Então, a V. Exª, como Presidente do PMDB, as nossas condolências ao Partido. E, pelo Senador Dário Berger, as nossas condolências à família do Senador Luiz Henrique da Silveira. Vai nos fazer falta olhar para o seu lugar, como V. Exª disse, Senador Dário, e não o encontrar. Mas, com certeza absoluta, ele está com Deus, que dará à sua alma a luz e a paz eterna que ele fez por merecer.

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Obrigado, Senador Flexa Ribeiro. Incorporo o aparte de V. Exª ao nosso pronunciamento.

            V. Exª tem absoluta razão: Luiz Henrique era realmente um homem diferenciado, um homem preparado, que fará muita falta a Santa Catarina, ao Brasil e, sobretudo, ao Senado da República.

            Ele trouxe para cá exemplos importantes de Santa Catarina, como, já foi dito aqui, o do Código Florestal Brasileiro. Ele fez um trabalho na área florestal de Santa Catarina, na área ambiental, e trouxe esse modelo para cá, que deu certo, que foi acatado e implantado aqui, no novo Código Florestal Brasileiro.

            Ele também trouxe o exemplo da divisão do Estado em Secretarias Regionais, que também deu certo e que foi copiado pelo meu Estado. O meu Estado de Rondônia, hoje, tem o mesmo modelo de Santa Catarina, das Secretarias Regionais.

            Também a reindexação das dívidas, o Pacto Federativo, esses e tantos outros projetos foram defendidos por Luiz Henrique, nas comissões e no plenário do Senado Federal.

            Então, encerro, Sr. Presidente, externando os nossos mais profundos sentimentos, em nome do PMDB Nacional, à família de Luiz Henrique e ao povo de Santa Catarina, e que Deus possa estar com ele neste momento.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.