Discurso durante a 182ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do 12º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores; e outros assuntos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CIDADANIA:
  • Registro do 12º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores; e outros assuntos.
TRABALHO:
CONGRESSO NACIONAL:
AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO:
Publicação
Publicação no DSF de 15/10/2015 - Página 62
Assuntos
Outros > CIDADANIA
Outros > TRABALHO
Outros > CONGRESSO NACIONAL
Outros > AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO
Indexação
  • AGRADECIMENTO, GRUPO PARLAMENTAR, DEFESA, VELHICE, DEPUTADO FEDERAL, CONVITE, PARTICIPAÇÃO, SEMINARIO, AMBITO INTERNACIONAL, OBJETIVO, ADAPTAÇÃO, CIDADE, IDOSO.
  • COMEMORAÇÃO, RETIRADA, EMENDA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), OBJETIVO, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA.
  • REGISTRO, ABERTURA, CONGRESSO NACIONAL, CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES (CUT), PARTICIPAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, EX PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, URUGUAI.
  • REGISTRO, VISITA, EMPRESA PRIVADA, VITIVINICULTURA, MUNICIPIO, BENTO GONÇALVES (RS), RIO GRANDE DO SUL (RS), ELOGIO, EMPRESARIO, VIDA PUBLICA.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Jorge Viana, agradeço, em nome do povo gaúcho e naturalmente em nome da Senadora Ana Amélia e do Senador Lasier.

    Ontem, nós três fomos à tribuna e comentamos a triste realidade do Rio Grande. Além do problema financeiro enorme que antecedeu as chuvas, vieram as chuvas, milhares e milhares de gaúchos ficaram desabrigados e estão enfrentando um momento muito difícil.

    A região ali do Caí, por exemplo, onde o meu chefe de gabinete mora, está em situação de desespero.

    Na minha cidade, Canoas, não é diferente. Os Municípios, o Estado e a União se movimentam e, dentro do possível, estamos recebendo apoio, que, claro, esperamos que seja ainda maior.

    Mas, Sr. Presidente, quero fazer três registros e, por fim, falar de um tema que tem tudo a ver também com a economia do Rio Grande.

    Primeiro, eu queria agradecer muito o convite que recebi da Frente Parlamentar Mista do Envelhecimento, através da Deputada Federal Cristiane Brasil, Presidente Nacional do PTB, que me convidou para participar do Seminário Internacional Cidade Amiga do Idoso, a ser realizado amanhã, 15 de outubro de 2015. Portanto. Eu me comprometi a, dentro do possível, passar por lá e falar sobre o Estatuto do Idoso. 

    Quero também registrar, com satisfação, um estudo que recebi e que relata as preocupações de inúmeros advogados trabalhistas em relação ao direito dos trabalhadores. Felizmente, a informação que me chegou ainda ontem, a respeito da Medida Provisória nº 680, é que houve um acordo e eles retiraram aquela emenda. Eu fiquei muito chateado, muitos dizem bravo, mas não é bravo, não, é indignado, pois pretendiam fazer com que o negociado estivesse acima do legislado. E estariam, com isso, rasgando a própria CLT. Felizmente, a situação foi resolvida e a emenda foi retirada.

    Quero fazer um outro registro, Sr. Presidente. Teve início, no dia de ontem, no Palácio das Convenções do Anhembi, na Zona Norte de São Paulo, e vai até sexta-feira, o XII Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores. O tema do evento é: Educação, trabalho e democracia. Caminhar sempre e não aceitar nenhum retrocesso em matéria de direitos dos trabalhadores.

    Estiveram presentes na abertura a Presidente da República, Dilma Rousseff, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-Presidente do Uruguai, José Pepe Mujica. Eu estava convidado, não pude ir devido à atividade aqui no Congresso, mas de pronto cumprimento mais esse evento, nacional e internacional, da Central Única dos Trabalhadores, na sua décima segunda edição.

    Entendo que a CUT e as demais centrais sindicais cumprem um papel fundamental na defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores. E esse congresso, num momento tão importante de crise por que passa o País, vem com muita firmeza.

    O XII Concut recebeu mais de 2,5 mil delegados, praticamente metade homem e metade mulher, do campo e da cidade, além de centenas de entidades, com a participação de 71 países. Eu espero que haja, a partir desse congresso, uma grande mobilização, como é praxe nos congressos das centrais, em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores.

    Por fim, Sr. Presidente, quero falar de algo bom lá do meu Rio Grande, e não apenas da situação difícil por que estamos passando. Eu diria que é com certa dose de alegria, com certeza, pela tristeza do momento, que falo na tribuna, neste momento, sobre o Rio Grande do Sul, em especial a Serra Gaúcha, terra reconhecida pelo Estado e pelo País, e até internacionalmente, como a terra da uva, a terra do vinho, pois tem hoje uma indústria muito forte nessa área.

    Falo aqui, para que fique registrado nos Anais da Casa, Sr. Presidente, da minha visita à Dal Pizzol Vinhos, na localidade de Faria Lemos, interior de Bento Gonçalves.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Mas eu vou interromper.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Pois não.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Eu não posso ficar calado. Senadora Ana Amélia, o Senador Paulo está falando das visitas que fez às vinícolas. E não convida nenhum de nós para ir!

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Está convidado.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - A Senadora Ana Amélia não convida. O Senador Lasier não convida. Todos estão aqui, ninguém almoçou, e V. Exª faz esse discurso.

    Em primeiro lugar, parabéns. Realmente, a produção de vinhos é um orgulho para o Brasil.

    Outro dia, a Senadora Ana Amélia também fez um discurso aqui e eu fiquei muito contente. Estive em Petrolina e lá também vi a produção de vinho no Nordeste. É uma coisa extraordinária a qualidade que já alcançam. V. Exª tem toda razão, pois essa é hoje uma base econômica importante. No agronegócio, é uma área importante.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Importantíssima, fonte geradora de emprego, de uma nova cultura.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Parabéns!

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Sr. Presidente, eu queria lembrar que essa vinícola que visitei em Bento Gonçalves faz parte de mais de um centenário da cidade de Bento. A cidade está completando 125 anos de emancipação política. Bento Gonçalves é a segunda maior cidade da Serra Gaúcha e uma das mais importantes do meu Rio Grande.

    Tive o prazer de conhecer o Sr. Rinaldo Dal Pizzol na ocasião em que fui jurado do concurso de escolha da Rainha da Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul.

    O Sr. Rinaldo é uma das personalidades mais fantásticas que conheci nos últimos anos. Ele é o grande mentor da Dal Pizzol Vinho Finos. Na oportunidade dessa visita, ele me relatou do seu trabalho, particularmente na produção de uva e de vinhos finos, trabalho que é fruto de uma tradição familiar que atravessa gerações e que se perpetuou, passando de pai para filho.

    Falo de um grande empreendimento familiar, tão comum entre a imigração italiana que, neste ano de 2015, completa 140 anos de sua chegada ao Rio Grande do Sul, chegada essa fruto de um pioneiro projeto de reforma agrária lá atrás, feito a partir do loteamento e distribuição de colônias pelo Império brasileiro. Colonização iniciada em 1824 com os povos de origem alemã e italiana, que se firmaram naquela região, uns mais na região da Serra, outros no Vale dos Sinos e o Vale do Caí.

    Mais tarde, em 1875, os Italianos, de forma heroica, desbravaram matas, subiram a Serra Gaúcha e lá se instalarem de forma rudimentar. Naquela época, passaram muitas necessidades. Isso é fato e é real.

    Hoje temos uma pujante região, que, apesar de todas as crises e ciclos econômicos, se mantém como exemplo para todo o País.

    A Dal Pizzol é, na sua essência, um pouco de tudo isso. É tradição familiar, é geração de emprego e renda, é geração de impostos, é fomento do turismo, é cultura.

    Sr. Presidente, Srª e Srs. Senadores, relatar o que vi e ouvi nessa região, numa propriedade familiar de 80 mil metros quadrados...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ... em que o Sr. Rinaldo instalou um centro cultural, que compreende o Ecomuseu, onde os visitantes ficam conhecendo a história do vinho não só na Serra, mas no mundo, história que atravessa milênios, pois, como me disse o Sr. Rinaldo, "o vinho é mais que uma bebida, é um estilo de vida".

    Nas instalações da empresa, pude conferir o pedaço de terra onde estão plantadas, por exemplo, mais de 390 variedades de videiras, vindas de 125 passes, que lá estão catalogadas através de seus nomes científicos.

    É uma verdadeira escola a céu aberto. Grupos de estudantes de todo o Estado e do Brasil vão à região, tendo lá uma visão clara da produção da uva e do vinho.

    Lá estão amigos, estudantes e turistas que vieram...

(Interrupção do som.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ... não só da América Latina, mas de outras partes do mundo. (Fora do microfone.)

    E lá, Sr. Presidente, o visitante pode degustar a consagrada culinária italiana, rica pela sua qualidade gastronômica e que encanta a todos.

    O Sr. Rinaldo é uma figura encantadora. É um mestre, um professor sobre o tema. Ele nos faz lembrar do nosso passado. E relembro isso, Sr. Presidente, com alegria, pois, como menino pobre que eu era, estudante de colégio público, passava as férias nas colônias, levado pelos meus colegas, quando então conheci os parreirais e a forma como as famílias produziam vinho e, consequentemente, plantavam a uva.

    Lá ouvi as lições de quem trabalha com afinco e com amor por aquilo que é seu, mas que tem, sobretudo, uma visão de que faz parte de uma sociedade que sabe da importância que seu empreendimento e que o setor vitivinícola tem como cultura familiar, como economia, como geração de emprego, com fator de fixação do homem no campo e de manutenção das suas tradições culturais.

    Senhoras e senhores, foi inesquecível o que vi e senti lá, seja através do olhar, do olfato ou do paladar, com a degustação dos vinhos, vinhos estes que passam por processos de fabricação milenares, e mesmo atualizados pelas tecnologias do mundo contemporâneo, trazem no seu sabor o gosto de um produto que era destaque na Grécia e na Roma antiga, muito antes da vinda de Cristo, que o consagrou em sua última ceia, como aquilo que ele dizia ser "o Seu Sangue".

    Nobres colegas, na Dal Pizzol fui recebido por representantes do setor vitivinícola, e entre eles destaco o Sr. Carlos Paviani, que durante anos exerceu o cargo de Presidente do Ibravin. Também estavam presentes o Sr. Juliano Perin; DIrceu Scottá, Presidente da Uvibra; Evandro Lovatel, Presidente da Agavi; além da enóloga Simara Troian.

    Ouvi atentamente as demandas deste setor econômico que conheço bem e sei da importância para a região, pois nasci naquele pedaço de terra da Serra Gaúcha e digo, com certeza absoluta, que o que lá é produzido é destaque nacional e internacional pela produção de vinhos espumantes e por que não dizer da própria uva.

    Setor que atravessa ciclos econômicos, crises setoriais, e que, independente da ação de governos ou políticas econômicas muitas vezes equivocadas, enfrenta concorrência muitas vezes desleal...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ... com produtos internacionais de qualidade similar, ou pior, com certeza, ao nosso produto brasileiro.

    Hoje a cultura vitivinícola se enraíza em outras regiões do Brasil, como no interior paulista e, em especial, por que não lembrar, no Vale do Rio São Francisco, no Nordeste do País, com muitos gaúchos que estão lá.

    Ouvindo atentamente as demandas do setor, esboçamos algo que um dia pode ser chamado de produção de vinho numa cultura diferente, que não é só o ato de tomar vinho, é saber tomar o vinho de forma moderada.

    Sr. Presidente, para que possamos juntos traçar uma política que respeite e valorize aqueles que trabalham no setor, que gera emprego, renda, impostos, cultura e conhecimento, é preciso, sim, conhecermos e caminharmos juntos, com o objetivo de respeitar a todos...

(Interrupção do som.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ... Sr. Presidente, tanto a visão do empregado como também do empregador.

    Aos 78 anos - e aqui eu termino, Sr. Presidente -, Rinaldo Dal Pizzol é um empresário experiente e visionário, um homem que tem uma visão de política humanitária. Pego-o como exemplo e poderia aqui citar tantos outros, mas cito-o, pois é uma daquelas raras unanimidades que encontramos ao longo das nossas vidas.

    A empresa de Rinaldo e do seu irmão Antônio trabalha com vinho há treze gerações, sete delas na região do Vêneto, na Itália, e seis no Brasil.

    Rinaldo acredita no turismo como diferenciai econômico e fonte geradora de emprego e renda para muita e muita gente desde os anos de 1970. Sr. Rinaldo é um exemplo de empresário, de ser humano, que faz questão de dizer de uma visão humanista, enfim, de cidadão brasileiro que ama sua terra e sua gente.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Enfim, o Sr. Rinaldo sonha com o dia em que os governos deixem de enxergar o vinho simplesmente como uma bebida, mas o vejam também como um suplemento alimentar, até pela cadeia produtiva do próprio suco de uva.

    É grande o número de pesquisas científicas que comprovam os benefícios que o vinho produz aos seres humanos quando consumido - repito - de forma moderada.

    O vinho é, sem dúvida alguma, um suplemento importante, se consumido de forma moderada.

    Termino, Sr. Presidente, citando o escritor e poeta francês Gautier, que declarou, no século XIX: "O vinho é mais do que vinho: é um patrimônio da humanidade".

    Obrigado, Sr. Presidente. Considere, na íntegra, os meus pronunciamentos.

 

SEGUEM, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTOS DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recebi convite da Frente Parlamentar Mista do Envelhecimento Ativo, através deputada federal Cristiane Brasil, presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) para participar do Seminário Internacional Cidade Amiga do Idoso a ser realizado em 15 de outubro de 2015. Portanto, nesta quinta-feira.

    O seminário vai discutir estratégias necessárias para que o Brasil implemente as mudanças capazes de tornar nossas cidades mais acessíveis à terceira idade e se torne um País amigo do idoso.

    Especialistas internacionais apresentarão as experiências do Programa Cidade amiga do Idoso em diversos países como referências de iniciativa em potencial para reaplicação no Brasil.

    O evento contará com uma palestra, das 10 horas às 12 horas, no auditório Petrônio Portela, no Senado federal e, à tarde, com uma oficina de trabalho sobre o Programa Cidade Amiga do Idoso, no auditório Freitas Nobre, na Câmara dos deputados, das 14 horas às 17 horas.

    Sr. Presidente, aproveito e lembro que Lei Federal 10.741 que criou o Estatuto do Idoso, oriundo de projeto de nossa autoria, está em vigor desde o ano de 2003.

    O Estatuto traz uma série de benefícios para os mais de 30 milhões de idosos do nosso País. Mas, a sua implementação precisa ser ratificada todos os dias.

    É fundamental que os brasileiros se apoderem deste instrumento de cidadania, que cobrem dos governos federal, estadual e municipal a sua aplicação.

    Nos seus 118 artigos estão garantidos direitos à saúde, assistência social, a alimentação, ao transporte, a habitação, de acesso à Justiça, entre outros.

    Era o que tinha a dizer.

 

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, teve início no dia de ontem, no Palácio de Convenções do Anhembi, na zona norte da capital paulista, com termino na próxima sexta-feira, 16, o Décimo Segundo Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CONCUT), que definirá a nova Executiva Nacional e apontará a linha política a ser seguida pela Central nos próximos quatro anos.

    O CONCUT, cujo tema é “Educação, Trabalho e Democracia”, teve na abertura, a presença da presidente da República, Dilma Rousseff, do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do ex-presidente do Uruguai, José Pepe Mujica.

    Por questão de agenda aqui no Congresso Nacional, não pude comparecer. Lembro que em 1983, quando da fundação da CUT, eu era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas (RS), e fui eleito o primeiro secretário nacional da CUT.

    O evento vai consagrar a reeleição de Vagner Freitas à presidência da CUT, já que o atual presidente encabeça uma chapa única e consensual, que permitiu, inclusive o anúncio antecipado da Executiva Nacional da Central.

    O CONCUT traz uma importante novidade, a paridade de gênero.

    Aprovada no Décimo Primeiro CONCUT, a medida faz da CUT a primeira central sindical do mundo a adotar tal prática.

    Dessa forma, dos 44 dirigentes da entidade, haverá uma divisão de 22 homens e 22 mulheres.

    Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o número de mulheres no mercado de trabalho mundial aumentou em 200 milhões na última década.

    Apesar dos avanços no mercado de trabalho brasileiro, há muito o que ser feito.

    É o caso da presença feminina em espaços de poder, que continuam sendo majoritariamente masculinos.

    A CUT, com a adoção da paridade, avança no debate de gênero na sociedade.

    Outra novidade é o novo modelo de organização, que visa ampliar a participação dos trabalhadores nos debates.

    Durante os Congressos estaduais da Central, assembleias de base tiveram um caráter formativo, discutindo o papel do Congresso e da CUT, e também indicando os delegados que participariam do encontro nacional, além dos novos presidentes.

    Os delegados que estão participando do CONCUT ajudarão a definir as resoluções que servirão como referência para construção do caderno-base do CONCUT.

    Sr. Presidente, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) é quinta maior central sindical do mundo.

    O 12º CONCUT está recebendo mais de 2.435 delegados (1.410 homens e 1.015 mulheres) do campo e da cidade, além de 219 dirigentes de sindicatos de 71 países.

    Era o que tinha a dizer.

 

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com muita alegria e emoção que subo a esta tribuna a fim de relatar uma das visitas que fiz neste mês de outubro ao meu querido e amado estado do Rio Grande do Sul, e em especial à serra gaúcha, terra próspera e conhecia nacionalmente pela força empreendedora de seu povo.

    Falo aqui e quero deixar registrado nos anais desta casa, a minha visita à Dal Pizzol Vinhos Finos, na localidade de Faria Lemos, interior de Bento Gonçalves, cidade esta que está completando, 125 anos de emancipação política. Bento Gonçalves é a segunda maior cidade da serra gaúcha, e uma das mais importantes do meu Rio Grande.

    Tive o prazer de conhecer recentemente, o senhor Rinaldo Dal Pizzol na ocasião em que fui jurado do concurso de escolha da Rainha da Festa Nacional da Uva, festa esta que será realizada em fevereiro de 2016, em Caxias do Sul, cidade que nasci e vivi meus primeiros 30 anos de vida.

    O senhor Rinaldo é uma das personalidades mais fantásticas que conheci nos últimos anos.

    Ele é o proprietário da Dal Pizzol Vinho Finos e na oportunidade da minha visita, começou a relatar o seu trabalho com uma particularidade que me impressionou muito.

    Trabalho este, que é fruto de uma tradição familiar que atravessa gerações e se perpetua, passando de pai para filho.

    Falo do empreendimento familiar, tão comum entre a imigração italiana que neste ano de 2015, completa 140 anos de sua chegada ao Rio Grande do Sul.

    Chagada esta, fruto de um pioneiro projeto de reforma agrária, feito a partir do loteamento e distribuição de colônias pelo Império Brasileiro.

    Colonização iniciada no de 1824 com os povos de origem alemã que firmaram residência no Vale dos Sinos e o Vale do Caí.

    Mais tarde, em 1875, os italianos de forma heroica desbravaram matas e subiram a serra gaúcha para lá se instalarem de forma rudimentar.

    Naquela época, passaram muitas necessidades.

    Hoje temos uma pujante região, que apesar de todas as crises e ciclos econômicos, se mantém como exemplo para todo o país.

    A Dal Pizzol é na sua essência um pouco de tudo isso. É tradição familiar, é geração de emprego e renda, é geração de impostos, é fomento do turismo, é cultura.

    Venho aqui senhor presidente, senhoras senadoras e senhores senadores, relatar o que vi e ouvi nesta propriedade familiar de 80 mil metros quadrados, aonde o senhor Rinaldo instalou um centro cultural que compreende um Eco Museu onde os visitantes ficam conhecendo a história do vinho no mundo.

    História essa que atravessa milênios, pois como senhor Rinaldo diz “o vinho é mais que uma bebida, é um estilo de vida!”.

    Nas instalações da sua empresa, pude conferir pedaço de terra onde estão plantadas mais de 390 variedades de videiras, vindas de 125 países e que lá estão catalogadas através de seus nomes científicos.

    É uma verdadeira escola à céu aberto. Grupos de estudantes das escolas da região e de turistas vindos de todo os recantos do Brasil, da América Latina e do mundo visitam estas instalações.

    Lá o visitante pode degustar a consagrada culinária italiana, rica pela sua qualidade gastronômica e que encanta a todos. O senhor Rinaldo é uma figura encantadora.

    Ele nos faz lembrar os nossos avós, os nossos “noninhos” como são chamados os avós na minha serra gaúcha.

    Lá ouvi as lições de quem trabalha com afinco e com amor aquilo que é seu, mas que tem, sobretudo, uma visão de que faz parte de uma sociedade, e que sabe da importância que seu empreendimento e que o setor vitivinícola tem como cultura familiar, como economia, como geração de emprego, com o fator de fixação do homem na terra, e de manutenção das suas tradições culturais.

    Colegas Senadoras e colegas Senadores, é emocionante e inesquecível o que vi e senti, seja através do olhar, do olfato, do paladar da degustação de vinhos finos, vinhos estes que passam por processos de fabricação milenares e que mesmo atualizados pelas tecnologias do mundo contemporâneo, traz no seu sabor, o gosto de um produto que era destaque na Grécia e na Roma antiga, muito antes da vinda do nosso senhor Jesus Cristo que o consagrou em sua última ceia, aquilo que ele dizia ser “o seu sangue”.

    Nobres colegas. Lá na Dal Pizzol fui recebido por representantes do setor vitivinícola, e entre eles destaco o senhor Carlos Paviani que durante anos exerceu o cargo de Presidente do Ibravin - (Instituto Brasileiro do Vinho e hoje é seu diretor executivo.

    Também estavam presentes o senhor Juliano Perin (Presidente da ABE - Associação Brasileira de Enologia); Dirceu Scottá, presidente da UVIBRA - (União Brasileira de Vitivinicultura); Evandro Lovatel, (Presidente da AGAVI - Associação Gaúcha de Vitivinicultores) além da enóloga Simara Troian.

    Ouvi atentamente as demandas deste setor econômico que conheço bem, pois nasci na região que é destaque nacional e internacional pela produção de seus vinhos e espumantes.

    Setor que atravessa ciclos econômicos, crises setoriais, e que independente da ação de governos ou políticas econômicas muitas vezes equivocadas, enfrentam a concorrência muitas vezes desleal com produtos internacionais de qualidade similar ao nosso produto brasileiro.

    Hoje, a cultura vitivinícola se enraíza em outras regiões do Brasil com no interior paulista, e em especial no Vale do Rio São Francisco, no nordeste do país.

    Ouvindo atentamente as demandas do setor, esboçamos algo que um dia pode ser chamado de “bancada do vinho” unindo congressistas que tenham ligações com este setor econômico, para que possamos juntos traçar uma política que respeite e valorize os empresários e trabalhadores deste setor que gera emprego, renda, impostos, enfim, gera cultura e conhecimento.

    Aos 78 anos, Rinaldo Dal Pizzol é um empresário experiente e visionário. Pego ele como exemplo e poderia aqui citar tantos outros, mas cito ele pois uma daquelas raras unanimidades que encontramos ao longo das nossas vidas.

    A empresa de Rinaldo e do seu irmão Antônio, trabalha com vinho há 13 gerações - sete delas na região do Vêneto, na Itália; e seis no Brasil. Seu Rinaldo acredita no turismo como diferencial econômico desde os anos de 1970.

    Seu Rinaldo é um exemplo de empresário, de ser humano, enfim, de cidadão brasileiro que ama sua terra e sua gente.

    Seu Rinaldo sonha com o dia em que os governos deixem de enxergar o vinho como uma simples bebida alcoólica, mas o vejam e tratem como um suplemento alimentar.

    É grande o número de pesquisas científicas que comprovam os benefícios que o vinho produz aos seres humanos quando consumido de forma moderada. O vinho é sem dúvida alguma, um suplemento alimentar.

    Termino aqui meu discurso citando o escritor e poeta francês Gautiê (Galtiê) que declarou no século 19 que “O vinho é mais do quem “vinho”: é um patrimônio da humanidade”.

    Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/10/2015 - Página 62