Comunicação inadiável durante a 46ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o agravamento da crise econômica e o seu impacto no setor produtivo do País, e cobrança de decisão política do Congresso em relação às questões que atingem diretamente a economia nacional e o desenvolvimento do Brasil.

Comemoração pelo Dia Nacional dos Jornalistas, comemorado em 07 de abril.

Autor
Blairo Maggi (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Blairo Borges Maggi
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Considerações sobre o agravamento da crise econômica e o seu impacto no setor produtivo do País, e cobrança de decisão política do Congresso em relação às questões que atingem diretamente a economia nacional e o desenvolvimento do Brasil.
HOMENAGEM:
  • Comemoração pelo Dia Nacional dos Jornalistas, comemorado em 07 de abril.
Aparteantes
Cássio Cunha Lima, Ronaldo Caiado.
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/2016 - Página 15
Assuntos
Outros > ECONOMIA
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • COMENTARIO, AGRAVAÇÃO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, INFLUENCIA, SETOR, PRODUÇÃO, APREENSÃO, AUMENTO, DESEMPREGO, EMPRESA, DECLARAÇÃO, FALENCIA, SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, AUTORIA, CONGRESSO NACIONAL.
  • COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, JORNALISTA.

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Não foi nada, não. Minha permuta foi: a cada minuto que eu fiquei aqui, na tribuna, sem falar, eu fico três podendo falar. Muito obrigado.

    Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores presentes a esta sessão, também os telespectadores e ouvintes da TV e da Rádio Senado, há algum tempo venho alertando para a crise que toma conta do Brasil e que se agravou após o fim das eleições de 2014, quando os números catastróficos do Governo começaram a aparecer.

    A crise vem paralisando a economia, a política, a sociedade, enfim, o País como um todo. Já atingiu quase todo o setor produtivo, devastando os empregos, a renda, o poder de consumo do brasileiro e, consequentemente, a arrecadação de impostos pelo Governo.

    As empresas estão fechando suas portas. Está havendo uma verdadeira corrida à recuperação judicial, para não quebrar as empresas. Os empresários não têm mais como bancar os seus funcionários, as suas despesas e os seus credores. A sociedade está cada dia mais pobre e com mais dificuldades. Chefes de famílias estão perdendo os seus empregos e se veem na perspectiva da volta ao mercado de trabalho e de um futuro incerto.

    Sr. Presidente, outro dia alertei aqui, em plenário, e volto a alertar, para o risco de que, até o final do ano, o Governo não tenha condições de honrar os seus compromissos mais triviais, como o salário dos servidores públicos. Temos casos já vistos, em vários Estados, como o Rio Grande do Sul, o Rio de Janeiro e até mesmo aqui, no Distrito Federal.

    O mais grave é que essa situação não se deve limitar apenas ao Executivo. Os Poderes Legislativo e Judiciário e os órgãos auxiliares também correm o risco de serem atingidos, afinal, quando falta dinheiro, todos têm que pagar a conta e entram em dificuldades. Se não forem tomadas providências urgentes, corremos o risco de vermos os servidores públicos sem receber seus salários no final do mês, os fornecedores do Governo sem receber e os serviços básicos completamente inviabilizados.

    Nobres colegas, Senadoras e Senadores, no setor privado, a situação vem se agravando desde o ano passado. Em uma rápida leitura, nos jornais diários, podemos comprovar que há uma quebradeira geral das empresas, inclusive grandes empresas e multinacionais. Há um ano, os jornais noticiavam o fechamento da Rhodia, fabricante do ramo têxtil, uma unidade em São Paulo. E o resultado imediato foi a demissão dos seus funcionários.

    Na sequência, várias outras empresas têxteis também fecharam as portas, como a TBM e a Santana Têxtil, na cidade de Rondonópolis, a Sergifil, a Tritex, a Fiotex. Enfim, milhares de empregos do setor têxtil foram perdidos. Segundo palavras de pessoas desse setor, abre aspas: "Nunca vi algo igual." - fecha aspas. Na oportunidade, a empresa informou que decidiu concentrar a sua produção na unidade de Santo André, em São Paulo, por causa da queda do consumo de produtos, mas não conseguiu levar mais adiante.

    Outra grande empresa que, há um ano, anunciou a demissão de centenas de trabalhadores e o corte da sua produção no Brasil foi a multinacional norte-americana Alcoa, líder global na produção de alumínio primário, alumínio transformado, assim como a maior mineradora de bauxita e refinadora de alumínio do mundo.

    Na época, a empresa demitiu 650 funcionários na sua unidade em São Luís do Maranhão. Os cortes, na empresa, começaram se registrar, no Brasil, a partir de 2013, com o decréscimo na produção de 34 mil toneladas, na unidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais, e 97 mil toneladas, na unidade de São Luís do Maranhão. Em março de 2014, um novo ajuste levou à redução de 85 mil toneladas, na planta maranhense, e de 62 mil toneladas, na unidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais, levando à paralisação total da produção da planta mineira.

    Em agosto passado, a fábrica de peças de alumínio Amplimatic anunciou a demissão de 57 funcionários e a suspensão das atividades na sua unidade de São José dos Campos. Há cerca de 10 anos, a empresa tinha 450 funcionários e foi reduzindo gradualmente seu quadro até este momento.

    Sr. Presidente, notícias como essas continuaram sendo publicadas ao longo de 2015 e neste ano. Em fevereiro, por exemplo, uma das maiores empresas do Brasil, a Souza Cruz, anunciou o fechamento de parte da sua unidade no Município de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e foram demitidos 190 funcionários. No comunicado, a empresa alegou o excesso de carga tributária cobrado no País, além do contrabando de cigarros que vem do Paraguai.

    Também em fevereiro deste ano, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras enviou um comunicado aos seus funcionários sugerindo uma licença, sem remuneração, por um período que varia de seis meses a dois anos. Além da licença aos seus trabalhadores, a empresa anunciou a devolução de mais de 20 aeronaves ainda neste primeiro semestre de 2016.

    Continuando nessa mesma linha, multinacionais como a Mabe, que fabrica eletrodomésticos, como fogões e geladeiras, teve sua falência decretada, no Brasil, pela Justiça de São Paulo. Desde dezembro do ano passado, a Mabe deixou de produzir peças das suas marcas, como Dako e Continental. Essa situação resultou no atraso do pagamento de mais de 2 mil funcionários.

    Outra multinacional que vem anunciando o fechamento de suas lojas no Brasil é o Walmart, uma gigante americano e o terceiro maior grupo supermercadista do País, anunciou, em janeiro passado, o fechamento de 60 lojas no Brasil. É mais que o dobro do número anunciado em dezembro passado, quando a empresa disse que faria uma reestruturação.

    Senhoras e senhores, os casos citados são apenas alguns dos inúmeros que estão ocorrendo diariamente no País. As empresas pequenas e médias são as que mais sofrem, e os anúncios de falência, fechamento ou redução de funcionários não são publicados nos jornais.

    Sr. Presidente, só para citar, em Cuiabá, uma empresa de construção de torres telefônicas, em 2013 e 2014, tinha mais de 3 mil funcionários. Hoje tem apenas 40 funcionários. As revendas de automóveis e caminhões no Brasil, um terço delas está em grandes dificuldades, 14% do montante das brasileiras fecharam suas portas.

    Então, a situação é grave, e não vemos uma saída em curto prazo. Por isso, é necessário que o Congresso brasileiro tome uma decisão política urgente em relação às questões que estão atingindo diretamente a economia nacional e o desenvolvimento do Brasil.

    O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Senador Blairo, oportunamente conceda-me um aparte?

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Farei isso com o maior prazer.

    Já disse e repito: não podemos deixar o País sangrar meses a fio, porque isso trará consequências desastrosas, amplas e, quiçá, irremediáveis para o Brasil.

    É preciso que tomemos as rédeas da situação e coloquemos um ponto final nessa crise, para o bem do desenvolvimento, da economia, da política, da população e também da democracia brasileira.

    Concedo um aparte ao Senador Cássio.

    O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Senador Blairo, é para felicitá-lo pelo pronunciamento. V. Exª é um dos Senadores que tem uma atuação extremamente destacada nesta Casa, não apenas por sua experiência na vida pública como ex-Governador do seu Estado, como também empresário bem-sucedido. E ter sucesso empresarial no Brasil não é algo fácil, pela realidade que todos nós conhecemos. V. Exª traz toda essa preocupação com o quadro de desemprego, porque V. Exª, em outras palavras, fala de desemprego...

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Isso mesmo. É do pai que perdeu o emprego.

    O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - ... das famílias que estão vivendo dias extremamente difíceis, com desesperança, com desalento. Outras tantas - e são milhões - estão com medo de perder os empregos, porque infelizmente a crise se agrava a cada dia, a cada instante. Com a permissão de V. Exª, além dessa palavra de preocupação com o quadro gravíssimo de desemprego - e no fundo há também uma expressão de solidariedade da parte de V. Exª em relação a esses brasileiros -, permita-me incluir outra grave preocupação. Acho que o Brasil vive dois momentos de profunda gravidade, afora outros tantos, mas quero destacar, enaltecer e dar ênfase à questão do desemprego e do quadro da saúde pública do Brasil. Não sei se no Mato Grosso, Estado que V. Exª representa aqui com tanta competência, ao lado do Senador José Medeiros, ao lado Senador Wellington Fagundes - são os três representantes do Mato Grosso -, estamos verificando o surto de dengue, de zika e de chikungunya que constato no meu Estado, a Paraíba. Isso se dá não apenas nos Estados do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste. São Paulo está enfrentando um surto, uma epidemia de H1N1, com mortes. Estamos falando, Senador Blairo, de mortes, de óbitos. As pessoas estão morrendo à míngua, porque o Governo Federal, paralisado que está, incompetente que é, não consegue sequer providenciar um fumacê para minimizar o drama de milhões e milhões de brasileiros. As pessoas estão morrendo. Vi hoje, pela internet, imagens dos hospitais de Belo Horizonte superlotados também com a epidemia de dengue na capital mineira. Nunca se registraram tantos...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - ...casos dessas doenças como nos dias atuais. Então, que possamos fazer um apelo ao Governo Federal e, no caso específico da Paraíba, um apelo ao Governo do Estado, para que socorram essas populações. As populações precisam ser acolhidas, porque elas sofrem, elas estão penalizadas pela dor. São doenças que castigam muito o ser humano, as pessoas ficam imobilizadas no leito de uma cama, precisando de um cuidador, de um tratador, de alguém da família que possa dar a mínima assistência. O que é mais grave, para concluir este meu aparte, as pessoas estão morrendo, jovens estão morrendo, idosos estão morrendo, crianças estão morrendo. Não estamos falando apenas de estatísticas, pelo amor de Deus! Estamos falando de vidas que estão sendo ceifadas pelo descaso, pela omissão, pelo descompromisso, pela incompetência...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - ...pelo caos em que o Brasil vive e que assombra a população por inteiro com o desemprego e com todas essas epidemias. Agradeço o aparte que pude fazer ao discurso de V. Exª. Peço desculpas por introduzir mais outro drama de grande proporção, de imensa gravidade, no pronunciamento de V. Exª, no qual, como Líder do PSDB, manifesto minha preocupação e minha solidariedade a essas famílias que sofrem com o desemprego e a tantas outras que estão sofrendo com o abandono e com a desassistência diante desse surto, dessa epidemia de dengue, de zika, de chikungunya, que já atingiu milhões e milhões de brasileiros.

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado, Senador Cássio.

    Peço à Mesa que incorpore suas observações no meu discurso.

    O Sr. Ronaldo Caiado (Bloco Oposição/DEM - GO) - Peço-lhe só 30 segundos.

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Pois não, Senador Caiado.

    O Sr. Ronaldo Caiado (Bloco Oposição/DEM - GO) - Senador Blairo, quero me solidarizar com V. Exª, com esse mapa que V. Exª acaba de descrever aqui. É uma situação catastrófica, uma radiografia da total desestruturação do País. Realmente, isso aí é um desmonte que vamos demorar muitos anos para tentar recompor. As informações que temos hoje é a de que os países também estão aí, de certa maneira, assistindo de camarote a esse desastre que ocorre hoje com o Brasil, um País que está aí, como alguns já escreveram, num processo de liquidação. Só quero acrescer algo à lista de V. Exª. A Votorantim explorou, durante 40 anos, níquel no meu Estado de Goiás, tanto é que há uma cidade no meu Estado chamada Niquelândia, pela riqueza que existe ali. Lá há uma das maiores minas do mundo. Hoje ela desativou 100% das suas atividades no meu Estado de Goiás, e tantas outras mineradoras também estão fechando as portas. As pequenas empresas... Ontem mesmo, um jovem empresário de linhas aéreas do interior, da Sete Táxi Aéreo, também teve de fechar as portas e de vender todas as aeronaves, está num processo de recuperação judicial. Enfim, tudo isso está acontecendo com o grande, o pequeno e o médio empresário. É esse descalabro que V. Exª acaba de citar. Eu o cumprimento pela competência e pelo conhecimento que retrata da realidade do Brasil na tribuna do Senado Federal. Meus cumprimentos pela competência com que V. Exª representa seu Estado, que foi muito bem governado por V. Exª!

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado, Senador Caiado, realmente, a crise que vivemos, que vivenciamos, é sem precedentes. O pior é que não sabemos onde ela vai desaguar, quando ela vai terminar. Por isso, as providências o Congresso as precisa tomar urgentemente.

    Sr. Presidente, permita-me falar por mais alguns segundos.

    Hoje é dia do jornalista, e nós aqui somos acompanhados diariamente por jornalistas. Na tribuna, há vários agora. Eu quero cumprimentar todos os jornalistas do Brasil que cobrem também o Senado. Quero ler uma pequena crônica, algumas palavras que um jornalista amigo meu João Pedro Marques, da cidade de Cuiabá, escreveu hoje pela manhã, quando me disse do dia do jornalista. Ele diz algo que é engraçado até. Ele diz assim:

Jornalista não fala, jornalista informa; jornalista não vai a festas, jornalista faz cobertura; jornalista não faz fofocas, jornalista transmite informações; jornalista não para, jornalista faz pausa; jornalista não mente, ele se equivoca; jornalista não chora, ele se emociona; jornalista não some do trabalho, ele fica em off; jornalista não lê, ele busca informações; jornalista não traz novidades, sempre dá furo de reportagem; jornalista não tem amigos, ele tem, sim, contatos; jornalista não briga, faz debates; jornalista não conversa, faz entrevistas; jornalista não faz lanche, ele almoça em horário incomum; jornalista não é chato, mas é crítico; jornalista não tem olheiras, tem marcas de guerra; jornalista não se confunde, perde a pauta; jornalista não se esquece de assinar, ele é anônimo; jornalista não se acha, ele já é reconhecido; jornalista não influencia, faz opinião; jornalista não pensa em trabalho, vive o trabalho; jornalista não é esquecido, é eternizado pela crítica; jornalista não morre, coloca um ponto final. Sem imprensa e sem jornalistas, a verdade e a denúncia não teriam sobrevida na sociedade.

    Parabéns a todos!

    Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/2016 - Página 15