Discurso durante a 104ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à prisão do ex-Ministro Paulo Bernardo e defesa de sua inocência.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Críticas à prisão do ex-Ministro Paulo Bernardo e defesa de sua inocência.
Aparteantes
Fátima Bezerra, Humberto Costa, José Pimentel, Lindbergh Farias, Paulo Rocha, Vanessa Grazziotin, Wellington Fagundes.
Publicação
Publicação no DSF de 28/06/2016 - Página 5
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • CRITICA, PRISÃO, EX MINISTRO DE ESTADO, PAULO BERNARDO, DEFESA, INOCENCIA, QUESTIONAMENTO, PRISÃO PREVENTIVA, FALTA, FUNDAMENTAÇÃO, INEXISTENCIA, PROVA, CRITERIO SELETIVO, DECISÃO, AGRADECIMENTO, APOIO, MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quem nos ouve pela Rádio Senado, quem nos assiste pela TV Senado, nós vivemos momentos difíceis para a democracia e para a política no Brasil. É um teste sem precedentes na nossa história, que vai experimentar a força de nossas instituições e a maturidade política do povo brasileiro.

    Faço política desde a adolescência. Acredito nela como instrumento de transformação. Foram as ideias cristãs de igualdade e solidariedade que me impulsionaram na luta pública. Por que um mundo tão desigual? Por que tantas diferenças? Um novo mundo é possível. É preciso lutar por ele, é preciso acreditar. E as pessoas com esperança estão sempre na caminhada.

    O PT entrou na minha vida - ou eu entrei na vida dele - em 1989, quando apoiei Lula no segundo turno das eleições. No primeiro turno, eu apoiei o Brizola, para mim, um libertário antes de tudo. A Teologia da Libertação, as Comunidades Eclesiais de Base, a Igreja Progressista, o socialismo como referência, isso tudo tinha a ver com o que eu pensava e a forma como eu queria agir. Pronto. O PT era o Partido no qual eu queria militar. Lá se vão 26 anos de vida partidária. Muitas emoções, muitas conquistas e, com certeza, o ponto alto: as eleições presidenciais de 2002. Uma vitória única que trazia a possibilidade de fazer mudanças concretas na vida do povo. E nós fizemos. Vencer a fome e a miséria; investir na educação; proporcionar empregos; investir em infraestrutura; e reposicionar o Brasil no mercado externo e na geopolítica não é pouco resultado para 14 anos de governo.

    Mas é claro que, com as conquistas, também vieram os erros, os equívocos, muitos dos quais pressionados pelos que desejam a manutenção do status quo, ciosos por não perderem espaço e garantias. As composições políticas, o pragmatismo cotidiano, as apostas erradas, hoje, cobram o seu preço.

    É com muita dor que venho a esta tribuna hoje: dor na alma, dor no coração, dor pelo que aconteceu na última quinta-feira, pelos erros e equívocos na nossa história, pelas injustiças semeadas ao longo do caminho.

    Acredito que todos os que se encontram no plenário e nos acompanham pelas mídias sabem de antemão sobre o que eu vou falar hoje. Nem em pesadelos eu teria sido capaz de supor que estaria aqui, nesta tribuna, para defender meu marido, pai dos meus filhos e meu companheiro de caminhada política, de uma prisão. Prisão injusta, ilegal, sem fatos, sem provas, sem processo. Mas aqui estou para apontar uma injustiça, sentindo na própria pele o que aflige diariamente milhares de pessoas, homens e mulheres atingidos pelo abuso do poder legal e policial. Aqui estou serena e humilde, mas não humilhada.

    A prisão de Paulo Bernardo foi um despropósito do princípio ao fim. Prisão preventiva? Prevenir o quê? Um processo iniciado em meados de 2015, sem nenhuma diligência feita, nenhuma oitiva realizada, mesmo por diversas vezes tendo ele solicitado depor? Que risco oferecia meu companheiro à ordem pública, à instrução processual, à aplicação da lei? Sempre esteve à disposição das autoridades em endereço conhecido. Há mais de dois anos, não ocupa nenhum cargo público. É aposentado pelo Banco do Brasil depois de 38 anos de contribuição previdenciária.

    Conheço Paulo há muitos anos. Sei das suas virtudes e dos seus defeitos. Sei especialmente o que não faria. E não faria uso do dinheiro alheio para benefício próprio. Não admitiria desvio de recursos públicos para sua satisfação ou da família. Tenho certeza de que não participou ou se beneficiou de um esquema como o de que o estão acusando. Ele sabe que eu não o perdoaria; que a sua mãe não o perdoaria.

    O patrimônio que construímos ao longo da nossa vida nem de perto chega ao de que o estão acusando de se ter beneficiado. São dois imóveis adquiridos antes de 2004 e um no qual moramos em Curitiba, adquirido em 2009, financiado junto ao Banco do Brasil em 20 anos. É uma dívida, mais do que um patrimônio, constante das declarações de Imposto de Renda.

    A imprensa noticiou nosso apartamento como uma grande cobertura. O condomínio tem 160 apartamentos, com vários prédios pequenos. O que dizem ser cobertura é o último apartamento, no oitavo andar, um pouco maior que os outros. É confortável, jamais luxuoso.

    A operação montada para busca e apreensão em nossa casa e para a prisão do Paulo foi surreal. Até helicópteros foram usados. Força policial armada. Muitos carros. Para que isso? Chamar a atenção? Demonstração de força? Humilhação?

    Gasto de dinheiro público desnecessário. É isso. Foi uma clara tentativa de humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma que colheu muitos elogios no exercício do seu cargo. É também uma tentativa de abalar emocionalmente o trabalho de um grupo crescente de Senadores e Senadoras que discordam dos argumentos que ora vêm sendo usados para afastar uma Presidenta legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos.

    O que vemos é a mesma e repetida seletividade que vem marcando decisões do Ministério Público e de juízes que promovem carnavais midiáticos contra alguns políticos, ao mesmo tempo em que protegem e retardam decisões de outros sobre os quais há provas mais do que suficientes para uma ação contundente e definitiva.

    Minha indignação é profunda e sincera. Nossa família não mereceu de forma alguma o tratamento recebido de um braço do Estado, do qual fazemos parte e que ajudamos com nosso trabalho, como Senadoras e Senadores, a aperfeiçoar, a tornar mais eficiente, mais justo e mais humano. Cada qual à sua maneira, de acordo com sua cor partidária e com suas próprias ideias, mas sempre em busca do melhor para a nossa gente.

    O endereço particular e o estado civil desta Senadora são conhecidos pela Polícia Federal de Brasília e do Brasil. Todos aqui sabem que meu marido sempre se colocou à disposição da Justiça para responder às falsas acusações que lhe foram feitas. Todos que nos conhecem sabem dos nossos hábitos, do nosso padrão de vida, dos bens que conquistamos após décadas de muito trabalho e dedicação.

    Por essa razão, o cerco policial por terra e ar de nossa casa e a ordem judicial para entrar em nosso apartamento tiveram a clara intenção de constranger não só a mim, mas a todos os moradores, como se a intenção principal fosse mostrar sua onipotência contra cidadãos desarmados.

    Não estou aqui a reclamar o respeito como Parlamentar com mandato popular e prerrogativa de foro, sobre o qual, aliás, já me manifestei contrária - além disso, assinei uma proposta de emenda à Constituição para extingui-lo -, mas o respeito com que qualquer mulher ou homem deve ser tratado por agentes de Estado, principalmente os que exercem a função policial.

    Nas remexidas em minha casa, sequer o computador que meu filho adolescente utiliza em seus trabalhos escolares foi poupado, agora é prova de processo criminal. Eu senti naquele momento todo o mal que pode causar o controle de segmentos do Estado sem limitações. Tentei impedir. Disseram que iriam devolvê-lo no mesmo dia, o que não aconteceu. Foi doloroso olhar para o meu menino naquele momento.

    Buscavam achar dinheiro, cofres, documentos que pudessem nos incriminar? Não acharam nada, nada, o que provavelmente tenha frustrado a operação espetáculo. O terror a que foi submetida minha família não estava presente apenas na entrada de estranhos em nossa casa. O terror continuaria ainda durante boa parte do dia, com Paulo sendo levado de aeroporto em aeroporto, sempre com a presença de câmeras de TV para transmitir ao vivo sua humilhação, a nossa impotência contra a violência, a nossa incapacidade de reação perante decisões meticulosamente anunciadas com o propósito prioritário de proporcionar um espetáculo midiático, sem confirmação de provas ou indícios concretos que deveriam constar dos autos.

    Ao longo de um dia inteiro, eu e meus filhos fomos submetidos a outra tortura, tortura da era moderna: a transmissão ao vivo da prisão de uma pessoa querida contra a qual não existe prova de transgressão. Sim, a tortura atualmente é prender antes, sem provas e só soltar se a pessoa disser algo que seja do interesse dos investigadores.

    Nada incrimina meu marido além de delações que os advogados de defesa desconhecem em sua totalidade e que desconhecemos em quais condições foram ditas. Aliás, delações feitas sob a tutela de um só advogado, Figueiredo Basto, que, atendendo a vários clientes, sempre dá um jeito de fechar as versões que pretende. Nunca é demais lembrar que esse senhor tem militância política e exerceu cargo de confiança no Governo do Paraná. Nada disso pesou para o juiz de primeira instância que ordenou a invasão policial da minha casa.

    Eu pergunto, caros colegas, caras colegas: o que aconteceu com a isenção que se exige da Justiça? Por que humilhar um cidadão pacato e conhecido? Por que pré-condenar em praça pública antes do julgamento? Por que a iniciativa judicial vinda de São Paulo, assinada por um juiz que foi orientando da mesma Advogada de Acusação que assina o pedido de impeachment, priorizou a desmoralização pública por meio do show midiático em todos os meios de comunicação? Por que uma iniciativa judicial visa obter efeitos tão perversos? A quem interessa uma iniciativa como essa? Eu peço que todos reflitam bastante sobre essas perguntas.

    Repito, eu estou aqui serena e humilde, mas não humilhada, para dizer que a inocência de Paulo Bernardo será provada. Eu o conheço, jamais se utilizaria de uma artimanha como essa. Não há contrato do Ministério do Planejamento com a tal Consist nem vínculo do então Ministro do Planejamento com convênio celebrado entre a empresa e a Associação de Bancos. Além disso, o próprio TCU, em acórdão de 2013, afirmou que o acordo com a Associação de Bancos era regular e dispensava licitação.

    Se o Paulo participou de alguma armação criminosa, onde está o seu produto? Para onde foi o dinheiro? Em que foi gasto? Volto a repetir: não temos conta no exterior, quase não viajamos, não somos dados a festas nem badalações. Nosso patrimônio é compatível com os nossos salários. É um crime sem objeto, então?

    Minha luta aqui e agora é pela restauração da dignidade do nome do meu companheiro, duramente atingida pelas precipitações do noticiário. Sei que é uma cruzada difícil, inglória, é contrariar a onda corrente. Ainda não encontrei alívio para a minha dor nem para a dor dos meus filhos, apesar do testemunho de amigos, companheiros, que, mesmo na adversidade, não perdem a fé e ousam falar com coragem, o melhor instrumento de combate que nós temos.

    Eu quero agradecer aqui publicamente à minha Bancada de Senadores e Senadoras, que, na primeira hora, me fez uma linda nota de solidariedade. Muito obrigada. Jamais esquecerei esse ato. Em nome dos Senadores Paulo Rocha, Lindbergh Farias, Fátima Bezerra, Vanessa Grazziotin, que estiveram comigo nas primeiras horas, agradeço a todos os demais que manifestaram solidariedade e apoio, por telefone ou mensagem.

    Agradeço também ao Presidente do Senado, Senador Renan Calheiros, e ao Vice-Presidente, Senador Jorge Viana, pela pronta intervenção junto ao Supremo Tribunal Federal.

    Agradeço as inúmeras manifestações de solidariedade que recebi de companheiros e companheiras, militantes, amigos, conhecidos e pessoas que me acompanham nas redes sociais.

    Há situações e acontecimentos na nossa vida que são tão incompreensíveis, tão violentos e traumáticos que, como descreveu o poeta argentino Jorge Luis Borges, vão ficar acontecendo de forma repetida para sempre. Essa será a marca da prisão do Paulo na minha vida e na vida dos nossos filhos. São acontecimentos cuja natureza é de uma permanência que ultrapassa o tempo. Essa será a sequela que nós vamos carregar para sempre.

    Além de impiedosa e injusta, é uma prisão ilegal, abusiva e desnecessária. O processo é por si uma condenação definitiva, que vale para sempre. Uma sentença irrecorrível. A foto de uma pessoa presa em todos os jornais e TVs, repetidas inúmeras vezes durante dias e dias, não se apaga. A absolvição, quando vier, não terá jamais a mesma força. Nós, os que somos lançados nesse processo, precisaremos ser absolvidos depois, todos os outros dias da nossa vida. Ou desertamos e nos refugiamos no anonimato ou teremos de passar a vida nos defendendo, pedindo sempre a todos nossa nova absolvição. É com essa clara e terrível percepção que enfrento esse julgamento, com a triste certeza de que o processo manchou de modo injusto, definitivo e irrevogável a minha vida pública e a vida do Paulo Bernardo.

    A realidade é que os dados da acusação são ampla e multiplicadamente difundidos, mas a nossa defesa recebe atenção pequena e quase despercebida. Ninguém vê.

    Temos um passado de luta e de dificuldades. Não é do nosso feitio cometer infração de qualquer natureza, nem penal, nem eleitoral, nem fiscal. Nós temos vida de origem modesta. Paulo sempre lutou, estudou com dificuldade, teve de trabalhar cedo para ajudar os pais. Passou no concurso do Banco do Brasil, como V. Exª, Senador Pimentel.

    Não há justiça em um processo como o que estou vivendo ao lado do Paulo Bernardo. Mas, se tivermos apenas um dever com o povo brasileiro será o de considerar, para todos os efeitos práticos, o caráter absoluto da justiça, o seu valor civilizatório absoluto.

    Não é correta nem justificável uma prisão como essa. Não é certo para o Paulo, para o Pedro, para o José, para ninguém. Não é correto, porque esse é um processo sem justiça. Os políticos sabem, por experiência, que tudo tem sempre um propósito. A quem interessa um processo sem justiça?

    Eu acredito no Brasil, na sua capacidade de vencer os desafios, de crescer. Apesar de tudo, o País precisa caminhar com justiça para todos.

    Tenho imenso orgulho de ser política, de ser Senadora da República. Procuro sempre honrar a escolha dos eleitores do meu Estado, do Paraná. Desde pequena, sempre senti grande disposição para a vida pública, mas nunca manifestei apreço pela riqueza ou pela fortuna. Por isso, o fato de ver meu nome associado a uma investigação sobre irregularidades e corrupção é uma ironia cruel, que me causa imensa dor e enorme pesar. Com Paulo Bernardo também ocorre situação semelhante.

    A vida, felizmente, continua tendo encantos. No caminho sempre podemos recolher bondades. Sou eternamente grata aos amigos de ontem que estão comigo. Eles são a luz que não deixa escurecer a vida. Sou grata aos que cruzaram o rio das diferenças e vieram aqui na outra margem me abraçar.

    Finalmente, quero registrar um abraço apertado aos que me desejam força, coragem e justiça. Preciso mesmo de justiça. Muito obrigada aos que se solidarizaram comigo e com todas as pessoas da minha família. Tudo o que tenho a oferecer de volta é a minha amizade. Podem contar comigo hoje e sempre.

    Muito obrigada.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Queremos aparte.

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) - Senadora Gleisi...

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Eu só queria - eu sei que vários colegas, Senadora - primeiro cumprimentá-la, prestar mais uma vez a minha solidariedade...

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - ... e dizer que, de fato, é estranho que um juiz de primeira instância, substituto... De alguma maneira, eu vi a denúncia do jornalista Jânio de Freitas dizendo que ele é orientando da Srª Janaina, que nem conheço, mas é a senhora que apresentou o pedido de impeachment. Ou seja, do ponto de vista escolar, ele é subordinado a ela. É estranho que ele tenha sido a autoridade judicial que determinou a busca e a apreensão na casa de V. Exª e a prisão de muitas pessoas.

    Eu acho que ninguém pode ter dúvidas sobre o apoio que todos nós precisamos emprestar à Justiça do nosso País, ao Ministério Público, no combate à corrupção, independentemente de quem isso afete, mas os abusos não são adequados e devem ser combatidos pela própria Justiça.

    Estranhei, pois não sabia, eu li Jânio de Freitas, um dos mais respeitados e antigos jornalistas da Folha de S.Paulo. Acho que tem outra coisa também, esse espetáculo midiático que nós vimos, helicóptero, um aparato, como se aquilo um dia fosse necessário. Eu, sinceramente, acho que o Ministério da Justiça, os dirigentes da Polícia Federal, uma instituição que merece o respeito de todos nós, deveriam encontrar uma maneira de fazer isso.

    Eu tomo a liberdade, porque - pela ordem, os colegas vão falar - combati o crime organizado quando Governador do Acre.

    Um dia chegaram à Secretária de Segurança do Estado a Srª Salete Maia, minha secretária, o Comandante da Polícia Militar, representantes do Ministério Público e da Justiça Federal dizendo que tinham que prender 50 pessoas ligadas ao crime organizado no Acre, do ponto de vista da Justiça, policiais civis, militares, delegados.

    Chegaram com aquela lista, eu era o Governador e não tomaria a decisão ali. A decisão era da Justiça, mas eu fiz dois pedidos. Primeiro, que eles gastassem mais algumas horas para ver se não cometeriam injustiça com aquele ato tão radical de prisão, de exclusão, mesmo de pessoas suspeitas de crime tão bárbaro: comandar crime organizado. E eles falaram que poderiam fazer uma nova averiguação na lista, se não havia nenhum nome trocado ou alguma injustiça.

    E o segundo pedido: mesmo se tratando de pessoas... Era um processo que se iniciava com periculosidade, eu perguntei se era possível prender policiais civis, militares, que era a maioria da lista, sem criar constrangimento para as suas famílias, sem tirar ninguém da mesa do almoço ou das mãos, dos abraços dos filhos, das mulheres, das mães. E eles falaram que aquilo era possível no outro dia quando voltaram.

    Foi preso um conjunto de pessoas sem nenhum espetáculo, sem nenhuma ação midiática e sem nenhuma ação que levasse a constrangimento jovens, crianças, familiares, pessoas idosas. Lamentavelmente o nosso País hoje, no afã de criar esse espetáculo todo, de fazer algo que todos nós acreditamos, impõe-nos situações difíceis. Estão fazendo isso com pessoas que nem foram julgadas e estão soltando criminosos confessos para poder usufruir dos seus iates, das suas bebidas caríssimas, da sua vida farta dentro e fora do Brasil, porque delataram alguém e agora vão poder usufruir de milhões de reais e de dólares que roubaram, saquearam do povo brasileiro nos últimos anos.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Eu faço esse posicionamento, porque acho que o Brasil pode estar seguindo um caminho muito bom por um lado, de tentar pôr fim à corrupção, mas muito mau pelo outro, de estabelecer algo que pode criar uma ação que danifique gerações inteiras e atinja um País de 200 milhões de brasileiros, que precisam ter, na Justiça, o poder que julga a todos, que trabalha por todos...

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - ... mas sem fazer seletividade, seja de que maneira for.

    Então, acho que o momento que o País atravessa é delicado, é perigoso. Não há quem justifique centenas de policiais com armamento pesado, helicópteros, como se tivessem indo buscar alguém que estava armado com armas pesadas. V. Exª estava com seu marido, Paulo Bernardo, e seus dois filhos, em uma casa, absolutamente indefesos, e chegou um aparato armado, que nós nunca vimos ser usado para enfrentar os traficantes de drogas que tomam conta dos morros no País.

    Essa mesma ação de justiça e de polícia não sobe alguns morros do Rio de Janeiro, que vai sediar o evento mais importante do mundo. Não sobem, porque são territórios dominados pelos bandidos. E lamentavelmente usam esse aparato para prender uma pessoa que se entregaria, caso fosse essa a decisão da Justiça, ou seguiria com um policial desarmado, que fosse, cumprindo à risca certamente a decisão da Justiça.

    Então, aqui a minha solidariedade, Senadora Gleisi Hoffmann. E o Senado Federal - não fui eu, não foi o Presidente Renan - fez um apelo, e esperamos tranquilamente, confiando no Supremo Tribunal Federal. Entramos com uma reclamação no Supremo, defendendo os Senadores e esta instituição, que é a mais antiga do País. Está nas mãos do mais antigo Ministro do Supremo, porque só quem pode determinar - não somos nós, não fomos nós que criamos - busca e apreensão em casa de Parlamentares, de Senadores é o Supremo Tribunal Federal a pedido do Procurador-Geral da República. E nenhuma das duas prerrogativas foi cumprida nesse caso. Então, fica aqui a solidariedade.

    Eu acho que sinceramente o combate à corrupção tem de ser feito, tem de ter o apoio de todos, mas um abuso, como foi o caso, esse espetáculo que deve ter outros propósitos, executado na quinta-feira, tem de ter uma manifestação do Conselho Nacional de Justiça, tem de ter uma manifestação do Conselho Nacional do Ministério Público.

    Essencialmente eu confio que o Supremo Tribunal Federal, com o poder que tem, com a independência que tem, haverá de encontrar uma maneira de dar um basta nos abusos que, mesmo que seja em nome do combate à corrupção, não podem ser aceitos numa sociedade em que prevalece o Estado democrático de direito.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada, Senador.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Eu não sei quais os colegas.

    Senador Pimentel, pela ordem, em seguida. Para ouvirmos todos, espero que não se alonguem como eu.

    Com a palavra V. Exª, Senador Pimentel.

    O Sr. José Pimentel (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) - Senadora Gleisi, inicialmente, eu quero reafirmar a nossa solidariedade, a solidariedade da nossa Bancada, da Bancada de esquerda e daqueles que acreditam na democracia a V. Exª, nossa companheira Gleisi, à sua família e, particularmente, a Paulo Bernardo. Conheço o Paulo desde o final dos anos 70. Nós somos bancários do Banco do Brasil, do mesmo concurso. Portanto, temos uma longa militância. Acredito que V. Exª, no final dos anos 70, se já tivesse nascido, era uma guria, como sempre chamamos. Mas o Paulo tem um pouco a minha idade, ou seja, nós estamos acima de 60 anos de idade. Conheço o Paulo na sua militância sindical, na sua vida profissional e, particularmente, como dirigente partidário. Portanto, é uma pessoa que tem este histórico, a que aqui V. Exª faz referência: vida simples, humilde, muito rigoroso para com ele, ao lado dos seus companheiros, dos seus militantes e sempre vigilante para que não se cometessem equívocos ou erros. Por isso, a única coisa que nos chega à conclusão desse ato midiático é o momento político e são os momentos difíceis por que passa o Estado Nacional. Eu não tenho dúvida de que, ao término de todo esse processo, os fatos virão às claras e deixarão transparente que o Paulo não cometeu nada disso que a ele está sendo atribuído. Infelizmente, quando isso vier, daqui a 10, 12 anos, que é o tempo médio de a nossa Justiça julgar o processo, as pessoas já pagaram essa pena várias vezes, em particular a sua família, os seus dois filhos, a filha e o filho, e, particularmente, V. Exª, com a lisura, com a firmeza e com a transparência com que conduz o seu mandato. Por isso, tenha certeza da solidariedade deste Senador, deste seu amigo, da nossa Bancada, dos democratas, daqueles que defendem um País mais justo, mais fraterno e mais humano. Por isso, a sua ida à tribuna, hoje à tarde, é um momento de dor e de dificuldade, mas necessário para dialogar com a sociedade brasileira. Parabéns pelo seu pronunciamento.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada.

    O Sr. Wellington Fagundes (Bloco Moderador/PR - MT) - Senadora Vanessa, posso falar?

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Pode.

    O Sr. Wellington Fagundes (Bloco Moderador/PR - MT) - Como Líder do PR, em meu nome e em nome do meu Partido, eu também gostaria aqui de transmitir ao povo brasileiro e a V. Exª... Acho que comecei falando Vanessa.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Foi, mas não tem problema.

    O Sr. Wellington Fagundes (Bloco Moderador/PR - MT) - Desculpe-me. Eu fui companheiro do Paulo Bernardo no meu primeiro mandato. Em 1990, fomos eleitos aqui, como Deputado Federal, e depois em 2004. Enfim, acho que tivemos três ou quatro mandatos juntos. Eu tive a felicidade de conviver, como V. Exª falou, com um homem simples, atencioso não só na atividade parlamentar, mas também na sua atividade no Executivo, como Ministro várias vezes. Eu estudei o segundo grau e a universidade em Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. Lá também pude ouvir muitas pessoas falarem sobre o Paulo, o trabalho que ele fez naquela Secretaria de Fazenda, no Governo do Zeca do PT, organizando, fazendo todos os pagamentos, colocando em dia todos os pagamentos daquele governo, daquela secretaria. Portanto, além da competência pessoal, da competência política e do ser humano, que todos reconhecem, eu quero aqui também trazer este testemunho. V. Exª está aqui falando, e vejo um certo amargor, um sentimento. Isso é normal, porque a injustiça é a pior situação. E a pior situação é um processo que se delonga. Sempre tenho dito que uma Justiça demorada é injusta, porque, às vezes, muitos cidadãos que recorreram à Justiça, quando se elucida aquele processo, quando se conclui aquele processo, até já perderam a vida. Mas também quero fazer um testemunho, Senadora: tive oportunidade de conversar com vários Parlamentares aqui, no Parlamento e também lá na Comissão do Impeachment. Não sei se isso vai trazer uma tranquilidade a V. Exª, mas mesmo aqueles mais radicais da oposição e também os da situação reconheceram não só tudo o que V. Exª já falou, do carisma, do respeito por V. Exª, pelo casal, por Paulo Bernardo. Então, eu acredito que nada melhor que o conforto dos amigos, mas também até daqueles que não os conhecem na vida íntima, mas conhecem a história. Portanto, creio que este é um momento de levantar a cabeça e ter a certeza de que aqui, no plenário, todos nós estamos também revoltados, principalmente pela forma como foi feita a invasão - aliás, o Presidente Renan também já tomou as providências - em um apartamento funcional, onde V. Exª colocou a sua família. Até o notebook do filho foi levado, com a promessa de devolver - e não o devolveram ainda. Então, penso que, neste momento, todos nós temos família, mas todos nós temos também aqui a responsabilidade de ter a coragem e a altivez para dar o exemplo para o resto do Brasil, porque injustiça acontece neste País e no mundo, mas aqui, em especial, temos visto muito. Então, o que eu posso desejar para V. Exª, para o seu marido, para a sua família é que realmente tenham energia, tenham fé em Deus, acreditem que essas dificuldades serão superadas, principalmente, pela história de vida de vocês. Então, eu acredito e também sou um homem que tenho fé em Deus, já tive oportunidade, inclusive, de fazer as minhas orações, pensando na dificuldade por que a sua família passa. Então, que Deus a abençoe, que Deus a ilumine e que dê força para que V. Exª, com seus filhos, com a sua família, possa superar este momento, porque o Brasil, com certeza, já deve muito a esse casal. E eu tenho certeza de que vocês ainda farão muito para fazer com que este País possa ser um país mais justo e, principalmente, para que possamos construir dias melhores para as futuras gerações, que são nossos filhos, que são, principalmente, os filhos que mais necessitam.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada, Senador Wellington. Obrigada mesmo. Bonito.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Senador Paulo Rocha.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Paulo Rocha.

    O Sr. Paulo Rocha (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) - Companheira, Senadora Gleisi, eu vim aqui mais com um discurso de solidariedade, mas a senhora, companheira, ainda está com esse tom de tristeza. Ainda quando estava acontecendo, sob o impacto da invasão, da busca pelo seu companheiro, vou relatar o telefonema que deu a mim, como Líder da Bancada, preocupada de que queria ouvir a mim e à Bancada se você deveria sair da comissão. Você estava muito preocupada se você não iria enfraquecer esse episódio, não iria enfraquecer a defesa lá, na nossa Comissão, na Comissão do Impeachment, da nossa defesa em relação à volta da companheira Dilma ou àquilo em que nós estamos muito mais veementes lá, na defesa da democracia do nosso País. Com esse seu telefonema, mesmo com o impacto da invasão, da busca e da prisão do seu companheiro, mostra a grandeza da militante, da companheira e da mulher que você é para nós. Portanto, eu vim te dizer aqui que mesmo eu sei, quando você estava se pronunciando aí, o esforço que você fez para não demonstrar fraqueza, mas você não precisa disso. Se precisar se emocionar e até chorar, companheira, chore. Você é uma mulher combativa, uma Senadora muito além do que uma militante qualquer e está na defesa do nosso projeto político do nosso País e daquilo que nós construímos com a democracia. Eu sou amigo do casal, companheiros. Eu e o Paulão moramos juntos muito tempo, como Deputados. Naquela época, nós tínhamos a mania de fazer as repúblicas dos Deputados, porque morávamos juntos, até para dar força um para o outro. E o Paulo era mais um companheiro. Em vez de ser companheiro, era mais um controlador dos comportamentos da gente. Ele era uma espécie de sargentão no controle dos comportamentos, das coisas etc.. A gente o achava muito durão nos processos até como Deputado etc. e tal. Quando o companheiro foi galgando esses mandatos e os espaços, quando conquistamos o poder, com certeza ele levou esse comportamento de seriedade e de compromisso com a coisa pública. Entendeu, companheira? Portanto, vim aqui com este depoimento muito mais de companheiro e de amigo para dizer...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Paulo Rocha (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA) - ...que, na verdade, nós estamos sob uma narrativa que a elite brasileira construiu contra nós, contra o governo que nós instalamos, contra a democracia que nós conquistamos. A elite, que perdeu para nós nas eleições, na democracia, não consegue resgatar o poder através do processo normal democrático que nós construímos, que nós estabelecemos. Daí essa conspiração, esse processo, numa aliança midiática com setores da Justiça, para poder nos criminalizar. Outros companheiros já foram criminalizados; agora, é a vez do Paulo, porque exerceu com determinação o poder que nós conquistamos no Ministério e naquilo para o qual ele foi chamado. E você, companheira - além de companheira, é também militante desse processo -, está sendo vítima disso. A elite não tem o limite da democracia. Antes eles usaram as armas dos militares para interromper a democracia no nosso País; agora, estão buscando uma forma sofisticada, que é o processo midiático com uma aliança com setores do Judiciário para nos derrubar do poder. Acho que devemos dar essa solidariedade muito mais na defesa do processo da democracia do que na defesa da mulher e da Senadora que você é. Você precisa do coletivo, para estarmos juntos na defesa da democracia e do projeto do nosso País. Por isso, companheira, ao terminar esta sessão, vá à Comissão e continue de forma erguida, comprometida e combativa, pois você tem feito a diferença com as outras companheiras no processo de impeachment da Presidenta Dilma. Você está fazendo valer a nossa história e a nossa luta. Vá lá, companheira!

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada, Paulinho. Obrigada, Senador.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Senador Humberto Costa e, depois, Senadora Vanessa.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) - E depois eu.

    O Sr. Humberto Costa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) - Nossa querida companheira Gleisi Hoffmann, Senadora do nosso Partido, em primeiro lugar, quero solidarizar-me integralmente não só com V. Exª, mas também com nosso companheiro Paulo Bernardo, com seus filhos e com toda a sua família. Quero dizer que estamos totalmente convencidos daquilo que V. Exª afirmou dessa tribuna. Foi algo absolutamente desnecessário, foi um desperdício de dinheiro público. Para buscar alguém desarmado, com endereço certo e sabido, com condição profissional reconhecida, casado com uma Senadora da República, morando num apartamento funcional do Senado Federal, não seria, de forma alguma, necessário esse espetáculo que foi promovido para que o ex-Deputado e ex-Ministro Paulo Bernardo pudesse ir à Polícia Federal. Aliás, nós somos vizinhos. Já tive a oportunidade de várias vezes encontrá-lo e de perguntar como andava o processo. Ele, o tempo inteiro, dizia: "Até hoje, não fui chamado para dar nenhum depoimento. Não sei, estou absolutamente sem informação sobre essa questão." E, de repente, a primeira medida que é tomada não é a de convocá-lo para um depoimento, mas é a de prendê-lo. Parece-me que essa prisão, inclusive, foi muito conveniente, porque, ao longo dos últimos dias, nós estávamos assistindo a um processo em que as ações da Operação Lava Jato, finalmente, estavam dando demonstração de não terem seletividade apenas contra o PT, contra a esquerda, mas também contra pessoas vinculadas ao atual Governo. Não estamos aqui para falar da miséria de ninguém, nem para explorar nada de ninguém, mas, de repente, vem uma operação avassaladora, pegando um companheiro de história no nosso Partido. Eu também tive a oportunidade de ser Parlamentar com Paulo Bernardo.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Humberto Costa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) - Tive a oportunidade de estar ao lado dele como Senador e como Ministro. Conheço, sobejamente, sua vida, seu patrimônio, sua postura, sua conduta ética. E, por outro lado, também é uma agressão contra nosso Partido. V. Exª viu soldados, policiais camuflados, com armamento pesado, para invadir a sede do PT e trazer duas caixas de papel dizendo "recibos de campanha" e não sei o quê. Enfim, talvez até, de certa forma, estivessem zombando um pouco da inteligência das pessoas que estavam lá, porque, obviamente, se, há tanto tempo, o Partido é investigado, se houvesse alguma coisa de errado, não iriam encontrar ali, com toda a certeza. Mas há necessidade do espetáculo, há necessidade de colocar o PT novamente na roda, para que, assim, quem sabe, alguns outros sejam esquecidos ao longo desse processo. Então, quero reiterar minha solidariedade, quero reiterar o conceito que tenho de V. Exª, inclusive, como uma pessoa direita, honesta, competente, preparada, séria, que tem o interesse público como a única coisa que move a sua atuação política. E, como tal, posso lhe dizer, com toda a certeza, que todas as pessoas de bem deste País sabem que essas acusações que são imputadas a Paulo ou a V. Exª serão todas esclarecidas e carecem de fundamento. Nós confiamos cegamente em V. Exª, em Paulo Bernardo, em vários outros companheiros nossos que estão sendo também vítimas de injustiça neste momento. Muito obrigado.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada, Senador Humberto.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Senadora Gleisi, primeiro, quero dizer a V. Exª que, no dia em que tudo aconteceu, na última quinta-feira, falamos ao telefone - quero aqui confirmar o que disse o Senador Paulo Rocha -, e suas primeiras palavras não foram de amargura, de ressentimento. Pelo contrário, conversou conosco a respeito do andamento dos trabalhos da Comissão. Quando o Senador Paulo Rocha vem aqui e diz que V. Exª está fazendo um grande esforço para não mostrar fraqueza, não é isso que ele quis dizer. V. Exª é muito forte. O esforço que V. Exª faz é para não expor tanto essa sensibilidade e essa dor. Por mais que a senhora engula as lágrimas, a dor é visível. Qual a mãe, qual a esposa, qual a mulher que não estaria na situação em que V. Exª se encontra? Agora, há uma diferença: V. Exª está na tribuna. Esse mérito é de poucas, é de poucos, é daqueles que têm convicção absoluta do porquê dedicam toda uma vida à política, Senadora. Aqui, na quinta-feira, nós, eu, a Senadora Fátima, o Senador Lindbergh, dissemos várias vezes: não temos dúvida nenhuma, o alvo principal é a Senadora Gleisi, é o protagonismo que ela está desenvolvendo na Comissão do Impeachment. Repito tudo o que eu disse: atingiram Paulo Bernardo, seu companheiro, mas o alvo é V. Exª, Senadora Gleisi. O alvo, aliás, é muito maior, é esse projeto que aqui foi dito, um projeto que procura libertar o País dos interesses apenas dos grandes e dividir o pouco que nós temos com os menores. Nós estamos na Comissão discutindo o Plano Safra, que, antigamente, era só do grande e que agora é do pequeno também.

(Soa a campainha.)

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Então, veja, Senadora Gleisi, que quero aqui, não como Senadora - isto eu já fiz -, mas como mulher, dizer que V. Exª não está só. Não somos somente eu e a Senadora Fátima, mas as mulheres deste País que sofrem no dia a dia que têm oportunidade de mostrar que, apesar de todo o sofrimento, apesar de toda a discriminação, são fortes. E é isso que incomoda muitos. E é por isso que V. Exª está sendo atingida. Eu a conheci antes de V. Exª entrar no Partido dos Trabalhadores. Aliás, quando nos encontramos aqui, esta foi a nossa primeira conversa: V. Exª se lembrava de quando atuava no movimento estudantil secundarista, na Ubes, diretora que era de uma diretoria cuja presidente é uma companheira, uma velha amiga minha do meu Estado, que é professora da universidade e diretora da Faculdade de Educação hoje, Selma Baçal. Então, V. Exª não chegou aqui por que quis fazer fortuna, não. V. Exª aqui está por que sempre quis e sempre dedicou sua vida à luta do povo. É isso que eles querem destruir. Fique firme, Senadora! V. Exª tem o apoio não somente dos Parlamentares do seu Partido. Na quinta-feira, vimos a manifestação da Mesa, do Senador Elmano, que é seu vizinho, que é nosso companheiro, que é nosso colega. V. Exª acabou de ouvir outra manifestação. Quem a conhece não tem problema de pegar o microfone e de falar para o Brasil inteiro ver, de falar para o mundo inteiro ver. Então, Senadora, receba nossa solidariedade, receba nosso apoio. Isso tudo que V. Exª está sofrendo atinge todos, em maior ou menor grau. Isso atinge todos. Em relação à sua pessoa e à sua família, passaram do ponto, não há dúvida nenhuma. Nós sabemos o que significa quando uma mãe tem de ir à tribuna, de engolir as lágrimas e de dizer: "Eu nem tinha o que dizer para o meu menino de 15 anos de idade e para a minha menina." Não é só sua menina, é nossa menina daquele bloco, onde todas a adoramos. Imaginamos como ela deve estar se sentindo agora. Falar que nós não defendemos investigação? Não, não falem isso! Talvez, sejamos nós que mais defendemos isso. Agora, aceitar injustiça jamais, jamais! E o que estamos vendo hoje no Brasil é uma injustiça. Então, Senadora, além da minha solidariedade política, dou-lhe meu carinho e meu abraço de mulher. Sei o que a senhora sente neste momento, porque o que a senhora sente é o que todas nós, que somos mães, que somos mulheres, estamos sofrendo. Meu beijo, Senadora!

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada, Senadora Vanessa. Obrigada.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) - Senador Jorge...

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Senadora Fátima Bezerra.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) - Senadora Gleisi, primeiro, quero fazer o registro de uma nota de solidariedade que a Secretaria Nacional de Mulheres do nosso Partido publicou na sexta-feira em solidariedade a V. Exª. Vou destacar um trecho da nota, quando fala, abrem-se aspas:

A Senadora Gleisi Hoffmann tem exercido papel fundamental em defesa da Presidenta Dilma Rousseff na Comissão do Impeachment do Senado. Desde que se iniciou o processo que resultou na operação de hoje, há cerca de um ano, o ex-ministro Paulo Bernardo sempre esteve à disposição da Justiça. Por esses e por outros motivos, a SNMPT [Secretaria Nacional de Mulheres do PT] entende que a forma como se deu a ação da PF nesta [última] quinta-feira teve como propósito tão somente tirar das manchetes os desvios e atos ilícitos praticados pelos integrantes do Governo golpista e de seus aliados.

    Assina a nota Laisy Moriere, Secretaria Nacional de Mulheres do PT.

(Soa a campainha.)

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) - Então, Senadora Gleisi, quero aqui colocar que o ex-Ministro Paulo Bernardo, o nosso Partido, enfim, todo e qualquer cidadão, ninguém está acima da lei. Por isso, quando necessário, estaremos sempre à disposição para prestar os devidos esclarecimentos, para exercer, inclusive, o direito de defesa tal como a Constituição nos assegura. Gosto sempre de lembrar que, se há um governo e um Partido que não têm medo de investigação, são exatamente os nossos governos, é exatamente o nosso Partido, por tudo que fez. V. Exª é testemunha disso. V. Exª foi Ministra da Casa Civil e sabe o quanto nós avançamos nesses últimos 12 anos, 13 anos, no que diz respeito a dotar o Estado brasileiro de instrumentos necessários, fundamentais para promover a investigação e, portanto, o combate à corrupção e o combate à impunidade. Isso começa por um dado fundamental: o passo inicial foi o de arquivar a era do "Engavetador Geral da República", na medida em que, a partir do governo do Presidente Lula, foi adotada a prática de nomear o primeiro da lista escolhido pela categoria. Eu me refiro ao Procurador-Geral. E por aí foi, com a Controladoria-Geral da União - o Governo interino, hoje, inclusive, está fazendo mudanças -, bem como com a Lei do Acesso à Informação, com o Portal da Transparência e com tantos e tantos outros instrumentos. Os próprios investimentos que foram feitos na Polícia Federal, etc. Então, veja bem, repito, se há um Governo, se há um Partido que não tem medo de investigação é o nosso. Agora, o que nós sempre aqui vamos ressaltar é que um processo investigatório tem que ser realizado com isenção, com seriedade e no devido cumprimento às leis do nosso País. Por exemplo, a operação de quinta-feira: ver nosso Partido, como aqui já foi mencionado, de repente sendo alvo de toda uma ação midiática, um espetáculo... V. Exª inclusive aqui já colocou que o ex-Ministro Paulo Bernardo, em nenhum momento - nem no passado, nem no presente -, tem se negado a prestar esclarecimentos. Por isso que eu volto a dizer: não se trata aqui de não reconhecermos que a lei é para todos e que ninguém está acima da lei. Trata-se aqui, repito, de, mais uma vez, chamarmos a atenção para o fato de que a lei tem que ser cumprida no que diz respeito ao processo investigatório, inclusive naquilo que é sagrado, que é a presunção da inocência, que é o direito que as pessoas têm de, nos fóruns adequados, fazer sua defesa. E, ao final, se for inocente, será inocentado; se for culpado, que arque com as consequências, que pague por aquilo que fez, de acordo com a própria legislação. Então, quero terminar agora dizendo uma coisa: fico muito feliz de vê-la aqui hoje. Cabeça erguida.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada.

(Soa a campainha.)

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) - Cabeça erguida, olhando no olho do povo brasileiro, aberta ao debate, trazendo seus esclarecimentos, claro, trazendo a sua dor diante das injustiças, mas, sobretudo, vê-la aqui, na tribuna do Senado, de cabeça erguida, aberta ao debate, sem medo do debate, sem medo da verdade, como é a mulher brasileira. Vê-la aqui, repito, de cabeça erguida, olho no olho... A senhora traduz aqui exatamente o sentimento da maioria das mulheres deste Brasil, porque as mulheres não são de fugir da luta de maneira nenhuma, Senadora Gleisi. Não são. E V. Exª sabe, tem consciência de que cumpre um papel muito importante, pela sua trajetória de militante política, de militante social, pela gestora que foi, pela Parlamentar.

(Soa a campainha.)

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) - V. Exª foi uma das mais atuantes Parlamentares na luta em defesa da democracia, na luta em defesa dos direitos sociais do povo brasileiro. Então, é muito bom vê-la de volta para continuarmos na trincheira, seja aqui no plenário, seja na Comissão Especial de investigação, seja nas ruas, continuarmos na trincheira em defesa da democracia.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada, Senadora Fátima.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - O último a falar, Senador Lindbergh Farias.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) - Senadora Gleisi, primeiro, quero falar da admiração que tenho pela sua atuação aqui no Senado. V. Exª é uma Senadora combativa, inteligente, disciplinada, estudiosa. Em todos os assuntos, V. Exª entra profundidade. Portanto, eu a considero uma das melhores Parlamentares desta Casa. E quero trazer minha solidariedade sincera a V. Exª, ao seu marido, Paulo Bernardo, aos seus filhos. Eu vejo aqui, a gente vê a dor de uma Senadora que se mistura neste momento com a mãe de família, preocupada com os seus filhos, porque não tiveram cuidado quando entraram na sua casa, sem autorização do Supremo, com a exposição das crianças. Quero trazer um abraço afetuoso e dizer que o que a gente vê hoje no Brasil, mais do que um golpe, é um retrocesso, Senador Jorge Viana, civilizatório. Nenhum país civilizado tem uma Justiça como essa. Uma Justiça moderna é feita de outras formas. Nós não podemos aplaudir linchamentos midiáticos. E o que me impressiona nesse caso é que existe um inquérito há um ano. Paulo Bernardo pediu para prestar depoimento várias vezes. Não marcaram o depoimento. Qual o fato novo de um ano para cá? Nenhum, nenhum! Aí, de uma hora para outra, o espetáculo, ainda na fase do inquérito. O que o juiz deveria fazer? Se ele estava convencido de que existiam alguns indícios, ele poderia fazer a denúncia. Aí a pessoa entra na fase do processo, começa a responder o processo. Depois faz o julgamento: condena ou absolve. Agora, na fase do inquérito, fazer uma prisão espetacular como aquela? E, aqui, acho que o Senado Federal acertou. Quero parabenizar o Vice-Presidente, Senador Jorge Viana, que foi o primeiro que viu e que falou com o Presidente Renan, que questionou. Era preciso, sim, autorização do Supremo Tribunal Federal. Mais ainda eu me preocupo, porque, Senador Humberto, ninguém se preocupou em justificar os motivos da prisão preventiva de Paulo Bernardo. Quando fui ver a coletiva dos procuradores, da Polícia Federal, fiquei atrás de um motivo. Ninguém falava dos motivos. Em nosso Código de Processo Penal, há o art. 302, que diz os motivos, os requisitos para a prisão preventiva. De forma resumida, com a interpretação que existe, são os seguintes: se existe possibilidade de fuga - não era nada disso -, obstrução da Justiça ou continuidade do ato delitivo. Nada disso! Então, eu quero trazer aqui a minha solidariedade. V. Exª falou das feridas, que vai levar isso para o resto da vida. De fato, vai ser isso, mas eu acho, sinceramente, que V. Exª pode levar esse momento de sofrimento, esse momento que é doloroso para sua família inteira e continuar escrevendo belas páginas da história, sempre ao lado do povo brasileiro, da democracia. V. Exª vai sair ainda mais forte. V. Exª impressiona todos nós pela sua força. É claro que a gente sabe que por dentro V. Exª não tem como não estar abalada com tudo isso, mas V. Exª, desde o primeiro momento, quando ligaram para V. Exª - eu liguei para V. Exª no dia -, a sua preocupação na hora era com a Comissão do Impeachment, se iriam utilizar aquilo e tal. Então, eu quero trazer aqui esta solidariedade. O bacana é que a senhora está aqui, para a gente ir daqui a pouco para a Comissão do Impeachment e continuar a nossa batalha. Tentam te atingir também, Senadora Gleisi, porque, talvez, entre todos nós que estamos lá, eu a considero a mais preparada para esse enfrentamento. V. Exª é a que tem mais conhecimento técnico nesse momento. Talvez V. Exª não saiba, mas, daqui a pouco, na Comissão - porque V. Exª estava preparando o discurso -, nós vamos discutir a perícia. Chegou o resultado da perícia. Apesar de a perícia estar cheia de contradições, Senadora Gleisi, há pontos importantes. Eles escrevem na perícia que não há autoria da Presidência da República no Plano Safra. E dizem mais: os tais decretos, que eram seis, depois viraram quatro; agora são três. Caiu mais um decreto. Não sei como é que vai chegar no final. Eles reconhecem também que a SOF não informou que havia incompatibilidade com a meta para a Presidência da República. Ou seja, cadê o dolo? Então, nós vamos sair daqui com V. Exª direto para a Comissão, para continuarmos o nosso trabalho. Nós acreditamos - e vamos acreditar até o fim - que não houve crime de responsabilidade e que é possível reverter esse golpe aqui, no Senado Federal. Força, Senadora Gleisi! Nós precisamos de V. Exª para continuar essa nossa luta. Muito obrigado.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada, Senador Lindbergh.

    Eu queria agradecer a manifestação de todos vocês, de quem está nos acompanhando aqui também, dos servidores, dos companheiros, de V. Exª, Presidente Jorge, que também, junto com o Presidente Renan, foi tão pronto na ação do Senado.

    Eu queria dizer que não é que eu não chore, não. Eu choro, sim, como qualquer mulher, como qualquer ser humano, como qualquer mãe. Só que eu tenho uma dificuldade: se eu começar a chorar, eu não consigo parar tão facilmente. Então, eu fiquei me segurando aqui, porque eu queria terminar de falar. Mas eu chorei muito, sim. Eu acho que todos nós que temos sentimentos, emoções, que temos filhos, que passamos por dificuldades, choramos. E não há nenhum demérito nisso. A força não está em você não mostrar as suas emoções.

    Mas eu queria agradecer, de coração, e dizer que ninguém foge de julgamento. Se nós temos coisas a responder à Justiça - eu, o Paulo Bernardo, qualquer um de nós, do PT -, nós vamos ter que responder. Não vamos fugir, não. Agora, o que nós não podemos permitir é que se façam espetáculos midiáticos como esse, sem nenhum julgamento e sem nos dar sequer a chance de esclarecer ou de nos defender. Eu acho que isso é muito importante para um processo democrático e para o Estado democrático de direito. Aquilo que pode acontecer comigo pode acontecer com qualquer outra pessoa. Então, nós temos que defender o Estado para ser bom para todos os cidadãos, independentemente da qualidade deles.

    Eu queria dizer para os meus eleitores do Paraná. Eu fico com muita pena, porque eu não consigo falar com todos os eleitores. A minha mensagem não vai conseguir chegar a todos os eleitores. E a mensagem que os meus eleitores e as minhas eleitoras têm, aquelas pessoas que pegaram na minha mão, quando eu fui candidata, que olharam nos meus olhos, que me abraçaram, que disseram que confiavam em mim, que achavam que eu podia fazer diferente, a quem eu disse que ia fazer diferente, que eu ia trabalhar, eu penso como estão se sentindo agora. Muitos, traídos, porque acham que eu falhei, que eu errei, que eu não levei a sério o compromisso que fiz com eles. E não é verdade. Eu queria chegar a cada eleitor, a cada eleitora para falar que não é verdade. Eu sei que é difícil chegar. Mas que pudessem ouvir o meu lado da história, que pudessem me dar crédito no que eu estou falando, porque, muitas vezes, a versão que se passa na mídia, a versão que se passa na televisão, nos jornais já vem carregada de um veredito, que é o veredito da culpa. Então, eu queria falar isso para os meus eleitores, para as minhas eleitoras, e pedir desculpa principalmente por eu não poder chegar a cada um, a cada uma.

     Mas agradeço de coração a todos que estão aqui, que me ouviram, que me apartearam, a quem está em casa, a quem está nos ouvindo pela Rádio Senado.

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Muito obrigada por esta oportunidade de eu poder esclarecer, de poder falar, de poder dizer o que estou sentindo neste momento, de poder olhar no olho, sim, das pessoas, com muita segurança, porque eu tenho certeza do caminho que eu estou traçando, do caminho que estou caminhando e de que nós não temos absolutamente feito nada, nada errado em relação ao nosso País e à política.

    Muito obrigada. (Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Cumprimento V. Exª, Senadora Gleisi, cumprimento os colegas e queria, mais uma vez, dizer que o nosso País precisa que cada um de nós empreste o apoio - isso é indiscutível - às instituições, à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal, à Justiça, porque temos de preservar - isso é fundamental para o nosso País - as nossas instituições, acreditando que também os responsáveis possam atuar no sentido de impedir os abusos que fazem parte, mas que não podem estar nesses processos que são tão importantes para o País.

    Fica aqui este registro.

A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/06/2016 - Página 5