Discurso durante a 184ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo acidente ocorrido com o avião que transportava a delegação da Associação Chapecoense de Futebol, de Santa Catarina, na cidade de Medellín, na Colômbia, e que deixou 71 mortos.

Autor
Dário Berger (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Dário Elias Berger
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo acidente ocorrido com o avião que transportava a delegação da Associação Chapecoense de Futebol, de Santa Catarina, na cidade de Medellín, na Colômbia, e que deixou 71 mortos.
Aparteantes
Alvaro Dias, Ivo Cassol, José Aníbal, José Medeiros, Lídice da Mata, Randolfe Rodrigues, Rose de Freitas, Waldemir Moka.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2016 - Página 37
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, ACIDENTE AERONAUTICO, TIME, FUTEBOL, ORIGEM, CHAPECO (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), LOCAL, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, preliminarmente, quero agradecer ao Senador Ataídes por essa deferência e, sobretudo, ao Presidente, que me ofertou a palavra nessa permuta.

    De fato, Santa Catarina, infelizmente, neste dia, é destaque de uma tragédia que se abateu de uma forma impressionante.

    O Brasil, Sr. Presidente, o Estado de Santa Catarina, em especial o oeste catarinense, e mais especificamente a nossa querida cidade de Chapecó acordaram com o sentimento amargo de tristeza na alma, em vista do acidente aéreo que vitimou o time do Chapecoense.

    O acidente ocorreu no início da madrugada e, dos 81 passageiros e tripulantes, 71 morreram e seis foram resgatados com vida.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, certamente a minha voz, através dessas minhas palavras, não é suficiente para expressar, com exatidão, a enorme tragédia que se abateu sobre Santa Catarina e, em especial, sobre o grande oeste catarinense. A angústia, a tristeza, o desespero tomam conta de uma nação inteira, como é o caso do Brasil, como é o caso de Santa Catarina, como é o caso do oeste catarinense.

    Senador Ataídes, Chapecó é uma cidade que vem crescendo acima da média nacional, e o seu povo vem crescendo junto com a cidade de Chapecó. E a história do Chapecoense se confunde com a história de Chapecó. Portanto, a perda, o sentimento de perda, hoje, é muito significativo para o oeste catarinense, para o povo de Santa Catarina e para o Brasil.

    Eu concedo um aparte a V. Exª, Senador Randolfe, com muito prazer.

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Senador Dário, obrigado. Agradeço o aparte de V. Exª. Quero só dizer que V. Exª, hoje, não fala somente – permita-me assim dizer – do sentimento de Chapecó, sua região também, não fala somente do sentimento de Santa Catarina. A voz de V. Exª na tribuna deste Senado, neste momento, é a voz de tristeza de todo um país. Diria que é uma voz de tristeza e de solidariedade de todo o mundo, que amanheceu hoje muito mais triste. Como diz a bela poesia que ouvi hoje de manhã, de Fabrício Carpinejar, de ontem para hoje, depois desse acidente que vitimou, em Medelim, o time do Chapecoense, nós todos nos encontramos desaparecidos, nós todos nos encontramos perdidos. Foi esse o sentimento, ao acordar: foi o sentimento de termos perdido entes queridos, de termos perdido membros da família. E com uma história tão bonita, como tinha esse time do Chapecoense. Um futebol encantador! Não é à toa que, em nosso País, Senador Dário, o futebol é parte da cultura brasileira. É mais do que esporte aqui. E nós nos inspiramos em exemplos como esse, do Chapecoense. Em 2009, estava na Série D; dois anos depois, já estava na C; depois, já estava na B, ascendeu para a A e não saiu da A. Já estava há dois ou três anos na Série A, surpreendendo o Brasil todo, surpreendendo com o seu futebol, mostrando que, com organização e competência, é possível formar uma equipe competitiva que, de uma pequena cidade do interior catarinense, estava prestes a conquistar a América. Afinal, lamentavelmente, não ocorreu. E eu acho aqui que temos que exaltar e destacar a atitude do Atlético Nacional, adversário do Chapecoense, que abriu mão da disputa do título e pediu à Conmebol que fosse homologado o título em favor do Chapecoense, porque, na verdade, tem um título muito maior, que foi conquistado pelo Chapecoense, pelo povo de Chapecó, por Santa Catarina, que é o título da solidariedade mundial. Não é a solidariedade só de brasileiros, não é a solidariedade só do meu Amapá, do Rio Grande do Sul, para com vocês, mas é a solidariedade de todos do mundo que se sensibilizaram com essa tragédia. Que Deus esteja com o senhor. Que Deus esteja com o belíssimo e acolhedor povo de Santa Catarina.

    Que Deus, no dia de hoje, possa acolher e consolar o coração de todos os parentes e que Deus possa consolar essa belíssima e querida Chapecó! Hoje, no dia de hoje, desde as primeiras horas de hoje, nós todos... Aqui não tem mais flamenguista, vascaíno, palmeirense, ipiranguista – clube do meu Estado –, enfim, aqui nós todos somos chapecoenses.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC) – Senador Randolfe, eu agradeço o aparte de V. Exª e o incorporo ao meu pronunciamento. Tenho o sentimento na alma de que enriqueceu sobremaneira minha manifestação, e agradeço de maneira bastante especial.

    Se V. Exª, Sr. Presidente, permitir...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Já está permitido.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC) – Eu agradeço a V. Exª.

    O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Presidente, permita-me, com a concessão de V. Exª e do Plenário: eu acho que, pelo momento, nós deveríamos facultar à tribuna o tempo que S. Exª o Senador Dário quiser. Se V. Exª assim...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Agradeço a V. Exª.

    Todos os três Senadores de Santa Catarina, quando entraram na tribuna, falaram pelo tempo que entenderam adequado, com a participação intensa, inclusive, do Plenário. Então, nós vamos manter o mesmo critério.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC) – Então, eu concedo a palavra à Senadora Lídice da Mata, com muito prazer; em seguida ao Senador Alvaro Dias e ao Senador Waldemir Moka.

    A Srª Lídice da Mata (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - BA) – Sr. Presidente, é justamente para também trazer a solidariedade do povo baiano. Entre os desportistas, entre os jogadores de futebol do time da Chapecoense, dois se fizeram no futebol da Bahia. Entre os jornalistas, também havia um ex-jogador, ex-técnico, atualmente um homem da comunicação esportiva, que também foi jogador por cinco anos do Vitória e depois terminou a sua carreira no Bahia, o Mário Sérgio, lá na Bahia. Então, são formas de comunicação com a tragédia que os diversos estados vão encontrando, mas, na verdade, o Chapecoense representaria o Brasil. Portanto, representaria todos nós. E a mesma dor dos catarinenses hoje é uma dor dos brasileiros. Eu me confraternizo e me solidarizo com V. Exª.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC) – Bem, eu agradeço a V. Exª, Senadora Lídice, e incorporo também ao meu pronunciamento o seu sentimento, que é um sentimento amargo, difícil de suportar. Mas, evidentemente, vamos desejar força ao povo do Brasil, de Santa Catarina e, sobretudo, do Grande Oeste para superar esse momento difícil e seguir.

    A vida vai seguindo e vai seguindo. E com a vida seguindo, eu concedo um aparte, com muita alegria, ao Senador Alvaro Dias.

    O Sr. Alvaro Dias (Bloco Social Democrata/PV - PR) – Olha, Senador, é difícil nesta hora manifestar o sentimento de dor que nos surpreendeu nesta manhã e, certamente, a todos os brasileiros. O impacto de uma tragédia como essa não tem dimensão, não há como descrever a sua dimensão. Eu quero me manifestar solidário a V. Exª, aos catarinenses, aos brasileiros de modo geral, porque dez dos atletas da Chapecoense passaram também pelo Paraná. O técnico Caio Júnior é paranaense de Cascavel, de família conhecida no nosso Estado. Portanto, a dor dos catarinenses é também a dor dos paranaenses e de todos nós brasileiros. O Presidente do clube, Sandro, é filiado ao meu Partido, ao Partido Verde, interessado na atividade pública e preocupado com os destinos do País. São os mistérios insondáveis do destino que nos levam a tragédias dessa natureza e não nos cabe tentar entender por que elas ocorrem. Por isso, apenas manifestamos nossa solidariedade a V. Exª, ao povo de Santa Catarina, especialmente de Chapecó, e a todos os brasileiros.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC) – Agradeço também o aparte de V. Exª. Inclusive, só comentando o aparte de V. Exª, o Presidente da Chapecoense, Sandro Pallaoro, um empresário dos mais destacados de Chapecó e da região oeste, realmente era filiado ao Partido Verde. Eu, pessoalmente, nas eleições municipais, fiz uma visita a ele e fui consultá-lo sobre uma possível pretensão de ele enfrentar o desafio das urnas naquele Município tão importante do oeste catarinense.

    Ele me impressionou muito – como, aliás, não é diferente, em função do papel que ele vem desempenhando à frente da Chapecoense nesses últimos anos, que colocou Chapecó e a Chapecoense em lugar de destaque no futebol brasileiro. Percebi nele uma preocupação e um desejo de administrar a cidade dele. Entretanto, não era o momento, porque ele estava com um projeto em curso, ele queria dar continuidade a esse projeto, que era o projeto de consolidar a Chapecoense e cuidar também das empresas dele. Posteriormente, então, ele avaliaria essa possibilidade, mas demonstrou o desejo. Por isso, quero colaborar com V. Exª nessa reflexão que, no passado, fizemos a respeito desse assunto.

    Dando continuidade, então, ao meu pronunciamento aqui, Senador Alvaro Dias, essa tragédia – Senador Waldemir Moka, já concedo a palavra a V. Exª; um minutinho só, por favor – atinge a Chapecoense na sua melhor fase: classificada para a Série A do Campeonato Brasileiro; classificada para disputar a final da Copa Sul-Americana, onde faria a primeira partida, a de ida, contra o Atlético Nacional de Medellín, na Colômbia, nesta quarta-feira. O time estaria, nesta quarta-feira, como eu disse, jogando a primeira partida, Senador Paulo Paim; posteriormente, disputaria a final do campeonato no estádio Índio Condá, em Chapecó – estádio da Chapecoense. A Chapecoense, neste momento, Senador Waldemir Moka, era o Brasil em campo, porque da Copa Sul-Americana restou a Chapecoense como representante do Brasil. Então, é mais um motivo para enaltecer, de maneira bastante sublime, a participação desse clube e daquela gente no esporte brasileiro.

    Concedo a palavra a V. Exª, Senador Waldemir Moka.

    O Sr. Waldemir Moka (PMDB - MS) – Senador, meu querido amigo Dário Berger, vou ser objetivo porque há pouco fiz um aparte ao Senador Paulo Bauer, e queria estender também a minha solidariedade ao nosso colega Dalírio. Claro que V. Exª já disse da importância que tem a Chapecoense, que representaria o Brasil agora no final do campeonato. Mas eu fico imaginando o sentimento, a dor da cidade de Chapecó, porque são da família as pessoas que estão ali. E uma tragédia – já disse e vou repetir – nesse nível, e que envolve uma delegação inteira, o mundo esportivo, jornalistas, analistas... A Senadora Lídice da Mata se lembrou do Mário Sérgio, um craque que chegou à Seleção Brasileira e que hoje fazia análise. Então, há todo esse conjunto de pessoas, mas muita gente ligada à cidade de Chapecó. E eu até me lembrei do meu amigo Zonta, que é um chapecoense e dizia isso. Então, eu quero dizer a V. Exª do meu sentimento. Eu conheço o seu Estado, tenho uma filha de um casamento. Fui casado com uma lageana, já falecida. Então, eu conheço a Aninha, a Ana Lúcia, os seus irmãos, as suas irmãs. A dor de todo esse povo...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Waldemir Moka (PMDB - MS) – O meu maior respeito, profundo respeito e solidariedade, através de V. Exª, a toda a população de Santa Catarina. Receba a solidariedade do meu querido Mato Grosso do Sul, de uma forma muito especial à população de Chapecó.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC) – Muito obrigado, Senador Waldemir Moka, pelo aparte, que também incorporo ao meu pronunciamento.

    Quero, Sr. Presidente, para concluir, transmitir às famílias, aos amigos, a todo o povo do oeste catarinense, de Santa Catarina, enlutados com essa tragédia, meus sentimentos de pesar. Aprovamos aqui, requeremos aqui, eu, o Senador Dalírio e o Senador Paulo Bauer, um voto de pesar às famílias enlutadas em função dessa tragédia.

    Quero apresentar também a minha solidariedade, desejar força. E quero dedicar, vamos dizer assim... Eu sei que não poderia relacionar aqui todas as pessoas vitimadas nesse trágico acidente, mas, das 75 que morreram, eu queria, em nome do Sandro Pallaoro, que era o Presidente da Associação Chapecoense de Futebol, prestar a minha homenagem.

    Quero prestar a minha homenagem a toda a delegação também em nome do ex-Deputado e presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim de Pádua Peixoto.

    Quero ainda prestar a minha homenagem, como bem lembrou aqui a Senadora Lídice da Mata, ao nosso campeão, vamos dizer assim, Mário Sérgio, que jogou em diversos clubes – inclusive, jogou no Grêmio por muito tempo, no Rio Grande do Sul –, foi da Seleção Brasileira, e hoje era comentarista da Fox; eu queria também fazer minha homenagem a ele.

    Evidentemente, também, em nome de todos os atletas, eu queria homenagear aqui o jogador Cleber Santana, capitão da Chapecoense, que também foi vitimado por essa incrível tragédia, e, em nome deles, render a minha homenagem a todos os familiares dos demais jogadores que compunham a Chapecoense.

    Se V. Exª me permitir, concedo ainda um aparte ao catarinense Ivo Cassol. V. Exª tem a palavra.

    O Sr. Ivo Cassol (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) – Obrigado, Senador Dário. Eu também quero ser solidário a V. Exª e aos demais pares aqui, desta Casa, por essa tragédia que culminou praticamente com toda a diretoria e o time de futebol Chapecoense. Eu estive há poucos dias em Chapecó, onde houve um encontro de amigos da década de 70, de 80, em Maravilha, que fica a 90km de Chapecó. Eu tenho muitos amigos que estão lá, em Chapecó, que eu achei até que estavam junto, também, nesse acidente; um deles é o Sadi Possa, que foi vereador da cidade de Alta Floresta, em Rondônia. Ao mesmo tempo, essa tragédia abalou todos os esportistas. Além disso, eu daria uma sugestão para a Conmebol, que organiza esses jogos: que esse título que iria ser disputado – a Chapecoense estava aí disputando esse título – fosse dado ao time de Chapecó, com a participação da FIFA. Eu não concordo e não admito, como esportista, torcedor e realizador de eventos, como eu sempre fui, como prefeito, como governador, e como jogador amador hoje, que esse título seja disputado, mesmo com o Atlético lá – eu acho que era o Atlético que iria disputar com ele. Esse título não tem que ter uma disputa após esse acidente. Os dirigentes, tanto da FIFA, que comanda tanto a Libertadores quanto essa Sul-Americana aqui, têm que estagnar onde está e dar esse título pós-morte para o Chapecoense, para todos aqueles que, infelizmente, perderam a vida tentando buscar esse título, e o outro time lá, que faz parte também, entendeu? Sem disputa futura. E eu quero também aproveitar essa oportunidade – além de ser solidário a todos os familiares dos jogadores, da comissão técnica, do Presidente, do Vice-Presidente – para dar uma sugestão aqui, ao lado do Senador Medeiros. Nós comentávamos antes que cada equipe do Brasil, dessas equipes de grande porte, o Grêmio, por exemplo – eu sou torcedor do Grêmio –, o Internacional, o Flamengo, o Palmeiras, que acabou de definir o campeonato Copa do Brasil no domingo, que cada um aproveite, após essa tragédia, após esses momentos difíceis, e ceda um jogador para o time de Chapecó. Eu acho que seria uma demonstração de solidariedade. Eu sei que isso não vai apagar a tragédia na história do esporte mundial – não só aqui, porque acho que é uma das maiores que aconteceu –, mas eu acho que caberia a cada uma dessas grandes equipes, como o Flamengo, Corinthians, São Paulo, pegar um de seus jogadores mais maduros, mais experientes e ceder para a equipe de Chapecó, para que eles pudessem continuar representando o time de Chapecó, o nosso time de Santa Catarina, nas modalidades nacionais e internacionais. Isso é a título de sugestão. Ao mesmo tempo, quero propor, neste momento de dor, que esse título não seja mais disputado, que esse título seja dado a todos aqueles que fizeram parte dessa tragédia e hoje são lembrados como aqueles que, na verdade, foram em busca de um título que Chapecó não tinha, uma vez que jamais tinha participado de um jogo Internacional. Então, essa é a minha sugestão como catarinense que eu sou. É lógico que eu sou do Estado de Rondônia há muitos anos, quase 40 anos, mas eu não posso deixar de ser solidário àqueles amigos e amigas que sempre me receberam de braços abertos. Então, obrigado pelo aparte aqui e estou dividindo junto essa dor com todos os demais catarinenses, como o restante da população brasileira. Obrigado.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC) – Agradeço o aparte de V. Exª e concedo a palavra ao Senador José Medeiros.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Obrigado, Senador Dário Berger. V. Exª traz esse assunto que já todo Brasil está lamentando, mas levo o assunto também a uma preocupação que deveremos ter daqui por diante, inclusive pedindo à FIFA e à CBF que possam colocar um olhar, porque o dinheiro que se arrecada nessas instituições não é pouco. Veja bem, o time da Chapecoense foi locar esse avião lá na Bolívia. Por que será? Provavelmente por ser mais barato, por questões financeiras. A gente sabe que o time da Chapecoense não é um dos players nacionais em termos econômicos, e é um time que estava na final. A FIFA, a CBF, a Conmebol e tantas outras vivem dos recursos e dos esforços desses garotos desses times. E foram pegar lá uma tal de Lamia – aliás, Lamia, na mitologia, era um demônio que, por estranha coincidência, devorava viajantes e crianças, era um demônio, um monstro e tal –, mas isso aqui é só para ilustrar que eles tiveram que ir lá para a Bolívia para locar um avião. Era muito importante, daqui para frente, diante dessa tragédia, que a FIFA, a CBF, todas as instituições possam ver o que pode acontecer com os times que disputam esses campeonatos, que têm que estar viajando de um lado para o outro. Nós mesmos, políticos, corremos muito riscos, vivemos viajando de um lado para o outro, mas a questão da segurança tem que ser vista. No mais, é só dar os meus sentimentos a toda a população de Santa Catarina e brasileira, que está triste, e parabenizá-lo por esse brilhante discurso.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC) – Eu agradeço a V. Exª.

    Muito bem lembrado, acho que a sugestão de V. Exª merece uma ampla reflexão, porque, na verdade, a situação dos times menores do Brasil enfrenta dificuldades financeiras muito grandes. Queira Deus que essa não seja a causa principal do acidente, porque, senão, seria uma tragédia maior ainda, Senador Medeiros.

    Eu agradeço o aparte de V. Exª. Muito obrigado pelo aparte.

    Concedo a palavra ao Senador José Aníbal.

    O Sr. José Aníbal (Bloco Social Democrata/PSDB - SP) – Senador Dário, eu costumo acordar cedo, mas hoje acordei um pouco mais cedo, às 5h20 da manhã. Uma das coisas que nós políticos fazemos muito é acessar informação, e eu abri o meu computador. Lembrei-me daquele avião francês que desapareceu indo do Rio para Paris, duzentos e tantos mortos. Lembrei-me de outros episódios e veio aquele sentimento de tragédia mesmo. Um avião cai e, por mais que queiramos acreditar que as pessoas possam ter sobrevivido, você começa a pensar, pensar e vem sempre a ideia do pior. As vidas jovens, esse elenco que orgulha tanto Santa Catarina e Chapecó, especialmente... Ficaram muito claras, desde o momento em que soubemos o que aconteceu, as histórias todas que conduziram a esse sucesso da Chapecoense: gestão, compromisso, dedicação, camisa. São coisas que o Brasil precisa ter cada vez mais. Eu fiquei muito impactado com aquilo, muito. Fui com dificuldade para o aeroporto pegar o avião para Brasília. E dificuldade, porque não saía aquilo da cabeça. Se eu vou entrar nesse avião, não vou saber, quem sabe, de uma boa notícia, que muitos tenham se salvado, pois, àquela altura, havia poucos e continuaram esses poucos, infelizmente. Então, quero deixar aqui a V. Exª, que interpreta tão bem o sentimento da gente de Santa Catarina, a nossa solidariedade, a nossa torcida. Alguns amigos me ligaram para me dizer: "Zé, isso está provocando, no universo em que cada qual vive, uma comoção." É um grupo vencedor, aguerrido, indo disputar fora do Brasil uma Copa tão importante, aparentemente inalcançável para eles, mas eles chegaram lá, e o destino lhes reserva isto. Um abraço ao Senador e aos catarinenses.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC) – Muito obrigado pelo aparte, Senador José Aníbal.

    Para concluir, sei que o Itamaraty, Sr. Presidente, está tomando todas as providências, sei que o Presidente da República, Michel Temer, se empenhou e continuará se empenhando pessoalmente, como não poderia ser diferente, mas quero voltar a pedir e a solicitar que o Presidente da República acompanhe pari passu, porque, na verdade, não foi um simples acidente. Foi um acidente que vitimou setenta e tantas pessoas num momento inesperado, e a dor, hoje, é imensurável em Santa Catarina, no Brasil e nos demais Estados, já que muitos atletas da Chapecoense eram oriundos de outros Estados da Federação.

    Por isso, o sentimento de dor aumenta em cada um de nós. Nesse sentido, é neste momento de dor que precisamos de uma mão estendida, de um gesto, de uma palavra de solidariedade, de um abraço apertado para nos confortar e para seguirmos a nossa trajetória rumo às vitórias que a Chapecoense já nos concedeu ao longo da sua história.

    Ouço, por fim, com muita alegria, a Senadora Rose de Freitas.

    A Srª Rose de Freitas (PMDB - ES) – Senador Dário, eu estava ouvindo as palavras de V. Exª como ouvimos todos estarrecidos as notícias do dia de hoje. Ouvi as palavras do Senador Alvaro Dias. Ninguém sabe descrever o que é a dor. Todos nós sentimos em algum momento da vida e talvez essa seja a dor mais coletiva que nós estejamos vivendo hoje. No auge dos sonhos, das conquistas, jovens, pessoas solidárias, técnicos, trabalhadores, jornalistas, todos estavam naquele voo que levava para mais uma conquista, para mais uma alegria não só para Santa Catarina, mas para todos aqueles que acompanhavam esses jovens – nenhuma estrela, mas todos lutadores, aguerridos e todos aqueles vencedores fizeram essa façanha esportiva que narraram aqui várias pessoas, inclusive V. Exª. O que posso trazer aqui é o abraço do meu Estado e o meu abraço e dizer que a perda não tem explicação jamais, a dor ninguém descreve. Por mais que alguém queira colocar em palavras – e grandes escritores tentaram fazer isso, grandes poetas, grandes músicos –, ninguém consegue chegar à profundeza do sentimento de dor, quanto mais à dor que traz a perplexidade absoluta. E fica o porquê. Por que esses jovens tiveram esse destino trágico? Então, neste País de muitas perdas, quero dizer a V. Exª que seu Estado, com essa alegria de ver a Chapecoense fazer tudo aquilo que estava fazendo, traz o luto para o Brasil e para o mundo nesse maior acidente aéreo com uma delegação esportiva. Quero deixar aqui a todos da sua terra, a todos os familiares, a todos que os conheceram, que frequentaram com eles o estádio, onde quer que estivesse um deles, para dizer que nós todos perdemos muito. E não há torcida, não há bandeira, não há nada, é um sentimento de que a vida nos tirou alguma coisa que, neste momento tão triste deste País inteiro, oferecia alegria. Perder alegria e perder pessoas, quando estão tão alegres e felizes, é muito triste. Meu abraço carinhoso a seu povo, à sua terra, a esse time. Que tudo que eles estavam fazendo sirva de exemplo a todos os outros que acham que não é possível ir a lugar nenhum, nem conquistar nada. Eles estavam conquistando o nosso coração. Quando víamos o futebol – e eu gosto de futebol –, eu dizia: "Olhe esses meninos, olhe aquela garotada, olhe a luta deles, olhe o exemplo deles". Então, nessa hora, é só sentir muito e deixar um abraço grande ao povo de Santa Catarina, à Chapecoense, ao Brasil inteiro, que assistiu a isso. Muito obrigada.

    O SR. DÁRIO BERGER (PMDB - SC) – Obrigado à Senadora Rose de Freitas.

    Para finalizar agora – finalizando mesmo, Sr. Presidente –, com a chegada do Presidente Renan – os trabalhos foram tão bem conduzidos pelo Senador Paulo Paim –, resta-me deixar aqui uma mensagem de fé, de esperança na solidariedade. Quero apresentar os meus sentimentos a todas as famílias, a todo o povo do oeste catarinense e a todos os amigos da nossa querida Chapecoense. Deixo aqui também o meu sentimento de pesar e a minha certeza de que nós haveremos de encontrar forças para seguir em frente.

    Então, força, Chapecó! Força, Chapecoense! E força a todos os nossos amigos do oeste catarinense.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2016 - Página 37