Pela Liderança durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a importância da continuidade das obras de transposição do Rio São Francisco.

Autor
Armando Monteiro (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PE)
Nome completo: Armando de Queiroz Monteiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO MUNICIPAL:
  • Considerações sobre a importância da continuidade das obras de transposição do Rio São Francisco.
Aparteantes
Antonio Carlos Valadares, Vanessa Grazziotin.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2017 - Página 73
Assunto
Outros > GOVERNO MUNICIPAL
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, CONCLUSÃO, OBRAS, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, REGIÃO NORDESTE, ALEGRIA (RS), CHEGADA, ABASTECIMENTO DE AGUA, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ESTADO DA PARAIBA (PB), MELHORIA, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, REGIÃO, ELOGIO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, NECESSIDADE, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Presidente. Eu queria cumprimentar o Senador Cássio, que conduz esta sessão e saudar as Srªs e os Srs. Senadores.

    Ocupo esta tribuna, no dia de hoje, para registrar a nossa satisfação com a perspectiva de um novo tempo para os nordestinos da região setentrional. Refiro-me à abertura da comporta do reservatório de Campos, que marca a primeira inauguração de uma série de obras que compõe o complexo da transposição do São Francisco. Estão sendo beneficiados, inicialmente, os Municípios de Sertânia, em Pernambuco, e Monteiro, na Paraíba – tenho certeza de que o Senador Cássio vai ser mais indulgente no tratamento aqui do meu tempo esta tarde –, que são atendidos pelo Eixo Leste da transposição.

    Em Sertânia, a chegada da água irá favorecer 35 mil pernambucanos e impulsionar o desenvolvimento econômico da região. O investimento em obras para garantir a convivência da população do Semiárido com a seca é a realização de um velho sonho, desde os tempos do Império, quando uma forte estiagem assolou o povo do Nordeste e motivou o primeiro projeto de transposição das águas do São Francisco, nos idos de 1847. Décadas se passaram – aliás, mais de um século – e as estiagens permaneciam como fenômeno recorrente, sem que o povo nordestino pudesse contar com as águas do Velho Chico para poder fruir de uma vida mais digna,

    A escassez de água no chamado Polígono das Secas da Região Nordeste é fator impeditivo ao pleno desenvolvimento da região. Essa área, com mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, meu caro Senador Benedito de Lira, equivale a quase 60% do território do Nordeste, abrangendo mais de mil Municípios.

    No entanto, com 40,5% da população, seu produto econômico representa apenas 22% do PIB nordestino. Já Pernambuco apresenta a menor disponibilidade hídrica per capita da Região Nordeste, além de possuir o Semiárido com a maior densidade demográfica da região. Todo esse cenário demandava e ainda demanda soluções de caráter mais estruturante.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a bacia do Rio São Francisco detém 70% de toda a oferta de água da região. Estudos indicaram que o projeto de integração do São Francisco representa a alternativa mais consistente para garantir o abastecimento de água na região, que concentra 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água do País.

    Quando finalizado, o projeto se constituirá em um empreendimento portentoso. São quase 480km de extensão distribuídos em dois eixos de transferência de água: Norte e Leste. Doze milhões de nordestinos dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte serão beneficiados.

    Consolidam a obra a construção de 9 estações de bombeamento, 27 reservatórios, 4 túneis, 13 aquedutos, 9 subestações de energia e 270 quilômetros de linhas de transmissão de alta tensão. Essa infraestrutura abastecerá adutoras e ramais que irão perenizar rios e açudes para abastecer os Municípios.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para os pernambucanos, sobretudo do Sertão e do Agreste, a conclusão e efetividade da transposição são fundamentais para combater, de forma estrutural, os efeitos das estiagens, garantindo segurança hídrica e promovendo as condições mínimas para o desenvolvimento normal das atividades produtivas. Nesse sentido, é essencial que um conjunto de obras complementares, como adutoras, ramais e barragens, que se situam no entorno da transposição, seja executado. Eu gostaria de citar os principais empreendimentos.

    A Adutora do Agreste é um empreendimento estruturador fundamental que irá universalizar o abastecimento de água para mais de dois milhões de habitantes em 68 Municípios da região, muitos com grande densidade populacional. Nos últimos cinco anos, o Agreste pernambucano tem sofrido com a escassez de água para o abastecimento humano e o desenvolvimento de suas vocações produtivas tradicionais, como a criação do gado leiteiro, a produção têxtil e de confecções e a avicultura. Tudo isso tem se traduzido em aumento do desemprego, queda de renda e um cotidiano de muitas dificuldades para a população.

     Destaco a importância do Ramal do Agreste, que irá levar água do Eixo Leste para um açude que será construído às margens do Rio lpojuca. De lá será interligada a Adutora do Agreste até Gravatá, abastecendo os Municípios da região.

    Finalmente, ressalto a Adutora do Moxotó, que irá permitir utilizar as águas da transposição enquanto não fica concluído o Ramal do Agreste. A obra corresponde especificamente à construção de três estações elevatórias, com um sistema de bombeamento, e à captação na Barragem do Moxotó. Assim, a adutora fará a condução da água da Barragem do Moxotó até a estação de tratamento de água em Arcoverde, onde o sistema será interligado à Adutora do Agreste.

    Portanto, o término da Adutora do Moxotó irá assegurar o abastecimento dos Municípios de Arcoverde, Pesqueira, Alagoinha, Sanharó, Belo Jardim, São Bento do Una e Tacaimbó, beneficiando mais de 300 mil pernambucanos.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a conclusão das obras da transposição do Rio São Francisco representa uma redenção para os nordestinos. Devemos tributar ao Presidente Lula e à Presidente Dilma o reconhecimento pelo empenho para que esse projeto saísse do papel, depois de um sonho que foi acalentado durante décadas, e hoje se transformasse e se materializasse em uma realidade palpável.

    Temos que fazer esse tributo de justo reconhecimento, o que não significa deixar de considerar que o Presidente Michel Temer teve, sim, o mérito de poder continuar a garantir a prioridade necessária para que uma obra que já tinha, até então, mais de 90% da execução física realizada pudesse ao final proporcionar os benefícios que dela se esperam. Era um imperativo de racionalidade; era, por assim dizer, o uso minimamente racional dos recursos públicos, já que essa obra havia consumido tantos recursos e tantos esforços.

    Portanto, é justo fazer aqui esse reconhecimento, sem querer, nem de longe, politizar essa questão. Mas não se pode deixar de reconhecer que foi a decisão política e, mais do que isso, a determinação de um homem que, de resto, é filho do Nordeste, que nasceu e viveu, conviveu com as agruras e foi, por assim dizer, tangido pela seca que frequentemente assola nossa região. Por isso mesmo, esse filho do Nordeste pôde garantir essa que é indiscutivelmente uma grande conquista.

    Eu concedo a palavra, com muita satisfação, à nobre Senadora Vanessa Grazziotin.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Sr. Presidente, nobre Senador Armando Monteiro, primeiro agradeço a V. Exª pela concessão do aparte. Quero dizer que o faço para cumprimentar V. Exª, porque eu sei que V. Exª também tem parte nessa que eu não vejo como uma vitória, como algo que tenha que ser comemorado – e muito comemorado! – somente pelos nordestinos deste País, mas pelo Brasil inteiro, Senador Armando Monteiro.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Pelos brasileiros, diz muito bem V. Exª.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Pelo Brasil inteiro. Eu vivo lá na Região Norte. Eu sou do Estado do Amazonas, aquela região que tem a maior reserva de água potável de superfície do Planeta, mas todo brasileiro e toda brasileira assistem às dificuldades, às angústias, ao sofrimento das famílias do Agreste nordestino. Hoje, quando nós falamos da transposição do Rio São Francisco, da inauguração dessa obra – eu aqui estou vendo V. Exª falar não com a razão, mas muito mais com o coração, porque também, como o Presidente Lula, V. Exª é filho do Nordeste e tão bem representa aquela terra, tem uma família com longa tradição de luta pelo desenvolvimento daquela região, e vejo V. Exª falando com o coração –, hoje parece que tudo foi tão fácil. É bom que nos lembremos das polêmicas. Quanta gente que hoje comemora trabalhou e trabalhou e trabalhou muito contra essa obra, muito contra essa obra. Não sou daquelas que gostam de olhar para o retrovisor, não sou daquelas que se baseiam no passado para construir o futuro, mas, como V. Exª diz, nós devemos, sim, neste momento – o Brasil, o Nordeste –, uma homenagem ao ex-Presidente Lula, que, como V. Exª e tantos outros – ele principalmente, porque era o Presidente do Brasil, um nordestino lá do seu Estado de Pernambuco –, lutou muito para que essa obra saísse. Então, eu quero cumprimentar V. Exª, Senador Armando Monteiro, por esse seu pronunciamento. V. Exª, que é um homem profissionalmente tão bem-sucedido, nunca largou as bandeiras em defesa do desenvolvimento do Nordeste e da qualidade de vida daquela gente mais humilde. Então, uma alegria que eu tenho é dividir aqui os trabalhos deste Parlamento com pessoas como V. Exª. Parabéns, Senador Armando!

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Senadora Vanessa, eu agradeço muito o seu aparte, que enriquece o meu pronunciamento.

    V. Exª sublinhou, com rara felicidade: essa não é uma obra que deve produzir satisfação e alegria apenas para o povo do Nordeste. Essa é uma obra do Brasil. Essa é uma obra de integração genuinamente, porque o Velho Chico é o rio da integração nacional, de um país que se pretende mais homogêneo, menos desigual na sua essência, porque, de resto, a desigualdade ameaça o nosso próprio projeto de Nação. Não existe uma nação que se caracterize como tal, se ela convive com tantas desigualdades e, em alguns casos, com tantas iniquidades.

    Então, é necessário fazer o Nordeste mais integrado, uma região que tem hoje menos de 50% da renda nacional, Senador Cássio, e que precisa recuperar, nos próximos anos, essa distância que ainda nos separa da renda média do País. E um dos pilares desse processo é, sem dúvida nenhuma, a segurança hídrica, sem a qual as atividades produtivas não vicejam e não se sustentam.

    É triste perceber como, no Nordeste, no interior do Nordeste, atividades tradicionais, meu caro Senador José Agripino, foram pouco a pouco sendo desestruturadas por conta da insegurança hídrica, da falta de regularidade na oferta de água da região.

    Portanto, a obra de transposição do São Francisco deve ser saudada e festejada como uma obra de interesse do Brasil, porque ela, em última instância, fará o nosso País mais integrado e menos desigual.

    Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Senador Armando Monteiro, eu quero cumprimentar V. Exª pelo seu pronunciamento e trazer um breve depoimento, porque eu estive, na sexta-feira, com muito prazer, em Sertânia e também em Monteiro, participando da inauguração do Eixo Leste da transposição. Quero registrar que vários foram os oradores, inclusive o próprio Presidente Michel Temer, e, na fala que fiz, com muita tranquilidade registrei a importância tanto do Presidente Lula como da própria Presidente Dilma, que contribuíram para a obra, em que pese o imenso atraso no cronograma – a Presidente Dilma poderia ter inaugurado a obra desde 2012, quando ela deveria ter ficado pronta –, seguramente por razões alheias à vontade da ex-Presidente da República.

    Mas lembrei também – porque há uma discussão infértil, pouco produtiva, sobre a paternidade da obra – aquilo que o meu pai, o Senador e Governador Ronaldo Cunha Lima, me ensinou durante a sua vida pública: que a obra pública não tem dono, o dono é o povo que é beneficiário dela. Então, não há como deixar de reconhecer a importância que tiveram o Presidente Lula, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, quando os primeiros estudos foram iniciados – e não se faz uma obra dessa envergadura sem os estudos iniciais –, e reconhecer, igualmente, o Presidente Michel Temer, que concluiu a obra.

    Eu fico aqui a imaginar se, porventura, por um infortúnio do destino, a obra não fosse concluída, o Presidente Michel Temer seria criticado por não ter concluído a obra.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Aliás, Senador Cássio, permita-me.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Claro.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – A obra não foi concluída, ainda, inteiramente.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Não, nessa etapa.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Nós estamos falando do Eixo Leste que foi concluído.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Isso, o Eixo Norte...

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Mas temos o Eixo Norte, o desafio de concluí-lo.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – É, o Eixo Norte já era para estar pronto desde 2012.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Exatamente.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – O Eixo Norte está com cinco anos de atraso, no mínimo.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Agora, permita-me V. Exª: ainda que V. Exª tenha total razão quando diz que a obra é pública e, consequentemente, é da população, Senador, algo que nós políticos sabemos é que há a iniciativa, o mérito da iniciativa – há momentos em que o governante precisa eleger prioridades; e é ele quem define as prioridades, muitas vezes. É ele que, com a sua sensibilidade, é capaz de produzir a iniciativa. Isso é um mérito inquestionável. 

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Claro.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Porque, diante das demandas que são múltiplas no País, eleger... Aliás, alguém já disse que governar é a penosa arte de eleger prioridades...

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – Senador Armando Monteiro, V. Exª me concede um aparte?

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – ... em meio a um quadro de escassez.

    Portanto, o mérito da iniciativa é inquestionável. Não é propriamente a discussão da paternidade em si, mas o mérito da iniciativa que nós devemos destacar.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – É, da mesma forma que se reconhece, claro, o mérito da iniciativa, o que se está querendo dizer é que se está reconhecendo o mérito de quem está concluindo essa etapa da obra.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Eu fiz esse registro no meu pronunciamento.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Na obra do Eixo Leste faltam ainda algumas ações complementares, de obras de drenagem, mas o caminho das águas já está pronto.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Sem dúvida.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Tanto é que, no dia de hoje, a água do São Francisco já superou a Barragem de São José – que fica a montante da Barragem de Poções –, já está chegando em Poções, que é um açude na cidade de Monteiro, para que, até no máximo na quinta-feira,...

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Chegue a Campina Grande.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – ... chegue a Camalaú para que, a partir daí, caia na calha natural do Rio Paraíba e tenha um percurso de 45 dias para chegar a Campina Grande, no açude Epitácio Pessoa, de Boqueirão.

    Sobre o Eixo Norte, já que o tema é tão relevante, hoje o Ministério da Integração declarou vencedora a terceira colocada na licitação, e haverá um prazo de recurso. Se tudo correr bem na licitação, o Eixo Norte deverá estar concluído até dezembro deste ano – lembrando que todo o conjunto...

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – ... das obras da transposição do São Francisco, pelo cronograma inicial, já deveriam estar prontas desde 2012. Então, nós estamos falando de um atraso de cinco anos.

    Portanto, tem mérito, sim, o Presidente Lula, que teve a iniciativa da obra, como, se formos fazer a perspectiva histórica, tem mérito até Dom Pedro II, que foi o primeiro a falar na transposição. E veio o Presidente Itamar Franco, ao tempo que fui superintendente da Sudene, e trouxe de volta essa discussão. Os estudos iniciais foram realizados no governo de Fernando Henrique Cardoso, com a participação de dois paraibanos, Fernando Catão e Cícero Lucena, que foram ministros da Integração. O Presidente Lula, com toda justiça e reconhecimento, iniciou a obra com a ajuda indispensável do vice-Presidente José Alencar, que, digamos, foi o grande artífice da engenharia política para superar os obstáculos para a realização da obra. Então, precisamos lembrar, neste instante, da memória do vice-Presidente José Alencar, que fez toda a costura das audiências públicas, a engenharia política para superar os obstáculos e registrar também, por exemplo, a participação do Ministro Ciro Gomes, que foi o ministro da Integração no início da obra; mais recentemente, o nosso colega Senador, o Ministro Fernando Bezerra, seu conterrâneo, representante de Pernambuco.

    Então, a obra teve a contribuição de muitos e representa uma conquista de todos. Isso é que é importante. Não se está aqui deixando de reconhecer, até porque eu fiz no meu pronunciamento – e não só no meu pronunciamento na hora do ato inaugural, mas em todas as entrevistas, em todas as declarações – o reconhecimento justo, devido e merecido a todos aqueles que contribuíram para a realização da obra. Essa é uma discussão que não é tão importante. O importante é informar também, Senador Armando Monteiro, que a Paraíba, antes mesmo do Eixo Leste, recebeu água da transposição através da Adutora do Pajeú, vinda de Pernambuco, naquela nossa região de fronteira ali, em Flores com Princesa Isabel.

    A cidade de Princesa Isabel já recebeu, está recebendo a água da Adutora do Pajeú, a água do São Francisco, e, se Deus quiser, nós teremos o prosseguimento dessa obra da Adutora do Pajeú para Manaíra, para São José de Princesa, para Tavares, para Juru, para Matureia – o Prefeito de Matureia, Zé Pereira, está conosco hoje aqui em Brasília; o Prefeito de Teixeira, Nego de Guri, esteve na inauguração –, chegando a Desterro e a Taperoá, para que nós tenhamos toda essa região da Paraíba, se Deus permitir, atendida com a Adutora do Pajeú, que traz água do São Francisco, além de outras adutoras que serão realizadas na Paraíba.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Eu estive com a Presidente Dilma inaugurando uma etapa da Adutora do Pajeú em Serra Talhada, adutora essa que servia a Afogados da Ingazeira e seguia em direção à Paraíba. Portanto, eu quero também, já que V. Exª lembrou a Adutora do Pajeú, fazer esse reconhecimento à Presidente Dilma, que também deu muita prioridade a essa obra.

    Mas o Senador Valadares tinha solicitado e eu peço a compreensão de V. Exª.

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – Eu compreendo a alegria e o regozijo de V. Exª, como pernambucano, e de Cássio Cunha Lima, nosso Presidente, da Paraíba, pela inauguração do Eixo Leste, que vem beneficiar milhares e milhares de pessoas que estavam altamente prejudicadas, não só no consumo diário de água potável como também para movimentar a própria agricultura e a indústria locais. O que é ocorre é que V. Exªs falaram – e acertadamente – em vários nomes que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desse grande empreendimento, que eu considero revolucionário, uma vez que a execução dessa obra está mitigando a sede de pessoas que pensavam ser apenas um sonho irrealizável. E graças à tenacidade, em primeiro lugar, do Presidente Lula e dos demais que o acompanharam, e inclusive ao desejo de continuidade administrativa do Presidente Temer, a obra está sendo tocada e, dentro em pouco, o Eixo Norte também será inaugurado. Mas eu quero levantar uma questão que eu considero da mais alta relevância, que é a realização do projeto de revitalização do Rio São Francisco.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – É fundamental.

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – Inclusive agora, em agosto do ano passado, o Presidente Temer e o Ministro Helder Barbalho lançaram um novo programa de revitalização: é o Novo Chico, pelo qual serão despendidos mais de R$1 bilhão até 2019.

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – R$9 bilhões, Senador, em dez anos.

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – Até 2019, não é isso? Então, o que acontece? Com a realização desse empreendimento da revitalização, nós podemos garantir e assegurar que o Eixo Norte e o Eixo Leste continuem a receber água potável não só de boa qualidade, mas em quantidade suficiente para abastecer as populações. O nosso rio, muita gente está dizendo aí – inclusive Otto Alencar, que é um profundo conhecedor do rio –, o Rio São Francisco está morrendo.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Está morrendo.

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – Então, deixar morrer o rio significa que todo esse sonho que nós estamos contemplando neste momento pode se tornar um grande tormento para as populações beneficiadas. Por isso, nós devemos, ao lado da transposição, porque à época o que nós mais discutíamos aqui é se devíamos começar primeiro a revitalização ou a transposição... Lógico que o ideal seria que tivéssemos começado pela revitalização, mas como, na avaliação do governo, havia uma premência, uma urgência muito grande em relação ao fornecimento de água para essas populações, então deu-se prioridade à transposição do Rio São Francisco, e a revitalização ficou no segundo plano. Mas, agora, espero que, alcançado esse objetivo grande para regiões tão extensas do Território brasileiro – que merecem realmente o nosso carinho, o nosso apoio e a nossa solidariedade devido ao sofrimento por que passam pela falta d'água –, ao lado disso, para garantir a essas populações com as quais nós somos solidários, vamos lutar bravamente, como lutamos pela transposição, agora a favor do projeto, dando apoio ao Ministro Helder Barbalho, dando apoio ao Presidente da República, para que se realize esse grande sonho de transformar o Velho Chico num rio saudável.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – No Novo Chico.

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – No Novo Chico, que é o nome do projeto. Agradeço a V. Exª e quero...

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Agradeço também.

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – ... aqui ratificar, assinando embaixo deles, todos os elogios feitos àqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram com o empreendimento da transposição.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Muito bem.

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – E eu quero também, quem sabe, um dia, fazer essas mesmas homenagens, ao lado de V. Exª e de Cássio Cunha Lima, a todas ...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – ... aquelas autoridades, aquelas lideranças que trabalharam e estão trabalhando pela revitalização do Velho Chico. Inclusive, aqui, o Senado aprovou uma proposta de emenda à Constituição de minha autoria para a revitalização...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE) – ... para a criação de um fundo de revitalização por 20 anos. Lamentavelmente, a Câmara dos Deputados o deixou lá, como sempre, dormindo nas gavetas, mas ainda está viva e atuante essa PEC da revitalização. Porém, como o governo assume diretamente essa responsabilidade do Governo do Presidente Temer – e espero que outros governos o façam –, a revitalização pode se transformar, sem dúvida alguma, numa realidade pela qual nós trabalhamos. Agradeço a V. Exª.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Muito obrigado. E eu me congratulo com V. Exª pela lembrança. É fundamental o projeto de revitalização, sem o que nós não teremos a garantia do futuro de contarmos com essa riqueza daquilo que poderá ser o Novo Chico, o rio valorizado e revitalizado por essa ação, que tem de ser uma ação previdente, porque, do contrário, estaremos...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Obrigado pela tolerância, Senador Cássio.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2017 - Página 73