Discurso durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica á compra do livro infantil “A Máquina de Brincar” para as escolas do País.

Autor
Wilder Morais (PP - Progressistas/GO)
Nome completo: Wilder Pedro de Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO:
  • Crítica á compra do livro infantil “A Máquina de Brincar” para as escolas do País.
Aparteantes
Magno Malta.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2017 - Página 98
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO
Indexação
  • CRITICA, PODER PUBLICO, AQUISIÇÃO, OBRA LITERARIA, EDUCAÇÃO INFANTIL, MOTIVO, INFLUENCIA, RELIGIÃO, INTERFERENCIA, DESENVOLVIMENTO, CRIANÇA, SOLICITAÇÃO, DESTINATARIO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), RETIRADA, LIVRO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO.

    O SR. WILDER MORAIS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Srªs Senadoras, Srs. Senadores, o Brasil está saindo da crise; está voltando a ser confiável para investir. O mercado internacional insere o País como ambiente seguro para negócios. Enfim, a Nação retoma o seu rumo, o rumo do desenvolvimento. Mas há um tipo de praga difícil de se tirar do caminho: é a praga da ideologia. Foi o que se implantou há pouco mais de uma década – é a briga inútil entre a esquerda e a direita, que não resulta em nada e, quando dá algum resultado, é contra a humanidade.

    Um feito absurdo ocorreu na parte mais importante da nossa Nação civilizada, a educação; e na parte mais sensível da educação, a infantil; e na área capital da educação, a leitura de livros – não um livro qualquer, mas um livro literário. Na semana passada, o Deputado goiano Lincoln Tejota trouxe à tona o livro infantil A Máquina de Brincar. É uma obra de 2005 que continua sendo vendida e gerou muita polêmica no Brasil inteiro por dois motivos: os poemas elogiam o diabo e falam mal de Deus. Esse absurdo vem sendo denunciado há mais de 12 anos e não se toma providência. Em vez de apreciar os clássicos da literatura, em vez de preencher o currículo escolar com algo relevante, a criança é apresentada ao diabo como personagem cortês e a Deus como algo inquestionável.

    Um dos poemas se chama O Diabo que me Carregue. Ora, a ninguém se deve desejar que seja carregado pelo diabo; e o livro faz o estudante repetir que deseja ser levado por Satanás. Todas as estrofes desse poema começam com dois versos tão fortes quanto o título. Os versos são: "Ó, diabo, meu grande amigo, vem brincar comigo." A criança elogia o demônio e o chama para se divertir com ela.

    Sr. Presidente, a infância atual é muito solitária. Às vezes, o único amigo da criança é o celular, o computador ou a TV. A criança sonha com um amigo para brincar. E quem o livro recomenda para ser esse amigo? O diabo.

    O poema termina com uma verdadeira lavagem cerebral. Está assim nas últimas estrofes – abro aspas: "Sossega, vão falar mal aqueles que não estão contigo, que não foram convidados pelo diabo, meu grande amigo."

    Ou seja, se alguém repreender a criança por recitar o poema, é porque esse alguém é um maldito, esse alguém está com inveja por não ser amigo do diabo. E, enfim, isso deve ser o fim do mundo. Quer dizer, esse é o fim do mundo por escrito ainda, porque tem alguém desenhado, vermelhinho, sorrindo, uma imagem do diabo no livro.

    E o fim do mundo continua noutro poema, chamado O que Deus nos deu?

    São versos ensinados a duvidar de Deus, Senador Magno Malta, fazendo troça com quem tem fé, aplicando o golpe de que Deus não existe.

    O autor critica quem conversa com o invisível – seria falar com Deus. É uma cena linda dirigir, uma criança, a sua oração a Deus. A conversa da pessoa que fala com Deus renasce a esperança, em qualquer religião, em qualquer idioma, em qualquer lugar do mundo, em qualquer tom, em qualquer vocabulário. Com palavras simples ou rebuscadas, falar com Deus sempre é sublime.

    O livro critica a criança que ora. Meu Jesus, nosso País é laico? O nosso povo é trouxa? Não se pode torrar dinheiro público com uma obra que zomba de Deus.

    O Poder Público não pode gastar verbas oficiais com algo que induz a criança a elogiar o diabo. Criticar Deus, zombar da fé, acreditar que o diabo venceu? Sim, é o que diz textualmente esse livro, que hoje está sendo distribuído nas escolas para as nossas criancinhas.

    Esse poema critica Deus e conclui com uma pergunta – abro aspas: "Não é que o capeta venceu?" Eu repito: o livro está errado. O capeta não venceu.

    Não sou religioso, não sou pregador, mas sou cristão. Acredito em Deus e credito a Deus tudo que conquisto. Dou graças a Deus por tudo. Mas não precisa ser cristão ou ter fé para repelir essa maldição nas escolas. Dizer que o diabo venceu Deus é mais uma heresia, é mais um culto ao satanismo, é a negação do que temos de mais belo, a nossa vontade de vencer e de crescer.

    Não se quer aqui pregar a censura, não se quer nada disso. O que o Deputado Lincoln Tejota, do meu Estado, solicitou, eu solicito aqui também ao nosso Presidente Michel Temer, aos governadores, aos prefeitos: não gastem dinheiro público com apologia a Satanás.

    O mundo mudou. E mudou muito.

    Alguém que canta o Hino Nacional quer dizer que quer que volte o regime militar? Alguém que ora antes de qualquer início de aula é mais um idiota ainda? Isso quer dizer, então, que a nossa linguagem é distorcida, Senador Malta. Quem distribui kits de malfeitorias para as crianças, um item desses kits, algum livro louvando o que não presta...

    Felizmente, o livro é um material duradouro e é um bem de família que transita entre as gerações. Mas, infelizmente...

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Concede-me um aparte?

    O SR. WILDER MORAIS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - GO) – ... um livro como esse vai continuar nas bibliotecas e estantes das escolas infantis, à disposição das crianças com a personalidade ainda em formação, com a mente exposta e sem defesa.

    O autor do livro sabe disso, mas ele tem o seu direito de publicar e de vender. Agora, os governantes é que estão errados em privilegiar esse tipo de produto.

     As escolas públicas e privadas precisam de muitas coisas. Há tantos itens...

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Concede-me um aparte, Senador?

    O SR. WILDER MORAIS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - GO) – Sim, Senador Magno Malta.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Quero parabenizar a V. Exª pela coragem, desprendimento, de tratar de um tema tão importante. E Deus é bom. Deus é bom o tempo todo. Deus é bom que, em havendo o arrependimento, Ele é capaz até de perdoar um imbecil desses, um imbecil que escreve tamanha imbecilidade e que, infelizmente... A Bíblia diz: quando depender de vós, segui a paz com todos. Nós temos que ouvir, conviver, porque a regra da boa convivência é respeito, e respeitar até porque Deus deu o livre arbítrio ao homem e, dentro do livre arbítrio do homem, o homem o usa como quiser, até para escrever umas imbecilidades como essa aí. Senador Wilder, a política está criminalizada, e a classe política, no Brasil, mergulhou num descrédito tamanho que, de corrupção a usar dinheiro público para colocar em biblioteca pública esse tipo de literatura, são as mesmas pessoas. E olhe o desserviço que esse governo perdulário prestou ao País nesses 13 anos. São as mesmas pessoas que são capazes de zombar da Bíblia. A Bíblia é o livro dos livros, que atravessou séculos e séculos e séculos, amém. Mas eles são mais tarados por citar Freud, por citar Jung, por citar Paulo Coelho, citar sei lá quem, sei lá quem, sei lá quem... Nostradamus, e muitos deles parafraseando o que está na Bíblia, porque é uma minoria de pessoas, que, do alto de sua intelecto-imbecilidade, tentam, na sua bestificação, chamar a atenção de alguma maneira. Chamar a atenção de alguma maneira não me assusta. O que está assustando a mim e a V. Exª é o fato de um homem público fazer mão e lançar mão de dinheiro público para colocar isso em escola pública. A semana passada, o Ministério Público Federal, Estadual, pede a cassação do prefeito de Ariquemes por improbidade, em Rondônia, e da maioria absoluta dos vereadores. Sabe por quê? Porque ele se recusou a colocar livros de ideologia de gênero nas escolas. Quando nós votamos o Plano Nacional de Educação, estas duas Casas, Senado – e V. Exª votou – e Câmara dos Deputados rejeitaram ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação. Algumas assembleias legislativas também. Algumas desavisadas foram acordar depois, e alguns Municípios se recusaram a colocar no Plano Municipal de Educação. Ariquemes se recusou, não colocou. Mesmo assim, por não aceitar a literatura de ideologia de gênero... Porque não sei aonde é que nós vamos chegar. Viu o Fantástico, domingo? Crianças transgêneros. Mulher nenhuma... Não existe cromossomo homossexual. Mulher nenhuma fica grávida de um homossexualzinho; fica grávida de um menino ou de uma menina. Deus criou macho e fêmea! Para onde é que nós estamos caminhando? E aí este Estado é laico? Esse livro satanista aí, em que esse imbecil debocha de Deus... Coitado. É um pobre coitado. A Bíblica diz que, depois da morte, segue-se o juízo. E mãe Dadá falava mais forte. Mãe dizia: "Olha, depois que morre, não presta nem para fazer sabão." Se esse imbecil soubesse que, depois que ele morrer, não prestará nem para fazer sabão, ele se redimiria. Aliás, tem tempo ainda. Ele está respirando. Não sei nem se está vivo, mas, se estiver, tem tempo ainda. Então, vejam para onde nós estamos caminhando. E aí eu volto ao kit gay que o Sr. Haddad, quando era Ministro da Educação, Presidente Rose, tentou implantar nas escolas e contra o qual nós nos insurgimos, em favor da sociedade brasileira. Se não, os nossos filhos, de 8 anos de idade, já estariam aprendendo homossexualismo na escola, com o kit gay produzido pelo Ministério da Cultura. O mesmo Ministério que produziu uma cartilha, ensinando às crianças como usar droga e como ter relação sexual. Então, nós temos que reagir e reagir forte. V. Exª tem os meus parabéns, até porque, como cristão, teve uma reação de cristão. Como cristão que respeita a Deus, ao criador, ao sustentador de todas as coisas, que ama a Deus, como católico que V. Exª é. Nós somos um País majoritariamente cristão, um país de católicos, de evangélicos, de espíritas. Nós divergimos doutrinariamente, mas nós somos cristãos. E, na defesa da vida, nós somos monoteístas. Nós acreditamos num só Deus. E V. Exª até me emociona, porque o que V. Exª está fazendo não é comum. É comum se ver gente como eu e como outros, que são tratados por esses esquerdopatas como fanáticos e uma série de coisas. É melhor ser fanático do que ser drogado, do que ser maconheiro, do que ser bêbado. É melhor ser fanático, um cristão fanático, do que acreditar nessas baboseiras, nessas idiotices, do que acintosamente se levantar contra a natureza de Deus, com questões de aborto, com questões de drogas. V. Exª está de parabéns, como católico que é, como cidadão que é, honrando o seu povo de Goiás com a sua posição. Deus não precisa da sua defesa, Deus não precisa nem de mim nem de você. Ele sabe se defender e é até misericordioso, se um imbecil desses pede a Ele misericórdia. Mas, pela sua postura como cristão e como Senador, parabéns! Estou aqui para parabenizá-lo, emocionado, em nome de milhões de brasileiros que são a maioria deste País. 

    O SR. WILDER MORAIS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - GO) – Agradeço ao Senador.

    Eu sei da sua briga, aqui, meu colega. V. Exª tem defendido aqui, com unhas e dentes, tudo o que afeta a nossa religião, seja a católica, seja a evangélica.

    Esse tema me chamou muito a atenção. Eu passei o Carnaval nas igrejas, junto com os evangélicos. Aproveitei para rodar os congressos no meu Estado de Goiás. E voltei muito sensibilizado, por ver os jovens que poderiam estar no Carnaval, nas drogas, reunidos, cantando e falando a Palavra de Deus. Por isso, hoje, nesta noite, eu vim, exatamente porque um colega, o Deputado Estadual Lincoln Tejota, levou isso à tona. Eu não tinha conhecimento do livro, mas vim, muito sensibilizado, dizer que nós temos que fazer o que o senhor faz muito bem aqui na Casa: defender... Aqui nós temos que ter, em relação a sexo, macho e fêmea, e eu também não concordo com nada que seja diferente disso.

    Então, quero parabenizar o meu Deputado Lincoln Tejota por criticar esse absurdo, como também parabenizo a V. Exª. O livro diz que o capeta venceu a disputa com Deus. Repito: por mais que isso pareça uma bobagem, esse livro, distribuído nas escolas, repito, também é uma mentira. Quem está ao lado de Deus só tem a ganhar. É isso que nossas crianças têm que aprender em casa, na escola e na vida.

    Presidente Rose, é um absurdo. Eu queria mostrar para a senhora... Esse é um livro, feito com dinheiro público, não só para as criancinhas, onde se mostra o capeta desenhado, chamando as crianças para brincar com ele. Isso é um absurdo. Isso está desde 2005 sendo distribuído com dinheiro público nas escolas públicas.

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. WILDER MORAIS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - GO) – Eu mostro, sim. Obrigado.

    Este é o livro que está sendo distribuído nas escolas públicas com dinheiro público. Então, isso tem que acabar. Então, solicito ao Presidente da República e ao Ministro da Educação que isso seja retirado das escolas urgentemente.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2017 - Página 98