Discurso durante a 39ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a comemorar o lançamento da Campanha da Fraternidade de 2017.

Autor
Paulo Rocha (PT - Partido dos Trabalhadores/PA)
Nome completo: Paulo Roberto Galvão da Rocha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a comemorar o lançamento da Campanha da Fraternidade de 2017.
Publicação
Publicação no DSF de 07/04/2017 - Página 26
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, OBJETIVO, COMEMORAÇÃO, LANÇAMENTO, CAMPANHA DA FRATERNIDADE.

    O SR. PAULO ROCHA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Primeiro, eu queria saudar, Presidenta, pela oportuna sessão solene, com a presença da CNBB.

    A CNBB, nos últimos tempos, tem promovido as Campanhas da Fraternidade. São campanhas que estão sintonizadas com os problemas do Brasil, mas principalmente com os problemas por que passa o nosso povo. Esta, mais oportuna que qualquer outra, trata da questão da vida humana, e envolve a questão ambiental, a questão da floresta.

    Eu venho lá da Amazônia. Sou de uma família muito pobre do interior. Aliás, queria falar aos nossos religiosos aqui que... Queria tratar da questão da oportunidade, porque essas campanhas estabelecem a oportunidade de o próprio Brasil discutir os seus temas mais prementes. E, quanto à questão da oportunidade – como a gente costumava chamar lá, a nossa Madre Igreja –, hoje eu sou Senador da República por causa da oportunidade que a Igreja me ofereceu de sair lá do meu interior, de uma família muito pobre. Fui para a cidade grande, lá me formei operário, e acabei seguindo o processo da luta sindical, da luta política e virei Senador. Mas foi a Igreja que me oportunizou.

    Aliás, Bispo, como curiosidade, eu fui sacristão – como se chamava na época – de um padre. Acho que ele é conhecido na Igreja toda do Brasil, porque ele está em investigação para processamento da sua canonização. Chamava-se Monsenhor Edmundo Igreja. Naquela época a gente ainda rezava a missa em latim, e o celebrante ainda ficava de costas para o público. Pois foi esse Monsenhor que me oportunizou, e acabei virando operário.

    Então, desde esse tempo tenho a minha luta voltada para dentro da Amazônia. Todo mundo sabe – o Dr. Ivo deve saber – que o Pará, principalmente, era campeão da disputa pela terra, exatamente com esta visão de os devastadores chegarem e se apoderarem da estrutura da terra, expulsando os pequenos e verdadeiros donos da terra, os índios etc. E acabei sendo, vamos dizer, uma das lideranças desse processo da resistência.

    Então eu queria saudar a campanha, mas, ao mesmo tempo, dizer, Bispo, Dr. Ivo, que, principalmente nas nossas regiões, na Região Amazônica, nesses biomas, eu acho que já houve evoluções, a partir da ciência e das pesquisas, nessa questão de se discutir o tal do desenvolvimento sustentável, respeitando a questão ambiental, mas promovendo o desenvolvimento dentro das pesquisas, das técnicas e do processo, para poder também arrancar da floresta a questão da proteção à vida humana.

    No entanto, o Estado brasileiro é que fica distante desses espaços: acaba criando registro ou arcabouço jurídico, mas não se faz valer lá, porque falta a presença do Estado. Na Amazônia é muito isto: há uma ausência do Estado brasileiro no processo não só de políticas públicas para poder criar as condições de qualidade de vida para o cidadão, mas também a presença do Estado como instrumento inibidor desse processo de devastação ou da destruição dos nossos biomas etc.

    Acho que é muito oportuno, principalmente, fazer esta sessão no Senado Federal para chamar a atenção dos nossos Senadores, que são os verdadeiros representantes dos Estados e da Federação, para criar instrumentos e políticas de governos que possam, digamos assim, assegurar com que, na evolução do processo de desenvolvimento, seja assegurada essa questão da sustentabilidade criando condições de proteção ambiental, proteção da terra, mas, ao mesmo tempo, criando as condições de qualidade de vida humana nas nossas regiões.

    Parabéns, Presidenta Regina, pela sessão. E parabéns à CNBB, com a campanha da fraternidade, sempre oportuna nos graves e grandes problemas do nosso País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/04/2017 - Página 26