Pela Liderança durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao governo municipal do Rio de Janeiro sob o comando do prefeito Marcelo Crivella.

Autor
Romário (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RJ)
Nome completo: Romario de Souza Faria
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO MUNICIPAL:
  • Críticas ao governo municipal do Rio de Janeiro sob o comando do prefeito Marcelo Crivella.
Publicação
Publicação no DSF de 07/04/2017 - Página 52
Assunto
Outros > GOVERNO MUNICIPAL
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, MARCELO CRIVELLA, PREFEITO, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), MOTIVO, ACIDENTE, CARNAVAL, NOMEAÇÃO, CARGO PUBLICO, NEPOTISMO, AUSENCIA, MANUTENÇÃO, ESTRUTURA, OLIMPIADAS, REDUÇÃO, ORÇAMENTO, SAUDE, EDUCAÇÃO.

    O SR. ROMÁRIO (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Boa tarde, Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores. Boa tarde a todos que nos veem e a todos que nos ouvem.

    Hoje, meu motivo de estar aqui na tribuna é falar do nosso atual Prefeito, Marcelo Crivella, que foi, até ano passado, nosso colega aqui nesta Casa.

    Sr. Presidente, uma parte importante do trabalho de um Senador é fiscalizar as ações do Executivo, avaliando quem foi eleito para resolver os graves problemas que existem em nossas cidades.

    Eu tenho acompanhado a gestão do Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, desde o primeiro dia e, infelizmente, devo dizer que me sinto decepcionado e revoltado: decepcionado por ver um ex-colega de Senado, que foi eleito prometendo cuidar das pessoas, que até agora só cuidou de si mesmo, dos seus parentes e de alguns amigos; revoltado, porque vejo a minha cidade pagando caro pelo descaso e pela incompetência. São tantas barbaridades cometidas em tão pouco tempo, que a população já perdeu a paciência. Se eu tivesse que avaliar a gestão do Prefeito em uma única palavra, essa seria péssima. A gestão de Crivella, infelizmente, vai de mal a pior.

    Sr. Presidente, a estreia do Prefeito na condução de um grande evento da cidade foi no Carnaval, que teve quatro acidentes graves nos desfiles, com 32 feridos, alguns deles até em estado grave. A organização falhou, a fiscalização falhou, e o Prefeito simplesmente sumiu. Crivella não deu as caras durante todo o Carnaval. Pela primeira vez em 30 anos, o Prefeito não compareceu à abertura do evento. Ele entregou a cidade na mão de seus assessores, e nem mesmo a série de acidentes o fez aparecer no sambódromo. Eu entendo e respeito a opção religiosa do Prefeito, mas ele foi eleito para cuidar de todas as pessoas – de todas as pessoas, de todas as religiões. E não estamos falando de uma festa qualquer. O Carnaval é uma cadeia produtiva muito importante para a economia. Estamos falando da vitrine da cidade para os turistas de todo o mundo.

    Falando em assessores, o Prefeito Crivella está se superando nesse quesito. Após tentar nomear seu filho como Secretário da Casa Civil, que foi barrado pela Justiça, o Prefeito nomeou não apenas um, mas dois mortos para cargos na Prefeitura. Dois mortos, Sr. Presidente: um nomeado na Riotur e outro na Secretaria de Esportes e Lazer. É de se estranhar também a nomeação de Guilherme Freixo como assessor da Casa Civil. Guilherme é irmão de Marcelo Freixo, adversário de Crivella no segundo turno. Inclusive, depois de acusar Marcelo Freixo de apoiar manifestantes mascarados que promoviam quebradeiras na cidade, o Prefeito nomeou seu irmão para trabalhar no círculo mais próximo do poder. Isso é incoerência ou pior – pode ser outra coisa.

    Enquanto isso, mais da metade das vilas olímpicas do Rio de Janeiro continuam paradas. Das 22 vilas olímpicas, Sr. Presidente, apenas 10 estão funcionando; as outras 12 fecharam as portas, depois que os contratos terminaram e não foram renovados no final do ano passado. Mais uma vez, a falta de planejamento, poucos meses após as Olimpíadas, ameaça o futuro da nova geração de atletas. As vilas olímpicas são um lugar seguro e saudável para crianças e adolescentes, que muitas vezes vivem uma realidade difícil. Lá elas podem receber uma alimentação adequada, ser tratadas por um fisioterapeuta, conviver com seus treinadores e absorver valores importantes para a vida, como a colaboração e o respeito. Não é somente esporte, é...

(Soa a campainha.)

    O SR. ROMÁRIO (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – ... um aprendizado para a vida, que vai mantê-las longe das drogas e da criminalidade e formar cidadãos conscientes e ativos em suas comunidades.

    Por isso, Sr. Presidente, eu apelo à Prefeitura do Rio de Janeiro que resolva essa questão com a máxima urgência – eu sei que é difícil, mas tenho que fazer o meu papel – e que, entre outras coisas, devolva o lanche das crianças, que também foi cortado.

    É preciso pensar nos jovens e é preciso também pensar em quem deu o seu sangue pela cidade. O Prefeito Crivella diz que está estudando uma proposta para cobrar 11% de contribuição dos aposentados e pensionistas do Município, dizendo que não tem dinheiro para pagar as pensões e aposentadorias. É o mesmo Prefeito, Sr. Presidente, que enviou um projeto de lei à Câmara Municipal para reduzir de 5% para 2% o Imposto Sobre Serviços cobrado das operadoras de cartões de crédito. Para os empresários, o Prefeito Crivella concede descontos generosos; para os aposentados, ele pede mais sacrifícios e manda cobrar mais impostos.

    Como se não bastasse o festival de trapalhadas que o Prefeito Crivella vem fazendo, há algo ainda mais cruel: cortou o orçamento da saúde. O orçamento previsto para 2017 era de R$5,46 bilhões. O Portal de Transparência do Município mostra que o valor caiu para R$4,92 bilhões. São R$547 milhões a menos para a saúde. Só o Hospital Souza Aguiar, por exemplo, perdeu R$33 milhões. Enquanto isso, a verba do gabinete do nosso Prefeito aumentou de R$42,9 milhões para R$262,9 milhões.

    Crivella tira, mas eu devolvo. Destinei R$2 milhões em emendas do Orçamento para investir em saúde na cidade do Rio de Janeiro, assim como outros Parlamentares do Rio de Janeiro também o fizeram.

    Tirar dinheiro da saúde para colocar em seu gabinete? Que vergonha, Prefeito! Tirar dinheiro da saúde é cuidar das pessoas? E para que mais dinheiro no seu gabinete? Seria para sustentar os supersalários de seus assessores?

    Uma reportagem de hoje do jornal O Dia mostra que alguns assessores diretos de Crivella recebem mais de R$30 mil por mês. A Presidente da Rioluz recebe R$35 mil; o Secretário da Casa Civil, mais de R$32 mil; a Secretária de Fazenda, mais de R$30 mil. Enquanto isso, o Prefeito tira dinheiro do salário minguado dos aposentados – um verdadeiro absurdo.

    Sr. Presidente, a incompetência se repete em muitas áreas, e eu poderia ficar o dia inteiro aqui citando exemplos, mas eu queria mostrar só mais uma situação que me deixa bastante triste.

    A escola municipal da Praça Seca, na zona oeste do Rio, é a única escola de Jacarepaguá que tem uma turma inclusiva, onde estudam deficientes auditivos, cadeirantes e alunos com síndrome de Down. Só que a professora se aposentou e não foi substituída. Já estamos em abril, e esses alunos ainda estão sem aula, porque a Prefeitura não se mexeu para resolver o problema. Isso é um absurdo! São quase trinta alunos que estão deixando de aprender e conviver com os colegas. Muitos deles passam o dia inteiro em casa, esperando que alguém resolva o problema. E, até agora, nada acontece.

    Infelizmente, Sr. Presidente, Marcelo Crivella se revelou um péssimo administrador nesses três meses, o pior prefeito que a minha cidade teve nos últimos anos.

    Conversando com algumas pessoas que o conhecem muito bem, perguntei o que faz uma pessoa mudar tanto as atitudes e a personalidade. O que elas responderam foi que esse de agora é o verdadeiro Crivella; o que conhecemos antes era um produto de marketing feito para ganhar a eleição. E o pior de tudo é que eu também acreditei e, por isso, ajudei a elegê-lo, pedindo votos para ele. Esse aí me enganou e se revelou um mau-caráter, mentiroso e safado, Sr. Presidente! Infelizmente, quem paga o pato é a população do Rio de Janeiro, mas eu continuarei aqui atento para denunciar a incompetência e o mau uso do dinheiro público, sem medos e, como todos sabem, sem papas na língua.

    Isso é o que eu teria a dizer.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/04/2017 - Página 52