Discurso durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 80 anos de existência da Sociedade Médica de Sergipe.

Autor
Eduardo Amorim (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SE)
Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Comemoração dos 80 anos de existência da Sociedade Médica de Sergipe.
Publicação
Publicação no DSF de 08/06/2017 - Página 19
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ASSOCIAÇÃO MEDICA, ESTADO DE SERGIPE (SE), ELOGIO, CONQUISTA (MG), DIREITOS, MEDICO.

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Social Democrata/PSDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Srª Presidente, Senadora Fátima Bezerra.

    Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, espectadores da TV Senado, todos que nos acompanham pelas redes sociais, esta tribuna tem sido ocupada nos últimos meses por nós Senadores para falar das inúmeras crises – crise política, crise ética, crise moral, crise econômica, crise fiscal, reforma da previdência, reforma trabalhista, enfim –, mas quero ocupar, nesta tarde, esta tribuna para falar de um assunto diferente. Na verdade, para nós sergipanos, é uma boa notícia.

    A nossa Sociedade Médica do Estado de Sergipe faz este mês 80 anos de existência. E, para tanto, está sendo lançado o Livro Verde da Medicina, com toda a história da nossa Medicina sergipana, com seus abnegados profissionais, com os abnegados médicos sergipanos. Portanto, o que me traz à tribuna na tarde de hoje é a homenagem a uma entidade à qual muito me honra pertencer. Refiro-me à Sociedade Médica de Sergipe (Somese), que, fundada em 1937, completa 80 anos de existência neste mês.

    Nessas oito décadas de atividade, a Somese, indiscutivelmente, vem contribuindo para fortalecer a Medicina e os profissionais médicos do meu Estado, Sergipe. Sendo a entidade médica mais antiga de Sergipe, ela assumiu o protagonismo no desenrolar da história da Medicina sergipana, mantendo viva a própria história na memória do povo sergipano, da nossa gente.

    Entretanto, é importante destacar, já que estamos evocando a história, que, muitos anos antes de a Somese nascer, aconteceram algumas tentativas de criar uma entidade que congregasse os profissionais da Medicina, sendo o embrião uma instituição criada, em 1910, pelo químico-farmacêutico Helvécio Andrade, que, lamentavelmente, durou pouco mais de um ano. Outra tentativa ocorreu em 1919 com a fundação da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Sergipe, entidade que também não vingou.

    Após essas duas tentativas e quase 20 anos depois, o sonho de uma entidade que reunisse os médicos do Estado se concretizou quando, enfim, a Sociedade Médica de Sergipe foi fundada em 27 de junho de 1937. À época, o médico humanista Dr. Augusto Leite promoveu a revolução necessária para o surgimento da Sociedade Médica de Sergipe, nascida diante da necessidade de agregar os médicos para debater assuntos ligados à Medicina, buscando promover o desenvolvimento científico e cultural dos associados. O Dr. Augusto Leite, inclusive, esteve à frente da entidade por três mandatos. Contudo, outros nomes importantes também despontaram em 1937 para que a Somese passasse a existir. Entre eles, estão Otaviano Melo, Garcia Moreno, Lourival Bomfim e Juliano Calazans Simões, pioneiros na busca incessante pelo desenvolvimento da Medicina sergipana. Não obstante, foram esses profissionais que realizaram a instalação oficial da Somese.

    É importante frisar, Senadora Fátima Bezerra, que houve três fases fundamentais para garantir a consolidação da entidade: a primeira é a intencionalização; a segunda, a concretização; e a terceira, a emancipação, vivida até os dias atuais. Como um organismo em evolução, a Somese cresceu e se desenvolveu ao longo dos anos. Mais do que isso: passou a atuar em prol das lutas de classe, incentivando a criação de outras entidades médicas, a exemplo do Sindicato dos Médicos de Sergipe. Tal esforço aconteceu no mandato do Dr. José Machado de Souza, entre 1949 e 1951.

    Durante esse período, abriram-se discussões para a elaboração de estatutos, objetivando a criação da Associação Profissional dos Médicos de Sergipe, uma luta que culminou, na década de 80, na fundação do nosso sindicato.

    Não demorou muito e foi iniciada a luta dos médicos sergipanos pela valorização do exercício profissional. E relembro aqui um desses profissionais abnegados que fundou o nosso sindicato, na verdade, em dezembro de 1979, o Dr. Gilmário Macedo. Depois teve, entre os seus presidentes, o amigo, grande colega, grande profissional e grande humano Dr. Cleomenes, grande anestesiologista, hoje, com toda certeza, um grande amigo, e o Dr. Emerson, entre diversos outros que presidiram e que presidem aquele sindicado.

    Não demorou muito e foi iniciada a luta dos médicos sergipanos pela valorização do exercício profissional. Na gestão de Dr. João Perez Garcia Moreno na Somese, entre 1952 e 1954, os associados foram conclamados a lutar por melhores condições de trabalho e para apoiar a aprovação do Projeto de Lei n° 1.082, de 1950, que estabelecia a majoração dos salários dos médicos e dos funcionários, já naquela época.

    Além da criação do sindicato, Srªs e Srs. Senadores, a Somese contribuiu para a criação do Conselho Regional de Medicina de Sergipe, o Cremese, em 1958, e da Academia Sergipana de Medicina, em 1994.

    Diante disso, nota-se claramente como a história da Sociedade Médica de Sergipe se confunde com a evolução da própria Medicina no meu Estado, no Estado de Sergipe.

    Srª Presidente, em meio às lutas e reivindicações por melhorias para o segmento médico, uma, com certeza, era a mais esperada: a criação da Faculdade de Medicina de Sergipe. Esse era o sonho dos que desejavam se tornar médicos, mas, para concretizá-lo, precisavam se deslocar para outros Estados e enfrentar muitas dificuldades, até conseguir o diploma. Também era o anseio dos profissionais já formados, que viam a possibilidade de a Medicina evoluir ainda mais no Estado, com a implantação de uma instituição de ensino em nível superior. E estando o Hospital de Cirurgia com equipamentos atualizados e com boas condições de funcionamento, com o corpo clínico já numeroso e com um bom padrão científico, perguntava-se por que Sergipe ainda não tinha uma faculdade de Medicina, afinal, bastavam apenas os encaminhamentos e as autorizações oficiais, para uma faculdade de Medicina ser fundada.

    O embrião da Faculdade de Medicina começou a se formar em 1952, e, quase um ano após, foi criada a Sociedade Civil da Faculdade de Medicina, mantenedora da futura Escola de Medicina, que teve como primeiro presidente o médico Dr. Augusto Leite e, como vice-presidente, o Dr. Garcia Moreno. A entidade, infelizmente, não progrediu e foi extinta, devido ao momento político desfavorável, que não contribuiu para a somação de esforços, objetivando a concretização daquele sonho.

    Srª Presidente, colegas Senadores, esse foi o primeiro passo. A semente estava plantada, é verdade. Oito anos depois, foi, de fato, fundada a Faculdade de Medicina de Sergipe, cuja aula inaugural aconteceu no dia 20 de março de 1961. Para isso, foi fundamental a participação do governo do Estado, à época comandado por Luiz Garcia, e que teve no irmão, o Dr. Antônio Garcia, o seu principal colaborador, como Secretário de Estado da Educação, Saúde e Cultura. Os dois tomaram para si a tarefa de concretizar o sonho da Faculdade.

    Fato é que a idealização e a concretização da...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Social Democrata/PSDB - SE) – ... Faculdade, após superar grandes dificuldades burocráticas junto ao Ministério da Educação, se misturaram de forma íntima à Sociedade Médica de Sergipe, especialmente quando se leva em consideração que os pioneiros da Escola de Medicina eram todos membros da Sociedade Médica de Sergipe e do Hospital de Cirurgia.

    Por isso, é possível afirmar, sem qualquer sombra de dúvida, que a Faculdade de Medicina se tratou de um marco, tanto na história da Medicina sergipana quanto na da Sociedade Médica de Sergipe, que muito se esforçou para que esse sonho se tornasse, enfim, realidade.

    Antes de finalizar, Srª Presidente, eu gostaria de mencionar um detalhe interessante. Enquanto a Somese celebra os seus 80 anos, a primeira turma de médicos da Faculdade de Medicina de Sergipe comemorou cinco décadas de formada, exatamente em dezembro de 2016, o ano passado. Cinquenta anos se passaram, muitas histórias, muitas vidas salvas, muitos sofrimentos amenizados, muitas famílias sergipanas extremamente agradecidas. E ao Dr. Aderval e a todos que compõem a Sociedade Médica de Sergipe os meus sinceros agradecimentos por tudo.

    Portanto, Srª Presidente, digo que este é um exemplo claro de que – como dizia Raul Seixas, em uma de suas músicas – sonho que se sonha junto, com toda certeza, facilmente vira realidade, com atitude e com a energia transformadora.

    Sinto-me imensamente grato por esses bravos e abnegados pioneiros da Medicina sergipana. Graças a seus esforços, pude cursar Medicina na Universidade Federal de Sergipe, onde me formei em 1989, e tenho – como disse no início deste pronunciamento – muita honra de pertencer à Sociedade Médica de Sergipe e muito a agradecer a todos...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Social Democrata/PSDB - SE) – ... aqueles abnegados que lutaram e aos abnegados de hoje, que lutam por um Medicina forte no nosso País, especialmente no meu Estado, o Estado de Sergipe.

    Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/06/2017 - Página 19