Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca de agenda cumprida por Luiz Inácio Lula da Silva na região Nordeste.

Autor
José Pimentel (PT - Partido dos Trabalhadores/CE)
Nome completo: José Barroso Pimentel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Considerações acerca de agenda cumprida por Luiz Inácio Lula da Silva na região Nordeste.
Aparteantes
Otto Alencar, Roberto Rocha, Vanessa Grazziotin.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/2017 - Página 31
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • COMENTARIO, ATIVIDADE POLITICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, LOCAL, REGIÃO NORDESTE, REFERENCIA, GOVERNO, EX PRESIDENTE, ELOGIO, PROGRAMA DE GOVERNO, CRITICA, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente desta sessão, Senador Elmano Férrer, meu conterrâneo não só do Nordeste, mas do Piauí e do Ceará...

    O SR. PRESIDENTE (Elmano Férrer. PMDB - PI) – Do Ceará.

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – ... nossas Senadoras, nossos Senadores, nosso Presidente, Elmano, nós começamos, no último dia 17 do mês passado, do mês de agosto, uma grande caravana, a Caravana da Esperança, com Luiz Inácio Lula da Silva, lá pela Bahia do nosso Otto Alencar. O Otto esteve presente, como toda a Bancada, lá da Bahia, de Senadores. Ali, tivemos uma série de atividades, de acolhimento, de eventos públicos, eventos de rua e em ambiente fechado, uma acolhida muito forte do melhor Presidente de toda a história do Brasil, que é Luiz Inácio Lula da Silva.

    Em seguida, ele esteve em Sergipe, em Alagoas, em Pernambuco, na Paraíba, no Rio Grande do Norte. Fui recebê-lo lá no Rio Grande do Norte, com uma atividade muito grande em Mossoró. Mais de 30 mil pessoas para conversar, para ouvir Lula só em Mossoró. Dali, no dia 29, fomos para o nosso Ceará. Começamos por Quixeré, uma cidade que extrema com o Rio Grande do Norte, uma grande acolhida. Depois, fomos a Limoeiro do Norte, a Morada Nova. Ali os vaqueiros – a festa dos vaqueiros, que todos nós aqui ajudamos a aprovar aquela iniciativa constitucionalizando a atividade cultural –, eles nos receberam, também outra grande atividade. E à noite, em Quixadá, tínhamos mais de 40 mil pessoas na praça para dialogar, para discutir as questões do Ceará, do Nordeste e do Brasil, e construir uma nova agenda, uma agenda da esperança, que seja capaz de devolver ao nosso povo o Programa Minha Casa, Minha Vida.

    E eu sei que muitos não lembram mais do que foi o Minha Casa, Minha Vida, iniciado com o PAC, no segundo Governo Lula, em 2008. Na sua primeira fase, nós viabilizamos 3 milhões de moradias. Em seguida, na segunda fase do Minha Casa, Minha Vida, foram mais 2 milhões de moradias, totalizando 5 milhões. Desses 5 milhões, 2,9 milhões foram entregues até quando a Presidenta Dilma estava na Presidência da República, ali no início de 2016, e, de lá para cá, esse processo está concluindo as casas que foram contratadas.

    Estavam previstas no Plano Plurianual agora, de 2016 a 2019, mais 3 milhões de moradias. Lamentavelmente, quando você abre a programação, o que foi contratado nesse período do golpe para cá, ou, mais precisamente, a partir da crise política grave de 2015, foram 35 mil moradias. Ou seja, mataram o Programa Minha Casa, Minha Vida, que é, de todos os setores da infraestrutura nacional, um dos mais importantes, porque gera moradia e alavanca todo um setor que vai desde a pequena empresa até a grande empresa e é um segmento que absorve muita mão de obra.

    Nós tínhamos um programa muito forte de debate sobre um sistema de transporte ferroviário no nosso Ceará, a Transnordestina, que fazia parte de um programa – é uma iniciativa privada, mas com recursos públicos na sua ampla maioria. E ali havia toda uma animação muito forte na nossa Região Nordeste porque integrava o nosso Piauí a partir de uma cidade lá do Piauí e, aí, em seguida, chegava a Salgueiro, em Pernambuco; de Salgueiro, dois grandes ramais: um em direção a Suape e outro em direção ao nosso porto do Estado do Ceará. Lamentavelmente, foi feito apenas um trecho, que vai de Salgueiro a Missão Velha, no Estado do Ceará. Uma parte do Piauí também andou bastante, mas o restante, o que falta a ser feito, de Salgueiro a Suape, e de Missão Velha ao Porto do Pecém, as obras estão paradas desde 2015. Quando veio a crise política e com ela a crise econômica, nós assistimos a esse setor, o setor de transporte ferroviário, ser paralisado em todo o Território nacional. E é exatamente isso o que leva essa multidão de pessoas às ruas para receber Lula e dizer: "Nós precisamos que esse projeto, que foi abortado com os golpistas aqui em 2016, devolva o Brasil aos brasileiros para que possamos voltar a ter esperança, voltar a ter confiança em um novo projeto de Nação".

    O Sr. Otto Alencar (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) – Senador Pimentel, um aparte?

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Pois não, Senador Otto.

    O Sr. Otto Alencar (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) – Eu estou ouvindo com atenção o pronunciamento de V. Exª, que chama a atenção para a Transnordestina. No nosso Estado, há a Ferrovia Oeste-Leste, que foi iniciada pelo Presidente Lula, para, saindo do oeste da Bahia, conduzir produtos como soja, algodão, enfim, para fazer todo o escoamento dessa produção para o Porto Sul, que seria em Ilhéus, e também pegando toda a parte da mineração da Bamin na região de Caetité. Essa é uma obra também paralisada como essa obra da Transnordestina, como também está paralisado o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, na Bahia, onde faltam 5%, 10% para serem concluídos. Lá na Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle, nós levantamos 1.615 obras inacabadas no ano de 2016. Isso foi encaminhado para o atual Presidente – e era do conhecimento também da Presidente Dilma –, e também em função da crise paralisou... Aliás, o Brasil está paralisado há dois anos e oito meses discutindo apenas crise. No período Dilma, a crise era se a Presidente continuava ou saía; e agora, se o Michel Temer continua ou sai, com uma diferença bem grande, porque no atual Governo as provas de falhas morais são muito comprometedoras para o atual Presidente e seus assessores, muitos estão até afastados. Nós recebemos o Presidente Lula na Bahia. No meu Estado, durante oito anos, sem nenhuma dúvida, ele foi aquele que mais ajudou a Bahia. Lá realizou obras importantes não só de infraestrutura, como o Programa Luz para Todos, Água para Todos, esse início da Ferrovia Oeste-Leste com o Porto Sul, que não teve conclusão... Mas a grande obra – a grande obra! – na Bahia do Presidente Lula foi que nós passamos, desde o descobrimento do Brasil – e também da instalação da nossa capital, Salvador, em 1549 – até a chegada de Lula, com uma universidade federal só; uma só – uma universidade federal só! Ele levou cinco universidades federais para a Bahia – cinco! Quer dizer, ele, em oito anos, deu 5 a 1 – e, digamos assim, em quase 500 anos de descobrimento do Brasil pela Bahia, por Porto Seguro. Então levou cinco universidades federais, o que deu um avanço muito grande. E das coisas mais importantes, que às vezes não se leva em consideração, eu acho que foi um ato correto e certo a sensibilidade dele, do governo dele, de trabalhar e instituir as cotas nas universidades. Eu tive a oportunidade este ano de participar de uma formatura em arquitetura – da minha filha, que passou na Universidade Federal da Bahia, em arquitetura; só queria a Federal, como eu também sou produto da Federal –, e nessa formatura...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Otto Alencar (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) – ... de que eu participei, eu perguntei quanto seria o custo da formatura na Universidade Federal. O custo era exatamente R$30,00 para a formatura. Eu disse: "Por que tão simples assim?" "Não, porque os professores vão fazer a festa e são pessoas muito simples" – eu fui de manga de camisa. E lá havia 16 formandos nas cotas, pessoas simples, humildes, afrodescendentes, que ficaram à margem do processo ao longo de muito... Estão até hoje. Tantos anos ficaram à margem do processo. Logo na Bahia, não é? Na Bahia. A Bahia é um Estado que tem, graças a Deus, uma convivência muito boa, uma miscigenação muito boa, com brancos, negros. E acho que todos lá somos de alguma forma misturados. Temos consanguinidade com as três principais raças que formaram o Brasil: os portugueses, os negros e os índios. Aliás, lembrando-me aqui agora do maior escritor do Brasil de todos os tempos na minha opinião, Jorge Amado, certa vez questionado sobre as etnias que viviam no meu Estado, questionado inclusive por uma figura importante da Bahia, ele disse textualmente: "Olha, cala a tua boca, porque, na Bahia, só tem branco o Cônsul da Suécia." Todo mundo é misturado: ou tem um pouco de índio, ou de negro ou de branco, o que é uma coisa muito salutar. Pois bem, foram 16 formados pelas cotas. Essa política social que o Lula fez em oito anos, não há nada, absolutamente nada que possa tirar da história dele, da luta dele e da sensibilidade dele, de alguém que tendo nascido lá em Caetés, que é um Município perto de Garanhuns – eu conheço –, chegar e fazer o que ele fez. Sei que é hoje acusado de uma maneira que precisa ser esclarecida – não quero aqui de maneira nenhuma tomar posição de juiz, de condenar ou de absolver –, mas de alguma forma foi, em oito anos, talvez aquele que, pelo menos no meu Estado, não sei no Estado de V. Exª,...

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Não é diferente.

    O Sr. Otto Alencar (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - BA) – ... mais fez e deixou marcas sociais importantes. Inclusive lá na Bahia, que tem o maior Semiárido do Nordeste, onde nós temos 5 milhões de habitantes morando na zona rural. O nosso Semiárido, Senador Pimentel, é duas vezes e meia maior – só o Semiárido – que o Estado do Ceará todo. Aí tira sul, extremo sul, litoral, Recôncavo e oeste da Bahia, e o nosso Semiárido é duas vezes e meia maior que o Estado do Ceará todo. E nós vivemos numa situação muito difícil, com doenças relacionadas com a fome. Eu mesmo, médico no hospital de Irmã Dulce, no Santo Antônio, operei tantas pessoas com doenças ortopédicas relacionadas com a fome, como tuberculose óssea, osteomielite hematogênica. E isso foi retirado do mapa do Brasil. Mas os indicadores que eu tenho recebido agora de colegas meus que estão na universidade me assustam. Sabe por quê? Porque está acontecendo o recrudescimento dessas doenças relacionadas com a fome – a tuberculose, o escorbuto, a osteomielite hematogênica, uma série de doenças –, porque, sem nenhuma dúvida, houve uma diminuição dos programas sociais e o desemprego de 15 milhões de brasileiros. O Governo, de forma equivocada, diz que controlou a inflação pela política econômica, e não foi. Foi porque há 15 milhões sem comprar, há 15 milhões sem consumir. A inflação está controlada por isso, só por isso, absolutamente só por isso. Nenhuma dúvida tenho nessa questão. Bote 15 milhões no mercado: daqui a 30 dias, a inflação vai lá para cima. Então, eu acho que é inegável o que, em termos de sensibilidade política, senso humanitário, teve o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Estive com ele lá. Rodamos lá no metrô, conversamos bastante. Eu espero que se faça, de alguma forma, justiça a um grande brasileiro e que não se puna sem provas aquele que contribuiu tanto para resolver as dificuldades sociais do povo economicamente mais fraco do meu Estado e do Brasil como um todo. Obrigado.

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Senador Otto, no Ceará o carinho e a acolhida ao Presidente Lula não são diferentes. Mulheres, homens, idosos, crianças, todos, por onde ele passa, saem das suas casas para recebê-lo, para acolhê-lo. Impedem que a caravana da esperança continue.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Tem que parar. E essa forma de acolhida é em todos os Estados nordestinos.

    Quero ouvir o Senador Roberto Rocha também, por gentileza.

    O Sr. Roberto Rocha (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - MA) – Senador Pimentel, eu quero revelar aqui, com a voz de quem vem do Estado do Maranhão, o meu reconhecimento também pela pessoa e pela importância que é o nosso Presidente Lula. Eu sou do Maranhão, um Estado do Nordeste, como o de V. Exª. Ouvi o Senador Otto, e com que boa inveja a gente ouve os baianos falando das conquistas à Bahia. O meu Estado, em todas as eleições em que o Presidente Lula e a Presidenta Dilma disputaram, foi o Estado que deu a maior votação do País. Na eleição de 2014, a Presidenta Dilma teve oitenta e tantos por cento dos votos, muito diferente do que disse o Senador Otto em relação às obras de infraestrutura na Bahia. E ouvi falar em cinco universidades federais: nós temos uma que está se arrastando. Durante esse período como Deputado, lutamos muito para ter a segunda, porque o Maranhão é um Estado muito grande, maior que São Paulo, mas não conseguimos ter. Eu sei que há outras razões por trás disso. Agora, nós não temos no Maranhão, exceto as obras do Luz para Todos, que foi uma luta muito direta do Ministro Lobão, nenhuma obra de infraestrutura durante todo esse período do governo do Presidente Lula e da Presidenta Dilma infelizmente, a despeito de termos o melhor porto das Américas, o segundo melhor do Planeta. E só temos uma rodovia até ele, cuja duplicação está parada. Apesar de tudo, a maior votação do País...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Roberto Rocha (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - MA) – ... é exatamente no Maranhão. Por quê? Porque havia, em 2006, 500 mil benefícios do Bolsa Família. Em 2010, 700 mil benefícios do Bolsa Família. Em 2014, um milhão de benefícios do Bolsa Família – um milhão de benefícios do Bolsa Família no Maranhão! Essa é a obra. Ou seja, nós... Aqui falo, repito, com a voz do Maranhão. Eu sei que o Piauí, o Ceará, o Rio Grande do Norte, a Bahia e outros Estados do Nordeste o Governo Federal, nesse período, contemplou com muitas obras de infraestrutura, de que nos queixamos no Maranhão. Mas eu finalizo apenas fazendo uma referência ao Projeto Minha Casa, Minha Vida muito importante. O Maranhão, para variar, é o que tem o maior déficit habitacional do País. Foram feitas muitas casas nesse período. Mas é preciso colocarmos os pingos no "is". Eu não tenho nenhum interesse de defender o atual Presidente; nenhum! Não sou do PMDB e pretendo até disputar com o PMDB no Maranhão no ano que vem. Não é essa a questão; a questão é dialogarmos com a realidade. Esse programa não é um programa de uma vontade social. Ele vem fruto de uma poupança, do crédito que foi feito em função da política econômica que foi estabilizada na década de 90. Em seguida, houve a necessidade de se fazer esse projeto. A própria Presidenta Dilma, Senador Pimentel, já enfrentava dificuldade de lançar o programa na velocidade que vinha, tanto que, no Maranhão, o Ministro à época Gilberto Kassab lançou 160 mil casas, e não foi feita nenhuma – nenhuma –, porque o Brasil já estava naquela fase, agonizando. Agora, com a retomada do crescimento, esperamos que esse programa, que é fundamental, possa ser retomado, para que...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Roberto Rocha (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - MA) – ... exatamente o Brasil possa seguir avançando e para que o maranhense possa ter direito àquelas obras que viu nos outros Estados, mas que não viu no nosso Estado do Maranhão. Então, eu cumprimento V. Exª, mas aqui eu faço o meu registro e o reconhecimento, como nordestino, da importância que teve e que tem o Presidente Lula na política nacional. E eu sou, como brasileiro, um torcedor para que ele possa resolver esses problemas na Justiça e ser candidato em 2018. Eu acho que será muito ruim para o Brasil se o Brasil não tiver, no cenário e na cena política de 2018, a presença do candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Senador Roberto Rocha, o Ceará tinha uma única universidade federal até 2003. Eu fui aluno lá; sou formado nessa universidade, na UFC. Ele recebeu mais duas. Há hoje três universidades federais no Ceará e há 15 campi interiorizando essa universidade. Uma é a Unilab, que, além de acolher os brasileiros, acolhe também nossos irmãos escravos ou descendentes de escravos, de língua portuguesa, do continente africano. E uma outra no Cariri. E nós tínhamos três institutos federais de educação. Temos hoje 32 em funcionamento e temos três outros sendo concluídos, indo para 35 institutos federais de educação no Estado do Ceará.

    Se nós observarmos a nossa infraestrutura, diferentemente do que era antes – antes não conseguíamos andar nas rodovias federais, eram umas verdadeiras tábuas de pirulito de tanto buraco –, hoje, felizmente, todas elas são transitáveis, em condições muito razoáveis. E isso está na Região Norte, está no nosso Maranhão, está nos oito outros Estados...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – ... do Nordeste e no Brasil. Basta ver o mapa que é apresentado pela Confederação Nacional dos Transportes, mostrando todo esse processo.

    Sobre o Programa Luz Para Todos, que é resultado de uma decisão política do Presidente Lula, porque, senão, os ministros não tocam nada por mais eficientes que sejam, lamentavelmente o ministro, que é do PSB, hoje está publicando que está parando o Luz para Todos porque faltam recursos – o mesmo programa que foi tão importante para aquele que, até então, só tinha a lamparina para poder estudar à noite. E muitas vezes os colégios rurais não podiam funcionar porque não havia energia.

    Portanto, é deste país que o Brasil conheceu, que o Brasil acompanhou, a que assistiu pagar toda a sua dívida externa, a que assistiu pagar toda a sua dívida com o Fundo Monetário Internacional, a que assistiu pagar toda a sua dívida com o Clube de Paris entre 2004 e 2011, que hoje se sente saudade. Um País que tinha uma dívida pública interna bruta em torno de 70%, e foi para 34% essa dívida líquida. Hoje, ela está chegando, de novo, à casa dos 80%. Só nos últimos três anos, a dívida pública interna brasileira cresceu R$800 bilhões, um verdadeiro descalabro na gestão da coisa pública, fruto de uma decisão política de interditar um projeto que resgatava o Brasil e a América do Sul.

    Eu nunca me esqueço de que, terminadas as eleições em 2014, ainda em novembro, o candidato derrotado pediu a sua diplomação, o Senador Aécio Neves. Foi negado. Logo em seguida, pede a recontagem dos votos, dizendo que Justiça Eleitoral brasileira tinha fraudado as eleições. Em maio, aliás, em agosto de 2015, o Tribunal Superior Eleitoral declara que não houve um erro no processo de apuração das eleições brasileiras. Em maio de 2015, contrata um escritório de advocacia para elaborar um parecer de como poderia promover o impeachment da Presidenta Dilma. E pagou. A própria advogada Janaína Paschoal declara aqui, em audiência pública na Comissão do Impeachment, que recebeu R$45 mil para fazer esse libelo. E, em seguida, a gente assiste ao afastamento de um mandato por coisas não republicanas – quem diz isso é o Ministério Público Federal. Ao contrário disso, uma Presidenta honesta, que não tem nenhuma denúncia contra...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – ... ela, é afastada, porque interesses estranhos ao interesse nacional prevalecem. E ela é destituída.

    E nós só vamos nos encontrar, Sr. Presidente Elmano, numa nova eleição, quando o Brasil terá um novo pacto social, terá um novo contrato social. Sem eleições diretas, o Brasil não sairá da crise, porque não há legitimidade nem credibilidade.

    Este Presidente golpista já havia dito que estava sancionando a lei da terceirização e, em seguida, editaria uma medida provisória para resguardar as atividades fins. Até hoje essa medida provisória aqui não chegou.

    Nós assistimos ao Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, o Senador Tasso Jereissati, nós assistimos à Presidenta da Comissão de Assuntos Sociais, a Senadora Marta Suplicy, nós vimos o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o Senador Edison Lobão, assinando um documento dizendo que aqueles eram os termos e que os Senadores poderiam votar na reforma trabalhista, porque com a sanção viria uma medida provisória com essas condições.

    De um golpista eu não espero nada, porque não há um ato de um golpista, em qualquer parte do mundo, que mereça respaldo ou que mereça destaque. Mas me dói multo ver os meus pares, nossos Senadores e nossas Senadoras sérios, comprometidos, acreditarem em um golpista e depois ficarem aqui tendo de dar justificativa por aquilo que todos nós sabemos que esse golpista é incapaz de fazer.

    Portanto, nós precisamos, sim, fazer um forte debate do que nós esperamos deste País, para retomar o crescimento econômico e a geração de emprego. Um País que já teve o pleno emprego até 2014 está com essa legislação...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – O que gera emprego – todos nós sabemos – é o crescimento econômico, é investimento público e privado e poder de compra. Se não for com essas coisas, não há geração de emprego...

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Senador Pimentel.

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – E um governo que resolve retirar R$10,00 por mês das aposentadorias... Temos algo em torno de 25 milhões de pessoas, aposentados, pensionistas e da Lei Orgânica da Assistência Social, que recebem um salário mínimo. E R$10,00 por mês representam R$130,00 por ano, porque são 13 parcelas de R$10,00. Isso é a feira! E com o agravante de que, quando você aplica sobre o resultado do Orçamento para 2018, isso representa algo em torno de R$12 bilhões, que estão retirando dos aposentados, das pensionistas...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – ... e daqueles que recebem a Lei Orgânica da Assistência Social.

    É verdade que, para aquele que vive de um governo de cooptação, como diz um partido político da base deste Governo, que não tem limite na gastança, que endivida o Brasil... Já cresceu em R$800 bilhões a dívida pública, de 2015 para cá, por conta dessa insensatez de um golpe de Estado e de desmonte de uma política que o Brasil vinha desenvolvendo. Evidentemente que esse público perdeu a razão dos limites e é por isso que está dizendo.

    A desastrosa política do golpe de Estado leva o Brasil a ter déficit primário em 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022 e, talvez, só em 2023, nesse ritmo em que estão levando o Brasil, é que poderemos ter alguma saída. Por isso...

(Soa a campainha.)

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Senador Pimentel, se V. Exª me permite...

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Eu já abusei do tempo...

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Mas é um segundinho. Eu apenas gostaria...

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Pois não.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Se V. Exª me permite, eu gostaria apenas de resgatar o que V. Exª levantou em seu pronunciamento. Primeiro, quero cumprimentar o Presidente Lula, e o faço através de V. Exª, por essa caravana que está fazendo no Nordeste brasileiro e que chegará a todas as regiões do País, inclusive ao nosso Norte. Mas quero dizer que V. Exª levanta com muita propriedade, Senador Pimentel: o Governo brasileiro não tem legitimidade para fazer o que está fazendo. Não bastasse essa irresponsabilidade com os recursos públicos... E esta é irresponsabilidade, porque tira do povo trabalhador para dar para os grandes empresários, para perdoar dívidas: só no Carf foram R$25 bilhões de um único banco – de um único banco! E, agora, oferecendo o Brasil à venda? V. Exª levanta: nós não devemos baixar, nem esquecer a bandeira das diretas já.

(Soa a campainha.)

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Eu acho que está na hora, Senador Pimentel, de nós defendermos a antecipação das eleições. O Brasil não suporta este Presidente até 2018. Não suporta! Ele, vendo que não vai ter tempo para aprovar a reforma previdenciária, quer entregar o Brasil, o setor elétrico, a Casa da Moeda. Não dá! A população brasileira precisa acordar e saber o que, de fato, está acontecendo, porque é o futuro dela que corre risco. Parabéns pelo pronunciamento.

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Para concluir, Sr. Presidente, hoje e amanhã, o Presidente Lula está no Maranhão, e tenho certeza de que ele vai ser tão bem acolhido, como o foi na Bahia, em Sergipe, em Alagoas, em Pernambuco, na Paraíba, no Rio Grande do Norte, no Ceará e, ontem, no Piauí.

    Portanto, muito obrigado pela paciência, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/2017 - Página 31