Pela Liderança durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Transportes acerca do governo de Michel Temer e do cenário político brasileiro.

Autor
Lindbergh Farias (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Luiz Lindbergh Farias Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Comentários sobre pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Transportes acerca do governo de Michel Temer e do cenário político brasileiro.
Publicação
Publicação no DSF de 20/09/2017 - Página 115
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • COMENTARIO, PESQUISA, AUTORIA, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA, TRANSPORTE, OBJETIVO, AVALIAÇÃO, GOVERNO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, ELOGIO, POPULARIDADE, APOIO, CANDIDATURA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, GESTÃO, EX PRESIDENTE.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, estamos encerrando agora, V. Exª e eu, aqui no plenário, 9h10 da noite. Nós começamos hoje com audiências públicas cedo, nas comissões. Mas eu fiz questão de vir aqui, Presidente, e subir nesta tribuna para falar dessa conjuntura política e, em especial, de uma pesquisa da CNT que traz a avaliação do Governo Temer e também Luiz Inácio Lula da Silva crescendo nas pesquisas, Senador Elmano, depois de tudo. Essa pesquisa e esse campo que vou mostrar a vocês, aconteceu depois do depoimento do Palocci, em que setores da grande imprensa, Rede Globo, diziam: "Ah, agora Lula está morto". E novamente Lula sobe nas pesquisas. Queria comentar isso. Vou mostrar aqui os números.

    Sinceramente, Sr. Presidente, estou muito impressionado com o nível de perseguição contra o Presidente Lula. Acho que nem Getúlio, nem Juscelino e nem Jango viveram o que Lula viveu, uma perseguição infame contra a sua família. Acompanhei a morte da D. Marisa. A D. Marisa não aguentou a exposição dela, dos seus netos, da sua família, falas dela com a nora, com os filhos, colocadas pela Rede Globo no Jornal Nacional. E eu vejo essa campanha. Agora, hoje à noite, no final do dia, saiu outra decisão de um juiz colocando Lula novamente como réu em outro processo. Mas é tão absurdo, é tão absurdo! Quero ler, inclusive, uma nota aqui que a Presidente do PT está divulgando eu estou assinando junto, como Líder do PT no Senado, o Deputado Zarattini como o Líder do PT na Câmara.

    O senhor sabe, Senador Elmano – o senhor é Senador pelo Nordeste –, o Lula, depois de uma pressão de governadores, de Senadores, renovou uma medida provisória que concedia benefícios tributários para a indústria automobilística se instalar no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Sabe quem foi o autor original dessa medida provisória? Fernando Henrique Cardoso. O Lula só renovou. Foi votado aqui por unanimidade no Senado e por unanimidade na Câmara dos Deputados. Por unanimidade. Todos os Deputados e Senadores.

    Eu, semana passada, me dei ao trabalho de pegar as notas taquigráficas. Estava aqui: os Deputados e Senadores do DEM, da Bahia, fazendo discurso, porque, de fato, a Bahia levou, se eu não me engano, a Ford – lá para a Bahia – a partir desses benefícios.

    Eu citei aqui o Deputado Paulo Pimenta, que, numa audiência pública na Câmara, com a presença do delegado desse caso, perguntou para o delegado: "O senhor não pensou em chamar o Fernando Henrique Cardoso?" Aí, ele: "Não, não me veio à cabeça".

    Mas foi o Fernando Henrique Cardoso o autor original da medida provisória. Não que o Fernando Henrique Cardoso tenha feito nada de errado, Senador Elmano, mas isso mostra a seletividade, a perseguição dirigida ao Presidente Lula. Agora, depois de tudo isso, você vê uma pesquisa nova. E o que acontece? O Lula sobe. O que é que está acontecendo?

    É importante entender o que está por trás de todo esse movimento. Primeiro, eu acho que está claro que na história do Brasil sempre teve um partido popular e um partido que defendia os interesses das elites. Se você for olhar a história, o papel do PTB, o papel da UDN, nós tínhamos essa polarização sempre na cabeça do povo.

    É claro que aqui no Brasil a gente está vivendo algo novo. Porque um lado... O grande representante de um lado era o PSDB, e toda a polarização política de 1994 para cá foi PT de um lado e PSDB. O PSDB morreu. Eles achavam que era o PT que ia morrer; quem morreu foi o PSDB.

    Eu, quando vejo suas Lideranças aqui no Senado, parece que eles estão numa depressão profunda. Eles falavam muito. Em 2015, aqui, falavam muito, não paravam de falar, era tucano falando aqui o tempo todo. Cadê? Onde estão os tucanos? Parece uma depressão coletiva que eles estão vivendo. Porque o golpe que eles tramaram deu errado. Deu errado. Não era tirar a Dilma que o Brasil ia crescer? Cadê? Estão enredados, abarrados, nesse Governo completamente desmoralizado.

    Eu fico vendo o papel do PSDB, ontem, se oferecendo: "Dessa vez, Temer, fiquem tranquilos, que nós vamos estar em bloco juntos com vocês". Agora, eu alertei aqui desta tribuna, porque eles foram para aquelas passeatas em 2015 pedir o impeachment da Dilma e, em nenhum momento, eles se diferenciaram daquele pessoal que pedia intervenção militar. Eles não se diferenciaram da turma do Bolsonaro e foram literalmente comidos pela turma do Bolsonaro. Porque a covardia dos tucanos fez o Bolsonaro crescer.

    Há um autor que eu quero trazer aqui novamente, um autor francês – fico devendo o nome – que, há dois meses aqui no Brasil, disse o seguinte: "Quem tem que conter a extrema-direita é a centro-direita" – o centro, são eles. Era papel do PSDB ter ido àquelas mobilizações e ter dito: "Opa, intervenção militar aqui, não. Nós somos defensores da democracia". Mas, não; ficaram calados. E hoje você vê o Bolsonaro bem à frente deles. Agora, sempre houve essa polarização entre o partido popular e o partido das elites.

    Mas, creio, Sr. Presidente, que essa força do Lula está vindo de questões muito concretas. Primeiro, o fracasso desse Governo Temer, a desmoralização dessa coalizão governista, mais a piora de vida do povo. Não adianta fazerem discursos aqui: "Ah, não, foi Dilma, foi isso, foi aquilo". São 2,5 milhões a mais de desempregados desde que Temer assumiu. Aumento da pobreza: em dois anos, 6 milhões de pobres. No Nordeste – o senhor deve estar percebendo, Senador Elmano –, houve aumento da pobreza, do desemprego. Só neste ano, em 2017, 3,5 milhões a mais de pobres. E o que faz este Governo? Anula o reajuste do Bolsa Família, tira 1,2 milhão de pessoas do Programa Bolsa Família.

    E eu estou mais preocupado com o orçamento do próximo ano. Os senhores não vão acreditar – eu estou repetindo isto aqui todo dia: o orçamento de 2018 é uma loucura. Eles tiram definitivamente os pobres do orçamento. Você sabe que o orçamento do Sistema Único de Assistência Social – neste ano, era de 2,3 bi –, eles estão cortando para 69 milhões. Está lá tudo: abrigo para idoso, para criança, Cras, Creas. Todo o sistema montado está sendo destruído por esse Governo. Eles estão definitivamente retirando os pobres do orçamento.

    Aí as pessoas se lembram do Lula e se lembram de quê? De outro período em que a vida melhorava. Foram 32 milhões de pessoas que saíram da pobreza extrema, uma ascensão social, uma mobilidade social de 40 milhões de pessoas que avançaram entre classes sociais – 40 milhões de pessoas. O filho do trabalhador entrando na universidade – houve isso. Eu me lembro. Eu cursei medicina na Federal da Paraíba, e não havia um negro, Senador Elmano. Agora, você vai às universidades públicas, que ampliaram. Foi o Lula... Existiam 142 campi universitários, Lula e Dilma fizeram 173. Existiam 140 escolas técnicas. Sabe quantas há hoje? São 644. E viraram IFs, viraram ensino superior também. Então, foi um período da história em que houve inclusão. Portanto, Lula está subindo por causa dessa lembrança, dessa memória de um período de desenvolvimento.

    Mas há outra questão, uma terceira questão, que eu queria levantar aqui e que chamo de efeito saturação. Você sabe que o cientista político Aldo Fornazieri escreveu sobre esse efeito saturação. As pessoas cansaram dessa repetição de ataques contra o Presidente Lula; percebem que há uma perseguição e não veem provas contra o Presidente Lula. Olham para tudo que é lado e veem provas: eles veem o dinheiro do Geddel Vieira Lima; do Rodrigo Rocha Loures, ligado ao Temer; do Aécio; de tudo. Do Lula, não.

    Eu queria ler um pequeno trecho desse artigo do Aldo Fornazieri sobre a saturação:

Mas a guerra de saturação produziu uma contraface, inesperada pelos seus operadores: a saturação da opinião pública. As acusações e delações contra Lula são tantas que poucos sabem acerca do que ele está sendo acusado. Acusações e delações contra ele esgotaram a capacidade de provocar abalos emocionais, na medida em que houve uma saciedade de emoções. Diga-se agora o que se disser a respeito de Lula, se não vier acompanhado com malas de dinheiro, com contas recheadas por milhões de reais, não produzirá mais nenhum efeito significativo, pois se produziu um estado psicológico nas pessoas que chegou ao limite a respeito do assunto. As pessoas estão saciadas de denúncias contra o ex-Presidente. O que vier agora tende a ser rejeitado, provocando fastio, cansaço, aborrecimento, tédio e recusa.

Ao esgotar a sua potência emocional, as novas denúncias, pelo contrário, geram incômodo e indiferença. As pessoas comuns raciocinam e chegam às suas conclusões usando o método comparativo. Com isso, percebem três coisas: 1) Lula é acusado de ser dono de um triplex, de um sítio, de um terreno para o Instituto e de um apartamento em São Bernardo do Campo que, comprovadamente, não são seus e que o Ministério Público e Moro não conseguem provar a propriedade do ex-Presidente; 2) em contraste com a imaterialidade das acusações contra Lula, há a materialidade de 51 milhões no apartamento do Geddel, a mala de dinheiro de Temer e Rocha Loures, os dois milhões de Aécio Neves e várias contas, joias e dinheiro de outros acusados; 3) há uma crença generalizada de que nada será feito contra Temer e contra Aécio Neves.

    É isso, há uma saturação.

    Em cima disso, Senador Elmano, eu quero ler os números da pesquisa, porque são impressionantes. O depoimento do Palocci virou panfleto no Jornal Nacional, em todos os lugares. Foi uma campanha.

    O que diziam? "Lula agora está morto." E o que a gente viu? Lula cresceu. Cresceu, por isso, porque as pessoas estão saturadas, perceberam a perseguição, não veem provas contra ele. Veem um jogo seletivo. Cresceu, porque existe uma memória sobre o Governo do Presidente Lula. E a percepção de que ele trabalhou sempre pelos mais pobres, pelos trabalhadores.

    Está aqui a pesquisa. Na pesquisa, eu chamo a atenção de um dado: só Lula vence o Bolsonaro. Só Lula vence Bolsonaro. A Marina empata, ganha por um ponto – empate técnico. Todos os outros candidatos perdem do Bolsonaro. Só Lula que ganha com uma diferença boa.

    Vamos lá, Senador Elmano. Cenário de votos espontâneos: aqui aparece Lula com 20,2; Bolsonaro, 10; João Doria, 2,4; Marina, 1,5; Alckmin, 1,2; Ciro, 1,2; Alvaro Dias, 1; Michel Temer, 0,4 – olha a popularidade dele –; Aécio Neves com 0,3; e por aí vai.

    Voto estimulado. Cenário 1: Lula, 32,4; Jair Bolsonaro, 19,8, e olhem o perigo para o País isso aqui, que cresceu na covardia dos tucanos; Marina Silva, 12,1; Ciro Gomes, 5,3; Aécio Neves, 3,2. Cenário 2: Lula, 32; Bolsonaro, 19; Marina, 11; Alckmin, 8; Ciro, 4,6. Cenário 3: Lula, 32,7; Bolsonaro, 18,4; Marina, 12; Doria, 9,4; Ciro Gomes, 5,2.

    E aqui há os confrontos de segundo turno. E Lula ganha em todos: do Aécio, ganha de 41,8 a 14; de 40,6 contra 23,2, de Geraldo Alckmin; de 41,6 contra 25,2, do Doria; de 40,5 contra 28,5, do Bolsonaro; de 39,8 contra 25,8, da Marina. E aqui eu chamo atenção: Bolsonaro ganha de Geraldo Alckmin de 28 a 23; Bolsonaro ganha do Doria de 28 a 23 também; e a Marina ganha do Bolsonaro de 29,2 a 27,9, o que é empate técnico. Só Lula que tem 12 pontos à frente de Bolsonaro.

    Impressionou também a rejeição. Sabe o que aconteceu com a rejeição do Presidente Lula depois de tudo isso, Senador Elmano? O campeão de rejeição é Aécio Neves, com 69,5; Ciro Gomes tem 54,8; Geraldo Alckmin, 52,3; Marina tem 51,5; e o Lula tem rejeição menor que a dela: 50,5; abaixo do Lula, só há Bolsonaro, com 45,4, e Doria, com 42,9. É impressionante! A rejeição do Lula está abaixo da dos principais candidatos num cerco como este, num ataque violentíssimo como este.

    Senhores, eu volto a dizer: o que estão fazendo com este País não é qualquer coisa. Eu vejo o que estava acontecendo com este Brasil, Senador Elmano, quando este Brasil estava reconhecido no mundo inteiro, quando todo mundo queria saber das nossas políticas de inclusão; e eu fico vendo essa atrapalhada de 2015 para cá! Não aceitaram o resultado eleitoral. Eu fico vendo: como será que está esse Aécio em relação ao impeachment da Dilma? Será que esse pessoal tem arrependimento pelo que fez, por onde colocou o País? Eles afundaram! O Brasil parou! Não aceitaram o resultado eleitoral, fizeram aliança com Eduardo Cunha, era pauta bomba todo dia, e agora nós estamos nesse impasse. Sabem o que é o fruto desse golpe? Bolsonaro, que cresceu. Eles fizeram tudo isso para parir o quê? Para parir Bolsonaro!

    Eu digo uma coisa: nós temos que lutar muito para que a democracia seja restabelecida no País. Eu reclamo dessa perseguição contra o Presidente Lula, Senador Elmano, porque, para mim, é muita irresponsabilidade. Eles fizeram aquela irresponsabilidade ao colocar o País nesta crise com aquele processo de impeachment. Agora, nós estamos vivendo uma situação de anarquia institucional, é confusão todo dia, ninguém para.

    As pessoas estão vendo isso. A economia numa situação... Não é verdade que a economia está se recuperando, a economia estagnou. Depois de uma recessão brutal de oito pontos, a economia cresceu no trimestre 0,2%, mas os investimentos caíram, continuaram caindo. Cresceu em consumo, porque foi correta aquela liberação dos recursos do FGTS, aí deu um soprozinho...

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... mas não vai haver condições de melhorar com essa política econômica de austeridade radical que está sendo construída neste País.

    Eu pediria só mais cinco minutos, Senador Elmano. Eu não quero prender o senhor aqui, o senhor está só sendo gentil, escutando falar aqui.

    Mas eu queria só encerrar falando desse movimento que cresce, porque essa pesquisa aqui também traz a popularidade desse Presidente Michel Temer, que é a pior da história. Nunca nós tivemos um Presidente tão impopular quanto esse. Agora, está havendo, no Rio de Janeiro, o Rock in Rio. São jovens do Brasil inteiro que estão indo lá, jovens de classe média, os ingressos não são baratos, mas, em todo instante, "Fora, Temer!", "Fora, Temer!"

    Eu confesso ao senhor que hoje eu tive vergonha de ver Michel Temer falando pelo Brasil na ONU, no discurso de abertura. Uma imagem de um Presidente que não era um Presidente legítimo, completamente fraco, envergonhado, uma figura menor, pequena. Eu fiquei olhando para a agenda: "Poxa, o Brasil...". E ele lá mal sabia o que falava, falando em democracia. Ele? Ele pode falar de democracia? Deu um golpe aqui no País, porque todo mundo sabe que não houve crime de responsabilidade feito pela Dilma. Falando de recuperação econômica? Eu fico vendo o rombo fiscal, 159 bi, a quantidade de desempregados, e um Presidente que não tem noção de como tirar o País dessa crise, não tem força alguma. Só tem força aqui no Parlamento, comprando votos. Mas no meio da população?

    Aí, eu fiquei vendo como nós mudamos – e eu encerro falando sobre isso. Como nos apequenamos no mundo. Porque o Lula, quando chegava em todo mundo... Ah! Todo mundo parava para conversar com o Presidente. O Obama disse que o Lula era o cara, mas, em todos os lugares, o Lula era recebido com destaque. Esse Temer participou de um jantar com o Trump no meio de outros Presidentes, de Vice-Presidentes da América Latina, num papel extremamente secundário, porque o Brasil voltou a ter uma política de subordinação aos interesses norte-americanos. Não temos mais vida própria. O Brasil sempre liderou, nesse último período, tudo aqui na América Latina. Houve um processo de integração em que o Brasil jogou esse papel.

    Eu queria aqui falar, porque o dia de hoje foi um dia... A insignificância do pronunciamento do Temer, o Trump falando o discurso de fazer a Coreia do Norte desaparecer do mapa, o que é gravíssimo, algo inédito na fala de um Presidente dentro das Nações Unidas... E eu fico pensando na irrelevância da nossa política externa, essa política externa que foi considerada... Sabe que o Chanceler Celso Amorim foi considerado o melhor chanceler do mundo, porque nós desenvolvemos uma política externa que, sempre dissemos, era altiva e ativa. E agora não.

    Eu queria trazer aqui um pouco do comentário de Celso Amorim antes de encerrar, destacando que, nesse momento em que o Trump fez o pronunciamento na ONU, ele colocou Coreia do Norte, Irã e Venezuela como os principais inimigos.

    Eu sempre disse sobre essa discussão da Venezuela, Senador Elmano... Você sabe que eu estive lá com o Senador Requião e com a Senadora Vanessa. Nós conversamos com todas as partes; conversamos com o Governo, conversamos com os representantes da oposição na Venezuela. Interessante que todos diziam o seguinte – os representantes da oposição também: "Olha, o papel do Brasil" – na época em que Dilma era Presidente – "tem sido fundamental, porque o Brasil aqui ajuda a construir um processo de pacificação interna."

    Sabe que tem declaração do Capriles, que era o principal líder da oposição, falando do papel do Governo brasileiro. Agora, não. Nós estamos completamente fora de tudo. O Brasil tem uma posição que nos excluiu completamente de qualquer processo de negociação de paz aqui na própria América Latina, porque tudo que o Brasil não quer, enquanto política de Estado, é que haja uma guerra civil na Venezuela. Mas o Brasil saiu fora.

    Eu vi agora que recentemente nós tivemos visitas importantes, como a do Presidente da Itália, que visitou a América Latina, e não passou por aqui; de Angela Merkel, que também não passou por aqui. Isso era fato que nunca acontecia.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Todas as principais lideranças do mundo, quando vinham para América Latina, passavam aqui no Brasil.

    Mas eu quero ler, Sr. Presidente, se me permite, só um pequeno trecho de um depoimento de Celso Amorim falando sobre a época dele. Ele dizia o seguinte:

A política externa [sobre o que está acontecendo agora] obviamente teve uma queda brutal. Você não percebe mais a presença do Brasil. Eu me recordo que, quando presidia reuniões do Mercosul, eram entrevistas sem parar, jornais, canais de TV, sempre tinha uma coisa nova, algo palpitante, ainda que fosse para criticar. Agora, não tem nada. Dá impressão que você está cumprindo tabela.

O Brasil estava presente em quase tudo que aconteceu de importante no mundo, da Rodada de Doha às questões da reforma da ONU, passando pelo Oriente Médio, Teerã, integração da América do Sul... Hoje, o que eu vejo é uma coisa passiva. Nos melhores momentos é passiva. Nos piores, é desastrada.

    Sr. Presidente, parafraseando Chico Buarque, eu acho que a gente voltou àquele tempo em que o Brasil falava grosso com a Bolívia e fino com os Estados Unidos.

    Eu, como brasileiro, mais do que como Senador da República, vou lutar muito, Senador Elmano Férrer, para que este Brasil volte a crescer; para que este Brasil volte a ser um país respeitado mundialmente, respeitado por nossa democracia.

    Nós vamos estar olhando essas páginas desses anos na história. Pode estar certo: daqui a 20, 30 anos, nós vamos estar nos livros da história pensando: "O que aconteceu naquele período? Que tamanha irresponsabilidade, destruição, piora na vida do povo..."

    E só tem um jeito de o Brasil voltar a ser grande: só volta a ser grande com o seu povo, incluindo os mais pobres.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não há Brasil grande sem esse povo trabalhador. E é isso que falta.

    Eu garanto que esses economistas que estão neste Governo podem fazer as fórmulas matemáticas deles, só que não têm uma palavra, que é "povo". Eles não se preocupam com o povo.

    Quando foram aprovar aquela PEC dos gastos aqui, nós dizíamos: "Vai haver um impacto destruidor na área social. O Brasil vai voltar para o Mapa da Fome." Eles não se preocuparam. E está aí o que vai acontecer no próximo ano. Quem estudou o Orçamento de 2018 – eu não tenho mais tempo para falar – sabe do que eu estou falando: corte em educação, corte em saúde, destruição de toda política de assistência social.

    Sr. Presidente, eu encerro – agradeço a V. Exª – dizendo que esse Lula é grande, é um gigante. O Lula hoje expressa...

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... esse sentimento de resistência no povo brasileiro.

    Eu quero, nestes 50 segundos que me restam, contar aqui uma história para vocês. Há um mês o Lula foi ao Rio, e eu fui encontrá-lo em um hotel do Rio de Janeiro. Ele saía porque iria encontrar Chico Buarque à noite, e eu fui acompanhando ele no elevador. Quando cheguei ali no elevador, havia algo em torno de cem pessoas – as camareiras, os porteiros, quem trabalhava na cozinha –, emocionadas ali, tirando foto com Lula. Eu peguei o celular e fiquei tirando fotos daquelas pessoas. E ali eu vi que Lula era invencível porque, onde há trabalhador neste País, há Lula; e os trabalhadores são maioria, Senador Elmano. Então, não adianta fazer essa perseguição porque não vão destruir a história de Luiz Inácio Lula da Silva.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/09/2017 - Página 115