Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Cumprimentos ao poeta e escritor Carlos Nejar pela indicação ao Prêmio Nobel de Literatura 2017.

Comentário acerca da participação do Senado Federal nas comemorações do Setembro Amarelo, emf avor da prevenção ao suicídio.

Autor
Hélio José (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Hélio José da Silva Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Cumprimentos ao poeta e escritor Carlos Nejar pela indicação ao Prêmio Nobel de Literatura 2017.
SAUDE:
  • Comentário acerca da participação do Senado Federal nas comemorações do Setembro Amarelo, emf avor da prevenção ao suicídio.
Publicação
Publicação no DSF de 15/09/2017 - Página 59
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > SAUDE
Indexação
  • ELOGIO, POETA, ESCRITOR, BRASILEIRO NATO, MOTIVO, INDICAÇÃO, PREMIO NOBEL, LITERATURA, COMPONENTE, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), COMENTARIO, HISTORIA, PERSONAGEM ILUSTRE.
  • COMENTARIO, ATUAÇÃO, SENADO, FAVORECIMENTO, COMBATE, SUICIDIO, DISCRIMINAÇÃO, DOENÇA, ELOGIO, OBRA FILANTROPICA, ENTIDADE, VALORIZAÇÃO, VIDA.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PMDB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senador Acir Gurgacz, Srªs e Srs. Senadores presentes, senhores e senhoras ouvintes da TV Senado, é com muita satisfação que venho a esta tribuna para falar sobre a indicação do poeta e escritor Carlos Nejar ao Prêmio Nobel de Literatura 2017.

    Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, nem tudo nos jornais hoje em dia são más notícias. Uma novidade que pincei na imprensa recentemente me deu muito orgulho e uma certa dose de esperança. Neste ano, temos mais um brasileiro indicado ao Prêmio Nobel de Literatura.

    Falo de Carlos Nejar, exímio poeta, ficcionista, tradutor, crítico literário brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras desde 1989 e da Academia Brasileira de Filosofia e, mais recentemente, membro honorário da Academia Brasiliense de Letras.

    Sr. Presidente, para nós que tivemos Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Bernardo Élis, da minha cidade, Corumbá de Goiás, de Goiás Velho e Corumbá, Cora Coralina e tantos poetas brasileiros importantes, falo de Carlos Nejar com muita satisfação.

    Listar os inúmeros galardões que recebeu ao longo de uma carreira mais que frutífera seria interminável. Foram comendas, títulos, troféus e prêmios, como Monteiro Lobato, de melhor livro infantojuvenil, e Machado de Assis, de melhor romance, oferecido pela Biblioteca Nacional, para mencionar apenas alguns, nobre Presidente.

    Publicou diversos livros de poesia, ensaios e novelas, entre os quais destacam-se os laureados O Poço do Calabouço e Os Viventes. Presenteou-nos com o robusto História da Literatura Brasileira – da Carta de Caminha aos Contemporâneos, obra magistral de mais de mil páginas, que traça um panorama da literatura produzida no Brasil desde seus primórdios até hoje em dia.

    Denunciou em estrofes mínimas, contínuas parelhas de dois versos, a sorte atroz do Rio Doce, morto pela cobiça de uma mineradora. Todo mundo se lembra do acidente de Mariana, e Nejar estava lá fazendo essa publicação.

    Em poema épico, longo, sofrido, mencionou também o Capibaribe e o São Francisco, cursos d'água ameaçados pelo descuido letal dos homens. Para quem não sabe, o Rio Capibaribe está em Recife e o Rio São Francisco é o rio da integração nacional.

    Comparou a lama que desceu da Barragem de Mariana à lama que se derrama sobre as instituições políticas brasileiras, "que invade a economia e come ministros". Lamentavelmente, essa é, entre aspas, frase do nosso querido indicado ao Prêmio Nobel de Literatura.

    Disse que o Rio Doce é Brasil, mas falou também de rios vivos, abundantes, do seu Guaíba, no Rio Grande do Sul. Cantou ventos, a dor e o amor, o homem fortalecido, arraigado em sua terra natal.

    Por meio das palavras, brincou com o tempo, numa poética ilimitada, perene, que alcança muito além das adjacências do verso. Falou de Deus.

    Colheu para nós a arte de dois mestres da literatura.

    Suas traduções tornaram acessíveis aos leitores em língua portuguesa grandes textos do genial contista argentino Jorge Luis Borges e do admirável poeta Pablo Neruda.

    Carlos Nejar semeou a poesia brasileira pelo mundo. Teve livros seus traduzidos para o inglês, o espanhol, o francês e o alemão, entre outros idiomas.

    O reconhecimento de seu trabalho já vai muito além de nossas fronteiras. Influente revista literária de Princeton, Estados Unidos, considerou-o como um dos grandes escritores da atualidade.

    Foi o único brasileiro a figurar em uma lista de 50 autores contemporâneos. Também foi considerado um dos 37 poetas-chave do século na publicação espanhola Poesia e Poéticas do Século XX na América Hispânica e no Brasil, de 1997.

    Esse habilidosíssimo artífice das palavras talvez seja o instrumento para que se ajuste algo que, para mim, é quase uma injustiça histórica. Quiçá traga em outubro o tão ansiado Nobel de Literatura para estas terras, que viram nascer Jorge Amado, Cecília Meireles, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Clarice Lispector, e ainda acrescento Bernardo Élis, do meu querido Estado de Goiás, e Cora Coralina, entre outros tantos, artesãos de textos memoráveis, eternos e plenos de tudo o que o brasileiro tem de universal em suas particularidades, suas dores, seus amores e sua humanidade.

    O Brasil, o povo brasileiro e nossa língua portuguesa, mestiçada e maravilhosa, esperam há tempos esse reconhecimento.

    Parabéns pela indicação, mestre Carlos Nejar, e boa sorte na disputa!

    Sobre esse tema, meu nobre Presidente, Senador Acir Gurgacz, nosso futuro governador de Rondônia, é com muita satisfação que relatamos aqui um escritor brasileiro sendo indicado para esse importante Prêmio Nobel da Literatura e que engrandece a nossa Pátria. Eu tenho uma filha que faz Letras – Francês na UnB e sei da importância da literatura.

    Eu não poderia deixar de aproveitar esta tarde de quinta-feira para fazer esse outro discurso rápido, sobre a importante ação que o nosso Senado Federal fez para comemorar o Setembro Amarelo, Excelência.

    Não sei se o senhor sabe que setembro é o mês da prevenção ao suicídio, esse mal que assola tantas famílias, que assola tantos pais neste País e que nós precisamos evitar. Precisamos ser solidários e evitar que o suicídio venha a ocorrer.

    Por isso, V. Exª, que quiçá seja governador no próximo ano, governando um Estado, sabe da importância de nós retomarmos o otimismo, retomarmos o desenvolvimento, retomarmos a alegria de viver dos nossos brasileiros que muitas vezes estão cometendo suicídio.

    Então, o mês de setembro, o Setembro Amarelo, é muito importante, e a cúpula da nossa Casa foi iluminada de amarelo, e quero homenagear essa questão rapidamente.

    Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, em primeiro lugar, quero congratular o Presidente Eunício Oliveira, a Mesa Diretora do Senado e a administração da Casa pela iluminação em amarelo da cúpula do Senado Federal durante o mês de setembro, mês em que se realiza, em todo o País, a campanha pela prevenção ao suicídio.

    A iniciativa do Senado Federal é relevante porque o tema do suicídio ainda é objeto de grande tabu e preconceito em toda a sociedade. Precisamos falar sobre a questão, bem como alertar todos sobre as iniciativas de prevenção que podem salvar vidas.

    Em novembro de 2015, aliás, graças a um requerimento meu e do Senador Paulo Paim, foi realizada audiência pública na Comissão de Direitos Humanos com o objetivo de debater estratégias e políticas públicas de prevenção ao suicídio e de promoção da vida.

    O tema do suicídio é tabu, porém é preciso retirar o véu de medo e de preconceito que recobre o tema para que, ressalto uma vez mais, possamos salvar vidas.

    Em todo o mundo, segundo dados da ONU, há mais de 800 mil mortes por suicídio todos os anos. Sr. Presidente, são 800 mil mortes todos os anos. O Brasil, em termos absolutos, ocupa, infelizmente, a oitava posição nesse ranking tão triste das mortes por suicídio. Em nosso País, são mais de 12 mil pessoas por ano que tiram a própria vida. Repito, nobres ouvintes do Brasil, em nosso País, são mais de 12 mil pessoas por ano que tiram a própria a vida por meio do suicídio.

    Além disso, dados da pesquisa Mapa da Violência indicam que o problema está se agravando entre os mais jovens. Entre 2002 e 2012, houve um aumento de 10% na faixa entre 15 e 29 anos de pessoas suicidas. Se pegarmos um período de tempo mais longo – entre 1980 e 2012 –, iremos verificar que o aumento de suicídios entre pessoas de 15 a 29 anos aumentou 27%, Sr. Presidente.

    Além disso, grupos socialmente mais vulneráveis – caso em especial dos indígenas – têm taxas de suicídio muito superiores à nacional. V. Exª, que está caminhando para governar um Estado, o Estado de Rondônia, com grande população indígena, precisa ficar bastante atento a essas questões. Enquanto, entre a população em geral, a taxa é de 5,3 suicídios por 100 mil habitantes, entre os indígenas, a taxa é de 9 por 100 mil. Em algumas etnias da região Norte, chega a 30 por 100 mil.

    As estatísticas são preocupantes porque o maior número de vítimas está entre os jovens e os grupos socialmente mais fragilizados. Temos de combater o suicídio.

    A ONU – ainda é importante observar – adverte para o fato de que o suicídio tem aumentado nas nações de renda baixa ou média.

    Nobre Senador Anastasia, V. Exª...

(Soa a campainha.)

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PMDB - DF) – Estou me encaminhando para a conclusão.

    V. Exª é um exímio jurista. Estou falando aqui sobre o Setembro Amarelo, sobre a questão da prevenção ao suicídio. V. Exª, que foi Governador de um dos maiores Estados brasileiros, que é o Estado de Minas Gerais, e é Senador por Minas Gerais, sabe da importância do que estou dizendo e da importância de todos nós colaborarmos para que o nível de suicídios diminua.

    É importante atentar, ainda, para o fato de que o mundo atual parece criar armadilhas e gatilhos – desculpem-me pela gripe – que levam muitos a tirar a própria vida.

    A sociedade moderna valoriza o individualismo exacerbado, bem como padrões artificiais de sucesso e realização pessoal que são inalcançáveis, além de francamente distorcidos. O bem-sucedido é alguém que tem padrões irreais de consumo. E existem, também, cobranças em relação ao sucesso e à felicidade, que massacram a autoestima dos nossos jovens, tornando-os reféns de padrões impossíveis de serem alcançados.

    O resultado é uma sociedade em que relações emocionais e familiares são frágeis e em que o espírito comunitário se desfaz. O resultado são pessoas solitárias, isoladas, que não são capazes de relações sociais saudáveis. Emocionalmente fragilizadas, sem apoio, acabam escolhendo soluções inadequadas.

    Cabe, pois, um acolhimento dessas pessoas que estão solitárias, isoladas, sem perspectivas, para que possam se tornar capazes de enxergar o mundo com outros olhos; uma palavra amiga, um auxílio médico ou psicológico que tire essas pessoas...

(Soa a campainha.)

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PMDB - DF) – ... desse caminho difícil e as recoloque em um rumo saudável, em que possam construir laços sociais, familiares e emocionais saudáveis.

    Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), nove entre dez casos de suicídio podem ser prevenidos e evitados, nobre Senadores.

    Assim, devo aproveitar este momento para divulgar o trabalho do CVV (Centro de Valorização da Vida), que, junto com o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), é um dos responsáveis pela importante iniciativa que é o Setembro Amarelo.

    Fundado em 1962, o CVV é uma organização voluntária, sem fins lucrativos, voltada para a prevenção do suicídio. Para os que necessitam de auxílio, o número para entrar em contato com o CVV é o 141. O atendimento é sigiloso e gratuito e...

(Soa a campainha.)

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PMDB - DF) – ... pode ser utilizado quantas vezes forem necessárias.

    Por fim, nobre Sr. Presidente – olhe que lindos os nossos visitantes de hoje, essas crianças –, agradeço mais uma vez ao Presidente Eunício Oliveira, à Mesa Diretora e à Administração da Casa pela iluminação em amarelo da cúpula do Senado. Faço votos de que a iniciativa continue e se repita todos os anos.

    O povo brasileiro agradece.

    Era o que tinha a dizer.

    Agradeço pela paciência, nobre Presidente, Senador Acir Gurgacz, para podermos discorrer sobre esse importante tema do suicídio no Brasil e no mundo.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/09/2017 - Página 59