Discurso durante a 59ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação a favor do ato unificado das centrais sindicais, ocorrido em 1º de maio de 2018, em Curitiba.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO SOCIAL:
  • Manifestação a favor do ato unificado das centrais sindicais, ocorrido em 1º de maio de 2018, em Curitiba.
Aparteantes
José Medeiros, Lindbergh Farias, Romero Jucá.
Publicação
Publicação no DSF de 03/05/2018 - Página 16
Assunto
Outros > MOVIMENTO SOCIAL
Indexação
  • COMENTARIO, ASSUNTO, MOVIMENTO SOCIAL, REALIZAÇÃO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, TRABALHADOR, ENFASE, UNIÃO, CENTRAL SINDICAL, MOTIVO, APOIO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, LOCAL, CIDADE, CURITIBA (PR), OBJETIVO, COMBATE, RETROCESSÃO, POLITICA SOCIAL, DEFESA, DEMOCRACIA.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Muito obrigada, Sr. Presidente, Senador Valadares, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, ontem o mundo – e no Brasil não foi diferente – comemorou o Dia do Trabalhador, o dia 1º de maio.

    Em decorrência de uma série de problemas vividos no Brasil, no dia 1º de maio deste ano, não temos absolutamente nada a comemorar – nenhuma trabalhadora, nenhum trabalhador deste País.

    Sr. Presidente, com essas palavras, todas as centrais sindicais, os presidentes ou representantes das sete centrais sindicais brasileiras, iniciaram os seus pronunciamentos em um ato público unificado, ocorrido no dia de ontem na cidade de Curitiba.

    Exatamente no dia de ontem, 1º de maio de 2018, pela primeira vez na história das centrais sindicais realizou-se um ato unificado, que, repito, aconteceu na cidade de Curitiba. E por que todas as centrais sindicais acordaram, concertaram que esse ato unificado histórico, Senador Valadares, aconteceria na cidade de Curitiba? Porque lá está o Presidente Lula, o primeiro Presidente operário deste País. O primeiro Presidente sindicalista deste País. Mas não só o primeiro Presidente operário, sindicalista, deste País; foi também o Presidente que, pela primeira vez, depois de muito tempo, valorizou os operários, os trabalhadores e as trabalhadoras do Brasil inteiro. Então, Sr. Presidente, eu quero iniciar esta minha fala destacando esse aspecto. Eu estive ontem na cidade de Curitiba, atendendo a convite de várias centrais sindicais, especialmente da CTB, e pude presenciar o esforço de todas as centrais sindicais, para que possam, a partir de agora, promover a unidade efetiva na luta dos trabalhadores e trabalhadoras contra o retrocesso. E eu considerei esse fato, esse aspecto, Senador Valadares, até muito mais importante do que as milhares de pessoas que se dirigiram até a cidade de Curitiba, que vieram não apenas do interior do Estado do Paraná, ou de Santa Catarina, ou do Rio Grande do Sul, ou do Estado de São Paulo, mas que vieram de todo o País, foram de todo o País para Curitiba, para participar desse ato unificado do primeiro de maio.

    Sem dúvida nenhuma, eram mais de 30 mil pessoas – o Senador Lindbergh chega ao plenário –, ontem, na Praça Santos Andrade – mais de 30 mil pessoas. E que foram lá também prestar a sua solidariedade ao Presidente Lula.

    Mas eu aqui quero destacar que o fato mais importante foi a unificação de todas as centrais sindicais. E por uma razão simples, Presidente Valadares, Srªs e Srs. Senadores: porque, no ano de 2016, as centrais sindicais não estavam todas juntas. Não foram todos os dirigentes de todas as centrais sindicais que lutaram, por exemplo, contra aquilo que chamaram de impeachment e que, na realidade, foi um golpe. As centrais não estavam juntas naquele momento. E desde aquele momento, daquela hora, nós já dizíamos: o que o Brasil está sofrendo, neste momento... Esse golpe não é contra Dilma; esse golpe não é contra a democracia apenas ou contra a Constituição Brasileira, o que já seria muito. Esse golpe vai muito além disso. Esse golpe é contra trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, porque eles estão tomando o poder de assalto, exatamente para aplicar uma política e um projeto que foi derrotado nas últimas quatro eleições. E não precisou de muito tempo para que a história mostrasse ou mostre como nós tínhamos razão, Senador Valadares. Não precisou.

    Ainda no ano de 2016, a primeira medida adotada por Michel Temer, com o apoio decisivo da maioria dos Parlamentares brasileiros, Deputados e Senadores, foi a aprovação da tal PEC 95, a emenda constitucional que limita os gastos públicos – que limita os gastos públicos. E o resultado disso qual foi? Está aqui: todos os jornais publicaram, há alguns dias: "Investimento público cai para 1,17% do PIB e atinge o menor nível em 50 anos." Não é o menor nível em dez anos, em quatro ou oito anos não, é o menor nível em meio século: 50 anos. Retrocedemos portanto 50 anos, no que diz respeito aos investimentos públicos em nosso País. E nós sabemos o quanto representa e o quanto é importante o investimento público para o desenvolvimento nacional, mas principalmente para a geração de empregos.

    Portanto, dizíamos que o golpe, naquele momento, era um golpe contra o trabalhador e a trabalhadora. Pois bem: as centrais, hoje, estão unidas, Srªs Senadoras e Srs. Senadores. E por que será que as centrais sindicais hoje estão unidas, mesmo tendo algumas diferenças até profundas entre si? Estão unidas porque estão percebendo o que é que significa esse novo Governo do Brasil, um Governo que não apenas subtrai direitos da maioria do povo, que, com uma mão, anuncia um aumento, um reajuste para o Programa Bolsa Família, e que, com a outra mão, ou seja, com as duas mãos, retira quase 400 mil famílias de um programa tão importante, num momento em que aumenta significativamente o número daquelas pessoas que vivem na mais extrema pobreza.

    Então, eu quero destacar que nós estamos, quem sabe, a viver um novo tempo na nossa resistência contra este Governo.

    As centrais sindicais hoje estão percebendo o que significou aquela reforma trabalhista, sobre a qual alguns aqui subiam à tribuna e diziam: os poucos exageros que contém essa reforma serão modificados com um acordo e um compromisso que os senhores diziam ter feito com Michel Temer. As senhoras e os senhores – e eu aqui me refiro à maioria, que apoia o Governo Michel Temer, que dá sustentação a esse Governo aqui – diziam que as modificações viriam através de vetos e de medidas provisórias.

    Senador Lindbergh, são 293 dias, hoje, desde o dia 13 de julho de 2017 – do ano passado –, quando entrou em vigor ou quando foi aprovada, sancionada, a reforma trabalhista. São 293 dias. E eu pergunto aos Srs. Senadores e às Srªs Senadoras – não vou mais perguntar de Michel Temer. Pergunto às senhoras e aos senhores –: cadê as mudanças? Cadê as mudanças na legislação trabalhista? Nenhuma.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – V. Exª me concede um aparte?

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Eu vou conceder o aparte, Lindbergh.

    Nenhuma mudança.

    Aliás, os senhores também subiam aqui dizendo o seguinte: nós vamos ter aumento no nível de emprego, com a flexibilização. Pois bem: o Brasil tem o menor número de trabalhadores com carteira assinada em seis anos – em seis anos. Vejam: nos três primeiros meses deste ano de 2018, o Brasil tinha algo em torno de 32,9 milhões de pessoas com carteira assinada, o que significa que, entre o último trimestre, Senador Lindbergh, de 2017 e o primeiro trimestre de 2018, foram fechadas 408 mil vagas – postos de trabalho –, com carteira assinada. Com carteira assinada. Está aqui: "Brasil perde um milhão de vagas formais por ano" – um milhão de vagas formais por ano.

    Mas vamos dar sequência aqui. "Ipea: desemprego maior e queda na renda aumenta desalento no mercado de trabalho."

    Mas há mais: "Produtividade [pois prometeram muito o aumento da produtividade] do trabalho cai com o avanço da informalidade."

    Mais uma matéria: "Contratações por salário menor fazem cair arrecadação da Previdência Social" – da Previdência Social. Ou seja, o número de fechamento de postos de trabalho é maior do que o número de abertura de postos de trabalho.

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – E aqueles que se abrem ainda se abrem com salários bem menores do que os dos que foram fechados, trazendo prejuízo à Previdência Social, que arrecadou quase 1% a menos, no mês passado, do que arrecadou no mês anterior, segundo estudos do próprio Governo, segundo os dados do próprio Governo apontam.

    Ou seja, Sr. Presidente, ontem, ao que nós assistimos em Curitiba foi algo, assim, digno de registro. Primeiro, porque o povo brasileiro saiu de todos os cantos para apoiar o Presidente Lula, para se solidarizar com quem, repito, não foi só o primeiro operário Presidente, mas foi o primeiro Presidente, depois de muito tempo, a valorizar operários, operárias, trabalhadores e trabalhadoras, a lhes garantir direitos que estão sendo retirados, arrancados por um Governo ilegítimo, que é o Governo do Sr. Temer. E, segundo, pelo fato de que, pela primeira...

(Interrupção do som.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... vez nós tivemos, no Brasil... (Fora do microfone.) ... um 1º de maio unificado.

    Eu concedo um aparte a V. Exª, Senador Lindbergh, com a aquiescência da Mesa.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Muito rapidamente, Senadora Vanessa. A senhora estava falando da reforma trabalhista, e a promessa era uma geração de empregos. A senhora aí apresentou vários números, mas em um trimestre, no primeiro trimestre de 2018, foram 1,4 milhão de empregos perdidos: 400 mil com carteira assinada...

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Foram 408 mil.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... 600 mil sem carteira assinada, 167 mil postos de trabalho doméstico e 255 mil empregos no setor público. Esse golpe que houve no País é para fazer uma guerra contra os pobres. Temos 1,5 milhão a mais de pessoas, em 2017, na pobreza extrema; e 1,2 milhão de pessoas, Senadora Vanessa...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... voltaram a cozinhar em fogão a lenha. Então, eu sei que a senhora não tem muito tempo. Eu só queria reforçar esse discurso de V. Exª. Daqui a pouco eu subo à tribuna, vou falar também sobre o 1º de maio, sobre essa grande campanha de solidariedade ao Presidente Lula. Parabéns!

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Eu incorporo o aparte de V. Exª, Senador Lindbergh.

    E fico até feliz que chegue aqui ao nosso plenário o Líder do Governo, Senador Jucá, que deve muito à população brasileira, porque foi V. Exª quem patrocinou o acordo com Michel Temer, acordo esse escrito e assinado, de que a reforma trabalhista, a lei, seria, em alguns aspectos, vetada – vetada –, e, em outros, modificada por medida provisória. Não houve nem veto, e a medida provisória, por uma ação deliberada do Governo – deliberada do Governo! –, caducou.

    Mas, Presidente Valadares, se V. Exª me permite, eu ficaria muito feliz em conceder o aparte ao Senador Medeiros.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – E depois a Romero Jucá.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Muito obrigado, Senadora Vanessa. Eu só tenho uma dúvida, Senadora Vanessa: onde V. Exª estava, em qual Parlamento do mundo, quando o Brasil passou a ter quase 14 milhões de desempregados e a senhora nem um pio... Silêncio total. E, de repente, a senhora passa a ficar preocupada com o resultado desses 13 milhões. Segundo: onde estava V. Exª, Senadora Vanessa Grazziotin, em qual Parlamento do mundo, quando o Brasil socou dinheiro no Porto de Mariel, Cuba, Venezuela, Angola, e agora o Brasil leva esse calote, e vai sair dinheiro para pagar o BNDES, justamente da parte do seguro-desemprego. Então, não bate, Senadora Vanessa. Vocês defendem a Petrobras agora como ninguém. Onde estava a senhora quando a Petrobras foi arrebentada? Vocês defendem os trabalhadores agora como ninguém. Onde estava a senhora...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... quando isso tudo estava acontecendo? E, agora – para finalizar –, a senhora vem aqui dizendo que todas as centrais estão juntas. Quer dizer que... Eu não consigo entender essa história. Vocês falam que houve um golpe, ao mesmo tempo se reúnem com esses tais golpistas... Olha, não faz sentido. A senhora fala muito bonito, embora fale com um certo ranço, ao mesmo tempo que defende que a política não deve ser feita de ódio. Mas não dá para entender. Há uma incoerência muito grande no que V. Exª diz.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Eu incorporo o aparte, Senador, apenas registrando a minha total discordância com V. Exª. Eu é que pergunto onde estava V. Exª? Aliás, não preciso perguntar, porque eu sei onde V. Exª estava. Enquanto nós estávamos aqui, apelando para a oposição, para que contribuísse com o governo de Dilma no enfrentamento de uma crise econômica, V. Exªs iniciaram um processo de impeachment, ajudando a ampliar ainda mais o número de desemprego, ajudando...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... a piorar ainda mais a situação da população brasileira. Mas, Senador...

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Salvamos o Brasil de uma quadrilha.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Mas, Senador, V. Exª não precisa tergiversar. Eu estou falando, nós estamos falando o que os senhores disseram e está registrado na história: "Nós vamos fazer a reforma para diminuir o desemprego e aumentar os empregos." Os senhores aumentaram o desemprego.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – E está caindo. Está caindo.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Vamos fazer a reforma para aumentar o salário. O salário está caindo, Senador.

    Então, não adianta V. Exª, de forma atabalhoada, querer trazer confusão para um debate que é muito claro. A Presidenta Dilma venceu as eleições e os senhores, juntos... V. Exª correndo atrás do Senador Aécio Neves, que foi quem bateu na mesa e disse que ela não governaria. E V. Exª fez parte da fileira dele, impedindo que o Brasil enfrentasse, de forma unida, uma crise econômica profunda.

    Então, os senhores são os verdadeiros responsáveis...

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – A senhora corre atrás de um presidiário.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... pelo acirramento da crise.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... em relação à corrupção da Petrobras. Não quero entrar, porque os áudios, os vídeos, as provas...

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Porque os áudios são todos muito claros; vocês não têm como se defender. Isso é que nem bola de Rogério Ceni.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Sr. Presidente?

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Assim é difícil, Presidente.

    Os áudios, os vídeos, mostram quem são os verdadeiros corruptos, mostram quem eram os proprietários de apartamentos com R$50 milhões, proprietários de mala com muito dinheiro e carregando... Aliás, há imagens. E o Presidente Lula condenado por um apartamento que nunca lhe pertenceu?

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Corrupção é corrupção, Senadora Vanessa.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Um apartamento que nunca lhe pertenceu – nunca lhe pertenceu.

    Então, Senador, que V. Exª responda ao seu povo, aos seus eleitores, pelos seus votos aqui. Responda por que votou a favor de uma reforma que tão mal está fazendo ao povo brasileiro, sobretudo a trabalhadoras e trabalhadores.

    Senador Jucá, se V. Exª tiver pretensão ainda, e tivermos a benevolência do nosso Presidente, eu lhe concedo um aparte.

    O Sr. Romero Jucá  (Bloco Maioria/PMDB - RR) – O Presidente é benevolente.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Obrigada.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. Romero Jucá  (Bloco Maioria/PMDB - RR) – Sem querer polemizar na questão crise econômica, porque a economia está aí, os números não falham, os números demonstram o que se pegou e como está hoje. Portanto, eu acho que isso é uma discussão. V. Exª tem a sua posição política, partidária, e nós entendemos isso. Nós não vamos querer mudar a sua cabeça. Mas, na questão da reforma trabalhista, é importante dizer o seguinte: primeiro, a reforma trabalhista modernizou a legislação do trabalho; segundo, a reforma trabalhista não tirou nenhum direito dos trabalhadores. Por quê? Porque o direito dos trabalhadores é garantido pela Constituição, e a Constituição não foi alterada. Então, esse discurso de que se tirou direito dos trabalhadores não é verdadeiro. Depois, em 2016, a renda média do cidadão brasileiro era uma. Em 2017, aumentou a renda média, apesar de o nível de empregabilidade...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Romero Jucá  (Bloco Maioria/PMDB - RR) – ... e de remuneração salarial terem caído. Por que é que caiu? Porque nós estamos ainda num quadro de demanda de emprego. Nós temos a lei da oferta e da procura, que diz que, quando há muita coisa abundante, o preço cai. E, infelizmente, isso acontece e não há como revogar essa lei. Mas tenho certeza, primeiro, de que o Governo Federal cumpriu o seu compromisso quando mandou a medida provisória para a Câmara, aliás, para a Comissão Mista. Foi designado o Relator Rogério Marinho, o mesmo Relator da reforma trabalhista. O que é que aconteceu? A Comissão não se instalou, por questão de debate, de discrepância, de falta de entendimento interno na Comissão, e a medida provisória venceu. O Governo está analisando de que forma vai dar consequência a essas providências, se através de medida provisória, se...

(Interrupção do som.)

    O Sr. Romero Jucá  (Bloco Maioria/PMDB - RR. Fora do microfone.) – ... através de decreto, se através de portaria.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Romero Jucá  (Bloco Maioria/PMDB - RR) – Então, o Governo e a Casa Civil estão estudando qual medida será tomada, e algumas medidas serão tomadas para trazerem de volta o entendimento que foi buscado.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Eu agradeço, principalmente, a forma como V. Exª fez o aparte e me permito, Senador Romero Jucá, com V. Exª travar um rápido debate, Presidente Valadares.

    Primeiro, eu imaginei que V. Exª falaria não somente da tal medida provisória. E eu repito tudo que eu disse. De forma deliberada – e toda a imprensa publica isso –, Senador Romero Jucá, o Congresso Nacional, cuja maioria daqui apoia Michel Temer, deixou que caducasse, porque a Câmara dos Deputados não concordava com a medida provisória. O Presidente da Comissão Mista, Senador Gladson Cameli, desde a hora em que foi indicado como Presidente, renunciou e nunca houve uma outra indicação. Nunca houve. Então, ela...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... caducou por uma ação deliberada.

    Segundo, no acordo que V. Exª trouxe ao Parlamento, ao Senado Federal, a cópia do documento assinado por Michel Temer falava de vetos e edição de medida provisória. Cadê os vetos? Por que que nada foi vetado? E, ainda, Senador Jucá, o senhor diz que nenhum direito foi retirado. Retirou, sim, inclusive os direitos garantidos na Constituição, porque, veja, os direitos garantidos na Constituição são para os trabalhadores formalizados, aqueles que têm carteira de trabalho assinada. Os senhores criaram a figura do autônomo exclusivo e contínuo. Portanto, qualquer gari pode trabalhar como autônomo, qualquer operário pode trabalhar como autônomo, exclusivo e contínuo. Se ele é autônomo, ele não tem carteira assinada. Se ele não tem carteira assinada, ele não tem décimo terceiro, ele não tem férias...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... ele não tem nada. (Fora do microfone.)

    Retirou-se direito. E, além desses direitos retirados, acabaram com o salário mínimo – acabaram com o salário mínimo.

    O que é o contrato intermitente? O contrato intermitente é pago por hora e valor hora do salário mínimo. E, se ao final do mês o valor hora, Senador Lindbergh, não alcançar o salário mínimo, não tem problema, o trabalhador vai receber menos do que o salário mínimo. E, mais, para pagar a previdência – isso estava escrito na medida provisória – ainda vai ter que tirar do seu bolso a complementação. Ele vai ter que tirar do seu próprio bolso.

    Essa reforma trabalhista é a coisa mais perversa que vimos na vida. E os trabalhadores estão chegando a essa conclusão e estão se mobilizando muito contra isso.

    Por isso, Senador Valadares, eu concluo dizendo o seguinte: o Presidente, mais uma vez, não cumpriu com o acordo e os senhores não cumpriram com o acordo perante o povo brasileiro. Exigem que mulher gestante trabalhe em lugar insalubre.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Não é à toa que Michel Temer foi recebido da forma como foi recebido ontem, em São Paulo. Ele foi escorraçado ao fazer a visita àquelas vítimas daquela violência. E eu aqui me solidarizo com todas...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – As vítimas do Boulos.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... as vítimas daquela violência.

    O senhor não fale o que o senhor não sabe, Senador. O senhor não fale. Aquilo não tem nada a ver com Guilherme Boulos, aquilo não tem nada a ver com o MTST. Eu não recebi aqui nenhuma procuração para defender o Boulos, mas não tem nada a ver com ele, Senador. Não fale besteira. O senhor só fala besteira aqui neste plenário, só fala bobagem aqui neste plenário.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – A senhora me respeite.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Só fala besteira e bobagem.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – A senhora me respeite.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Então, veja: Michel Temer foi escorraçado e não é só pelas famílias das vítimas, não, pelo povo de São Paulo. Michel Temer não tem condições de andar neste País. Por quê? Por questões como essa, porque não tem palavra, porque assumiu o poder só para vender o nosso País e tirar direitos do povo brasileiro e dos trabalhadores.

    Muito obrigada.

    O SR. ROMERO JUCÁ  (Bloco Maioria/PMDB - RR) – Senadora Vanessa, era um debate, não é, Presidente? Então, peço a palavra...

(Interrupção do som.)

    O SR. ROMERO JUCÁ  (Bloco Maioria/PMDB - RR. Fora do microfone.) – ... pelo art. 14.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM. Fora do microfone.) – Por mim, eu ficaria debatendo aqui.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/05/2018 - Página 16