Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada a comemorar os 100 anos do Dia das Mães no Brasil.

Autor
Wellington Fagundes (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão solene destinada a comemorar os 100 anos do Dia das Mães no Brasil.
Publicação
Publicação no DCN de 10/05/2018 - Página 28
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, CELEBRAÇÃO, CENTENARIO, DIA NACIONAL, HOMENAGEM, MÃE, COMENTARIO, ATUAÇÃO, MULHER.

     O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco/PR-MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Cumprimento o caro Presidente desta sessão, o 3º Secretário da Mesa do Congresso Nacional, Deputado Federal JHC; a Sra. Senadora Ana Amélia, essa brilhante e competente mulher que está sempre aqui a nos orientar; o Deputado Federal Vitor Lippi, requerente desta sessão, juntamente com a Senadora Ana Amélia; o Sr. Jorge Tsujino, Presidente da Federação Brasileira das Associações Cristãs de Moços; a Sra. Wanda Martchenko, Presidente da Associação Cristã de Moços de Brasília; o Sr. Ênio Roberto Ferreira, Presidente da Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul; e a Sra. Marísia Donatelli, representante da Associação Cristã de Moços de São Paulo.

      Sra. Presidente Ana Amélia e Sr. Presidente da sessão -- eu a chamo “Sra. Presidente” porque ela é minha eterna Presidente, na Comissão de Agricultura --, eu quero cumprimentar todos os que estão presentes na sessão e todos os que me veem pela TV Senado e pelos órgãos de comunicação da Câmara e do Senado.

      Quero me dirigir a todas as mães de todos os credos, classes sociais e cores e também de todas as idades deste nosso imenso País. Eu gostaria de começar fazendo uma homenagem póstuma a D. Ilda Matos, que faleceu neste final de semana. Ela é da cidade de Guiratinga, cidade natal do meu sogro. Não era mãe, mas se dizia mãe dos aposentados. Ela era enfermeira e também Presidente da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Guiratinga. Antes de existir o programa Saúde da Família, já estava lá a D. Ilda, fazendo trabalho como enfermeira, visitando principalmente os mais carentes, levando carinho, amor e conforto. Por isso, em homenagem à memória de D. Ilda, que foi uma grande parceira, quero cumprimentar todas as mães do Brasil.

      Sr. Presidente, eu gostaria também de dedicar esta fala a uma mulher muito especial, mãe e avó exemplar, a minha sogra. Às vezes as pessoas têm dificuldade de falar da sogra, mas eu venho aqui, com muito orgulho, falar da minha sogra, e falar muito bem. A D. Almerita de Moura Abreu, que há quase 70 dias, com a coragem e a fé que sempre soube transmitir a todos nós, encontra-se hospitalizada, mas cercada do carinho, das preces, da admiração e da gratidão de todos nós, sobretudo da minha mulher, Mariene de Abreu Fagundes, dentista, e de sua única irmã, Dra. Mariana de Abreu, médica. Elas hoje vivem a aflição de ter a mãe e o pai adoentados, os 2 com 82 anos.

      Nós queremos falar aqui exatamente da fibra, da força da mulher que, mesmo num leito, numa cama, está ali a aconselhar para que cuidem dos filhos, tenham carinho e, principalmente, fé e força.

      Por isso, eu fico muito feliz e honrado por participar desta sessão solene do Parlamento brasileiro em homenagem ao primeiro centenário de comemoração do Dia das Mães no Brasil.

      Aproveito para cumprimentar a minha brilhante e estimada colega Senadora Ana Amélia Lemos, que, juntamente com o nobre Deputado Vitor Lippi, subscreveu o requerimento para esta solenidade.

      Minhas senhoras e meus senhores, ser mãe sempre foi um privilégio, mas nunca foi fácil, em nenhuma época e também em nenhum lugar.

      Senadora Ana Amélia, quando vamos fazer a entrega de casas nos conjuntos habitacionais no Mato Grosso, Estado que através de um fundo conseguiu um recorde nessa área, eu faço sempre questão de entregar a chave na mão das mulheres e sempre digo que é porque a mulher é quem tem a dádiva divina de gerar um filho e só ela sabe o que representa uma casa para a solidez de uma família.

      Em culturas como a nossa, ainda fortemente marcadas pela herança patriarcal, as mães assumem um ônus desproporcional no tocante ao cuidado do lar e dos filhos, acumulando uma dupla -- às vezes, tripla -- jornada de trabalho, dentro e fora de casa, como ocorre com frequência cada vez maior.

      A Fundação IBGE documenta o crescente número de domicílios mantidos unicamente por mulheres, que quase sempre também são mães ou avós.

      Hoje, no Brasil, o exercício desse papel essencial ao bom funcionamento de qualquer sociedade se reveste de dolorosos desafios. As mães brasileiras sofrem com a falta de creches e de educação infantil acessíveis a todas as famílias; sofrem com a escalada da insegurança e da criminalidade, inclusive nas escolas, com a disseminação de drogas de todo tipo e com a epidemia de depressão e até de suicídios infanto-juvenis; sofrem com a discriminação no mercado de trabalho, que, na média, paga menos às mulheres do que aos homens para a realização das mesmas tarefas.

      Aqui eu gostaria de dedicar estes minutos que me cabem a focalizar um aspecto de extrema seriedade e atualidade: o papel essencial das famílias e, em especial, das mães, para o sucesso de qualquer política de segurança pública de combate e prevenção ao crime, em especial o verdadeiro holocausto de crianças e adolescentes brasileiros, cujas vidas têm um fim trágico antes mesmo de terem a chance de começar.

      Sim! Sem o apoio ativo das famílias -- o que, em inúmeros casos, significa as mães e tão somente elas --, as escolas, os conselhos tutelares, o Ministério Público, as delegacias de crianças e adolescentes, a Justiça e as organizações não governamentais perdem com certeza o elo essencial para a operação de todo o sistema.

      Repito: sem a participação da comunidade, sem a família, sem as mães, pilares de tudo isso, essas políticas públicas estão fadadas ao fracasso.

      Façam um teste! Perguntem a soldados e oficiais da Polícia Militar, a agentes e delegados da Polícia Civil, a procuradores e juízes de menores, a repórteres policiais, e todos responderão que é urgente e necessário preencher essa lacuna, criando maneiras, projetando instituições para incentivar, empoderar, conferir às mães protagonismo no controle de situações de risco e em medidas para a valorização da vida dos seus filhos na escola, no lar, na rua, em todos os lugares.

      Falo tudo isso, minhas amigas e meus amigos, a partir de uma constatação simples, mas fundamental: é graças ao amor das mães, ao seu carinho, aos seus cuidados, aos seus primeiros ensinamentos, às suas constantes preocupações e, frequentemente, às suas lágrimas, que as gerações se perpetuam, e a história da humanidade pode continuar. Mães são as portadoras da vida, as guardiãs da civilização e do futuro! Precisamos sempre apoiá-las!

      Falo como filho de uma mulher muito simples que saiu da Bahia num pau de arara, após ter nove partos, para criar sete filhos, com toda a dificuldade, mas deixar esses sete filhos formados. A minha mãe, Minervina, que não está mais aqui, sempre dizia isto: “O maior patrimônio de alguém é a escola, é o estudo. Isso ninguém tira de vocês.”

     Este tema sempre emociona todos nós. E é exatamente nesta emoção, Senadora Ana Amélia, que eu ali perguntava ao meu assessor: “A Senadora Ana Amélia é mãe?” E ele me informou que não. Mas é exatamente com a sensibilidade de mulher que V.Exa. vem aqui propor esta homenagem. Não é preciso gerar um filho para saber cuidar das crianças do Brasil. E isso V.Exa. sabe fazer. Por isso, também quero fazer uma homenagem a V.Exa. e a todas as mulheres brasileiras. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 10/05/2018 - Página 28