Discurso durante a 13ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada a comemorar os 30 anos do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União - Sindilegis.

Autor
PETRUS ELESBÃO
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão solene destinada a comemorar os 30 anos do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União - Sindilegis.
Publicação
Publicação no DCN de 18/10/2018 - Página 33
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, OBJETIVO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, SINDICATO, REPRESENTAÇÃO, SERVIDOR PUBLICO CIVIL, LEGISLATIVO, SENADO, CAMARA DOS DEPUTADOS, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU).

    O SR. PETRUS ELESBÃO - Sr. Presidente Hélio José, requerente desta sessão de comemoração, e Senador Paulo Paim, meus cumprimentos. Homenageando as mulheres da Mesa, a Sra. Maria Ivoneide e a Sra. Fátima, eu cumprimento todas as senhoras e os senhores.

    Caros colegas, diretores e funcionários do SINDILEGIS, aos quais tenho a honra de representar nesta tribuna, queridos servidores do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Tribunal de Contas da União, é com muito orgulho e felicidade que me dirijo a cada uma das senhoras e cada um dos senhores aqui reunidos nesta manhã para celebrar os 30 anos do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União, o nosso SINDILEGIS.

    Tivemos o privilégio de nascer em 6 de outubro de 1988, um dia após a promulgação da Constituição Cidadã, na qual trabalharam tantos rostos amigos presentes a esta sessão, fundadores do SINDILEGIS, inclusive eu tive a honra de trabalhar na Constituinte.

    Ulysses Guimarães, nosso grande timoneiro, entre as muitas canetas que lhe foram oferecidas, fez questão de usar a que recebeu dos servidores da Câmara dos Deputados para assinar a Carta Magna, em reconhecimento ao apoio que recebeu dos servidores do Congresso Nacional e ao trabalho que realizaram sob sua liderança.

    Somos o primeiro sindicato de servidores públicos federais do Brasil. A nossa história está, portanto, Sr. Presidente, intimamente ligada e entrelaçada com o restabelecimento da democracia no Brasil e os direitos e garantias fundamentais por ela conferidos a todos os cidadãos brasileiros, regime e direitos esses defendidos com garra pelo SINDILEGIS, nesta e em todas as gestões que nos antecederam. Não por acaso, por muitos anos, tivemos como slogan O Sindicato da Democracia, em alusão direta aos princípios que defendemos e aos servidores públicos que representamos dos órgãos federais que melhor simbolizam a soberania popular.

    Nascemos desse momento luminoso da história do Brasil, contagiados pelo espírito desbravador da nova Constituição. Menos de 24 horas após a sua promulgação, lideranças das três Casas -- Câmara, Senado e TCU -- reuniram mais de 600 servidores na assembleia histórica em que foi criado o SINDILEGIS.

    Quero aqui registrar, em nome do primeiro Presidente do SINDILEGIS, o Sr. Francisco das Chagas Monteiro, o reconhecimento e o agradecimento especial de cada um de nós aos bravos homens e mulheres que dirigiram o nosso sindicato desde a sua criação.

    São 30 anos, senhoras e senhores! Nós e a Constituição brasileira, ambos chegamos aos 30 anos amadurecidos pelas dificuldades enfrentadas nas últimas 3 décadas, aprimorados pela experiência, mas com toda a força e o vigor que o auge da juventude nos confere.

    Eu poderia dedicar este momento à história de lutas e vitórias, conquistas que transformaram as carreiras da Câmara, do Senado e do TCU nas mais respeitadas e ambicionadas do serviço público, mas hoje, em especial, Senador Paim, mais do que enaltecer o nosso passado, que merece e precisa ser lembrado sempre, eu quero falar de futuro. Quero falar de futuro, pois um novo Brasil e um novo mundo se apresentam diante dos nossos olhos. Temos o desafio imenso de fazer-lhes frente. Precisamos de um novo sindicato para um novo serviço público, um novo sindicato para um novo Brasil.

    A crise política, econômica e social que o nosso País enfrenta atualmente é uma das mais graves da história. Fora dos palácios desta praça, exigem-se providências. Uma Nação que dia após dia tem deixado claro que não mais assistirá calada à ineficiência de seus governantes, ao saqueamento dos cofres públicos, ao extermínio de seus iguais por um Estado que mata, Sr. Presidente, seja pelo fracasso no combate à violência, seja pela ineficiência na promoção de um sistema de saúde de qualidade, seja pela falta de oportunidade capaz de oferecer que todo o cidadão possa crescer e realizar os seus sonhos.

    Nós, que assistimos de nossas janelas a todas as manifestações que tomaram a Esplanada dos Ministérios nos últimos anos, somos testemunhas disso. Estamos a poucos dias do desfecho de um processo eleitoral extremamente polarizado. Os atuais e novos Parlamentares, seja quem for o novo Presidente sacramentado pelas urnas no dia 28, precisam estar cientes de que o Brasil tal qual conhecemos está com os dias contados. Nós servidores públicos precisamos estar cientes disso também. É preciso humildade e coragem para encarar esta nova Nação nos olhos e ouvir o que ela quer, o que ela demanda, o que ela exige.

    Esse novo Brasil precisa de um serviço público novo, senhoras e senhores, que seja mais que as engrenagens que o movem, que seja mais que seus pés e mãos, que seja um serviço público em que o cérebro funcione e os governantes sejam seu coração.

    Se estamos afundados em tantos problemas graves, por que não buscar em nossos quadros técnicos, Sr. Presidente, as soluções? Temos dentro do Senado, da Câmara e do TCU muitas das mentes mais brilhantes do País. (Palmas.)

    No Executivo e no Judiciário também não é diferente. Há uma legião de notáveis aguardando nas repartições públicas uma oportunidade de servir ao País, com o seu conhecimento e experiência, não apenas executando, mas também buscando e desenvolvendo as diretrizes e políticas públicas por que a Nação anseia.

    Não podemos mais aceitar ser coadjuvantes dos processos não apenas por direito, mas também por dever. Devemos ser protagonistas.

    Elegemos novos governantes de tempos em tempos. Mas nosso mandato, nosso compromisso, nossa responsabilidade, meus amigos, é para a vida inteira.

    Se hoje a sociedade se ressente tanto daqueles que escolheram dedicar suas vidas a servi-la, é porque durante muito tempo permitimos, não sem lutar evidentemente, que nos excluíssem desse processo, que nos atacassem e nos colocassem como bode expiatório de todos os problemas do Estado. Mas não mais! A nossa força cresce a cada vez que nos levantamos contra as medidas inescrupulosas de agentes públicos que atentam contra os interesses do povo e da Nação, a cada vez que erguemos as nossas vozes e os nossos punhos para proteger o patrimônio brasileiro, impedindo, denunciando e punindo os corruptos, a cada vez que nos aperfeiçoamos para servir com propriedade e excelência em nossas funções, a cada momento que escolhemos ser efetivamente líderes dessa mudança.

    James Baldwin, um grande romancista negro estadunidense, disse: "Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado".

    É com orgulho que digo: para nós este enfrentamento começou. Enquanto Sindicato, assumimos a missão de abrir caminhos para que os servidores que representamos possam, cada vez mais, assumir o lugar que lhes é de direito no Estado. Essa naturalmente não é uma tarefa fácil nem algo que se possa conquistar em uma única gestão. Mas esse é o norte para qual o nosso lema está apontado. É esse o compromisso que assumimos com cada uma das senhoras e cada um dos senhores para os próximos 30 anos de SINDILEGIS, um sindicato que, mais do que cumprir a sua obrigação de lutar pelos direitos e prerrogativas dos trabalhadores que congrega, trabalha para garantir algo que nem o maior salário do mundo pode comprar: propósito. É isto: propósito.

    É difícil encontrar propósito, quando as nossas ideias não são ouvidas, quando as nossas vozes são silenciadas. Por outro lado, não há nada mais gratificante do que a certeza de que o nosso trabalho mudou, efetiva e permanentemente, a vida de alguém.

    No serviço público, especialmente nas três Casas em que atuamos, temos a oportunidade de transformar não apenas uma, mas milhares de vidas todos os dias, vidas de crianças, adolescentes, adultos, idosos, pessoas com deficiência, pessoas em situação de vulnerabilidade, vítimas de toda forma de violência, pessoas que têm sonhos e precisam de alguma maneira do nosso trabalho para realizá-los.

    Senador Paim, a rota de quantas vidas uma nova lei pode mudar? Quantas vidas uma única auditoria pode salvar?

    Propósito, meus amigos, só se tem quando o trabalho é valorizado e conseguimos vê-lo florescer, frutificar. É isto que este novo sindicato que apresentamos a vocês, nesta manhã, vai trabalhar para garantir a cada servidor do Poder Legislativo e do TCU: condições para produzir, palanque para difundir, reconhecimento para fortalecer e, principalmente, oportunidade para implementar.

    E, para dar cara a esse novo sindicato, reestruturamos até o nosso logotipo, que agora é constituído por uma imagem geométrica formada a partir de três figuras que fazem referência direta aos prédios-sedes do Poder Legislativo federal, três figuras que não por acaso são transparentes, coloridas, em tons das três cores básicas, a partir das quais qualquer outra cor pode ser formada. Um dos elementos do símbolo se sobrepõe ao outro, sem no entanto cobrir um ao outro, mas se multiplicando e criando novas cores, mostrando a força, a beleza e a potência inventiva dessa união.

    Para acompanhar a sua nova identidade visual, o SINDILEGIS e seus filiados ganharam também uma nova sede. O Centro de Atividades Sociais, localizado na 610 Sul, que já abrigava vários serviços oferecidos pelo sindicato, foi totalmente reformado e, desde o dia 1º de outubro, abriga a equipe do SINDILEGIS.

    Além de otimizar recursos e promover maior integração interna e externa, nosso principal objetivo é oferecer aos filiados um espaço mais confortável e acessível, onde todos possam encontrar tudo de que precisam.

    Os conceitos de integração e transparência inspiram todo o projeto. Temos poucas paredes, e as que temos são de vidro transparente. Queremos vê-los e queremos que vocês nos vejam, que nos procurem, contem conosco, participem desse novo sindicato, que é cada um de nós. As portas estão sempre abertas a todos e todas que queiram integrar essa luta. Tomem posse do que é de vocês. (Palmas.)

    Um dia antes da criação do SINDILEGIS, Sr. Presidente, na sessão histórica em que foi promulgada a Constituição Cidadã, Ulysses Guimarães disse:

Não é a Constituição perfeita. Se fosse perfeita seria irreformável.

Ela própria com humildade e realismo admite ser emendada (...).

Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira, desbravadora, será luz ainda que de lamparina nas noites dos desgraçados.

É caminhando que se abrem os caminhos. Ela vai caminhar e abri-los.

    Em perfeita consonância com Ulysses, o ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Carlos Ayres Britto, em entrevista recente à TV Senado, disse: "Se temos andado mal das pernas é porque temos andado de costas para esta Constituição. Nós não precisamos morar em outro país. Precisamos morar em outro Brasil e vamos chegar lá".

    Se a Constituição que completa conosco 30 anos não é perfeita, tampouco o SINDILEGIS o é, mas caminhemos com a Constituição buscando nos tornar, a cada dia, melhores do que fomos ontem. Temos enquanto sindicato, especialmente enquanto servidores públicos, um papel muito importante a desempenhar no enfrentamento dos problemas que assolam o nosso País e o faremos trabalhando para oferecer à sociedade um Estado que a respeite, que atenda aos seus anseios e necessidades, que a honre e que a represente.

    Quanto ao SINDILEGIS, para os próximos 30 anos, nosso desejo é fazer jus, sempre e cada vez mais, não ao slogan, mas à missão que assumimos de ser um sindicato a serviço do Brasil. (Palmas.)

    Agradeço ao Sr. Presidente Hélio José e à sua competente equipe por tornar possível esta homenagem e por ter sido sempre um fiel e combatente defensor do serviço público.

    Agradeço ao Senador Paim e aos demais Senadores que apoiaram esse requerimento.

    Amigos do SINDILEGIS e dos servidores públicos do nosso País, muito obrigado.

    Faço um agradecimento especial ao Secretário-Geral da Mesa, Luiz Fernando Bandeira de Mello, bem como ao Valdir, à Regina, à Adriana, à Cecília, à Sara, à Priscila, ao Herivelton e a todos os colegas que não mediram esforços para a realização desta sessão solene.

    Agradeço aos colegas do Coral do Senado, que nos presentearam com seu talento e suas belas vozes.

    Agradeço ao meus colegas da diretoria e a todos os funcionários do SINDILEGIS, que escrevem conosco esses 30 anos de lutas e conquistas.

    Muito obrigado por fim a todos e todas que nos agraciaram com suas presenças nesta manhã tão especial.

    Agradeço à minha família, que se encontra presente, minha esposa e filho.

    Encerro minhas palavras citando, mais uma vez, dois grandes brasileiros. Disse Ulysses: "A História nos desafia para grandes serviços, nos consagrará se os fizermos, nos repudiará se desertarmos".

    Por sua vez, o mestre Guimarães Rosa, com a beleza e sabedoria das palavras ensina: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem".

    Coragem, meus amigos! O Brasil precisa de nós!

    Vida longa à Constituição Cidadã! Vida longa ao SINDILEGIS! Que venham mais 30 anos, mais 60 anos, mais 90 anos, mais 100 anos de lutas e conquistas!

    Muito obrigado.

    Era o que eu tinha a dizer. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 18/10/2018 - Página 33