Discurso durante a 160ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Prestação de contas do mandato de S. Exª.

Autor
Wellington Fagundes (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Prestação de contas do mandato de S. Exª.
Publicação
Publicação no DSF de 21/12/2018 - Página 60
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • COMENTARIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, PERIODO, EXERCICIO, MANDATO, SENADOR, ENFASE, DEFESA, OBRAS, INFRAESTRUTURA, BENEFICIO, REGIÃO CENTRO OESTE, MELHORIA, MEIO AMBIENTE, OBTENÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, GOVERNO FEDERAL, SAUDE, EDUCAÇÃO, ELOGIO, MEMBROS, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), POLICIA RODOVIARIA FEDERAL, EXERCITO, REGISTRO, CONCLUSÃO, HOSPITAL, CUIABA (MT), IMPORTANCIA, MEDICINA, VETERINARIA, AGROPECUARIA.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT. Para discursar.) – Sr. Presidente, eu agradeço muito a V. Exa., porque somos de Estados vizinhos. Tenho certeza de que V. Exa. começa os elogios muito mais pela sua generosidade.

    Tocantins é um Estado muito importante para o Estado de Mato Grosso. Nós temos ali algumas lutas, a Senadora Kátia Abreu, o Senador Vicentinho e V. Exa., que aqui está, mostrando o brilhantismo, o conhecimento das questões nacionais, fazendo a defesa do seu Estado e da nossa região. Precisamos concluir a BR-242, ligando a BR-158 a São Félix do Araguaia e atravessando toda a Ilha do Bananal. Precisamos resolver.

    Agora mesmo, eu tenho a felicidade, Sr. Presidente, de anunciar que conseguimos a licença ambiental da BR-080, que liga Luiz Alves, no Estado de Goiás, com a ponte também sobre o Rio Araguaia, para ligar até a BR-158, claro, aproximando com isso a Ferrovia Norte-Sul, que sobe pelo Tocantins – ou, como dizem alguns, desce, se for referência o Rio Araguaia – e vai até Itaqui, no Maranhão.

    Então, para a carga de Mato Grosso, essas ações são extremamente importantes para viabilizar o seu transporte. Toda ligação que se faz de Mato Grosso com Goiás ou com Tocantins é extremamente relevante para aumentar a produção brasileira. Claro, sem nenhum problema de agressão ambiental, respeitando.

    E é bom dizer que o Brasil tem uma das legislações mais modernas. O ICMBio, o Ibama têm todo o cuidado com essa questão das licenças ambientais. Por isso, agora, caberá ainda ao Ibama fazer a licença ambiental de instalação para que as obras possam começar.

    É claro que a gente sempre fica angustiado quando um projeto demora tanto, não é? Um projeto ambiental demora tanto tempo para ser aprovado, mas as pessoas lá estão porque querem produzir, gerar riquezas, e o Brasil precisa disso.

    Então, eu quero aqui, inicialmente, dizer da minha satisfação por estar aqui hoje também para comemorar com toda a população da cidade de São Pedro da Cipa, uma cidade pequena da minha região. Entre a minha cidade, Rondonópolis, Juscimeira e Jaciara, está lá São Pedro da Cipa, às margens do Rio São Lourenço, um dos rios que mais contribuem com o nosso Pantanal mato-grossense, que é um patrimônio da humanidade.

    Então, lá agora, inclusive, fizemos as obras de contensão das margens do Rio Vermelho, onde vamos fazer, no futuro, toda uma área de preservação ambiental e também de lazer para a população. E, hoje, o Prefeito Alexandre Russi com a sua esposa, a Primeira-dama Rafaele, junto com o Vice-Prefeito, o Eduardo Português, e todos os Vereadores, estão lá comemorando o aniversário de São Pedro da Cipa.

    E isso é importante, porque, no Brasil, nós temos muito a mania de querer ser o "maior" – a maior cidade, o maior desenvolvimento –, e, às vezes, em uma cidade pequena, é possível ter uma melhor qualidade de vida. E é por isso que eu quero aqui parabenizar o Prefeito Alexandre Russi, porque, embora administre uma das menores cidades de Mato Grosso, conseguiu transformar a cidade, inaugurando obras, como está lá hoje inaugurando o ginásio de esportes e várias outras tantas obras, como Centro do Idoso, o asfaltamento da cidade. Temos recursos liberados, com os quais ele vai deixar 100% da cidade asfaltada.

    Também estamos trabalhando na duplicação da obra da BR-163 e 364, que liga Rondonópolis a Cuiabá. Está previsto para o dia 28, agora, já inaugurarmos o trecho de Jaciara até Cuiabá, todo ele duplicado, onde se está fazendo a substituição, inclusive, daquilo que foi originalmente o asfalto por concreto em toda a rodovia. É uma obra de alta tecnologia. O próprio Presidente da República ficou bastante impressionado quando apresentamos o que está sendo feito lá em Mato Grosso. Essa obra foi inclusa no programa Chave de Ouro. Agora, no dia 28, então, nós teremos a inauguração desse trecho, mas, claro, lutando para fazer toda a conclusão, ano que vem, de Rondonópolis a Cuiabá.

    Só com as obras que já foram feitas, nós já conseguimos diminuir mais de 70% o número de acidentes. Portanto, concluir obras é cuidar das pessoas, salvar também vidas. E eu fico muito feliz de poder estar aqui trabalhando intensivamente para que a gente melhore a infraestrutura. Como Presidente da Frente Parlamentar de Logística de Transportes e Armazenagem e por ser de Mato Grosso, por estar no centro do Brasil, nós entendemos que melhorar a logística é fundamental.

    Temos a ferrovia que chegou na minha cidade, Rondonópolis, onde temos o maior terminal ferroviário da América Latina – a Ferronorte está lá –, mas nós queremos que ela avance, que vá para Cuiabá, que ligue ao Nortão de Mato Grosso, que nós possamos fazer a Ferrogrão, ligando também o Nortão até Miritituba, a Fico, que é a Ferrovia de Integração, para exatamente fazer a interligação da Norte-Sul até Água Boa.

    E aí eu quero aproveitar também, já que estamos aqui no último discurso, finalizando o nosso trabalho – por isso, eu peço paciência de V. Exa., porque eu quero falar de outro assunto aqui, vou me delongar um pouco –, para parabenizar também a equipe do Ministério dos Transportes, através do Ministro Valter Casimiro, que fez um brilhante trabalho. E eu gostaria aqui de registrar, em nome do Ministro Valter Casimiro, toda equipe do Ministério de Transportes e também a equipe do Dnit, que faz parte do Ministério do Transporte, através de toda a sua...

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. PSL - TO) – Senador, só um apartezinho, porque V. Exa. abordou justamente num assunto que realmente me toca muito.

    Hoje, pela parte da manhã, fiz um pronunciamento. E, quando falava de transportes, preocupa-me muito a situação do caminhoneiro. Hoje Mato Grosso é um Estado extremamente dependente do caminhoneiro, porque a ferrovia ainda é muito ineficiente, as hidrovias que nós podíamos ter também não temos.

    V. Exa. vê, por exemplo, a Rússia, que tem bem menos rios que o Brasil, tem 180 mil quilômetros de vias navegáveis. Nós podíamos ter 200, 300 mil quilômetros de vias navegáveis. Mas não fizemos isso, esquecemos as ferrovias, esquecemos as hidrovias e privilegiamos, desde o Governo de Washington Luís, as rodovias. E é a nossa realidade.

    E vejo com muita preocupação quando nossos motoristas, nossos caminhoneiros podem perder a sua carteira, seu ganha-pão por 21 pontos na carteira, como qualquer outro motorista. O motorista caminhoneiro vive disso. V. Exa. está num Estado extremamente dependente do rodoviário.

    Então, eu entrei com uma emenda para mudar essa pontuação da carteira do motorista. Nós estamos em cima de uma situação em que pode haver uma nova greve de caminhoneiros, paralisar o Brasil, se isso continuar desse jeito. Então, nós temos que olhar para os nossos irmãos caminhoneiros. E, justamente, vejo o seu Estado e o meu Estado extremamente dependentes dos caminhoneiros. Nós temos que tratar de modo diferenciado.

    Mas ouço com atenção o brilhante discurso de V. Exa., discurso de um patriota.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) – Sr. Presidente, inclusive, a minha cidade, Rondonópolis, é hoje a capital do bitrem. Nós temos a ATC (Associação dos Transportadores de Cargas) em Rondonópolis, que é a associação com o maior número de associados do Brasil.

    Eu fui o Relator da área de Defesa e Justiça e tive a oportunidade, então, de conversar muito com as Forças Armadas. Agora de manhã, eu estava num café da manhã lá na Aeronáutica, conversando com os Brigadeiros, como também estive com o Gen. Villas Bôas. Para minha surpresa, Rondonópolis foi o ponto nevrálgico na questão da greve dos caminhoneiros. A informação que as Forças Armadas, principalmente o Exército, nos passaram – lá nós temos a unidade do 18º GAC – é que ali, exatamente por ser um grande entroncamento da BR-364 com a 163, é uma cidade onde temos milhares de caminhoneiros que lá residem. Com isso, ali foi um ponto extremamente nevrálgico, onde poderia praticamente haver uma guerra civil.

    Por isso, quero parabenizar o trabalho da Polícia Rodoviária Federal, do Exército Brasileiro, de todas as Forças Armadas, que lá estiveram trabalhando com inteligência. Ao invés de criar o conflito, foi exatamente na negociação que conseguimos fazer com que essa greve não pudesse se agravar muito mais, levando a conflitos a que não teríamos como chegar, que nem saberíamos dimensionar.

    Então, eu quero ainda, Sr. Presidente – poderíamos falar aqui na logística de um modo geral, que é muito importante para nós que somos do Centro-Oeste –, dizer que, além dessa obra da duplicação da BR-163, também conseguimos incluir as obras da conclusão do Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá, uma magnífica obra, no programa Chave de Ouro. Eu quero registrar o trabalho do Senador Blairo, que, junto comigo, trabalhamos muito e convencemos o Presidente da República, o Ministro Marum e toda a equipe, a incluir essa obra, que é fundamental para Mato Grosso e para a Região Amazônica.

    Cuiabá hoje atende a questão da saúde não só do Estado de Mato Grosso, mas do Estado de Rondônia e da Bolívia – muita gente acaba indo para Mato Grosso. Conseguimos a liberação de R$100 milhões para a conclusão, de forma muito rápida – aí quero parabenizar também o Prefeito Emanuel Pinheiro, porque ele até mudou a sede da Prefeitura para dentro da construção do Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá. Vamos ter agora a conclusão, já com os equipamentos.

    E quero anunciar que hoje tivemos a liberação do restante, dos R$30 milhões, já liberados na conta da Prefeitura, para a conclusão do Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá. Então, são R$100 milhões liberados fora do Orçamento que estava definido para Mato Grosso. Por isso, é relevante registrar aqui o papel também do apoio que tive, juntamente com o Senador Blairo Maggi, e depois de toda a Bancada.

    Além disso, tivemos a liberação dos recursos para a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá. A Santa Casa tem mais de 80 anos. Então, os recursos foram liberados fruto de emendas da Bancada. São 16 milhões no total que foram liberados – 16,07 milhões –, sendo uma emenda de 12,406 milhões. Então, esse recurso está liberado. Já quero aqui anunciar a toda a população de Cuiabá, de Mato Grosso, como também registrar aqui o trabalho do Deputado Valtenir Pereira, do Deputado Galli. Quero registrar o Pr. Sebastião, da Assembleia de Deus, que é uma igreja muito tradicional. É a Assembleia de Deus de Belém. O Pr. Sebastião é um dos pastores mais renomados do Brasil. Ele também nos pediu muito para atender a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, como também fizemos para a Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis e todas as filantrópicas.

    Sr. Presidente, eu gostaria aqui de fazer um pronunciamento que para mim é extremamente importante. Por isso, eu até tinha colocado aqui para o Senador Cristovam se ele queria falar na minha frente, porque eu teria que me delongar um pouco.

    Mas eu quero aqui registrar, Sr. Presidente Guaracy, a todo o público que nos assiste aqui pela TV Senado, que nos acompanha pela Rádio Senado e todos os meios de comunicação do Senado da República: este ano, um dos momentos marcantes na minha vida aconteceu no final de novembro, quando tomei posse como membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, sediada no Rio de Janeiro.

    Trato esse ato como extremamente relevante, porque, em última análise, foi a opção pela Medicina Veterinária que me fez vencedor como homem e como pai de família. Foi ainda pela Medicina Veterinária que comecei a minha história na política, após me formar, aliás, na própria universidade, exercendo a política junto com os meus companheiros – fui presidente de comissão de formatura, de grêmio. Mas, após me formar, abri meu primeiro negócio no ramo agropecuário, fato que me levou à Associação Comercial e Industrial da minha cidade natal, também à Secretaria de Planejamento da Prefeitura da minha cidade natal, Rondonópolis, e, em seguida, a um convite para me candidatar a Deputado Federal, em 1990.

    Portanto, quero dizer que eu sou extremamente grato à minha profissão, extremamente grato aos mestres que me orientaram no aperfeiçoamento do saber, extremamente grato a todos que me incentivaram nesse caminho.

    O caráter da imortalidade auferido ao ser acolhido como membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária faz com que, na verdade, a honraria me acarrete um acréscimo à responsabilidade para com a Nação brasileira e com o próprio desenvolvimento da Medicina Veterinária do Brasil, focando a sua importância e também as suas oportunidades – e elas são muitas, muitas e grandiosas, o que me impõe enormes desafios.

    Dados da FAO, órgão das Nações Unidas para alimentação e agricultura, informam que, em 20 anos, a população mundial aumentará em 20 bilhões de pessoas. Por outro lado, nenhum outro país do mundo dispõe de capacidade de aumentar a sua produção de alimentos para suprir essa demanda do crescimento populacional de todo o mundo.

    A China, de maior população do Planeta, já se exauriu na sua capacidade de aumentar a produção, por diversos motivos, inclusive de caráter ambiental. Lá o lençol d'água diminui 1m a cada dez anos. Por isso, sem condições de suprir as culturas vegetais de valor econômico, bem como de atender com água a população animal e humana, já está praticamente exaurida. Por essa razão, a China tem aumentado vigorosamente a importação de produtos, de proteína, de produtos para a alimentação do seu país.

    Os Estados Unidos, que são os maiores produtores e exportadores de alimentos em geral para todo o mundo, também estão com a sua capacidade no limite.

    A Europa segue o mesmo caminho, com o aumento das importações, vide a busca incessante de parceiros comerciais mundo afora.

    A Rússia, onde estive inclusive com a Senadora Kátia Abreu para discutir a exportação de produtos brasileiros, principalmente da proteína animal, que é o maior país em dimensões territoriais do mundo, com 176,5 milhões de quilômetros quadrados, também enfrenta questões de ordem climática, com baixas temperaturas na maior parte do ano.

    A África, com 57 países, por sua vez, vive, infelizmente há décadas, em conflitos políticos e tribais, que também impedem o desenvolvimento da agropecuária.

    Diante desse conhecido quadro, o nosso Brasil figura como protagonista da segurança alimentar. Nós temos clima, abundância de terras e um povo extremamente trabalhador, algo que, de certa forma, já estava predestinado pela história. Somos, portanto, terra de produção agrícola, terra de produção agropecuária, ou seja, da agropecuária. Esse casamento espetacular, que reúne condições climáticas, geográficas e humanas, no entanto, exige de todos nós absoluta consciência política e amadurecimento institucional, para que possamos de fato ocupar esse espaço que o mundo está a nos oferecer.

    Como observei, Sr. Presidente Guaracy, naquela sociedade, o Brasil agora adentra uma nova e esperançosa quadra de progresso material e desenvolvimento humano. A materialização desse emergente projeto nacional dependerá, numa medida importante, da contribuição da nossa comunidade profissional, a nossa comunidade de médicos veterinários. A agropecuária é e será cada vez mais um dos principais motores a impulsionar o encontro do Brasil com seu futuro de prosperidade e justiça social.

    Em abril último, o Senado se associou às comemorações ao reconhecimento, pelo Conselho Científico...

(Soa a campainha.)

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) – ... da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), do Brasil como País livre da febre aftosa, com vacinação. Lembro que, naquela ocasião, procurei lançar luz sobre o longo processo de amadurecimento institucional e a cooperação duradoura da comunidade profissional da Medicina Veterinária com o Brasil rural e também as autoridades públicas, processo que possibilitou essa importante conquista.

    Tarefa pronta? Não, senhoras e senhores, não está pronta e nunca estará. Na verdade, temos que redobrar as atenções sobre a vigilância, sobretudo nas nossas fronteiras. Um vacilo, e podem se perder anos e anos de intenso trabalho e dedicação. Nossos órgãos precisam estar atentos e estruturados, ou seja, com recursos suficientes para exercer essa atividade tão essencial ao nosso País e ao mundo. Aqui é o apelo que faço.

    Aliás, em nome da sanidade animal do nosso País e em defesa da saúde pública, insisto na necessidade de fortalecimento da Secretaria de Defesa Agropecuária e Vigilância Animal do Ministério da Agricultura. Trata-se, senhoras e senhores, do grande, se não for o maior, seguro do produtor rural, tanto dos que produzem commodities agrícolas, como do produtor de proteína animal. Nessa linha, precisamos ainda, com base num diagnóstico já muito conhecido, ampliar o quadro efetivo de auditores fiscais federais agropecuários.

    Rogo ainda atenção especial aos Governadores, para que deem atenção especial à estrutura da defesa sanitária em seus Estados.

    Vou-me delongar um pouco mais, Sr. Presidente, prezados colegas Senadores e Senadoras, porque esse assunto é verdadeiramente muito importante. Permita-me: tenho muito orgulho e satisfação de representar, nesta Casa, um Estado que ocupa posição das mais destacadas na produção e nas exportações de produtos da cadeia animal.

    Mato Grosso é, hoje, o mais exportador de carne bovina do País; logo, detentor também do maior rebanho. A despeito das dificuldades recentemente trazidas pelo fechamento de mercados internacionais importantes, após a Operação Carne Fraca, fornecemos no ano passado – Mesmo com a Operação Carne Fraca, que acredito ter sido uma operação muito para atingir a nossa capacidade de exportação! –, mesmo assim, 18% da carne consumida pelo mundo inteiro foi exportada pelo Brasil.

    Temos demonstrado grande capacidade de silenciar os focos de doença em nosso rebanho. Fizemos isso em 1921, quando superamos focos da doença em apenas um ano de trabalho, enquanto o mundo precisou de 300 anos de dura campanha.

    O mesmo fato, lembro, se deu com a peste suína africana, erradicada em três anos pelo Brasil. Para se ter ideia desse feito, a península ibérica precisou de quase 50 anos para se livrar dessa peste.

    Há, porém, assim quero dizer, outros desafios importantes. E isso reforça ainda mais o nosso apelo em favor de um melhor aparato nessa área. Temos que controlar as parasitoses. Temos também que controlar as ectoparasitoses, assim como as endoparasitoses, bem como os hemoparasitas. Estes últimos têm sido, em verdade, os grandes inimigos dos produtores rurais brasileiros, provocando grandes prejuízos.

    Por isso, quero aqui dizer que a Academia Brasileira de Medicina Veterinária...

(Soa a campainha.)

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) – ... da qual tenho a honra e grata felicidade de agora ser membro, se associa a essas preocupações, no cumprimento do destacado papel do centro referencial de pensamento, verdadeira usina de ideias e de propostas de políticas públicas para o fortalecimento dessa colaboração em temas estratégicos.

    E estamos coesos, Sr. Presidente, na certeza de que muito pouco avançaremos nestas e em todas as outras frentes da atuação se não pensarmos em investimentos sérios na qualificação e no aperfeiçoamento continuado da nossa categoria.

    Como Senador da República, representando um Estado que muito produz, como membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, sinceramente, esperamos que o próximo Governo apresente um plano nacional para a agricultura brasileira, com objetivos gerais e específicos, bem definidos para cada área de atuação, com a definição de metas a serem alcançadas, acompanhando, claro, a indicação de recursos a serem liberados de forma regular, garantindo a efetividade e segurança aos investimentos públicos.

    A agropecuária brasileira, senhoras e senhores, por mais avanços que tenham ocorrido nas recentes gestões, com a presença de nossos Senadores aí – mais uma vez, quero referir-me à Kátia Abreu e posteriormente, também, ao Blairo Maggi, à frente do Ministério da Agricultura –, ainda carece de um plano de desenvolvimento efetivo para as suas respectivas áreas, pois estamos diante de um setor que dá efetivas respostas à economia nacional, sobretudo diante de uma representatividade e responsabilidade perante o mundo. Mais do que isso, a agropecuária brasileira forte significa estabilidade social e política para a nossa Nação.

    E eu digo: não existe estabilidade política e tampouco estabilidade social e econômica se houver uma camada da população passando fome. Não adianta exportar se houver brasileiros aqui passando fome. Se temos paz em nosso País, é porque o povo sabe da nossa capacidade de produzir alimentos e alimentos em quantidade suficiente para atender toda a demanda. Se pessoas passam fome em nosso País, a culpa não é do campo. A culpa é de uma política agrícola, que deve ser feita com armazenamento, com distribuição, para que chegue o alimento a todos.

    Evidentemente, esse necessário Plano Nacional de Desenvolvimento Agropecuário precisa estar de acordo e fundamentalmente contemplado nas suas exigências dentro do Plano Integrado de Desenvolvimento Nacional. Entramos, agora, nas necessidades do avanço da nossa infraestrutura logística, com ênfase para a melhoria da nossa malha viária e também, como V. Exa. colocou, ferroviária, dos portos. Ou seja, infraestrutura significa produto mais barato e muito mais competitivo em todos os mercados.

    Da mesma forma, Sr. Presidente, a questão do financiamento da produção deve ser tratada com clareza dentro do Plano Integrado, já que as condições precisam estar sintonizadas aos regulamentos do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central, de forma que os produtores pequeno, médio e grande precisam absolutamente de certeza para saber como produzir e principalmente como comercializar.

    Nessa conta de necessidades por uma melhor agropecuária, por produtos de excelência na mesa do cidadão e pela competitividade de preços, o setor ainda reclama por técnicos mais bem treinados para a atividade de desembaraços burocráticos, atuando para facilitar o entrosamento do setor público com o setor privado. Há que se criar, por exemplo, as condições necessárias para que os produtos sejam registrados, e as inspeções, do ponto de vista higiênico, sanitário e tecnológico, sejam igualmente céleres e garantam ao consumidor e ao exportador produtos de qualidade e certificados pelo Governo brasileiro.

    Já estamos, aliás, encaminhando essas questões junto ao Presidente eleito, Jair Bolsonaro, e seus auxiliares, contando, inclusive, com o entendimento do futuro Ministro da Casa Civil, nosso companheiro Onyx Lorenzoni, cuja família tem origem na Medicina Veterinária. O pai do Onyx Lorenzoni era um veterinário. Parece-me que ele tem três irmãos veterinários. O filho do Onyx é veterinário. E ônix é exatamente a pedra da veterinária. Eles têm um hospital lá no Rio Grande do Sul com sessenta e poucos anos...

    O SR. PRESIDENTE (Guaracy Silveira. PSL - TO) – Quero parabenizar V. Exa., homenageando todos os nossos médicos veterinários, porque ser médico veterinário é talvez uma das coisas mais difíceis, porque o bicho não fala, os animais não falam. Não dizem onde está doendo, o que está sentindo. Então, o médico veterinário tem de ter uma profunda ciência para descobrir o que está acontecendo.

    Somo-me a V. Exa. porque também a minha filha primogênita é médica veterinária, cientista veterinária, formada pela Ufra (Universidade Federal Rural da Amazônia), e porque percebo o quanto é importante. Se o Brasil está se tornando cada dia mais grandioso, vamos lembrar que o nosso rebanho tem aumentado acentuadamente. A carne, a proteína brasileira, é a melhor do mundo. Isso se deve muito aos senhores.

    Então somo-me a V. Exa., parabenizando-o por fazer parte dessa brilhante academia, academia de patriotas.

    Há pessoas que trabalham pelo gigantismo do Brasil e o gigantismo na produção.

    E eu quero lembrar a V. Exa., Senador Wellington, uma frase da Primeira-Ministra Margaret Thatcher: nada é mais estratégico do que a alimentação.

    E isso daí, com certeza, o seu Estado, o Brasil e os médicos veterinários, o nosso agronegócio têm contribuído para que este País seja gigante, pleno de realizações e produzindo alimentos e proteínas para todo o universo.

    Parabéns, Senador.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) – Sr. Presidente, e, como todos nós dizemos, e para que a população que nos assiste neste momento saiba, a saúde é preservada pela boca. Se há bom alimento, com certeza, com uma boa alimentação da população, a criança vai ter um maior desenvolvimento. A alimentação farta e de qualidade é fundamental para o ser humano. Por isso a nossa preocupação de estar abordando esse assunto.

    Queremos ser, sim, parceiros ativos para esses encaminhamentos bastante discutidos e que possam alçar o nosso País a patamares mais elevados.

    Faço esses registros, Sr. Presidente, também em nome de mais quatro médicos veterinários que honraram comigo a posse na academia. Eu quero aqui registrar os professores doutores Ariel Antonio Mendes, Edino Camoleze, Filius Catharina e Raimundo Nelson Souza da Silva.

    Sr. Presidente, com isso eu quero agradecer aqui também ao digníssimo Sr. Professor Doutor Milton Thiago de Mello, Presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária.

    E aí eu faço um registo, Sr. Presidente, porque ontem inclusive estivemos na casa do Dr. Milton fazendo uma homenagem ao Dr. Guilherme, médico veterinário que foi uma das pessoas responsáveis para trabalhar e para conseguirmos esse certificado de Brasil livre de febre aftosa com vacinação.

    Ele agora vai inclusive para um organismo internacional, porque a preocupação também é com todos os países vizinhos. E o Dr. Milton Thiago, uma pessoa brilhante, tem apenas e tão somente 103 anos. São 103 anos de vida dedicados à pesquisa, à Medicina Veterinária e que dirige aquela academia, parece-me como uma criança de 20 anos, um jovem de 20 anos, com toda a energia, com toda a perspicácia, com toda a capacidade de raciocínio.

    Por dois dias esteve lá dirigindo, começando de manhã, terminando a noite com um jantar, tomando um uisquinho e no outro dia estava lá o Dr. Milton presente.

    Por isso eu quero aqui, em nome do Dr. Milton, que é uma pessoa de puro vigor e amor à causa veterinária, que todo tempo nos prestigiou, no recebimento dessa importante honraria...

    Também ao digníssimo Dr. Antonio Mello Alvarenga, que é o Presidente da Sociedade Nacional de Agricultura e ainda ao Presidente da Organização Panamericana da Saúde, que é o Albino Belotto, também ainda ao Dr. Francisco Cavalcanti, que é o Presidente do Conselho Nacional de Medicina Veterinária, o doutor e meu companheiro também, que foi Ministro da Integração, que foi Secretário do Ministério da Agricultura, Josélio Moura, que é Presidente atualmente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária...

    Quero também aqui render as minhas homenagens ao Dr. Valdir Welte, ex-membro da FAO e a Organização Internacional da Saúde Animal, aos amigos veterinários René Dubois, Rômulo Spinelli e Jose Ferreira Nunes. Também quero homenagear especialmente ao saudoso ex-Senador Jonas Pinheiro, do meu Estado e...

(Soa a campainha.)

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) – ... que também foi membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, uma referência na agricultura agropecuária brasileira.

    Para encerrar, Sr. Presidente, quero dizer que me sinto feliz e muito esperançoso com a estimulante convicção de que somos chamados a colaborar num processo de institucionalização profissional energizado pela entidade que, no presente, extrai do seu glorioso passado confiança necessária para edificar um futuro cada vez mais brilhante para a Medicina Veterinária do nosso País.

    Com a devida tolerância, gostaria ainda de fazer mais dois pequenos registros. Primeiro registrar aqui, inicialmente, que na minha cidade, Rondonópolis – quero dar a notícia para a minha cidade –, hoje, ontem, na verdade, conseguimos assegurar o recurso do Ministério do Turismo para implantação da avenida de acesso para ligação dos pontos turísticos da cidade localizados à margem do Rio Vermelho, onde vai ser implantado o Parque Seriema entre a BR-163 e 364, recursos do Ministério do Turismo da ordem de R$7,5 milhões. Tínhamos a possibilidade de perder esses recursos, mas felizmente a prefeitura entrou com uma liminar e hoje estão aqui assegurados esses recursos que serão muito importantes para a questão ambiental da cidade, para fazer com que Rondonópolis, onde grande parte da água que abastece a população é retirada do Rio Vermelho. Então, preservar as margens do Rio Vermelho, voltar as pessoas para o rio é extremamente importante.

    Quero dizer também que asseguramos mais R$4,1 milhões para implantação e restauração de pavimento asfáltico, da Avenida Rio Vermelho entre a Avenida Bandeirantes e Avenida Ponce de Arruda, e drenagem de águas pluviais na Avenida Amazonas entre a Rua Rosa Bororo até a margem do Rio Vermelho. Além disso, garantimos este ano mais R$2,5 milhões para obras de drenagem e asfalto do Jardim das Paineiras, resultado também de uma emenda de minha autoria. 

    No mais, desejo a todos boas festas, um ano novo cheio de realizações e uma mensagem de carinho e afeto aos colegas Senadores que estão deixando o mandato, agradecendo pelo tempo e por terem emprestado experiência para construir um Brasil melhor.

    Ainda quero aqui trazer a minha satisfação, encerrando, uma vez que o nosso companheiro Cristovam Buarque vai fazer aqui também a sua oração. Eu tive a oportunidade de aprender muito com Senador Cristovam Buarque, ele que é uma das referências internacionais na área da educação. Tive o prazer de tê-lo como Vice-Presidente da Comissão Senado do Futuro. Ele e o Senador Luiz Henrique trouxeram essa ideia para o nosso Senado. E, aí, muitas pessoas imaginam que a Comissão Senado do Futuro é para tratar do futuro do Senado. Não; é muito mais do que isso. Daí vem a inteligência do Senador Cristovam em trazer algo inovador, uma Comissão criada para tratar exatamente das futuras gerações, a brasileira e a do mundo inteiro, com temas com os quais fizemos aqui o primeiro Congresso Mundial do Senado do Futuro. Um sucesso! Precisamos agora continuar nesse trabalho.

    E aí, Senador Cristovam, V. Exa. pode continuar nos ajudando pela sua experiência. Sua dedicação a essa Comissão não pode ser abandonada. E quero trabalhar com V. Exa. para que a gente possa fazer o segundo congresso aqui no Brasil.

    Só para se ter uma ideia, Presidente Guaracy, lá no Chile, essa é a única Comissão que tem dotação orçamentária própria, a Comissão mais importante do Congresso chileno. Ou seja, um país pequeno, mas que está preocupado com as futuras gerações, como devemos desenvolver o mundo de amanhã, como que a criança do futuro será. Lá, tivemos oportunidade de discutir muito, a neurofisiologia, enfim, todas as áreas, mas, acima de tudo, a relação humana, porque nós queremos desenvolver. A tecnologia é importante, mas perder a relação humana é muito perigoso.

    Então, nós queremos criar futuras gerações que se abracem, em que as pessoas valorizem, acima de tudo, o calor humano, como V. Exa. falou. Como médico veterinário... E hoje eu dizia isso lá, para os brigadeiros, na Aeronáutica, para fazerem um diagnóstico. A maioria das doenças dos animais não está causada pelos próprios animais, principalmente os animais domésticos. Está, exatamente, pela relação...

(Soa a campainha.)

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) – ... humana dos seus proprietários. Às vezes, a briga em casa faz com que o animal de estimação também fique doente.

    Então, Senador Cristovam, eu tive a felicidade aqui, o senhor sabe e me ajudou muito a criar a segunda universidade federal de Mato Grosso, que é exatamente a Universidade Federal da minha cidade, Rondonópolis.

    Mato Grosso, como eu disse, são 900 mil quilômetros quadrados, com regiões bem claras: região sudeste, que agora passa a ter a Universidade Federal; Cuiabá, com a capital, a grande Universidade Federal, mas ainda teremos o desafio no futuro de criar a Universidade do Araguaia, com sede em Barra do Garça; e a Universidade, também, do Nortão de Mato Grosso.

    E eu quero, mais uma vez, aqui, dizer, Senador, que criar uma universidade é importante – V. Exa. tem a experiência da UnB –, mas nós temos que, acima de tudo, fazer uma universidade voltada para o desenvolvimento socioeconômico, ambiental de uma região. E eu quero aqui, de público, pedir, implorar, convidá-lo para que o senhor nos ajude a fazer com que a Universidade Federal de Rondonópolis nasça forte, principalmente para que a gente possa promover o desenvolvimento, mas com qualidade de vida.

    Então, agradeço muito a oportunidade de ter aprendido com V. Exa., sua esposa, e que continuemos aqui, exatamente, nessa amizade fraterna, para que a gente possa buscar, através das ideias e principalmente do sentimento da população, que está lá na ponta, que espera tanto de nós. E eu sempre digo que o voto é uma confiança que o eleitor deposita no político e a melhor forma de retribuir essa confiança é o trabalho.

    Eu sou filho de um baiano – e faço sempre questão de dizer – que veio da Bahia para Mato Grosso. Saiu da Bahia para Mato Grosso a pé, com a bagagem da esperança, com a fé em Deus para construir dias melhores. E eu tenho certeza de que é isso que toda a sociedade brasileira espera de nós com a renovação de um novo mandato e com a certeza de que a gente possa dar, criar oportunidade para as nossas futuras gerações.

    Muito obrigado, Senador Cristovam, em nome de todos os companheiros, Senador Guaracy, pela tolerância também de poder nos ouvir aqui.

    Um grande abraço. Que Deus nos abençoe e que possamos ter um Natal de muitas festas, de muita alegria, mas, acima de tudo, Natal é momento de reflexão, momento da família, momento da espiritualidade.

    Eu tenho certeza de que, com essa oportunidade, poderemos pensar num ano que vem, principalmente para nós que temos aqui a responsabilidade de tomar as decisões do País, levar o nosso Brasil para o desenvolvimento, para a geração de emprego e de oportunidade para todos os brasileiros.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/12/2018 - Página 60