Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Discurso de posse de S. Exa. Breve histórico de vida e atuação política de S. Exa.

Considerações acerca da eleição do Senador Davi Alcolumbre para a Presidência do Senado.

Destaque à importância do agronegócio para a economia brasileira e ao desequilíbrio que a área enfrenta com a desvalorização de mão de obra.

Compromisso com a negociação da dívida do Rio Grande do Sul (RS) com o Governo Federal.

Comentários sobre a infraestrutura de ferrovias, portos e rodovias.

Autor
Luis Carlos Heinze (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Luis Carlos Heinze
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Discurso de posse de S. Exa. Breve histórico de vida e atuação política de S. Exa.
SENADO:
  • Considerações acerca da eleição do Senador Davi Alcolumbre para a Presidência do Senado.
AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO:
  • Destaque à importância do agronegócio para a economia brasileira e ao desequilíbrio que a área enfrenta com a desvalorização de mão de obra.
GOVERNO ESTADUAL:
  • Compromisso com a negociação da dívida do Rio Grande do Sul (RS) com o Governo Federal.
TRANSPORTE:
  • Comentários sobre a infraestrutura de ferrovias, portos e rodovias.
Aparteantes
Jorge Kajuru, Telmário Mota.
Publicação
Publicação no DSF de 08/02/2019 - Página 70
Assuntos
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > SENADO
Outros > AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Outros > TRANSPORTE
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, VIDA, PROFISSÃO, ATIVIDADE POLITICA, ORADOR.
  • COMENTARIO, ELEIÇÃO, DAVI ALCOLUMBRE, PRESIDENCIA, SENADO.
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, AGRONEGOCIO.
  • DEFESA, NEGOCIAÇÃO, DIVIDA, DEVEDOR, ESTADOS, CREDOR, UNIÃO FEDERAL, ENFASE, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, INFRAESTRUTURA, FERROVIA, RODOVIA, PORTO, ENFASE, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS. Para discursar.) – Boa tarde a todos!

    Kajuru e Leila, apesar de nós ainda não termos almoçado, já passa de 13h, já são quase 14h.

    Então, boa tarde a vocês que estão conosco aqui, ao Senador Girão, ao Senador Izalci, que ainda permanece aqui, aos demais Senadores que já saíram e ao povo brasileiro que está nos assistindo neste instante através da TV Senado!

    Estou debutando neste Plenário, neste microfone, apesar de já ter sido também Deputado Federal por vários mandatos. Mas vi, Senador Izalci, Senador Girão, Kajuru e Leila, que a história de vocês não é diferente da minha.

    Acho que o importante é que o povo brasileiro, nesse ano passado, foi às ruas, pressionou, o que há muito tempo não se fazia – houve mudanças extremamente importantes –, e votou num projeto porque queria mudanças para o Brasil, tanto no Executivo, como também aqui no Legislativo. Esses mais de 80% dos votos dos brasileiros que mudaram os Senadores dentro desta Casa não queriam mais aquela permanência e assim os mudaram. E nós estamos aqui, nós fizemos parte dessa renovação. Da mesma forma, na Câmara dos Deputados e em várias Assembleias Legislativas, houve esse sentimento do povo brasileiro. Então, esta é a nossa responsabilidade agora que aqui chegamos: a de que nós possamos trazer essa esperança de volta, Senador Girão, ao nosso povo, com as ações que nós iremos fazer.

    Eu vi a história da Eliziane e a história de vários que se apresentaram. A minha também não é nada diferente. Como a sua história aqui também, eu comecei a trabalhar muito cedo. Meu pai tinha um pequeno barco, e a minha mãe tinha um restaurante em Candelária, onde eu nasci. Aos seis anos, sete anos, eu já estava atrás do balcão. Eu estudava pela manhã e trabalhava à tarde; estudava à tarde e trabalhava pela manhã. Assim a gente teve que fazer, e nada me tirou pedaço. A gente vê a história de tanta gente hoje! Até os 16 anos, a pessoa não pode trabalhar. Era diferente. Na nossa época, era outra história.

    Aí eu concluí meu ginásio agrícola em Candelária, em 1966. Em 1967, fui para Alegrete. Fiz o colégio agrícola de Alegrete, também fiz um ginásio agrícola. A minha vocação é a agricultura. A minha formação depois é a de engenheiro agrônomo. Eu me formei em Santa Maria, em 1973, e comecei a trabalhar em São Borja, terra que nos acolheu, onde estamos há 45 anos. É uma terra histórica, de Getúlio Vargas, de João Goulart. A história do Brasil se deve a essas pessoas, a eles e a tantos outros. O próprio Brizola, depois, em determinado momento, casou com uma são-borjense e acabou sendo enterrado em São Borja. Então, essa é a história de uma terra histórica, de onde eu venho.

    Fui Prefeito de São Borja. E, na eleição passada, eu tinha o projeto de ser Governador do Rio Grande do Sul. As coisas mudaram, eu acabei sendo candidato ao Senado Federal. Arranquei no quarto ou quinto lugar, mas cheguei ao primeiro lugar. O que interessa não é de onde a gente arranca, não; é aonde a gente chega. E assim foi quando eu fui candidato a Prefeito também: eu era o terceiro colocado, mas fiquei em primeiro lugar. Estou com um mandato de Prefeito de São Borja e com cinco mandatos de Deputado Federal. E, agora, os gaúchos e as gaúchas me honraram com 2.316.365 votos. Fui o mais votado do Rio Grande do Sul. Como disse, arranquei em quinto lugar, mas cheguei ao primeiro lugar.

    Senadora Leila, a gente vibrava – o Kajuru era repórter esportivo – quando via o time de vôlei do Brasil e o time de basquete do Brasil. Enfim, eram lideranças, como o próprio Senna. Esse era o Brasil, com problemas, com pobreza, com corrupção, com sacanagem, mas vibrávamos pelas medalhas que vocês recebiam. Nós torcíamos juntos pela Seleção Brasileira de Vôlei, pela seleção de basquete e de futebol, enfim pelo próprio Senna. Esse é o Brasil diferente, esse é o Brasil que nós temos a responsabilidade de, a partir de hoje, tocar.

    No Senado Federal, houve as sessões lamentáveis de sexta-feira e de sábado. Peço desculpas ao povo brasileiro pelo que aconteceu nesta Casa. Mas, já no sábado, no final do dia, nós demos uma resposta diferente. Eu não apoiei o Davi no primeiro turno. Eu disse a ele: "Se houver segundo turno, estou contigo". Conversei contigo, Girão, e com vários outros, porque nós tínhamos o Esperidião Amin. Mas esta Casa é de uma inteligência... Os fatos se sucederam, e o Davi foi empossado Presidente desta Casa já na noite de sábado. Mas, pelo que já vimos ontem aqui e pelo que estamos vendo hoje, na composição da Mesa Diretora e agora na das próprias Comissões, é outro Senado que assumiu. Como o pessoal quis mudar o Brasil, quis mudar o Senado, e mudou, nós também tínhamos que mudar a direção desta Casa e assim nós fizemos. Os Senadores que aqui votaram fizeram esse trabalho. E por isso é extremamente importante a nossa responsabilidade a partir de hoje.

    Falo um pouco de agricultura. O Kajuru e a Leila não são do ramo. Acho que o Girão também não o é; vi que o Izalci não o é.

    Como eu disse, eu me formei no ginásio agrícola como técnico agrícola e como engenheiro agrônomo. E, quando cheguei aqui, Kajuru, em 1999, saído de São Borja, o Brasil colhia 83 milhões de toneladas de grãos; no ano passado, em 2018, colheu 237 milhões de toneladas. Então, nesses 180%, 190%, houve a minha participação. Em primeiro lugar, isso se deve aos produtores rurais, à pesquisa, à assistência técnica, às indústrias, ao comércio, ao serviço, enfim a todos aqueles que fazem parte disso. Essa é a parte importante desse segmento hoje no Brasil. Alguém se gaba de que nós temos US$380 bilhões de reservas. Isso está segurando o Brasil. Desses US$380 bilhões, Senadora Leila, quase 100% vêm do agronegócio, dessa agricultura que nós defendemos.

    É um segmento que tem dados importantes. São quase seis milhões de propriedades rurais, e, em 3,775 milhões de propriedades rurais, os produtores vivem com menos de R$6 mil por ano de renda bruta. O agronegócio faturou R$580 bilhões nesse ano de 2018. Esse é um trabalho da Embrapa e da Fundação Getúlio Vargas. Eu atualizo os dados: 975 mil propriedades ganham R$54 mil por ano – são menos de R$5 mil de renda bruta –, e apenas 423 mil faturam perto de R$1 milhão. Então, a agricultura vai bem, mas o agricultor vai mal, tem problemas.

    Onde está esse problema? Nas concentrações que nós temos hoje: máquinas agrícolas, defensivos agrícolas, fertilizantes, grãos, carnes, lácteos. Tu falavas na JBS, Kajuru. Hoje isso está concentrado. Nós contamos: em torno de 20 ou 30 empresas – o número não chega a 50 empresas – dominam esse comércio. Esse povo ganha, mas quem está na roça, no campo – e eu sou produtor rural –, é que paga o pato. Então, essa é uma responsabilidade do Governo Bolsonaro. Eu disse à Ministra Tereza Cristina que nós, no Senado Federal, temos de fazer essa parte, para que a renda chegue até eles.

    O Senador Paim disse: "Ah, falei no meu pronunciamento sobre o leite. Pediram que eu falasse. Mas fale você, que é da área".

    Nós temos problemas. Falo do arroz, por exemplo, do Rio Grande do Sul. Setenta e cinco por cento do arroz do Brasil são produzidos no Rio Grande do Sul, mais um pouquinho é produzido em Santa Catarina, e um pouquinho é produzido no Paraná – 90% do arroz do Brasil são produzidos nesses três Estados do Sul. Assim é o leite, assim é o trigo, assim é a uva, assim é a maçã, assim é o alho. Os três Estados do Sul produzem a maioria do que nós consumimos no Brasil hoje. Mas nós temos a influência do Mercosul. É aqui que nós temos que trabalhar, porque vêm de lá produtos mais baratos, que concorrem com os nossos produtos. E vários problemas nós temos aqui. E um dos problemas que nós vamos enfrentar – eu vou debater com vocês aqui, na Casa – é a questão da carga tributária que nós pagamos hoje. Trinta por cento de um saco de arroz, dentro da porteira, são de imposto: 45% são da área federal, 50% são da área estadual, e 5% são da área municipal. Isso distorce a competitividade. Portanto, nós temos um enfrentamento a fazer.

    Essas questões a gente enfrenta hoje. Temos de ajustar essas questões.

    Chegou aqui o Senador Paim. Eu falava sobre ele alguns instantes atrás. Eu falava bem. Ouviu, Paim? É nosso parceiro do Rio Grande do Sul.

    Nós temos que ajustar essas questões com o Mercosul. Não pode o agricultor pagar essa conta. Eu sou produtor rural, com muito orgulho. Há mais de 30 anos, eu faço isso. O consumidor não leva vantagem, e o produtor não leva vantagem. Quem está no meio? Não há dez redes de supermercados no Brasil que dominam hoje mais de 150 milhões de bocas? Eles abastecem, impõem o preço. Depois, vêm as indústrias. E chega a quem? Ao produtor, que paga a conta, e ao consumidor, que não leva vantagem. Quem está nesse meio?

    Então, essa é uma responsabilidade que nós temos hoje, temos de ajustar essa questão e de fazer o nosso trabalho. Eu vou conclamar vocês todos para que possamos fazer essa mesma coisa.

    A problemática que nós enfrentamos é essa, e nós vamos ter que achar as soluções para resolvermos esses impasses, porque esse é o carro-chefe da economia do Brasil. Sabemos que 25%, 26%, 27% dos empregos do Brasil vêm do campo, vêm do meio rural. Esse é um setor que faz parte do PIB hoje: 15% do PIB, mais 26% dos empregos. Agora, quem trouxe as reservas que alguém se gaba de ter deixado foi esse pessoal do campo, o pessoal do interior do Brasil. Então, é aqui que nós temos que trabalhar, é aqui que nós vamos focar, para que eles sejam valorizados.

    Então, não pode haver apenas uma economia de mercado. "É mercado livre." Sim, é mercado livre! Eu não concorro com produtor da Europa e dos Estados Unidos, que recebe subsídio para produzir, enquanto aqui alguém paga para produzir. O produtor de café de Minas Gerais, por exemplo, ou o de outros Estados da Federação, como o Espírito Santo, os que produzem arroz no Sul do País, o pessoal do trigo do Sul do País, nós não conseguimos competir.

    Então, aqui estão os nossos objetivos, em que nós vamos focar nos próximos meses, para podermos resolver esse impasse.

    No meu Estado, o Rio Grande do Sul, que está em uma situação difícil, como vários outros Estados da Federação – o Senador Paim conhece bem –, nós temos um foco: resolvermos a questão da dívida que nós temos no Estado. É um dos Estados que devem mais, mas São Paulo deve mais do que nós, o Estado de Minas Gerais deve mais do que nós, o Rio de Janeiro deve mais do que nós. Assim, temos de fazer um trabalho dos Senadores desses Estados devedores, para ajustarmos com o Governo Federal. Temos que negociar essa dívida.

    O Rio Grande do Sul deve R$70 bilhões, Kajuru. E o Rio de Janeiro? São Paulo deve mais de R$200 bilhões. O Rio de Janeiro deve R$140 bilhões; Minas Gerais, em torno de R$100 bilhões. Nós temos que pegar esses Estados e fazer uma negociação diferente.

    Quando pegamos o Estado do Rio Grande do Sul, um técnico da Fazenda do Estado aposentado, o Casarotto, mostrou o número: "Nós pegamos em torno de R$30 bilhões, que foi a negociação; já pagamos R$50 bilhões e devemos R$70 bilhões". E não adianta... Eu sei que, se existem estatais que não funcionam, nós temos que privatizá-las. O Estado tem que cortar gastos, tem que enxugar gastos, qualquer um tem que fazer o que nós fazemos na nossa casa; nós fazemos numa empresa e temos que fazer no Estado. E assim não é só o Rio Grande do Sul, mas são vários Estados.

    No Rio de Janeiro, eu conversava com o Governador Witzel, que dizia: "Luis Carlos, o que foi negociado no Estado eu não consigo pagar". Ele é o Governador de hoje. Alguma coisa está errada. Fizeram essa negociação, seguramente, vários outros Governadores, como o Caiado, de Goiás, com quem já falei, e o Ratinho Júnior, do Paraná. Agora, eu conversava com o Governador de Roraima.

    Senador Telmário Mota, o Governador de Roraima falou da dívida do Estado de Roraima, que também tem que ser regularizada, que está em torno de R$3 bilhões ou R$4 bilhões. Devem R$3 bilhões ou R$4 bilhões, mas não conseguem pagar. É o que devem para a União.

    Portanto, nós temos que ajustar isso. Esse é um dos pontos primeiros para os quais eu vou convocar os Srs. Senadores e as Sras. Senadoras, para que, juntamente com os Governadores, façam uma negociação com o Governo Federal.

    Diziam o Ministro Paulo Guedes e o Ministro Onyx: "Ah, vamos deixar para 2020." Mas os Estados não aguentam mais!

    No meu Estado, o Governo passado não honrou o compromisso com os professores durante quatro anos, pagando o salário atrasado. Aos soldados da brigada militar, pagava atrasado. Como é que eu vou exigir segurança? Como é que vou exigir educação se um professor chega ao fim do mês e não conta com os seus R$2 mil, R$3 mil ou R$4 mil? O brigadista não consegue receber R$2 mil ou R$3 mil! Que segurança ele vai fazer, Senadora Leila?

    Portanto, aqui, estamos assumindo um compromisso para juntos resolvermos esse impasse e fazermos uma negociação. O Governo central tem muito mais poder do que qualquer Estado da Federação brasileira. Aqui, vou pedir a ajuda de vocês, para que nós possamos ajustar essas questões.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Senador...

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS) – Sim!

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Senador Luis Carlos Heinze, inicialmente, quero dizer que fico muito feliz com este dia de hoje, que vou guardar para a minha vida, aqui no Senado, desde a fala do exímio Senador Paulo Paim, que começou. As imagens da competente TV Senado são testemunhas, como também minha amiga Leila, minha irmã, de que não saí daqui por nenhum segundo, nem para fazer xixi. Desculpem-me! E olhem que estou com vontade porque sou diabético. Não saí daqui nem para comer, e diabético tem hora para comer. Mas fico feliz de não ter saído daqui em função da qualidade dos pronunciamentos.

    V. Exa. falou em cidades. Eu fico tão feliz! O senhor morou em Alegrete? Viveu lá?

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS) – Por três anos.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Alegrete é terra de quem? De João Saldanha, o comentarista que o Brasil inteiro consagrou.

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS) – Campeão brasileiro!

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Só isso. A Copa de 1970, quem a ganhou não foi aquele bobão do Zagallo.

    Desculpe-me, Zagallo! Desculpe-me, Seu Zagallo!

    Agora, só para terminar, quero dizer da minha admiração por V. Exa. Se eu fosse dono de jornal, amanhã eu colocaria na capa, dando créditos evidentemente a V. Exa., a frase usada no meio do seu pronunciamento: "A agricultura vai mal, o agricultor...".

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS) – A agricultura vai bem...

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Ah, desculpe-me: "A agricultura vai bem, o agricultor é que se dane, ou seja, ele vai mal." É tipo assim: que se dane! Na verdade, o agricultor é que se dane; a agricultura vai bem. Essa sua parte, para mim, merece frase de capa do The New York Times, do Financial Times, do Clarín.

    Parabéns!

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS) – Muito obrigado.

    Portanto, o compromisso que nós temos é de ajustarmos essas situações.

    A infraestrutura no nosso Estado, Paim, é das mais caras que nós temos hoje, a logística do Rio Grande do Sul, com 17%, 18%. Girão, ninguém suporta isso. Basicamente, é tudo em cima do caminhão.

    Nós precisamos focar as ferrovias, porque nós temos lá mais de três mil quilômetros. Há mais de mil quilômetros desativados em cima do processo da privatização. Vamos cobrar que os três mil sejam... Não se trata de construir mil quilômetros, mas sim de usar mil quilômetros que não estão sendo utilizados porque a concessionária não se interessa. Vamos trabalhar esse fato para o nosso Rio Grande do Sul.

    Os portos, Senador Paim, nós os temos apenas no Rio Grande. Já estamos ajudando o Rio Grande. É o maior porto, é por onde saem as riquezas do Rio Grande do Sul e por onde entram as riquezas no nosso Estado. Vamos trabalhar fortemente, já estamos ajudando o Rio Grande, mas queremos um segundo porto para o Rio Grande do Sul: Torres. Já estamos focando para que o Estado possa ter, principalmente na região norte do Estado, outra saída. Vamos ajudar o Rio Grande, mas queremos que Torres também tenha essa oportunidade, não atrapalhando o turismo do litoral gaúcho. Essa é uma oportunidade que nós temos.

    Nós temos hoje no Rio Grande do Sul pontes a serem construídas. Com a Argentina, há três pontes; com o Uruguai, há uma ponte. Vamos focar essas questões, para que nós possamos fazer essas obras em Porto Xavier, em Porto Mauá, em Itaqui, em Jaguarão, com o Uruguai. Vai ser um foco que vamos ter aqui. O Senador Paim, certamente, vai estar ao nosso lado nessas obras importantes para destravar o processo produtivo.

    Hoje, nas rodovias, não há capital público, mas temos que fazer as privatizações em cima da BR-290, em cima da BR-386, em cima da BR-116, em cima da BR-448. Esses fatos nós vamos trabalhar, para podermos alavancar o progresso do nosso Estado e ajudar o Brasil da mesma forma.

    Energia é outro foco do nosso empenho, do nosso trabalho. É um Estado, Girão, que hoje importa mais de 50% de energia. Nós queremos que ele seja autossuficiente e, se possível, exportador. Só no Rio Uruguai, com a Argentina, temos duas barragens de mais de 2 mil megawatts a serem construídas, que estão há mais de 30 anos em discussão. E ali é capital privado.

    Nós temos energia eólica, energia solar, biomassa, lixo, Senadora Leila. Pegamos um projeto piloto de um professor de uma universidade do Maranhão, do engenheiro Lori Giombeli e de um grupo para construir em 28 cidades do Rio Grande do Sul, com 7MW, só com lixo daquelas cidades. Panambi e Condor são âncoras. Vamos trabalhar essa questão. Só ali – imaginem! – são 300MW, 400MW só de lixo. O lixo hoje é jogado nos lixões, causando problemas.

    Nós temos tantas coisas para fazer pelo nosso Estado do Rio Grande do Sul e tantas coisas para ajudar o Brasil a se desenvolver! Nós vamos focar esse ponto.

    Nós nos comprometemos com essas bandeiras para ajudar a agricultura, a pecuária, a produção, o comércio, o turismo, a indústria, tantas coisas de que o nosso Estado precisa! Vamos focar essas questões nesses próximos oito anos de mandato que temos aqui.

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS) – Portanto, tenho a certeza de que, no foco de que estamos falando aqui hoje, teremos o apoiamento dos Srs. Senadores.

    Nós vamos ajudar, Senador Telmário, o seu Estado também. Recebemos agora indígenas de Roraima, de Rondônia, da Amazônia, pedindo ajuda, clamando para que possamos ajudá-los também. São tantas as questões!

    No Brasil, não estamos aproveitando as riquezas minerais que nós temos hoje. Um índio Cinta Larga me procurou na segunda-feira. Estas foram as primeiras pessoas que recebi: Tucanos da Amazônia, Cintas Largas de Rondônia. As maiores reservas de diamante do mundo estão ali. São roubados! Nós somos brasileiros, eles são brasileiros e querem uma oportunidade de explorar legalmente os diamantes, para que o Brasil seja dono, para que Rondônia receba, para que os índios recebam, enfim. Está acontecendo o quê?

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS) – Vêm mineradoras internacionais usurpando o Brasil e roubando o nosso patrimônio. Portanto, ali pedem clamor e ajuda e vamos ajudá-los, porque, afinal, isso é Brasil, é nosso. Nós somos brasileiros. Apesar de o meu trisavô ter vindo da Alemanha em 1853, eu sou brasileiro, assim como os índios, irmãos nossos que nasceram neste País – em 1500, quando chegaram, já estavam os índios –, e nós temos que ajudá-los também.

    Sim, Senador Telmário.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Senador, primeiro, quero parabenizar V. Exa. pelo mandato. Não tenho nenhuma dúvida de que V. Exa. nesta Casa vai somar com o meu amigo Paulo Paim, que é uma pessoa por que eu tenho todo um carinho especial, meu professor aqui dentro. V. Exa. vem com essa missão, missão importante, porque substitui uma grande Parlamentar, que era a Senadora Ana Amélia, por quem também eu tenho todo um carinho especial.

    E quero mais: quero dizer que somo com V. Exa. nas proposições.

    Quando V. Exa. fala em riqueza...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – ... o Estado de Roraima, só para conhecimento, é o Estado que tem a maior riqueza per capita natural do mundo, do mundo. Nós temos terra produtiva, altamente produtiva na entressafra do Brasil. Olha que coisa boa. Nós temos minério de toda a espécie: ouro, diamante, cassiterita, petróleo. Temos tudo no subsolo, um dos mais ricos do mundo, água em abundância. Temos sol 12 horas para produzir energia, plantação, água nem se fala. Então, é um Estado extremamente rico vivendo na pobreza, exatamente por falta dessas providências que são necessárias.

    Então, é necessário que realmente se modifiquem algumas coisas neste País com relação principalmente à questão ambiental, que tem um certo exagero, e as comunidades querem crescer e se desenvolver de forma sustentável, com energia renovável.

    Então...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – ... eu somo com V. Exa.

    Na questão da dívida do meu Estado, com tudo isso, nós hoje somos o Estado mais pobre do Brasil na terra mais rica do País. Então, é um contrassenso. Roraima hoje deve também R$6 bilhões, que, para o nosso orçamento, é bastante alto.

    Obrigado.

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS) – Senador Telmário, como agrônomo que sou, produtor, conhecedor dessa área, aos Senadores que estão aqui – Leila, Paim, Kajuru e Girão: o clima e o solo semelhantes à Flórida, nos Estados Unidos. Quando se planta soja lá em Roraima, não é como quando se planta soja no Rio Grande do Sul, Paim, é como quando se planta nos Estados Unidos, com as mesmas condições de produzir agricultura, fruticultura. Eu como agrônomo estive lá. De arroz, que nós plantamos uma vez por ano, Paim, eles podem produzir três safras por ano. Se o agricultor planta 200 hectares no Rio Grande do Sul com "x" de máquinas, ele pode plantar 600 hectares.

(Soa a campainha.)

    O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS) – Esse é um Estado rico que vive como miserável. Vamos ajudar o seu Estado de Roraima. Vamos ajudar o Brasil ajudando Roraima. As riquezas minerais... Quando eu estive lá numa comissão externa, em Uiramutã, a Prefeita era uma índia. O que estava estampado ali? Fora, essas ONGs. Fora, esses padres alemães, italianos e ingleses. Fora, vocês que estão se intrometendo. Isso dos índios lá. Nós somos brasileiros. Eles são e nós somos brasileiros. Nós vamos defendê-los, sim, da mesma forma.

    Obrigado. (Palmas.)

(Durante o discurso do Sr. Luis Carlos Heinze, o Sr. Eduardo Girão deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Izalci Lucas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/02/2019 - Página 70