Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Lamento pelo falecimento do jornalista Ricardo Boechat e encaminhamento de voto de pesar à família e amigos.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Lamento pelo falecimento do jornalista Ricardo Boechat e encaminhamento de voto de pesar à família e amigos.
Aparteantes
Alvaro Dias, Paulo Paim, Reguffe, Soraya Thronicke, Telmário Mota.
Publicação
Publicação no DSF de 12/02/2019 - Página 8
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, JORNALISTA, RICARDO BOECHAT, ORIGEM, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para discursar.) – Senhoras e senhores, meus únicos patrões, brasileiros; Goiás, minha eterna gratidão; Brasil, meu amor sincero.

    Uma cena triste. Com o coração em pedaços, uso a tribuna do Senado Federal neste momento, agradecendo a compreensão do amigo Senador Telmário, que disse: "Kajuru, suba primeiro você; depois, o Senador Paulo Paim." Mostrando o novo clima de harmonia e de respeito nesta Casa, ele cedeu o seu lugar. O Telmário era o primeiro e será o segundo; o Senador Paim, o terceiro.

    Presidente Izalci Lucas, vivemos uma cena triste, 20 minutos atrás, e comunicamos a V. Exa., e o senhor, evidentemente, recorreu ao Regimento Interno da Casa, que só permite que se cancele sessão quando há morte de um Presidente da República.

    E eu, desculpe-me pela minha ignorância quanto ao Regimento, imaginei que a gente pudesse aqui hoje fazer uma homenagem com os Senadores presentes. Vejo ali, porque ela foi até à minha mesa, a Senadora Soraya; há também um outro Senador presente aqui, atrás do Senador Telmário. Quem é, por gentileza?

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – O Senador Reguffe.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – O Reguffe, meu irmão querido.

    O Reguffe eu encontrei aqui também.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – O Senador Reguffe é parceiro nosso aqui de todas as horas.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Exatamente, sempre.

    O Senador Paulo Paim estava no café, com a sua assessora, e um assessor do Presidente Izalci, aqui da Mesa diretora, veio até mim, faltavam cinco minutos para as duas horas da tarde, e o Senador Paim e o Senador Reguffe sabem que eu jamais atrasarei aqui em sessão plenária, serei um parceiro do Senador Paim aqui para ver quem chega primeiro. Só que o dia não é para rir.

    Quando eu tomei conhecimento da notícia, o Murilo, que é meu chefe de gabinete, segurou o meu braço, eu vim correndo, gritando, pedindo – gritando respeitosamente, claro – ao Presidente Izalci e lhe dando a notícia da morte de um irmão, de 25 anos de luta trabalhando juntos, que foi até meu funcionário na Rádio K do Brasil. Eu falo de Ricardo Boechat, da Band e da BandNews.

    A vida está muito difícil para nós nesses últimos dias deste ano. Começou com Brumadinho, veio a tragédia no CT do Flamengo, com os meninos de 14 a 17 anos, que morreram queimados como se fossem frangos.

    Hoje, o Ministro da Educação esteve comigo numa audiência e dizia que ele vai tomar providências em relação a algo que ele pretende fazer com os clubes de futebol no Brasil e seus centros de treinamentos.

    Agora, mais uma queda de helicóptero. O helicóptero em que estava o jornalista Ricardo Boechat caiu no rodoanel. Eu imagino a situação, porque eu trabalhei com ele na Band e morávamos no mesmo setor ali em Alphaville, bem longe do Morumbi, onde fica a sede da Band. Então a Band oferecia helicóptero para o Datena, para mim e, posteriormente, quando ele entrou na Band, para o Ricardo Boechat, para chegar mais cedo, porque de carro, Senador Telmário, são 3 horas de viagem, todo dia, pelo trânsito infernal de São Paulo.

    Eu confesso que, como eu morro de medo de helicóptero, eu dispensava. O Datena, de vez em quando, aceita; creio que daqui para frente não mais, sofrendo como ele está, o Datena, que teve que dar a notícia agora, de onde estava falando, pela ESPN Brasil, da morte de Ricardo Boechat.

    O helicóptero caiu exatamente nesse caminho, porque ele vem do Rio de Janeiro toda segunda-feira, ele passa o final de semana no Rio, ele é carioca, embora esteja morando em São Paulo. Ele vai sexta à noite para o Rio e na segunda ele volta para São Paulo. Aí a Band oferece o helicóptero para ele chegar mais cedo e preparar o Jornal da Band, que vai para o ar às 7h20 da noite. Ontem, Senador Paulo Paim – refiro-me a V. Exa. porque ele citou o seu nome –, durante 20 minutos eu conversei exatamente – eram 4h25 da tarde mais ou menos – com Ricardo Boechat, que é meu conselheiro e meu amigo – conselho não político, conselho de amigo. Ele estava me cumprimentando pela matéria da revista Época, que tratava sobre o meu desempenho no começo deste trabalho no Senado, aí ele brincou e falou: "Olha, eu vi o aparte que o Senador Paulo Paim lhe pediu dizendo que o Rio Grande do Sul todo o está avisando cordialmente que agora ele tem mais um parceiro no Senado lá para debater em bom nível – brigando as ideias e nunca os homens – os assuntos polêmicos, os assuntos factuais". Porque aquela nossa sessão de sexta-feira para mim, Presidente Izalci, que V. Exa. presidiu e depois passou-a a mim, foi histórica, não porque eu fiquei nessa cadeira de Presidente, pelo conteúdo do que nós falamos aqui: falamos da reforma da previdência, falamos da educação, falamos de tantos assuntos importantes aqui. Foi um dia histórico para mim, embora só estivessem aqui cinco Senadores. Não importou. Eu gostaria da Casa cheia para enriquecer o debate. E ele falou assim: "Olha, Kajuru, diga ao Senador Paulo Paim, na segunda-feira, quando o vir, que não é só o Rio Grande do Sul que está orgulhoso de você pelo seu trabalho, diga que é todo o Brasil. Onde eu vou, Kajuru, você e outros Senadores lá merecem o nosso reconhecimento". Eu disse a ele: "Boechat, e tem muita gente boa ali, qualificada, gente do bem". Ainda falei para ele: "Você tem que assistir à sessão de sexta-feira. Você vai ver a riqueza dos pronunciamentos, o preparo de todos eles, sem nenhuma exceção, de cada um que usou esta tribuna aqui na sexta-feira à tarde".

    Mas, brasileiros e brasileiras, como eu disse, em pedaços está o meu coração, que talvez só tenha ficado assim pela minha mãe, quando aí eu fiquei sem pedaços ou em pedaços. Eu sofri muito com a morte de João Saldanha, gaúcho também, de Alegrete, porque era um pai para mim, foi uma universidade, morou comigo no mesmo apartamento, meu, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia, quando ele foi comentarista da Rádio Difusora de Goiânia, que eu comandava.

    Esse homem raro, ser humano especial, daqueles que ao você conviver com ele, se você é descrente, você passa a crer, a acreditar na raça humana, Ricardo Boechat, que faleceu instantes atrás, em São Paulo, jovem, pois lucidez completa. Sei que alguns Parlamentares até não gostavam dele. Hoje teve Deputado Federal inclusive criticado por ele daquela forma dura e veemente dele, mas, gente, um homem leal, de um coração grandioso, capaz de perdoar, capaz de voltar atrás, um homem que não tinha compromisso com o erro, Presidente Izalci. Quando ele errava, dizia: "Kajuru, quando você errar, volte atrás. Não tem nenhum problema voltar atrás, Kajuru". Eu aprendi tanto com ele, por esse lado de ser humano dele, de amigo.

    Quando ele foi demitido – os filhos dele estão vivos e são testemunhas, e a esposa também –, quando ele foi covardemente demitido pelo Jornal do Brasil nos seus áureos tempos, eu estava com ele.

    Quando ele foi covardemente demitido pelo jornal O Globo, vocês devem se lembrar, senhoras e senhores aqui presentes e brasileiros, leitores assíduos, ele ficou sem chão, sem teto. Eu tinha a Rádio K do Brasil, que, na época, mantinha uma equipe de jornalismo brilhante, com Alexandre Garcia, que aí está vivo e se lembra, com Paulo Francis, com Lucas Mendes, com Carlos Monforte, com Ana Terra, com Carlos Nascimento, com Francisco José. Era uma equipe de ouro na Rádio K em Goiás. Ela ganhou prêmios nacionais por essa equipe.

    Eu contratei Ricardo Boechat no dia em que ele foi demitido, no minuto em que fiquei sabendo da demissão dele, e ele foi ser comentarista da Rádio K do Brasil, em Goiás, embora fosse uma emissora nacional com 50kW de potência. Ela abrangia o Brasil inteiro, e ele disse: "Kajuru, eu não quero receber nada, não". Eu falei: "Não, eu tenho que lhe pagar, ora essa! Você está desempregado, meu irmão. O que é isso? Você precisa sobreviver. Eu não posso lhe pagar muito. Define quanto você quer". Ele definiu um valor simbólico lá, ou seja, ele ganhava menos do que esses outros que eu citei aqui.

    E, nesse período todo de companheirismo, de lealdade canina do Ricardo Boechat, eu não tenho como usar a tribuna aqui para assuntos importantes e factuais, como eu venho propor, Presidente Izalci, para a gente debater aqui o fim da reeleição no Executivo, dando mandato para cinco anos, porém sem direito à reeleição no Executivo. Legislativo, posteriormente discutiremos.

    E, para terminar e oferecer aqui um aparte prazeroso ao Senador gaúcho Paulo Paim, que está sofrendo como eu, porque eu fui até a mesa dele, ao Senador Telmário, ao Senador Reguffe, à Senadora Soraya, que estão aqui no Plenário... Eu fui até a mesa do café, e o Senador Paulo Paim estava com a secretária dele, assessora, aliás muito competente, porque, na hora, ela confirmou a morte de Ricardo Boechat. Ela entrou na internet e falou: "O Governo do Estado acaba de confirmar, Kajuru". Eu entrei aos prantos, e foi a mão esquerda – esquerda de coração; esqueçam questão de bandeira política –, ele veio me deu a mão, o Senador Paulo Paim, me acalmou, me acalentou, porque eu entrei em desespero. Não vou de forma alguma aqui, eu vou deixar sozinho no meu canto, em casa, com minha esposa, tantos momentos que terei hoje para lembrar de Ricardo Boechat e para chorar, porque eu não tenho vergonha nenhuma de chorar. Evidente que vou chorar muito ainda a perda do meu irmão, jornalista histórico deste País, Ricardo Boechat.

    Só para concluir, eu vou depois mostrar a vocês, companheiros, aos senhores e às senhoras, ao Presidente Izalci Lucas, o que ele pediu que eu falasse nesta semana aqui, que é a Canção para os Homens sem Face, uma canção de Manoel de Andrade. Ele me passou ontem pelo "zap", e eu a imprimi em letra grande por causa da minha visão. É algo lindo, é um poema lindo, que fala dos homens sem face. Ele falou: "Kajuru, estou lhe dando de presente". Foram vinte minutos de conversa, os últimos, porque nunca mais poderei conversar com ele. Quem vai conversar com o Ricardo Boechat agora, Senador Telmário, Senador Reguffe, Senadora Soraya, Senador Paulo Paim, quem vai conversar com ele agora é Deus, porque Deus o espera.

    Um aparte prazeroso, Senador Paulo Paim.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Kajuru, quero cumprimentar V. Exa. De fato, o senhor falar é uma coisa, e eu dar um testemunho é outra coisa. Eu encontrei o senhor aos prantos aqui no cafezinho. Chorava, chorava mesmo. Só podia abraçá-lo, e você me contou o fato. Aí, a minha chefe de gabinete relata.

    Eu, com todo respeito a todos os nossos Senadores aqui, quero, primeiro, dizer isso. Eu pedi para o meu gabinete fazer um voto de pesar, mas eu quero que o primeiro signatário seja V. Exa. Inclusive, se tiver que ajustar o voto de pesar, a gente ajusta. Se outros tiverem, nós todos vamos assinar. Como V. Exa. foi o primeiro a ir à tribuna, eu gostaria que V. Exa. fosse o primeiro a assinar esse voto de pesar.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Com prazer. Eu agradeço.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Para a gente remeter à Band e à família do nosso querido Ricardo Boechat.

    Eu tinha o maior carinho e respeito por ele.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Eu ia contar uma história...

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – E o que falo aqui – sempre digo – eu falo lá fora e falo em todo o lugar. Inúmeras vezes, quando ele comentava alguma matéria, que chegava a ele com algum tipo de informação, e se eu ligasse para lá, ele sempre deu de imediato o direito de eu expressar também o meu ponto de vista. Nunca houve nenhuma crítica contundente, mas, quando alguma informação chegava, ele dizia: "Paim, chegou aqui..." Em seguida, eu mandava o retorno, e ele dava no ar, na hora. É esse tipo de jornalismo que nós temos que ter mais no País, V. Exa. é radialista, ele, radialista, jornalista.

    Eu entendo que é uma grande perda para o País, sem sobra de dúvida. Uma grande perda, a gente lamenta muito. Ele era o amante da verdade, o amante da democracia, o amante da justiça. Por isso o perdemos, mas fica aqui o nosso carinho aos familiares, à Band, enfim, ao Brasil. Perdemos um grande homem.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Sem dúvida, Senador Paim, brilhante como sempre.

    Eu só acrescento o seguinte: amante do perdão também. Entre tantas frases que eu amo, uma foi ele que me passou quando ele leu Elogio da Sombra, do Borges, escritor argentino, ele falou: "Vou te passar essa, Kajuru: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença. E o esquecimento é a única vingança e o único perdão". Eu nunca mais, Reguffe, me esqueci dessa frase.

    Senador Telmário, com prazer lhe dou um aparte.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Senador Kajuru, eu, hoje, era o primeiro orador inscrito.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Exatamente.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – E V. Exa. saiu do cafezinho com o Senador Paulo Paim consternado. V. Exa. estava realmente abalado, triste, chocado, porque V. Exa. conhecia Ricardo Boechat como poucos. V. Exa. conviveu no trabalho com ele. Se você quer conhecer uma pessoa, more com ela ou trabalhe com ela por longo tempo. E aqui nesta Casa, nos oito anos que V. Exa. vai passar num primeiro momento desta legislatura, V. Exa. vai ter essa oportunidade.

    V. Exa. estava consternado, triste, abalado porque perdeu um amigo. Não perdemos só o amigo do Senador Kajuru; não perdemos só o homem Ricardo Boechat; não perdemos só o jornalista quase que ímpar, não; não perdemos só a voz dos humildes...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Isso, bem lembrado.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – ... não perdemos só o amante da verdade, da honestidade, do perdão; perdemos muito mais do que isso, perdemos uma voz ativa, uma voz corajosa, uma voz sensata, o inimigo do errado, um exímio combatente da corrupção.

    Muitas e muitas vezes me utilizei dos seus vídeos, dos seus áudios, das suas matérias para balizar o meu trabalho, principalmente no meu Estado em que a corrupção estava e está endêmica porque era orquestrada pelo arquiteto da corrupção.

    Então, neste momento, o Brasil perde, sem nenhuma dúvida, junto com esses últimos acontecimentos drásticos que tivemos, mais um homem importante em nossa vida.

    Ricardo Boechat, onde quer que você esteja, tenha a certeza, e eu tenho certeza absoluta, como disse o Senador Kajuru, que você está nas mãos de Deus. E é exatamente dessas mãos que nós precisamos que a bênção chegue ao nosso Estado brasileiro para nos dar inteligência, sabedoria e coragem para resgatar ao Brasil, Ricardo Boechat, os seus sonhos.

    Neste momento, eu me tomo pela emoção, porque V. Sa. deixou nesta terra um exemplo a ser seguido, um caminho que todos devem percorrer. Eu tenho certeza absoluta de que hoje o Brasil perde um dos seus grandiosos filhos, mas o céu ganha um defensor do país Brasil.

    Pegue na mão de Deus e vá!

    Muito obrigado.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Senador Telmário, Roraima se orgulha por isso, mesmo não tendo sido amigo dele, como eu, o irmão dele, o senhor o definiu com propriedade em várias observações que fez.

    Senador Reguffe, admirável Reguffe, também quer fazer uso do aparte? Está à disposição e é com prazer.

    O Sr. Reguffe (S/Partido - DF) – Senador Kajuru, eu quero cumprimentar V. Exa. pelo pronunciamento.

    Quero aqui colocar que depois de Brumadinho e dos meninos do Flamengo...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Reguffe (S/Partido - DF) – ... temos hoje a perda do jornalista Ricardo Boechat.

    Eu recordo no meu coração – e vou guardar isso para sempre – que, quando eu era Deputado, ele fez um reconhecimento ao meu mandato...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Eu me lembro.

    O Sr. Reguffe (S/Partido - DF) – ... em rede nacional.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Na BandNews.

    O Sr. Reguffe (S/Partido - DF) – E vou guardar isso no meu coração, para a minha vida.

    Era um homem íntegro, um patriota, uma pessoa que usava o microfone para defender o que era correto, para defender as boas práticas. O Brasil perde hoje um grande patriota, um grande jornalista e, infelizmente, hoje, o jornalismo brasileiro fica mais pobre.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Muito mais.

    O Sr. Reguffe (S/Partido - DF) – Então, vou assinar também o voto de pesar e quero cumprimentar V. Exa. por esse pronunciamento.

    O Brasil perde um grande jornalista, um homem íntegro e um grande patriota.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Muito obrigado, Senador Reguffe.

    Lembro-me desse dia como se fosse hoje. Eu estava rigorosamente na Sernambetiba, de carro, quando ele fez esse reconhecimento a V. Exa. pelo seu trabalho no programa da manhã da rede BandNews em rede nacional.

    Presidente, eu acho que passei do tempo. Vou citar apenas para que também ela tenha oportunidade de falar, porque, quando eu lhe contei, eu vi o tanto que ela sentiu – e ela ficou assim: pasma; ela ficou aturdida, a Senadora Soraya. Posso pedir o aparte, agora, para V. Exa.?

    Por gentileza, fique à vontade, Soraya.

    A Sra. Soraya Thronicke (PSL - MS) – Senador...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Desculpe-me por chamá-la de Soraya, Senadora.

    A Sra. Soraya Thronicke (PSL - MS) – Soraya... Soraya.

    Eu só queria destacar que eu não conheci pessoalmente o Boechat, mas, em meio a tanta tristeza, eu gostaria de destacar o bom humor dele.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Bem-humorado demais.

    A Sra. Soraya Thronicke (PSL - MS) – Bem-humorado, com tiradas. Ele tirou de mim muitas risadas. E é isto que o Senador Reguffe acabou de falar: hoje o céu está em festa, porque gente bem-humorada é tudo de bom. É esse destaque que eu queria dar para a personalidade dele, ímpar.

    Então, o meu sentimento para V. Exa. Sei da dor que está sentido, da tristeza. Que Deus o abençoe e conforte o coração de todos nós e de todos vocês.

    Obrigada, Senador.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Senadora Soraya, eu é que digo obrigado, porque, por um instante, eu abri o sorriso, porque V. Exa. foi muito cirúrgica ao lembrar do bom humor dele, não é? Eram memoráveis os papos dele com o humorista José Simão da Folha e da BandNews pela manhã. A gente ria, a gente dava gargalhadas. Tem razão de falar.

    Parece-me que pela altura – não pela visão – do caráter dele, chega aqui agora o Senador Alvaro Dias, admirável. Eu tenho certeza de que o Senador Alvaro Dias tem as melhores lembranças de um dos maiores jornalistas da história do Brasil e um dos quatro melhores amigos que eu fiz nos meus 40 anos de carreira, Ricardo Boechat. Um aparte, brilhante Alvaro Dias, meu querido amigo do Paraná.

    O Sr. Alvaro Dias (PODE - PR) – Obrigado, Kajuru.

    Realmente não é fácil expressar, em palavras, sentimentos de tristeza, de profunda melancolia num momento como este; aliás, uma segunda-feira de triste ressaca com a tristeza que sobrou do final de semana no noticiário intenso sobre as tragédias vividas pelo povo brasileiro e que explodem uma após outra na esteira da irresponsabilidade de gestores públicos que não cumprem o seu dever. Essa é mais uma tragédia.

    Eu convivi com Boechat menos do que o Senador Kajuru, obviamente, que foi seu colega de trabalho, mas eu estive com o Boechat, a partir de 2010, muitas vezes, convidado por ele e pela Bandeirantes para participar da análise das eleições – eleições em 2010, eleições em 2012, eleições em 2014...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Lembro-me de todas as suas entrevistas.

    O Sr. Alvaro Dias (PODE - PR) – E nessa última participando como candidato...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Alvaro Dias (PODE - PR) – Até expus, aqui na minha página do Facebook, a foto do último encontro que tive com Boechat, lá nos estúdios da Rede Bandeirantes.

    Quero lamentar profundamente essa grande perda. Perde o jornalismo brasileiro, perde o povo brasileiro porque desaparece um arauto defensor dos princípios da ética, dos bons costumes, da liberdade, da justiça. Sem dúvida nenhuma, um artífice na defesa da liberdade de imprensa, mas, sobretudo, um porta-voz das aspirações do nosso povo diariamente na BandNews, emissora de rádio, ou na TV Bandeirantes. Enfim, Boechat sempre foi – especialmente ultimamente vinha sendo – uma referência do jornalismo brasileiro, mas, mais do que referência do jornalismo, um artífice na defesa dos interesses da população deste País, na defesa da democracia, da liberdade, da justiça e, sobretudo, um combatente pela ética no nosso País.

    Solidariedade aos amigos, solidariedade aos familiares, solidariedade ao povo brasileiro!

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Preciso como sempre, Senador Alvaro Dias. Tenho certeza de que as suas lembranças dos momentos vividos com Ricardo Boechat serão registradas nos Anais desta Casa, porque ele era um jornalista altamente justo e democrata. Eu sei, porque eu convivia com ele. Antes de entrar nesta Casa, eu participei de um churrasco, lá no Rio de Janeiro, no final de semana, com ele, a família dele e uns amigos nossos que tomavam um chope no Baccará.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Ele falou várias vezes e sempre bem de V. Exa. – pode ter certeza disso, eu não esqueço.

    Presidente Izalci, não sei se há mais alguma Senadora ou algum Senador presente – os presentes falaram, permita-me só citar os nomes dos amigos: Telmário, Reguffe, Soraya, Paulo Paim e agora Senador Alvaro Dias. Então, encerro, Presidente Izalci Lucas. Tenho certeza de que V. Exa. presidindo a sessão também falará. Como um Senador histórico que é, certamente tem lembranças deste homem que a imprensa brasileira nunca mais esquecerá e saberá o que é perder um jornalista de verdade – repito: de verdade.

    Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/02/2019 - Página 8