Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação de condolências às famílias do jornalista Ricardo Boechat e do piloto Ronaldo Quattrucci.

Expectativa para o cumprimento de objetivos almejados durante o mandato de S. Exª. Apelo em favor de mudança na imagem do Parlamento perante a sociedade.

Posicionamento a respeito da posse de arma de fogo no Brasil.

Registro da atuação de S. Exª como presidente do Fortaleza Esporte Clube.

Autor
Eduardo Girão (PODE - Podemos/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Manifestação de condolências às famílias do jornalista Ricardo Boechat e do piloto Ronaldo Quattrucci.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Expectativa para o cumprimento de objetivos almejados durante o mandato de S. Exª. Apelo em favor de mudança na imagem do Parlamento perante a sociedade.
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Posicionamento a respeito da posse de arma de fogo no Brasil.
DESPORTO E LAZER:
  • Registro da atuação de S. Exª como presidente do Fortaleza Esporte Clube.
Aparteantes
Alvaro Dias, Jorge Kajuru, Paulo Paim, Soraya Thronicke, Styvenson Valentim.
Publicação
Publicação no DSF de 12/02/2019 - Página 23
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Outros > DESPORTO E LAZER
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JORNALISTA, RICARDO BOECHAT, AVIADOR, VITIMA, ACIDENTE, AERONAVE, ENCAMINHAMENTO, VOTO, PESAMES, FAMILIA.
  • EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, PARLAMENTO, LEGISLATURA, ATUALIDADE, ENFASE, NECESSIDADE, MELHORIA, CONCEITO, POPULAÇÃO, BRASIL, ASSUNTO.
  • APREENSÃO, PERIGO, POSSE, ARMAMENTO, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, ATUAÇÃO, ORADOR, CARGO, PRESIDENTE, CLUBE, FUTEBOL, LOCAL, FORTALEZA (CE).

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE. Para discursar.) – Sr. Presidente Izalci, Senador Kajuru, Senador Elmano Férrer, Senador Styvenson Valentim, meu Líder do Podemos, Senador Alvaro Dias, Senador Reguffe, Senadora Soraya, Senador Paulo Paim, todos os que estão nos assistindo agora pela TV Senado, é a primeira vez que eu uso a tribuna desta Casa e eu o faço num dia que foi marcado pela morte ou pela desencarnação – como, dentro da minha fé, eu prefiro chamar – de um grande jornalista brasileiro, combativo, aguerrido, que, nos últimos anos, nas últimas décadas, Senador Kajuru, tem contribuído imensamente nessa limpeza ética por que o Brasil está passando – e nós seremos responsáveis para seguir adiante – desta amada Pátria chamada Brasil.

    Que Deus conforte a família dele, do piloto Ronaldo também, que faleceu neste acidente, e que fique esta mensagem de fé, de consolo, de esperança de que a vida não acaba com a morte. Eu acredito piamente que o amor nos liga eternamente e o reencontro com as pessoas que a gente ama, por que a gente tem carinho é uma questão de tempo. Então, nossas orações à família, estendidas também ao piloto Ronaldo.

    Eu queria me apresentar aos senhores. É interessante, porque, logo após a campanha que me trouxe aqui ao Senado – primeiramente pelas bênçãos de Deus, porque foi um milagre o que aconteceu na minha eleição, um completo milagre, Senador Paim –, eu ouvi e fui à casa do Gen. Torres de Melo, que é um grande humanista lá do Ceará e que fundou e até hoje faz um trabalho muito bonito com os idosos no Lar Torres de Melo – são mais de 200 idosos que são acolhidos com muito amor, com muito carinho, pela instituição dirigida por ele –, e ele me disse uma coisa: "Eduardo, quando você estiver lá, não comece a falar até que todos os Senadores presentes estejam ouvindo-o, estejam com atenção, porque isso é uma questão de respeito". E, hoje, eu fico feliz em estar aqui usando pela primeira vez a tribuna e ter a atenção dos senhores neste momento em que vou me apresentar. Jamais esperei estar aqui.

    Eu sou do Ceará, de Fortaleza, tenho 46 anos e a minha vida foi trilhada por um ideal: sempre procurei me engajar pela justiça para procurar dar voz a certas situações que me incomodam do ser humano, da injustiça que é feita em algumas causas.

    Desde pequeno, trabalho com meu pai, Clodomir Girão, que é um empreendedor, mora em São Paulo e sempre me ensinou o valor do trabalho – desde pequeno. Acho que, por ser filho único – até ali, eu sempre buscando o amor do pai e mostrando que tinha condição e competência –, trilhei os caminhos da área da administrativa, da área executiva. E, nas férias, trabalhando e me dedicando, chegou um momento em que comecei a assumir as empresas, já adolescente, Presidente Senador Izalci, na área de segurança, na área de hotelaria também. Por isso é que, quando o senhor fala da questão da reforma que nós precisamos fazer – não apenas da previdência –, a reforma tributária é algo urgente e que tem travado os empregos no Brasil. E, desde ali, eu percebi que o trabalho me encantava e que a produção também era algo que eu tinha esse talento para desenvolver. É uma empresa que gera até hoje 8 mil empregos diretos, uma empresa que está fazendo 50 anos agora em 2019 e que eu tive a oportunidade de conhecer muito a partir desse trabalho, da oportunidade profissional que meu pai me deu. A minha mãe, Erbene, já desencarnada, também me passou os valores, os princípios de que o certo é o certo, o errado é o errado, e isso me estimula e é uma inspiração de vida.

    Essa entrada na política já se deu há mais de 15 anos em causas que aqui, Senador Elmano Férrer, nós tivemos oportunidade, Senador Paulo Paim, também, lá na Comissão de Direitos Humanos, de debater, assuntos importantes relativos à vida humana especialmente, às famílias. A base de tudo, de uma sociedade é a família, e nós tivemos nos últimos anos... E, mesmo sem nunca ter sido filiado a partido nenhum, porque eu me filiei no passado para participar das eleições... Aliás, se depender de mim, Presidente Izalci, eu gostaria que nenhum brasileiro, nenhum cidadão brasileiro tivesse que entrar em um partido para disputar eleições; acredito que uma reforma é necessária também para uma candidatura avulsa, para uma candidatura independente, como existe em outros países.

    Mas hoje é importante você estar num partido para disputar eleições, e eu entrei. E, numa campanha quase impossível, porque estávamos lutando contra todo um sistema, nós conseguimos, graças à benção de Deus e ao povo do meu Estado, ao povo cearense, estar aqui para representar o nosso Estado. E o farei com muita gratidão, porque eu considero que essa eleição... Eu me recusei a vida inteira, Senadora Soraya, desde que me entendo nessas causas que eu abracei, eu vou citar algumas aqui... Eu sempre recebi convite para entrar na política, sempre: "Mas você tem que entrar, você entra com paixão no que você fala, no que você defende". Mas eu disse: "Não, eu acredito que eu posso influenciar mais de fora, eu sou tímido, eu sou reservado".

    O Senador Capitão Styvenson sabe disto. Aconteceu um fato no dia 14 de fevereiro do ano passado; até então, possibilidade de entrar na política: zero. Mas eu tenho três filhos que moram nos Estados Unidos, na Flórida, os três filhos adolescentes moram com a mãe. No dia 14 de fevereiro, que é o Valentine's Day, o Dia dos Namorados lá, eu fui buscar meus filhos na escola. Para minha surpresa, meu filho mais velho ligou, o Luís Henrique, e disse: "Papai, disparou o alarme de incêndio aqui, eu estou saindo". Eu disse: "Foi, filho? Está tudo bem?". "Está tudo bem, tudo tranquilo". Aí, desligou o telefone, cinco segundos depois ele liga: "Papai, não foi um alarme de incêndio, não, há um atirador aqui na escola e os alunos estão saindo daqui rapidamente, eu já estou quase fora da escola. Fique tranquilo". Imediatamente, eu perguntei para ele: "E sua irmã?", que é Ana Cecília, minha filha de 15 anos até então. Eu disse: "E sua irmã? Cadê?". E com a minha filha a gente não estava conseguindo falar, ele tinha tentado, não conseguiu, eu tentando... E ela é muito digital, sempre atende na primeira ligação. Foram os 20 minutos mais delicados da minha vida, porque a resposta é muito rápida da polícia americana: tem estrutura, tem investimento e os policiais são valorizados. Quando a gente olhou para o céu, já eram vários helicópteros, SWAT passando, questão de dois ou três minutos, e as informações chegando de que o atirador tinha feito um mar de sangue lá na escola. E a informação chegou também, Senador Paulo Paim, de que tinha sido no andar em que estava a minha filha, que tinha acabado de entrar naquela High School. Nós começamos a orar, eu e meu filho, nós terminamos, o telefone toca e era ela chorando muito, dizendo que perdeu alguns colegas, que viu tudo. O professor em sala de aula foi abatido, mas ela conseguiu sair sem nenhum ferimento.

    Demorou um pouco para a gente se encontrar, o FBI fez um quartel num hotel próximo, fomos lá prestar esclarecimentos e tudo. Infelizmente, foram 15 crianças, adolescentes assassinados naquele dia de várias partes do mundo e dois professores. Naquele momento, eu senti o chamado para estar aqui, para entrar numa campanha, para me lançar candidato, porque esse assunto do controle de armas de fogo eu já vinha estudando há muito tempo, vinha me engajando em campanhas que visavam levar consciência para o perigo de uma arma de fogo. E, no Brasil, estava aquele debate presidencial acontecendo em que arma de fogo poderia ser solução para alguma coisa nesta crise que a gente enfrenta na segurança.

    Então, eu decidi entrar nessa campanha do ano passado, primeiro, em gratidão a Deus, gratidão pela família que eu tenho, pelas oportunidades que eu tive a minha vida inteira – tive muitas oportunidades – e também por temor a Deus, porque era muito fácil ficar com saúde, tranquilo, no meu lugar, com uma vida muito boa, confortável, mas eu sentia que poderia fazer algo para o meu semelhante. E, neste momento por que o Brasil passa, um momento de profunda mudança, eu me sinto muito honrado em estar aqui com vocês, em poder colaborar para que operações, por exemplo, como essa da Lava Jato, que eu considero um grande patrimônio do povo brasileiro, que me inspirou também a entrar na política... Assim como novos promotores, como novas pessoas que estão entrando em diversas profissões no serviço público, eu acredito que nós temos uma grande oportunidade de colaborar para este País, que não é rico, não, Senadora Soraya, é riquíssimo – riquíssimo –, mas grande parte das nossas riquezas estavam indo para o ralo, especialmente da corrupção.

    Eu acredito que essa consciência coletiva, graças a grandes brasileiros, como – para citar exemplos, poucos exemplos – hoje o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro... E cito esse exemplo, porque é um ícone neste novo Brasil, e digo que, a partir desse exemplo, nós podemos trilhar caminhos novos. E é obrigação nossa, desta Casa, trabalhar para que reformas importantes sejam debatidas, para que o País avance para a sua autossustentabilidade e para que 13 milhões de desempregados consigam trabalhar, porque, Senador Kajuru – isso eu aprendi desde a minha infância com meu avô, um professor que criou seis filhos, professor de escola pública, Prof. Clodomir Teófilo Girão –, o trabalho dignifica o homem.

    Então, há muita gente boa querendo trabalhar, muita gente no Brasil inteiro, e eu acho que a gente tem esse papel de destravar a nossa economia, de fechar esse ralo da corrupção. Eu gosto de dar o exemplo – já passou a hora do almoço – de um bueiro, de uma tampa de um esgoto. A Operação Lava Jato abriu uma tampa de esgoto e a gente está podendo ver tudo sair, sentir o mau cheiro da corrupção. Mas há mais coisa para acontecer, há mais gente para prestar contas com a Justiça, e nós estamos aqui, de uma certa forma, para colaborar, para denunciar e para fazer o nosso papel que o povo brasileiro nos confiou.

    Desejo muita luz, muita serenidade, muita harmonia nesta Casa. Iniciamos já numa grande batalha, Presidente, Senador Elmano Férrer, que foi a eleição de Presidente do Senado, em que, em alguns momentos, os ânimos afloraram, mas tinha que haver uma ruptura. A gente precisava do voto aberto, a gente precisava de novas práticas aqui nesta Casa que levassem realmente a uma ruptura de um sistema que estava acontecendo aqui.

    Eu queria, para encerrar a minha fala, dentro do tempo...

    O Sr. Alvaro Dias (PODE - PR) – Permite-me um aparte, Senador?

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Claro, Senador Alvaro Dias.

    O Sr. Alvaro Dias (PODE - PR) – Senador Eduardo Girão, primeiramente a nossa saudação entusiasmada pela presença de V. Exa. nessa tribuna pela primeira vez, pela presença de V. Exa. no nosso partido, o nosso agradecimento pela escolha.

    Aproveito também a oportunidade para saudar o Capitão Styvenson pela escolha que faz também, integrando e valorizando o nosso partido, o Podemos, a exemplo do que ocorre com o Senador Lasier Martins, os três que, nos últimos dias, nos deram a honra das suas filiações, elegendo essa ferramenta política que é o Podemos para o combate que travarão conosco nesta Casa, ao lado da Senadora Soraya, do Senador Kajuru, do Senador Paulo Paim, do Senador Elmano Férrer, do Senador Izalci. Certamente estaremos juntos nesse enfrentamento que virá. O Brasil perdeu muito tempo e o povo brasileiro tem pressa. É um país que busca o seu futuro numa fase de transição essencial que exigirá uma participação afirmativa, ativa, consciente e lúcida de todos os Senadores nesta Casa.

    Eu não tenho nenhuma dúvida de que V. Exa. chega para ser protagonista e valorizar o mandato que o povo cearense lhe conferiu. Já nos primeiros momentos dos primeiros dias, sentimos a sua presença forte, articulada, inteligente, lúcida, capaz de contribuir para encontrarmos os caminhos que nos aproximem da aspiração nacional de mudança real. O Brasil quer mudar sim, e nós temos que nos transformar aqui em agentes dessa mudança, em porta-vozes desse sentimento nacional irreversível de mudança, porque é preciso dizer: ou nós contribuímos nessa tarefa de construir uma nova Nação, ou seremos atropelados por aqueles que, lá de fora desta Casa, desejam e, mais do que desejam, exigem a transformação do País na grande Nação que todos nós merecemos.

    Para não me prolongar, ocupando seu tempo, gostaria, mais uma vez, de agradecer pela filiação ao Podemos e, sobretudo, destacar a importância da sua presença no Senado Federal, na construção do País que todos nós desejamos.

    Parabéns a V. Exa.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Muito obrigado, Senador Alvaro Dias, por quem eu tenho muita admiração, não de hoje. E, nessa rápida convivência que nós tivemos aqui, desde a posse até aquele momento histórico da eleição para a Presidência do Senado, o senhor me comoveu com o desprendimento, por um projeto diferenciado, quando ali nós estávamos numa encruzilhada. O senhor, pensando no povo brasileiro, pensando nesse momento importante, renunciou à sua candidatura e foi decisivo na eleição, desta Casa, do Presidente Davi Alcolumbre.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Eduardo Girão, é só para cumprimentá-lo. É o primeiro dia em que o senhor vai à tribuna. Inclusive, falava o Styvenson que, na primeira vez em que ele foi à tribuna, eu não tive a oportunidade, porque estava encerrando a sessão, e todo mundo correndo. Mas farei o aparte num outro dia.

    Quero só dizer a V. Exa. que eu tive a alegria de V. Exa., como nosso convidado na Comissão de Direitos Humanos, por mais de duas vezes, ter estado lá como palestrante. Já mostrou que é muito preparado e muito competente. E agora, aqui na tribuna, V. Exa. também mostra esse mesmo preparo, essa mesma, eu diria, competência.

    Eu achei importante o senhor citar o que aconteceu com a sua filha lá nos Estados Unidos, porque é um debate que nós vamos travar aqui. Eu sei que vai ser no mais alto nível, mas V. Exa. viveu esse momento e relatou aqui de forma muito tranquila, para que todos reflitam, pensem o que é que significa ter ou não ter e, se tem, como ter arma.

    Parabéns a V. Exa.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Muito obrigado, Senador Paulo Paim, que eu também admiro não de hoje e não apenas como palestrante. Eu acho que principalmente a gente se conheceu eu segurando um cartaz, como cidadão, em algumas causas lá na CDH (Comissão de Direitos Humanos).

    Esse debate sobre armas é um debate em que nós vamos precisar ter muita tranquilidade, Senador Alvaro Dias, porque nós vivemos um momento em que perdemos 60 mil brasileiros todos os anos. É uma guerra o que acontece aqui. E, por estudos científicos, estatísticas sociais, de pesquisadores do Brasil e de fora do Brasil – e isso nós vamos ter oportunidade de debater aqui –, eu não tenho a menor dúvida de que, se liberar o porte de armas, nós teremos muito mais vítimas.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Queria pedir...

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Senador.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – ... Presidente, só um pouco mais de tempo.

    Kajuru, eu gostaria só de concluir o raciocínio e depois eu passo para V. Exa.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Conclua, conclua.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Mas eu queria dizer que simples discussões de trânsito, simples brigas de bar... Como diz o Senador Cristovam Buarque com muita propriedade, o Brasil vira um botequim a céu aberto nos finais de semana.

    Então, você imagine, com a influência do álcool aqui tirando você do bom senso e com acesso fácil à arma de fogo, as tragédias, vidas de inocentes que nós podemos perder.

    Então, é um momento de muita calma nessa hora e esse debate nós vamos enfrentar, nós vamos ver estatísticas, trazer pessoas que estudam esse assunto. Eu acredito que a decisão vai ser com base no bom senso. 

    Senador Kajuru, com o aparte.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Senador Eduardo Girão, inicialmente, o meu respeito, que ele já sabe que o tem, mas engrandeço aqui o Senador Alvaro Dias, que faz parte da história desta Casa e continuará fazendo. S. Exa. é um Francis Coppola: sabe escolher os melhores intérpretes de um filme histórico que poderá ser essa legislatura, saber escolher quem tem conteúdo.

    Mas o Senador Girão ganhou a minha admiração, nos meus 40 anos de profissão na televisão brasileira, como jornalista esportivo que fui. Eu falava que, de cada dez dirigentes de futebol, nove eram corruptos; e continuo achando que em cada dez, nove são corruptos. Por isso, eu vou propor aqui a CPI do esporte. Já tenho o apoio da Leila do Vôlei, do Romário e sei que terei de outros companheiros. Uma CPI verdadeira, não aquela que teve Romero Jucá. Tenho certeza de que V. Exa. vai querer fazer parte dela.

    Então, só dizer isto: o senhor passou pelo futebol e saiu dele sem levar nem o cheiro, nem a catinga daquele chiqueiro que é o futebol e eu também resolvi deixá-lo. Então, aqui o senhor fará com certeza história, Senador Girão. Parabéns.

    A Sra. Soraya Thronicke (PSL - MS) – Senador.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Com um aparte, Senadora Soraya.

    A Sra. Soraya Thronicke (PSL - MS) – Quer comentar o aparte do Senador Kajuru? Não? Depois. Posso falar?

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Pode. Fique à vontade.

    A Sra. Soraya Thronicke (PSL - MS) – Senador, eu também quero externar meu respeito pelo senhor, admirá-lo mais ainda por conhecer sua história um pouco mais e dizer que me identifico muito com o senhor – e eu acho que muitos dos novos aqui se identificam – porque eu também milito há anos e há anos eu entrego uma boa parte da minha vida, do meu tempo, do dinheiro porque a gente tira do bolso, viaja. Como militante nos movimentos de rua, eu sempre fiz isso de forma que me entreguei mesmo. Então, o que eu costumo dizer eu acho que foi que aconteceu com o senhor...

    Nós, nos movimentos de rua no Mato Grosso do Sul, fizemos uma comissão para visitar Parlamentares. Em votações importantes, nós sempre íamos para pedir, para falar e, muitas vezes, como dizem aí no jargão, demos com a cara na porta, outras vezes só um cafezinho, uma água, assim um tapinha nas costas e: "Ah, a gente vai dar atenção para vocês", mas sempre muito difícil, nada muito de verdade. Então, quando a gente entendeu que, às vezes, é importante que você proteste? É importante você segurar o cartaz? É muito importante, mas não é suficiente. Então, o senhor conseguiu compreender isso e muita gente compreendeu, tanto que – considero assim – às vezes eu até me assusto ao dizer que sou política porque não caiu a ficha nesse ponto porque, infelizmente, é uma classe muito mal vista. A gente sabe e hoje eu sei... Agora, nesses últimos dias, eu vi que muitos políticos de longa data são sérios, são honestos e estão preocupados com a voz das ruas mesmo. Isso nós vimos nas reuniões que a gente... Nós trabalhamos muito, o senhor mais do que ninguém, para que a gente conseguisse o voto aberto, para que a gente conseguisse eleger o nosso Presidente do Senado. Então, o que eu costumo dizer é o seguinte,...

(Soa a campainha.)

    A Sra. Soraya Thronicke (PSL - MS) – ... hoje, as ruas e os militantes vieram para o Senado, as ruas estão na Câmara, as ruas estão também representadas nas assembleias legislativas. Então, nós somos a voz das ruas aqui dentro. E quero dizer que as minhas portas estarão sempre abertas... Aproveitando a oportunidade para dizer que as minhas portas estarão sempre abertas para a voz das ruas.

    Então, mais uma vez, parabenizo V. Exa. e lhe desejo um mandato brilhante, como eu sei que começou já com esse brilho impressionante.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Muito obrigado, Senadora Soraya; muito obrigado, Senador Kajuru.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODE - RN) – Senador...

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Só para fazer uma colocação importante, o meu grande amigo de infância, Senador Kajuru, não responde pelo nome de uma pessoa, é um clube de futebol...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – ... que é o Fortaleza Esporte Clube.

    Vou concluir.

    Um clube que fez cem anos no ano passado. O meu pai viajava muito e eu ficava acompanhando, no radinho, os jogos, os treinos, todas as informações pelo rádio e pegando carona para ir ao estádio. Eu jamais esperava um dia ser Presidente, porque eu nunca fui dirigente de futebol, e eu tive essa oportunidade no ano de 2017, quando o clube estava na Série C, numa situação muito delicada, com dois meses e meio, quase três meses de salário atrasado de todos jogadores, dos funcionários do clube. E era uma tendência, segundo quem estava no Fortaleza, de ir para a Série D, de dado. E nós... A minha esposa, Senadora Soraya, Márcia Thé, foi decisiva naquele momento...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – ... e me deu todo o apoio para eu assumir o clube. Deus abençoou, e o Fortaleza começou a trilhar um caminho de organização, de gestão. Hoje, está na Série A, foi relâmpago o crescimento do clube.

    Nós tivemos a oportunidade de construir uma relação de paz com nosso maior adversário, que é o Ceará Sporting Club, que eu muito respeito também; aliás, a minha esposa é torcedora do Ceará. Coincidência ou não, Senador Kajuru, quando nós construímos com o Presidente do Ceará, Robinson de Castro... Assisti a um jogo, a um Clássico-Rei, ao lado dele, eu com a camisa do Fortaleza, ele com camisa do Ceará. Houve várias outras ações pela paz dos nossos jogadores, dos técnicos, das nossas torcidas.

    Antes, havia quatro, cinco mortes por clássico...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Por clássico! No ano passado, houve quatro clássicos e não houve nenhuma morte. Coincidência? Os outros índices todos aumentaram, mas no futebol a gente conseguiu construir uma cultura de paz.

    Para encerrar, eu queria fazer um agradecimento também.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODE - RN) – Senador, permita-me.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Meu querido irmão do Estado vizinho do Rio Grande do Norte, Senador Styvenson, por favor.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODE - RN) – Sr. Presidente, um minuto só para eu poder estender aqui tudo o que já foi dito sobre o Senador Girão.

    Tive a oportunidade de conhecê-lo um dia antes das eleições desta Casa para Presidente e os valores são iguais. A identidade foi muito rápida. Então, por sermos vizinhos, nós precisamos nos unir cada vez mais, porque a criminalidade que houve ontem no Rio Grande do Norte é hoje no seu Estado. Então, pela segurança pública, pelo que eu ouvi agora, se conseguiram levar a paz para o estádio de futebol, por que a gente não leva a paz para todos os ambientes?

    Ouvi atentamente tudo o que V. Exa. disse sobre o armamento. Sou policial militar e defendo também essa ideia de, pelo menos, aumentar a restrição ao porte, à posse de armas. Muitas pessoas – como policial eu digo – não têm capacidade nenhuma para ter um armamento de fogo. Há pessoas com total desequilíbrio emocional, existencial, espiritual até. Deixo bem claro que a nossa ida para o Podemos foi uma coisa bem orquestrada entre mim e o Girão.

(Intervenção fora do microfone.) (Risos.)

    O Sr. Styvenson Valentim (PODE - RN) – Não, não, Kajuru, foi uma coisa mesmo combinada entre mim e o Girão.

    As pessoas do Rio Grande do Norte vão entender o que vou dizer aqui.

    Eu tenho pavor a partido. Tinha pavor. Eu queria também – defendo a ideia da candidatura avulsa – esse aparte aqui para falar justamente sobre isso. Sou um defensor da candidatura avulsa, independente. Isso, sim, é o símbolo da democracia. Não pude concorrer e fui pelo Partido Rede na candidatura cidadã. Quase não, não é? Parecida com a campanha que o senhor fez foi a minha no Rio Grande do Norte, exceto porque não tive apoio de nada, de ninguém.

    Então, foi esta a identificação pelos valores que a gente concorda, pelo mesmo botton que estamos usando, pela vida; pela questão social que nós defendemos, pela característica que cada um tem, encontramos no Podemos o que nós buscamos, que é a liberdade, a liberdade de pensamento e a liberdade de, mesmo que o nosso Líder aqui esteja errado, que a gente possa falar publicamente os erros dele.

    Então, isso é um alerta para o partido, viu! (Risos.)

    É um alerta para todos aqui dentro, porque essa geração nova, Senadora Soraya, que entrou aqui pelas ruas ou que entrou aqui já através das ruas, que já não aceitava mais essa política antiga, velha, arcaica, do toma lá dá cá, quer ver isso da gente; ela quer ver a nossa ação.

    Então, quero dizer para o amigo tímido, que não é nada tímido, é um bom orador, é um bom político, vai ter uma carreira brilhante. Já vem com essas ideias que convencem a gente rápido – viu, Alvaro! –, com as ideias dele. Quero dizer que estou muito feliz em fazer parte do Senado, do lado de pessoas como V. Exa., como o Alvaro, como Soraya, como o amigo Kajuru, como o meu amigo aqui muito mais antigo do que a gente, o Paulo Paim, o Reguffe. Então, são pessoas boas.

    Quando eu disse que o Rio Grande do Norte vai entender o que estou dizendo, é porque eu tinha essa aversão, viu, Elmano Férrer. Todo mundo dizia lá na minha cidade, no meu Estado, que eu iria ficar sozinho, isolado aqui dentro, pela característica séria e rígida do capitão Styvenson. Mas nem é. Já logo, logo, fiz amizade com o Girão. Como já disse, são pessoas que se identificam com o que a gente pensa e com o que a gente vai fazer.

    Então, é isso. Vamos fazer muito mais pelo nosso País e pelos nossos Estados. Está bom?

    Era só isso, Girão.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Muito obrigado, Senador capitão Styvenson.

    Aliás, quem me falou primeiro de V. Exa. foi outro capitão lá do Ceará, o Capitão Wagner, que é um jovem também, como V. Exa., e que tem um histórico na política muito interessante, com muita humildade e com muita coragem de enfrentar um sistema sozinho.

    É um homem de causas, como V. Exa., um homem que defende a vida desde a concepção, que defende as famílias e a cultura da paz. Então, eu tive a benção de ser convidado para entrar na política pelo Capitão Wagner. Fica o meu agradecimento a ele por esta grande oportunidade que a gente está tendo.

    Quero saudar os visitantes que estão agora aqui nas galerias, que vieram conhecer o Senado Federal.

    Esse é um grande desafio do Presidente Davi Alcolumbre.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Já falei isso para ele. Precisamos trazer a população e nos aproximar cada vez mais da população brasileira. E isso vamos conseguir, Senador Alvaro Dias, com medidas diferentes, sem julgar as pessoas – jamais podemos julgar as pessoas –, com medidas diferentes das de outros Presidentes que passaram por aqui recentemente.

    Precisamos tomar algumas medidas de economicidade, uma reestruturação desta Casa, que é pesada, que tem uma estrutura gigantesca. E isso acaba nos afastando da população porque a população espera outra postura de nós Senadores, Parlamentares. Eu acredito muito que essa limpeza precisa continuar, Senadora Soraya,...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – ... não apenas no Legislativo, mas em outras esferas de poder também. Nós estamos aqui para isso e vamos fazer cumprir o nosso papel, com todas as nossas imperfeições e limitações. Eu aprendo todo dia nesta Casa, Senador Izalci, com os discursos de V. Exa. e dos colegas. Eu reconheço as minhas limitações, mas acredito que Deus não escolhe os capacitados, ele capacita os escolhidos.

    E, para encerrar de vez esta minha fala nesses outros 27 segundos que faltam, eu queria citar Martin Luther King Jr., um grande pacifista, humanista. Ele dizia o seguinte, Senador Kajuru, você que gosta de pensadores e de frases: "O que me incomoda não é o grito dos violentos, dos corruptos. O que me incomoda é o silêncio dos bons."

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (PODE - CE) – Um grande abraço. Que Deus abençoe esta Casa e que a população esteja sempre colaborando com este trabalho aqui! Muita paz!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/02/2019 - Página 23