Discurso durante a 19ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao posicionamento do Governador de Roraima diante da crise na Venezuela.

Autor
Telmário Mota (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL:
  • Críticas ao posicionamento do Governador de Roraima diante da crise na Venezuela.
Publicação
Publicação no DSF de 12/03/2019 - Página 26
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE RORAIMA (RR), MOTIVO, ATUAÇÃO, CRISE, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Para discursar.) – Sr. Presidente, Senador Izalci, Sras. e Srs. Senadores, telespectadores e telespectadoras da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado.

    Sr. Presidente, eu venho a esta tribuna, hoje, e lamento profundamente a situação em que se encontra o meu Estado de Roraima.

    Hoje faz 17 dias que a fronteira entre o Brasil e a Venezuela foi fechada por parte da Venezuela, exatamente para tentar – e tentou – impedir uma pseudoajuda humanitária pelos Estados Unidos, via Brasil. Na verdade, o Brasil foi fantoche dos norte-americanos, porque eles não queriam botar as digitais nas carnificinas que eles provocaram dentro da Venezuela, porque a Venezuela tem quase 30 mil venezuelanos, Senador Jorge Kajuru, e, via Brasil, estavam mandando um caminhãozinho três quartos, ali, com alguns ingredientes de alimentação.

    Na verdade, isso criou uma grande dificuldade, e o Governador do meu Estado, que é do PSL... Quer dizer: enquanto o Presidente da República, o Sr. Jair Bolsonaro, recebe aqui o seu Juan Guaidó como Presidente da República, o Governador do meu Estado, que é do PSL, agiota, que foi eleito dos braços do Presidente Jair Bolsonaro, foi até a Venezuela. Até aí, nada contra, porque Roraima está sofrendo muito, e eu vou mostrar o sofrimento. Agora, pasmem: no lugar de ele ir, a Venezuela encaminhou cinco ministros e dois governadores para conversar com o governador. Este levou a tiracolo dois empresários – dois empresários! – para vender alimentação. E, no vídeo, ele é muito claro: oferece carne, leite, gado, remédio, tudo, a quantidade que a Venezuela quiser. Não falou da energia, e nós estamos há sete dias, hoje, com a energia cortada, suspensa, até porque houve um blecaute quase que geral, dentro da Venezuela, e o Presidente Nicolás Maduro alega que foi um boicote lá, e nós estamos sofrendo com as termoelétricas. E há 17 dias com a fronteira fechada. E ele não tratou desse assunto.

    Mais grave do que isso, ele conversou com esses ministros, com esses governadores e, em seguida, ele fez essa foto aqui. 

    Onde é que pega melhor a foto? Naquela câmera ali ou aqui?

    Olhem aí!

    Eu queria que aproximassem um pouco mais.

    Nessa foto, o único de terno é o Governador de Roraima. (Pausa.)

    Naquela ali? É?

    Aí, pronto!

    Aquele lá, de terno, agarrado naquela bandeira – estão vendo? Agarrado naquela bandeira! E sabem que é esse grupo aí? São os Tupamaros. Sabem quem são os Tupamaros? É uma milícia, a mais temida e violenta, armada, dentro da Venezuela. E o Governador, chefe do Executivo estadual, agarrado na bandeira dos Tupamaros. Quando você pega na bandeira, você está dizendo: "Eu concordo com o que essa bandeira faz".

    Agora, por que um governador de Estado vai se reunir com uma milícia? Para resolver o que de uma nação, de um Estado? Eu fico a me perguntar: será se ele foi contratar crimes, metodologia de abafa democracia, a eliminação dos adversários, abafar movimentos sociais? Só pode! Só pode!

    Muito bem; eu entendo que ele, com isso, fere a liturgia do cargo. Mais do que isso: ele compromete a segurança do Estado de Roraima, porque eu não sei se ele os trouxe para aprender essa metodologia de guerrilha, de assassinato, ou se os está trazendo para eles virem matar os venezuelanos que estão aqui refugiados. Não sei. Não sei. Ninguém sabe. Só sei que ele está agarrado na bandeira, aqui, dos Tupamaros. E, com isso, eu protocolei o pedido de impeachment na Assembleia Legislativa do meu Estado.

    Roraima, hoje, acaba de sair das mãos de um Governo muito ruim para um Governo péssimo – péssimo! Esse homem... Hoje o Vice rompeu com ele; um médico, um cara bem-conceituado, que levou credibilidade para a chapa dele, porque ele era apenas...

    Olha, a coisa pela qual o homem mais tem que primar é pelo seu nome – pelo seu nome. O nome desse Governador é Antonio Oliverio. Ele colocou Denarium. Vocês sabem o que é denário? A moeda pela qual se traiu Jesus. Então, tal nome, tal o animal. Então, ele classificou-se como a moeda da traição, o denário.

    Resultado: Roraima, hoje... Ele foi eleito vendendo um paraíso, prometendo dobrar os vales sociais, dar o fardamento escolar, gerar renda, gerar emprego, desenvolver o Estado, combater a corrupção, fazer uma reforma administrativa, com ajuste fiscal, pactuando com os Poderes, pois em Roraima está o absurdo dos absurdos. Nada disso foi feito.

    Está ajoelhado para a Justiça, porque está denunciado por compra de votos, com vasta documentação comprobatória. Ajoelhou-se, agora, para a Assembleia Legislativa, porque perdeu o apoio popular. Faltou tanto com a verdade, enganou todo mundo, o maior calote político da história de Roraima, um estelionato político no Estado de Roraima. Com isso, naturalmente, ele se ajoelhou agora para o Poder Legislativo. Não vai fazer mais nada. Absolutamente nada. É chover no molhado.

    Quem paga é um povo sofrido, de um Estado que tem o maior estoque de riqueza natural per capita do mundo! Somos extremamente ricos em minérios; somos extremamente ricos em água, para produzir, para ter energia renovável, e temos sol de 12 horas; um dos campos, uma das terras mais produtivas, importantes na entressafra brasileira e americana. No entanto, a famosa corrupção leva a tudo isso.

    Eu, aqui, faço um apelo ao Governo Federal: o Governo Federal não pode mais ficar de costas para o nosso Estado.

    Acabei de receber aqui um comunicado da Marcele, lá de Pacaraima, do Município fronteira. Ela diz: "Pacaraima, a barragem secou" – de onde se tira a fonte de águas. "As emendas e os recursos que vieram para cá sumiram. Pedimos socorro. Nosso Município entrou em colapso".

    Não temos saúde, não temos educação, não temos segurança e não temos infraestrutura.

    O Governo Federal está lá com uma campana, com o Exército, com tudo, e eu faço um apelo ao Presidente da República: V. Exa., sempre quando se dirigia ao Estado de Roraima, demonstrava carinho, demonstrava que iria ajudar aquele Estado, onde teve a segunda maior votação deste País, no entanto, o Governo de V. Exa. ainda não disse a que veio para o nosso Estado.

    Roraima grita por socorro! Há hoje só de cirurgias de fêmur mais de 200 pendentes! Se juntarmos todas as cirurgias ortopédicas necessárias, passam de 500 numa população de 500 mil pessoas. Olhem que quantidade! São milhares, são centenas e centenas de pessoas sequeladas por falta de uma cirurgia, por falta de um equipamento, por falta de uma medicação, e o Governador vai se encontrar com milicianos, oferecendo remédio para ser a ponte da negociação! E o Governador é do partido do Presidente da República – ou a Presidência fala uma coisa e o Governador fala outra, ou é jogo combinado, mas há dois pesos e duas medidas.

    Não pode mais Roraima viver com uma segurança... Os nossos policiais que estão lá são da segurança nacional! A saúde é essa calamidade! Senador Elmano, os idosos do seu Piauí, onde há boas universidades federais que merecem o nosso aplauso... Os idosos estão morrendo, estão indo a óbito. Sabe por quê, Senador Jorge Kajuru? Porque ficam ali na inércia, paralisados, adquirem pneumonia e vão a óbito. Meu Estado hoje apresenta um dos índices de maior violência: 54% foi o aumento. Enquanto o do Brasil caiu 7 mil pessoas por ano, que é 50, 60 por ano, ou seja, enquanto o do Brasil teve uma queda, o de Roraima cresceu por tudo isso que nós estamos falando.

    Eu peço aqui exatamente a atenção que vocês estão nos dando, porque é um ente federativo que não merece estar sofrendo, é um ente federativo que pode estar contribuindo com o País e que tem tudo. A natureza caprichou com o Estado de Roraima, mas os homens, os corruptos, os ladrões de sonhos, de esperança e da coisa pública pegaram um Estado novo e colocaram como mendigo da Nação – no contracheque!

    E aí me causa espécie o fato de 90% dos órgãos federais do meu Estado estarem subordinados ao ex-Senador mais ladrão deste País, que eu disse muitas vezes desta tribuna que eu nem queria mais citar, porque o povo fez uma limpeza, uma faxina, mas é bom relembrar: é o Senador Jucá. O ex-Senador Jucá manda em todos os órgãos federais em Roraima! Uma vergonha! Agora mesmo, uma empresa ligada a ele, que dá suporte aos indígenas do DSEI Ianomâmi, apresentou uma nota de R$1 milhão, cem horas de voo no mês, R$12 milhões por ano, e as crianças estão morrendo por falta de medicamento!

    E o Moro onde anda? Cadê?! Quando o Moro foi convidado para ser Ministro... Sergio Moro! Por onde eu falo com ele? Ali? Ministro! Ministro, acorda! Você encantou o Brasil, encantou o mundo, demonstrou ser um cara corajoso, ousado, defensor da coisa pública, da coisa séria. Onde é que você está que Roraima o procura e não o encontra?!

    Fica o meu apelo ao Presidente da República, ao Ministro Sergio Moro, ao Ministro da Saúde, ao Ministro da Segurança Nacional: Roraima é Brasil e precisa de um olhar federativo!

    Meu muito obrigado...

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Senador! Senador Telmário Mota, permita-me um aparte.

    Eu aprendi desde menino, Senador Elmano, Senador Angelo Coronel, dos Estados da Bahia e do Piauí, que a gente conhece um homem pela coragem dele. E é admirável a coragem do Senador Telmário – daí, Presidente Izalci Lucas, eu ter orgulho de ser seu parceiro em várias causas, em vários ideais, como agora, inclusive, no que falávamos em relação ao Hospital do Câncer de Goiás. E é muito grave... E eu não vou citar o nome dele, porque ele pode ser perseguido em Roraima, mas eu tenho um grande amigo, que foi meu cunhado, professor da Universidade Federal de Roraima – depois, aqui fora, eu vou lhe falar o nome dele. Ele me mostrou na época os vídeos de campanha deste eleito Governador do Amapá...

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Roraima.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – De Roraima, desculpe-me.

    Aí eu me lembro de que, vendo os depoimentos dele, o horário político dele, eu tive a certeza da frase que eu também aprendi menino: aquela de que você pega um homem pela palavra.

    Roubar não é só meter a mão na carteira do outro, não. Roubar é mentir! Como V. Exa. colocou bem, é roubar os sonhos de uma sociedade, de uma população, de um Estado da representação e da riqueza de Roraima.

    O Presidente Bolsonaro, que tanto merece o nosso respeito, precisa refletir sobre candidatos que ganharam a eleição rigorosamente nas costas dele e de quem ele nem sabia – ele nem se preocupou em puxar a capivara deles! Vejam o Governador do Rio de Janeiro agora, um lusco-fusco. A incompetência dele está clara no Rio de Janeiro! Ele se elegeu graças à figura do mito.

    E agora vem esse que é um polichinelo, porque eu tomei conhecimento dele. Olhem com quem ele se junta, com a bandeira suja, sórdida, vulpina, soez. E ele agarra essa bandeira?! O Estado de Roraima não merece. O senhor tem toda a razão. Se eu a esse Estado pertencesse, eu assinaria com V. Exa. o pedido de impeachment dessa figura deplorável. Se Deus quiser, nunca gostarei nem de vê-lo aqui no Senado, porque há alguns que vêm aqui de vez em quando... Inclusive um ex-Senador, que já foi daqui, veio aqui, passou perto de mim – eu estava nessa cadeira do Senador Elmano – e achou que ia me cumprimentar. E sabem o que eu fiz? Eu coloquei as duas mãos no bolso.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Eu faria a mesma coisa com esse de Roraima, Senador.

    Parabéns pela coragem, Telmário.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Obrigado.

    E V. Exa., quando essa pessoa passou, disse: e pode aqui dentro?

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - DF) – Quero registrar a presença conosco no Senado dos membros da Organização das Cooperativas Brasileiras/Brasília. Sejam bem-vindos a esta Casa.

    Convido imediatamente o próximo orador, o Senador Veneziano Vital do Rêgo, nosso grande representante da Paraíba. Senador Veneziano.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/03/2019 - Página 26