Discurso durante a 45ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise da indicação de Abraham Weintraub para comandar o Ministério da Educação no lugar de Ricardo Vélez Rodrigues.

Considerações acerca de manifestações, ocorridas no dia 7 de abril, em solidariedade ao ex-Presidente Lula, que completou um ano preso pela Operação Lava Jato.

Comentários a respeito do resultado da pesquisa Datafolha sobre a percepção da população relativa aos cem dias de governo do Presidente da República Jair Bolsonaro.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO:
  • Análise da indicação de Abraham Weintraub para comandar o Ministério da Educação no lugar de Ricardo Vélez Rodrigues.
MOVIMENTO SOCIAL:
  • Considerações acerca de manifestações, ocorridas no dia 7 de abril, em solidariedade ao ex-Presidente Lula, que completou um ano preso pela Operação Lava Jato.
GOVERNO FEDERAL:
  • Comentários a respeito do resultado da pesquisa Datafolha sobre a percepção da população relativa aos cem dias de governo do Presidente da República Jair Bolsonaro.
Publicação
Publicação no DSF de 09/04/2019 - Página 52
Assuntos
Outros > EDUCAÇÃO
Outros > MOVIMENTO SOCIAL
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • ANALISE, ASSUNTO, INDICAÇÃO, MINISTRO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC).
  • COMENTARIO, ASSUNTO, MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, APOIO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, SITUAÇÃO, PRESO, OPERAÇÃO LAVA JATO.
  • COMENTARIO, ASSUNTO, PESQUISA, REALIZAÇÃO, EMPRESA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, OBJETIVO, AVALIAÇÃO, INICIO, GOVERNO, JAIR BOLSONARO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

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COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM - COREM

08/04/2019


    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela rádio Senado, internautas que nos seguem pelas redes sociais:

    MEC

    - Não posso deixar de começar este meu pronunciamento sem registrar a queda do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguéz, nesta manhã, o segundo demitido em menos de 100 dias;

    - Sem dúvida, já foi tarde. Um cidadão que, a exemplo do chefe, só abria a boca pra dizer disparates, que classificou o turista brasileiro como bandido, que conflagrou uma guerra que paralisou o MEC e atrasou a remessa de livros didáticos, que deixou de pagar o Fies, que colocou em risco o Enem, que quis obrigar crianças a serem filmadas enquanto recitavam slogan de campanha e tentou reescrever a História alterando o conteúdo de livros, um sujeito que conseguiu ser um ministro da Educação pior do que Mendonça Filho, sem dúvida, já foi tarde. Vai ser substituído, agora, por um economista de direita;

    - Abraham Weintraub é do mercado, dos bancos, das corretoras e defensor entusiasta da Reforma da Previdência. É esse o sujeito que vai ser colocado para comandar um Ministério da Educação;

    - Por aí, nós tiramos as prioridades desse governo torto, norteado somente pelo extremismo ideológico;

    - Não há dúvida de que o MEC seguirá intensificando o seu loteamento interno por tubarões da iniciativa privada, iniciado por Mendonça Filho, com a finalidade de acelerar o desmonte das universidades federais e a privatização do ensino público;

    - Um governo que acha que curso superior é somente direito de elite, que corta 13 mil cargos dos professores universitários e que tem um gerente de banco como ministro não quer outra coisa senão vender o ensino público para que as grandes corporações enriqueçam com cursos de baixa qualidade à custa dos mais pobres. Esse é um tema sobre o qual voltarei a tratar ainda esta semana;

    LULA LIVRE

    - O Brasil foi às ruas nesse último domingo para prestar solidariedade ao presidente Lula, que completou, ontem, 1 ano como preso político;

    - Milhares de manifestantes saíram para externar sua indignação contra esse ato arbitrário de se condenar, num Estado de Direito, um homem sem provas;

    - Os cinco anos em curso da Operação Lava Jato serviram a mostrar que ela se desviou do fim a que deveria servir para servir ao fim deplorável de usar a estrutura estatal em favor de projetos políticos e pessoais;

    - É nesse contexto em que se insere a prisão de Lula, encarcerado injustamente para que não fosse candidato e acabasse retirado definitivamente da vida pública;

    - Pernambuco, meu Estado, teve atos expressivos no Recife e em Garanhuns, onde uma carreata seguiu até o município vizinho de Caetés para fazer, no sítio em que Lula nasceu, uma homenagem a ele;

    - Eu estive em Curitiba, onde o ex-presidente está preso na superintendência da Polícia Federal, para lhe levar meu apoio e minha solidariedade, juntamente com outras companheiras e companheiros que lá estiveram;

    - Em diversas cidades do mundo, igualmente, tivemos manifestações dessa natureza em favor da liberdade imediata do maior líder da nossa história;

    - É um reconhecimento, também em diversas partes do planeta, de que Lula - indicado ao prêmio Nobel da Paz - é vítima de uma armação político-jurídico-midiática, de uma caçada forjada para impedir que voltasse a governar o Brasil e contrariasse os interesses dessa elite cuja proposta é enriquecer à custa da devastação dos direitos dos mais pobres;

    - Está aí Bolsonaro, que é o projeto mais bem-acabado dessa trama, que tem como propósito aprovar medidas que espoliem os trabalhadores, como essa miserável Reforma da Previdência apresentada ao Congresso;

    - E o povo, enganado nas eleições pelas fake news patrocinadas e disparadas por essa turma para alterar o resultado das urnas, parece ter acordado;

    - Os resultados da mais recente pesquisa DataFolha podem atestar. Bolsonaro é o presidente de pior avaliação nos 3 primeiros meses de mandato desde a redemocratização. 61% dos brasileiros dizem que ele é o presidente que menos fez pelo país;

    - Não é sem razão. O brasileiro compara hoje o candidato com o presidente. E descobriu que o candidato mentia e o presidente nada faz. Porque é a própria encarnação, a pesquisa mostra isso, da preguiça. Afinal, um sujeito que passou 28 anos no Congresso sem fazer nada, não era na presidência que iria fazer algo;  

    - Bolsonaro é absolutamente inoperante, indolente. E faz questão de ressaltar isso sempre que pode, como nos últimos dias, quando disse que está cansado do que chamou de vida puxada e que não nasceu para ser presidente;

    - Não gosta de dureza. Não gosta de trabalhar. Seus 7 mandatos parlamentares foram marcados por um falatório de besteiras sem tamanho e nenhum resultado. Ao contrário do povo, não pega no pesado para resolver os problemas e botar a casa em ordem;

    - E o brasileiro está muito atento a isso, a pesquisa revela bem. Enquanto 70% da população considerava Lula muito trabalhador, metade do país acredita que Bolsonaro trabalha pouco. Outros 44% o consideram despreparado e 42% o tomam por indeciso. Outro dado interessante é que quase 40% da população acham que Bolsonaro é um sujeito, abre aspas, “pouco inteligente”, fecha aspas. Em bom português, quase metade do povo o acha burro. E eu não lhes tiro a razão;

    - Estamos às vésperas de completar 100 dias de um governo inoperante, que deixou o país na absoluta paralisia e não ofereceu qualquer proposta para nos tirar da crise e gerar emprego e renda para o povo;

    - Na verdade, não são CEM dias com C. São SEM dias com S. S de “sem gestão”, de “sem comando”, de “sem proposta”, de “sem governo”. O Brasil está à deriva. Para o Congresso, foram enviadas, desde o início do ano legislativo, somente 16 propostas. Nenhuma delas andou;

    - No meio disso, está a Reforma da Previdência, que propõe cortes a serem feitos 70% em cima das costas dos pobres. É a retirada do Benefício de Prestação Continuada dos idosos. É o tempo aumentado de trabalho e contribuição para os trabalhadores de baixa renda e trabalhadores rurais. É o fim do regime especial para os professores;

    - Nada, rigorosamente nada que venha atender os interesses do nosso povo;

    - Das metas que o próprio governo estabeleceu para si mesmo, ele só cumpriu um terço. Tá tudo parado. Tá tudo estagnado. Nada anda. Uma paralisia imensa toma o país. Todos estamos vendo. Todos estamos sentindo isso;

    - Não é à toa que a confiança de que a economia vai melhorar caiu 15 pontos percentuais desde que Bolsonaro assumiu o governo. Isso é óbvio. As pessoas não enxergam nessa gestão inepta qualquer habilidade de retomar o crescimento, de criar empregos, de gerar renda;

    - E não é só o povo. O próprio mercado que ajudou a eleger Bolsonaro também dá seguidas demonstrações de que não confia mais nele. Os investimentos estão caindo, a indústria com a menor participação no PIB em mais de 40 anos, o crescimento revisado permanentemente para baixo, o desemprego aumentando, o desalento chegando a índices recordes. E o que faz o governo? Cria crises. Uma após a outra. Incendeia o país em escândalos;

    - Não dá para confiar em um governo assim. Mesmo os eleitores de Bolsonaro despertaram para o erro cometido ao apostar num sujeito incompetente como ele para a Presidência da República;

    - Quase metade daqueles que votaram nele em outubro passado reprova o seu governo, segundo o DataFolha. É a prova de que até o eleitor dele se sente traído, lesado por um esquema de mentira que serviu apenas a ganhar a eleição e, depois, se revelou numa retumbante fraude;

    - Isso fica muito evidente quando nós comparamos os dados, mostramos o projeto de país que nós temos para o Brasil e o que Bolsonaro representa;

    - A solução que gerou 20 milhões de empregos, que transformou o Brasil numa potência global, que construiu quase cinco milhões de casas para a população de baixa renda, que fez florescer nossa indústria, que retirou mais de 36 milhões de famílias da miséria, essa solução está presa em Curitiba;

    - É um Brasil inteiro preso, é o Estado democrático de Direito preso, é a Constituição presa com Lula dentro de uma cela. E não haverá paz social, não haverá pacificação no país enquanto a lei não for restaurada e Lula recuperar a liberdade e o direito que lhe foram covardemente tomados;

    - Esperamos que o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal restaurem a legalidade e determinem a imediata soltura do ex-presidente, com a consequente devolução dos seus direitos políticos;

    - Deixem o povo decidir que projeto de país quer para o Brasil e quem melhor pode representá-lo. Bolsonaro já se mostrou incapaz de assumir esse desafio. São os brasileiros que estão dizendo. Esse projeto que ele representa é um projeto rejeitado, o mais reprovado da história. E nós temos o direito de, livremente, participar da construção de um projeto ao lado de quem melhor represente nossos anseios. Libertem Lula e deixem ele fazer o que Bolsonaro não faz: trabalhar pelo Brasil. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/04/2019 - Página 52