Discurso durante a 48ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas aos primeiros cem dias do Governo Bolsonaro.

Autor
Weverton (PDT - Partido Democrático Trabalhista/MA)
Nome completo: Weverton Rocha Marques de Sousa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas aos primeiros cem dias do Governo Bolsonaro.
Aparteantes
Styvenson Valentim.
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2019 - Página 55
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, JAIR BOLSONARO.

    O SR. WEVERTON (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA. Para discursar.) – Colegas Senadores, Sr. Presidente, imprensa, claro que, como oposição, e como falado aqui – bem falado – pelo Senador Kajuru, do Independente, nós, desde o início deste Governo, nós temos colocado de forma bastante responsável. Então, jamais poderemos ser acusados de que alguma coisa que não vem dando certo seja por conta de qualquer tipo de posição inconsequente dos Parlamentares de oposição do Congresso Nacional. Digo isso do Senado e da Câmara: nas duas Casas, todos têm sido bastante responsáveis.

    Todos aqui sabem que, se há algum problema dentro do Governo, é do próprio Governo, porque ele foi e é uma máquina surpreendente de criar suas próprias crises e criar suas próprias dificuldades nas correlações políticas e de forças dentro da República, e, o pior, não é só dela a nossa República, ainda para a comunidade internacional.

    Eu lhe confesso que eu não teria muito o que comemorar estes cem dias; até porque esse décimo terceiro do Bolsa Família que hoje ele assina e anuncia para o Brasil, se o brasileiro trabalhador fizer a conta, o ganho mínimo, o ganho real do salário mínimo que ele deixou de dar este ano era maior do que esse décimo terceiro do Bolsa Família que o Presidente acaba de anunciar.

    Ou seja, dá em uma mão, mas tira de outra e de forma muito real, porque é ali direto da classe trabalhadora, de todos os que estão produzindo, de todos os que estão ajudando a construir este País às duras penas, porque o que está aí nesta reforma é cheia de pegadinha, cheia de equívocos, é muito grave. Primeiro, porque o nosso trabalhador está sendo convidado para pagar uma conta que não é só dele. O Governo, ao longo de anos, vem fazendo desonerações para as grandes empresas, vem fazendo perdão para as grandes empresas. Os bancos, de forma imoral, ganham dinheiros absurdos do cidadão brasileiro. Nós temos aí juros surpreendentes de 300% só no cartão de crédito e no cheque especial do nosso rentista. Então, nós temos tido muita dificuldade de ter essa paciência que está sendo pedida para que a gente possa compreender esse novo momento.

    A oposição reconhece, sim, a legitimidade que o Presidente tem de ter sido eleito. Nós respeitamos os eleitores, os quase 60 milhões de eleitores que o Presidente Bolsonaro teve; agora, isso não lhe dá o direito de simplesmente fazer do Brasil um País entreguista, e o pior, Presidente, um País que ainda não está olhando para as pessoas, porque o que se vê e o que prevalece ainda no Governo é uma equipe econômica que está simplesmente preocupada com números, preocupada com superávit. E os grandes líderes nacionais deste País – brasileiros que sempre imaginaram um País que fosse, de verdade, a grande riqueza? O trabalhador, as pessoas, a gente realmente não pode esquecer desse legado que a gente já teve, com grandes momentos de geração de emprego pleno, grandes momentos em que, de verdade, as pessoas podiam ser respeitadas.

    Eu posso entrar aqui em vários casos. Eu estou aqui, por exemplo, com a Prefeita Vanderly, que é do Município de Anapurus, lá do Maranhão, juntamente com o seu esposo, o nosso amigo Ivanildo. Eles estão ali falando da angústia que eles estão tendo, Presidente, colegas Senadores, em conduzir as políticas públicas do Município, porque simplesmente está tudo parado. Os programas na área da educação estão todos parados. As transferências todas estão atrasadas. Aí você vai me dizer: "Não, Senador Weverton, é porque lá na educação nós tivemos um problema; o Ministro que a gente botou lá, o colombiano, depois que a gente descobriu dos quase cem dias que ele realmente não entende nada de gestão – porque uma coisa é você ser um bom educador, outra coisa é você ser um bom gestor –, então, como ele não entende nada, nós vamos mudar". Aí a gente vai dizer: "Não, então tudo bem, então, era um problema só na educação". Mas não é!

    Eu vou lhe dar aqui um exemplo da assistência social. Nosso amigo, todo mundo sabe da competência dele e da boa-fé dele na relação com as políticas públicas, do Osmar Terra, Deputado Federal. É inconteste a boa vontade dele como homem público, mas o Osmar Terra assumiu o Governo dele mesmo. Ele era Ministro da mesma área no Governo anterior e você percebe a descontinuidade na pasta dele. E isso é porque ele quer?

    É claro que está na cara que o que a equipe econômica está fazendo é superávit, está segurando o dinheiro, e não está ligando, não está nem aí para as pessoas. Na área social, são três meses: tudo atrasado nos repasses. Os Municípios estão sufocados.

    Você pega e coloca essa expectativa que está tendo de emprego no País... A alta taxa de desemprego no País, de desalentados, de pessoas fora do mercado é surpreendente. Nós estamos realmente muito preocupados.

    Além dessa alta taxa, está aí a juventude. A nossa juventude, de 16 a 29 anos, é um número absurdo de jovens, e, dentro desse colégio de jovens desempregados, claro, pasmem senhores, quase 90%, 83% desse público são de negros – justamente eles que são sempre os excluídos, sempre os penalizados por esse sistema perverso.

    Então, é preciso que nesses primeiros cem dias do Governo... Nós não temos nada para comemorar. O trabalhador perdeu o seu ganho real do seu salário mínimo. Nós estamos vendo a taxa de câmbio, o câmbio brasileiro duríssimo, está aí quase para estourar, nós estamos chegando perto dos US$4, e isso é perigoso, porque o trabalhador que está em casa tem, sim, que prestar atenção nesse movimento porque ele tem alguma coisa a ver.

    "Ah, eu não tenho nada a ver com câmbio, com dólar". Tem, porque quando o dólar aumenta, aumenta lá o remédio que ele compra; quando o dólar aumenta, aumenta o preço do pão, porque aqui no País a gente ainda importa o trigo. Quando o dólar aumenta, aumenta lá a passagem de ônibus, porque ainda o diesel, apesar de o Brasil ser um país produtor – e eu sempre falei isso lá na Câmara, é um absurdo –, nós ainda somos taxados e nivelados pelo preço do dólar ou pelo preço do barril de petróleo.

    Ou seja, nós não temos o que comemorar nesses cem dias. Nós temos é que chamar a população brasileira, primeiro, para ir para a rua para dizer que essa reforma da previdência, chamando o trabalhador lá da ponta, o que faz esse Brasil de verdade funcionar, estão aumentando o tempo de contribuição dele de 15 para 20 anos, como o Governo quer; aumentando o tempo de contribuição das mulheres, aumentando para 10, e professoras até 15 anos a mais no mercado de trabalho, sem nenhum tipo de regra de transição, com um puro olhar seco de número lá para a ponta, para o trabalhador rural. É um governo que tem a cara de pau, a maldade de oferecer R$400,00 de benefício para um idoso pobre deste País.

    Então, não dá para comemorar. Nós temos que ficar atentos, temos que nos mobilizar. Nós vimos os movimentos todos planejados, ao mesmo tempo em que a gente percebe que é um governo que não é articulado em política pública para a sua sociedade, ele é articulado para fazer o mal.

    Você pegue aí janeiro e fevereiro, é o período de contribuição patronal, eles deixaram lá os patrões fazerem as suas arrecadações para os seus sindicatos patronais para estarem todos ali preparados para a guerra que se está tendo hoje, injusta, de desinformação. O Brizola já dizia: "Na dúvida, fique do lado do povo".

    Quando você olha um grande meio de comunicação, dizendo que um tal movimento é bom para o Brasil – é bom para quem, cara pálida? Vamos ver: quem está pagando esse grande meio de comunicação? É lá um Bradesco da vida, que deve milhões para o fundo da reforma; é o Itaú da vida, do mesmo jeito – são os grandes empresários que devem e que sempre tiveram benefícios através das isenções fiscais. Então, vamos com calma.

    Existe hoje uma conta que tem que ser conversada de forma justa? Então, essa conta tinha que ser real, ela não podia ser uma conta para dizer: "Olha, para o trabalhador lá da ponta, para o pequeno, para o pobre, a gente vai fazer um cálculo que é para acabar com as injustiças".

    E aí essa mesma injustiça, quando vem para uma outra categoria, parece mais com reforma, com plano de carreira, do que mesmo um ajuste ou algum tipo de reforma que possa convidar todos os trabalhadores a fazerem parte da divisão dessa tarefa que é reerguer o Brasil. E fazer reforma por fazer reforma, nós precisamos entender o todo que está acontecendo no País. Isso me preocupa.

    Eu tenho visto de forma bastante cautelosa o Ministro da Economia, Sr. Paulo Guedes, ele muitas vezes com o seu estilo – e a gente tem que respeitar – mais agressivo, tem um temperamento muito forte, como é de todo o ser humano, e isso não é o problema, mas o que me traz realmente com mais preocupação é a forma como ele coloca as questões nacionais. Ele tem dito para todos os Governadores e para o Parlamento: "Olha, entreguem a reforma da previdência e eu vou dar tudo para vocês". Dar tudo para vocês! Os Municípios todos têm que controlar o orçamento, o Estado e tudo... Mas aí a gente fica imaginando: eu não sou da área de exatas, mas há coisas simples e dá para se fazer, assim, um exercício rápido.

    Como é que nós temos hoje um País que está com R$149 bilhões, dito por eles, de déficit no Orçamento? Esses R$149 bilhões de déficit, aprova o Orçamento agora, a gente vai resolver isso em quantos anos? Dez anos? Um trilhão que vai se ter de alcance dessa reforma? A gente pediu, nós pedimos, do PDT, a memória de cálculo desse R$1 trilhão para saber de onde é que vai vir, porque isso não é um passe de mágica, isso não é uma invenção. Então, como é que ele vai repartir esse dinheiro todo para os Municípios como deveria ser? E aí vem no pacto federativo...

    E parabéns a esta Casa que aprovou a PEC 61, que tem aprovado as medidas para facilitar a chegada das emendas nos Municípios, para injetar, ajudar a economia e ajudar a utilizar as estratégias de combate às dificuldades que os nossos gestores estão vivendo. Mas só isso claro que a gente sabe que não vai resolver, até porque as emendas são muito poucas perto das dificuldades que os nossos Municípios estão vivendo. Então, é preciso nós termos aqui, no Parlamento, uma conversa mais franca, uma conversa mais aberta com o Governo, e é isso que nós vamos ter a partir de agora, após a Semana Santa, que já se passaram os cem dias e temos que começar a cobrar, sim.

    Hoje eu vi um jornalista perguntando para o Ciro Gomes, quando fazia a apresentação dos cem dias da avaliação política, e ele, de forma muito justa, disse: "Olha, há índices e itens aqui que ainda não dão para se fazer, seria mau-caratismo, seria injusto da nossa parte fazer alguns tipos de cobrança em apenas cem dias". Mas há coisas que você pode dar um norte.

    Aquele professor, o autor do impeachment, do golpe da Dilma – eu vou me lembrar do nome dele –, já disse que tinha alguns motivos ou estava próximo de motivos de crimes de responsabilidade do Presidente Bolsonaro, para se discutir um possível impeachment. E corretamente o Presidente Ciro disse: "Olha, nem de perto. Primeiro, ele não tem nem legitimidade para nós para falar disso, porque ele foi o autor da articulação de um golpe, que nós denunciamos". Porque aquilo foi um golpe, cassaram... O Miguel Reale, o Prof. Miguel Reale não teria legitimidade nenhuma, para nós da oposição, porque ele foi o autor do golpe que cassou a Presidente Dilma, para vir falar de cassação agora e de impeachment do Presidente Bolsonaro coisa nenhuma. Até porque governo ruim você combate é o estressando, é cobrando problemas que estão acontecendo, e é sempre lembrando à população que governo ruim você corrige com o voto – assim nós falamos na época da Presidente Dilma.

    Então, não dá para ficar simplesmente apontando para trás e querendo saber quem é que errou mais ou quem errou menos. O que nós podemos fazer, e eu acho que nós somos responsáveis neste momento, é ajudar a construir soluções. Por quê? Porque os projetos que estão sendo bons, nós estamos ajudando e nós vamos ajudar a construir. Agora, projetos que são entreguistas, projetos que fazem apenas gestos para fora, e a gente não tem nada em contrapartida...

    Eu chegar para o Governo americano – que todos sabem que foi denunciado por espionagem, ele que sempre explorou e sempre quis explorar as nossas riquezas, como a Amazônia – e falar para ele que pode vir à vontade ao Brasil, porque aqui a gente não vai ter nenhum tipo de exigência para que ele possa entrar, visto, passaporte, tudo liberado; e nós não termos nenhum tipo de contrapartida, o tratamento continua sendo o mesmo para entrar em seu país. Aí você não tem nenhum tipo de incentivo político, econômico para o desenvolvimento sociopolítico do nosso País.

    Então, é preciso que a gente tenha muita clareza de que aqui a oposição não está torcendo para dar errado. Nós somos bons brasileiros e somos responsáveis. Nós temos é que torcer para o Governo dar certo, porque, o Governo dando certo, é o País que tem que dar certo; e o País dando certo é o emprego que volta a gerar, são os Estados que precisam ser atendidos.

    Hoje, fui surpreendido pelo Estadão, Sr. Presidente, numa nota falando que o Governo está preparando um plano para atender os Estados do Nordeste, do Semiárido, para atender os Municípios que estão sofrendo. E lá estão os Municípios todos e os Estados todos do Nordeste na matéria, e não está o Maranhão, alegam que o Maranhão não faz parte do Semiárido brasileiro. E aí é preciso ter esse olhar político, e não estou querendo aqui puxar corda para "a" ou para "b", até porque não quero acreditar que, por decisão política, o Governo vá penalizar o Governo do Maranhão.

    Agora, recebi a ligação do nosso coordenador da bancada, Deputado Juscelino Filho, que já nos informou que a Ministra vai nos receber nas próximas horas para explicar, conversar e ouvir as nossas sugestões, porque hoje o projeto de lei do Ministério da Integração Nacional, que define esses Municípios que são do Semiárido brasileiro, tem lá a inclusão dos Estados, e ele exclui o Estado do Maranhão realmente. Mas o IBGE não, o IBGE reconhece o Estado do Maranhão entre os Estados que têm Municípios com características do Semiárido brasileiro. A Sudene está lá e também reconhece os Municípios do Maranhão inclusos como Municípios do Semiárido brasileiro.

    Então, Presidente, equipe política do Governo Bolsonaro, não cometam esse erro, esse equívoco de retirar o Maranhão e penalizar o nosso Estado por qualquer que seja a discussão política, até porque o palanque já foi desarmado desde o dia 8 de outubro. E eu ouvi aqui colegas dizendo que não foi; da nossa parte foi, tanto que todos os projetos que chegaram aqui – o Capitão Styvenson é testemunha –, nós ajudamos a construir as pautas para votar, todos. Aqui nós não discutimos as questões de costumes, evitamos discutir as questões familiares, evitamos discutir qualquer tipo de crise, marola que viesse para o Brasil.

    Eu fui autor, lá na Câmara dos Deputados, do que discutiu o abuso de autoridade no Brasil. E está aqui no Senado, e nós vamos discutir. Eu falei para o meu amigo Alessandro: "Olha, no abuso de autoridade, conte comigo", porque ele já está dizendo: abuso. Só vai responder para quem abusar de sua prerrogativa.

    O nosso Presidente Izalci era Deputado comigo e presenciou, votou, e sabe inclusive que a gente foi muito criticado por alguns setores que, claro, sempre querem muitos poderes, mas não querem ser cobrados por nada, não podem ser responsabilizados por nada.

    E aí o que eu quero é que o mesmo ocorra, a exemplo de um policial quando penalizado perde a farda, perde o emprego e não fica com nenhum privilégio, a um promotor se ele errar, se abusar de sua autoridade. Quantas vezes ele condena antes mesmo de o processo existir? E, no final, acontece o quê?

    Nada, se mostrar que foi má-fé dele, só para o prejudicar, simplesmente, ele fica ali protegido pelo Estado. E se você quiser entrar com uma indenização, você tem que entrar contra a União, porque ele está ali blindado. E aí, quando é afastado, como há vários casos, e a população não aguenta mais ver isso, ele é premiado lá com uma aposentadoria compulsória.

    Então, se é para fazer reforma de verdade, nós temos que entrar nessas castas todas. E esse foi o motivo de eu não ter assinado, além de vários outros, a CPI da Lava Toga. Não é que eu tenha medo de discutir com corporações e instituições, não; eu tenho muita coragem, porque eu sou autor dessa emenda.

    Agora, o momento que nós estamos vivendo... Eu atendi o pedido inclusive do filho do Presidente da República: o Senador Flávio Bolsonaro, em reunião do Colégio de Líderes, ele sabe disso, fez o apelo para todos os Líderes dizendo que este momento não era momento de crise mais ainda e que essa CPI era uma CPI que ia gerar mais crise, óbvio, entre as instituições e entre os Poderes da República. Por isso, nós todos estamos tendo responsabilidade neste momento de nos unir para dizer qual é a pauta que vai acontecer neste País de verdade, para voltar a gerar emprego.

    Enquanto a gente está discutindo, meu querido e dileto amigo Capitão Styvenson, quem foi que botou o voto a mais aqui, enquanto o outro colega vai discutir quem é que está conseguindo botar mais gente para dentro do Plenário ou não, enquanto a gente vai discutindo todos os outros assuntos, lá na ponta, o Nordeste brasileiro está debaixo d'água, os Municípios estão alagados, estão totalmente desesperados, aquelas famílias que não têm aonde ir. Nós estamos indo aqui ao Governo Federal, indo ao Governo do Estado, pedindo ajuda, porque as pessoas querem saber como é que elas vão se empregar. A nossa juventude está sem expectativa de emprego. Coisa real na vida prática. A passagem de ônibus cara, o combustível um absurdo, o gás de cozinha já está virando artigo de luxo para as famílias pobres que têm que voltar a cozinhar com outros tipos de artifícios, como fogão a lenha, porque não têm o gás para o mês todo.

(Soa a campainha.)

    O SR. WEVERTON (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA) – É disso que se trata. É a questão da vida prática, de como é que nós vamos conseguir aproximar esse fosso que foi criado pela própria política.

    Eu vou partir aqui para o finalmente, dizendo que o grande erro desta crise que estamos vivendo, é claro que é da própria política. Quatro anos atrás, eu, reeleito Deputado Federal ali naquela Casa, eu subi à tribuna, está ali registrado nos Anais da Casa, e eu disse: "Nós estamos cometendo um erro". Quem ganhou a eleição, no caso a Presidente Dilma, não está tendo a competência de chamar para o diálogo quem perdeu; e quem perdeu não está tendo a competência, a maturidade e a grandeza de também se dar como derrotado e se tratar como oposição. E aí ficou aquela briga visceral contra tudo e contra todos, e acabou aí no que deu.

    O que apontava o dedo foi pego aí na gravação, com gente próxima carregando mala de dinheiro, e está aí solto. A outra, que não soube fazer política, foi injustamente cassada, porque ela tinha vários erros, e acho que se fosse por voto, ela não se elegeria mesmo. Houve vários erros, e a gente sabe disso. Governo ruim, eu disse várias vezes na tribuna, a gente combate é com voto; com golpe, não. Nós temos uma Constituição e nós temos que protegê-la. E isso é importante, porque essa instituição é perene. A gente aqui passa, mas ela vai ficar. E nós não podemos achar que por qualquer tipo de birra, a gente vai incentivar qualquer tipo de golpe.

    Quando alguém me pergunta se o Bolsonaro vai ter condição de amanhã ser impitimado, eu sou o primeiro a dizer: ei, vai ficar os quatro anos, para a gente aprender a votar, porque ele se elegeu sem precisar ir para um debate para se comprometer com a sociedade. Ele se elegeu simplesmente ali trancado dentro de casa. Não participou de um debate. E agora a gente vai cobrá-lo?

    Então, a gente precisa ter aqui muita firmeza para saber como fazer essa cobrança, porque a própria sociedade não o deixou debater. "Ele não precisa debater, está machucado..." Houve lá aquele atentado em que todos aqui condenam, até porque qualquer tipo de violência, seja na política ou em qualquer outra situação...

(Soa a campainha.)

    O SR. WEVERTON (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA) – ... não pode ser permitida, mas nós permitimos. Um País como o Brasil, com mais de 200 milhões de brasileiros, nós botarmos uma pessoa, um brasileiro, naquela cadeira sem ouvir profundamente os seus compromissos, e só porque virou um mito? É surreal! É inimaginável a gente eleger os nossos representantes porque há simpatia e porque, agora, é o meu herói.

    Então, não dá para resolver os problemas com frases rápidas do tipo aquela que diz que "bandido bom é bandido morto", até porque, se fosse por isso, já estariam resolvidos os índices de violência que só estão aumentando. Projetos que hoje estão aqui na Casa, por enquanto, aumentam mais ainda as pessoas, os cidadãos dentro das penitenciárias. E, quando eu digo cidadão, é porque muitos dos que vão entrar ali por conta de crimes leves, como a gente pode dizer... A legislação, hoje, coloca ali o bandido iniciante com o profissional, o doutor, o mestre no crime. Ou seja, as penitenciárias, em vez de virarem instrumentos de ressocialização desse pessoal, estão virando instrumentos... 

(Interrupção do som.)

    O SR. WEVERTON (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA) – ... mesmo de aperfeiçoamento do crime. (Fora do microfone.)

    Então, nós precisamos – e parto agora para o encerramento, Sr. Presidente – dizer que esses cem dias são os cem dias que nós queremos acreditar que, claro, com tudo que vem acontecendo no País, possam ser corrigidos. E o diálogo, Presidente, é sempre importante, é sempre sadio.

    E repito: nós da oposição respeitamos quem foi eleito. Nós não vamos cometer o mesmo erro de quatro anos atrás. Quem foi eleito... O instrumento do voto e do mandato são legítimos, e só quem faz campanha sabe o quanto é difícil ter um voto, o quanto é difícil ter um mandato.

    Cada um aqui tem a sua história, as suas particularidades para contar. Eu tenho as minhas convicções e por isso estou aqui. Tenho tranquilidade em falar tudo que falei, porque eu sei o que fiz para chegar até aqui. Eu vim do movimento estudantil, filho de uma professora e de um técnico agrícola, de um Estado onde nós sabemos...

(Soa a campainha.)

    O SR. WEVERTON (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA) – ... o quanto que eles mandaram, um Estado como o Maranhão. Olha, com o império de poder que a família Sarney montou durante esses 40, 50 anos e, agora, chegar aqui derrotando eles, com menos de – eu me elegi com 38 anos de idade, completei, logo no outro dia, 39 – 40 anos. Claro que eu sei o peso que tem a responsabilidade daquela geração, daquela juventude, das famílias trabalhadores que há no nosso Estado e que acreditam que a gente pode aqui fazer alguma coisa diferente.

    E o fazer diferente não é ficar olhando para trás, tanto que pouquíssimas vezes vocês ouviram eu falando aqui alguma coisa sobre o domínio que o Sarney teve esse tempo todo aqui. Quase vocês não ouviram, e por quê? Porque ele passou. Nós acabamos de mandar eles para casa. Agora, somos nós que estamos aqui, nós que temos de trabalhar, nós que temos que oferecer soluções concretas para a vida real das pessoas. E solução concreta para a vida real das pessoas é isto: é ver projetos importantes, como a gente acabou de ver aqui sendo relatados, solicitado o apoio a todos os colegas Parlamentares; projetos que vão evitar a nossa juventude entrar...

(Soa a campainha.)

    O SR. WEVERTON (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA) – ... no mundo da criminalidade, no mundo das drogas, que vai evitar que ela entre também no mundo da violência, porque uma coisa puxa à outra. Isso é uma cadeia violenta que, amanhã, contamina toda a família, porque a gente sabe o quanto é danoso e destruidor de famílias hoje é o mundo das drogas e de qualquer tipo de vício que um jovem ou qualquer cidadão possa vir a ter.

    Então, Presidente Izalci, eu agradeço pela tolerância que V. Exa. teve com relação ao tempo e quero lhe dizer que nós precisamos fazer um "para para acertar". É preciso que a equipe política do Governo chame a equipe econômica e diga: "Mais do superávit, mais do que números, nós temos brasileiros, nós temos pessoas". 

    A assistência social pede socorro, a educação pede socorro, a saúde pede socorro, o Maranhão e o Brasil estão pedindo socorro. Vamos nos unir e, sim, ajudar a construir, mas não com palavras ao vento e com qualquer coisa do tal de futuro que o Guedes coloca e a gente não sabe qual é esse futuro real.

    Nós estamos falando aqui da vida real na prática.

(Soa a campainha.)

    O SR. WEVERTON (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA) – A nossa parte nós estamos fazendo. Estão aí as emendas impositivas, que vão começar a ser um instrumento mais ainda forte para os Estados, para ajudá-los a combater as desigualdades. Também é preciso haver esse diálogo, que tem que partir daqui, do Congresso, até porque o Governo já deu a sua foto.

    Quem é do primeiro escalão de Ministros que está no Governo Bolsonaro e é do Norte ou Nordeste? Digam um nome aí de um que seja lá da Região Nordeste. Eu acho que, pela primeira vez na história do Brasil, não temos – eu acho, pelo menos do tempo que eu já li para cá – um representante no primeiro escalão no Governo Federal.

    As mulheres, fora a Ministra Damares e a da Agricultura, com quem daqui a pouco estaremos juntos, quem são as outras que estão no Governo, no primeiro escalão? Então, é preciso nós estarmos atentos para toda essa falta de políticas e dificuldades que o Brasil está vivendo e vai continuar vivendo.

    Muito obrigado, Presidente.

    Que Deus possa dar essa bênção mesmo ao nosso povo brasileiro...

(Soa a campainha.)

    O SR. WEVERTON (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA) – ... e, é claro, a proteção a toda a nossa classe trabalhadora, porque esses trabalhadores lá da ponta podem ser violentados com essa reforma que querem fazer. Aí eu digo: para eles não é a reforma da previdência, é o fim da previdência. É para isso que estaremos aqui, com serenidade e tranquilidade, para enfrentar o debate e para fazer todo o tipo de críticas e também para ajudar no que for possível.

    Muito obrigado.

    O Sr. Styvenson Valentim (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - RN) – Senador...

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - DF) – Passo a palavra ao próximo orador Jean Paul.

    O Sr. Styvenson Valentim (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PODE - RN. Para apartear.) – Sr. Presidente, só um aparte, já que o senhor me citou.

    Eu vi como o senhor defende com vigor as suas convicções. O senhor tem que defender mesmo o seu Estado, como eu defendo o meu, como eu defendo uma política melhor. Mas fica claro aqui, pelo fato de eu ser capitão, que não quer dizer que eu me elegi pelo codinome de outras pessoas ou com apoio ou sendo arrastado por outras pessoas. Pelo contrário, eu me mostro apartidário, eu me mostro País, eu me mostro Rio Grande do Norte, eu me mostro ideias boas, eu me mostro disposto a brigar por algo que realmente seja justo, seja honesto.

    Então, só sobre o fato de eu ter comentado sobre a fraude que aconteceu ou não, eu quero fazer só um esclarecimento. É isso que as pessoas querem da gente. Eu sei que são muitos os temas importantes a serem discutidos, eu sei que há muita coisa a ser feita aqui. Mas sobre aquilo que aconteceu no dia 2, foi o dia em que, se há audiência alta, esta Casa bateu todas as audiências; de dez televisões, seis estavam na TV Senado para ver aquele fato. A gente precisa começar daqui de dentro.

    Eu sei que o senhor defende com toda a propriedade e concordo com tudo com que o senhor disse, mas o que eu quero é só transparência, o que eu quero é só a verdade. Eu queria que essa verdade servisse para os Senadores também. Também concordo quando o senhor disse sobre abuso de autoridade, que tem que ser feito de cima para baixo e em todos os lados, inclusive aqui dentro – inclusive aqui dentro –, para que não existam Senadores abusando de sua autoridade, em nenhum momento.

    Quero dizer que o senhor tem sempre o meu apoio, como eu tenho o apoio do senhor nas minhas ideias, nas minhas causas, que, coincidentemente, se é ou não de um partido de oposição ou de situação, as ideias têm intersecções aqui. Então, ideias, como eu tenho e que o senhor defende, eu defendo ideias como o senhor tem também. Está bom? Quero deixar claro isso.

    Só lembrando que eu não sabia deste fato, não, que o filho do Presidente tinha pedido para paralisar. Eu não sabia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2019 - Página 55