Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão Solene destinada a homenagear os 300 anos de Cuiabá - MT.

Autor
Wellington Fagundes (PL - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Solene destinada a homenagear os 300 anos de Cuiabá - MT.
Publicação
Publicação no DCN de 06/04/2019 - Página 11
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CIDADE, CUIABA (MT).

  CÂMARA DOS DEPUTADOS CN -  
DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO - DETAQ
  CN (3ª Sessão Plenária, Sessão Solene Do Congresso Nacional) 05/04/2019

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Bom dia a todos, ao Brasil inteiro que nos assiste e a todos os mato-grossenses, em especial, que estão nos assistindo ao vivo.

    Eu quero cumprimentar o Senador Izalci Lucas, nosso companheiro como Deputado Federal e hoje também como Senador. S.Exa. é um Parlamentar muito focado na área da educação. Hoje mesmo eu ouvi um pronunciamento do Senador Izalci em que ele dizia: "a educação é a base do desenvolvimento; do desenvolvimento econômico, como também do desenvolvimento do ser humano".

    Portanto, eu faço uma homenagem também a todos os companheiros aqui do Congresso Nacional em nome de um Estado cuja história se confunde com a de Brasília. A coragem de Juscelino Kubitschek ao construir Brasília proporcionou toda a integração brasileira, especialmente a nossa do Centro-Oeste. Nós temos em Mato Grosso uma grande vantagem. Nós estamos em duas regiões geográficas do País: estamos na Região Centro-Oeste e também pertencemos à Amazônia Legal.

    Senador Izalci, todo o trabalho que fazemos aqui conjuntamente é exatamente no sentido de fortalecimento da nossa região.

    Eu tenho dito que temos uma representação pequena do Centro-Oeste na Câmara dos Deputados, mas quando juntamos o Centro-Oeste com a Região Amazônica -- cumprimento aqui também o nosso companheiro Lucas --, com certeza aqui no Senado nós podemos fazer sempre a diferença. Por isso, eu agradeço a presença do Senador Lucas Barreto em nome do Senador Davi Alcolumbre. Hoje eu tenho não só a honra, mas também a responsabilidade de ser Líder do Bloco Vanguarda. O nosso bloco é formado pelo DEM, pelos Senadores do DEM -- e o nosso Presidente Davi Alcolumbre também é um dos nossos companheiros nesse bloco --, pelo PSC e pelo PR. Todas as terças-feiras, nós nos reunimos, conversamos, discutimos a melhor forma de ajudar o desenvolvimento do Brasil em cada região, já que lutamos muito pelo pacto federativo, pelo famoso pacto federativo.

    A cada dia, o Governo foi criando programas e imputando aos Municípios a responsabilidade de atender o cidadão, sempre deixando a desejar, porque a concentração é muito grande no Governo Federal.

    Por isso, Senador Lucas, agradeço muito. Tenho certeza de que o Senador Davi teve a coragem de enfrentar aqui uma eleição. Fizemos as nossas reuniões, os jantares em casa, às vezes até as 3 horas da manhã discutindo, às vezes indo à casa do Senador Izalci e voltando. Felizmente, nós fizemos a transformação que o povo queria.

    O Senador Davi tem demonstrado competência, paciência, buscando a harmonia nesta Casa, tanto é que pela primeira vez tivemos eleições e a definição das Comissões, todas elas, por acordo. Em momentos de crise, digo sempre que nós temos que ter acima de tudo alguém que possa liderar, para que através do diálogo possamos encontrar as saídas. Na crise, vamos tirar o "i" e todos os "s", mas acima de tudo vamos criar.

    Quero aqui também cumprimentar o Prefeito Emanuel Pinheiro. Eu perguntava pelo Deputado Emanuelzinho Pinheiro, um dos mais jovens Deputados Federais do Brasil. (Palmas.)

    S.Exa. fez junto comigo a proposição desta sessão em homenagem à nossa querida Cuiabá, uma sessão do Congresso Nacional, ou seja, uma sessão conjunta da Câmara dos Deputados com o Senado da República. Eu perguntava ao Deputado Emanuel quem ia falar primeiro, porque aqui na sequência, normalmente, são os dois proponentes. Mas ele, já sabendo respeitar também a experiência e o pai, falou: "Não, quero que o meu pai fale primeiro". Ele não falou "quero que o Prefeito fale primeiro", não, mas "quero que o meu pai fale primeiro".

    Então, quero aqui cumprimentar o Deputado Emanuel Pinheiro. E ao cumprimentá-lo quero cumprimentar também toda a população cuiabana. Aqui estamos vendo o Plenário completo -- Presidente de bairros, Vereadores, Lideranças.

    A todos vocês que aqui vieram, em nome do Prefeito, quero aqui fazer os nossos agradecimentos.

    Quero cumprimentar também o Embaixador do Estado da Palestina no Brasil, o Sr. Ibrahim Alzeben. Quero aqui registrar que a comunidade árabe foi sempre muito bem recebida no Estado de Mato Grosso. Uma vez, visitando o Kuwait, nós tivemos a oportunidade de conversar sobre culinária. E eu dizia que em Cuiabá há o melhor restaurante árabe do mundo. E ele disse: "Não, mas o melhor restaurante árabe do mundo? Não é possível!" (Palmas.)

    Não, lá há a melhor comida árabe do mundo. E aí fizemos um acordo, à época, com o Embaixador: Como a sobremesa de vocês é muito vasta também, então vocês são os melhores da sobremesa, mas a melhor comida árabe ainda é em Cuiabá". Mas é bom registrar porque aquele restaurante foi um dos restaurantes premiados por muito anos consecutivamente. Isso demonstra também a nossa relação de amizade, de fraternidade com o mundo palestino. E com certeza esse trabalho conjunto é extremamente importante para o desenvolvimento também da nossa Nação.

    Quero cumprimentar o Embaixador do Reino Unido da Tailândia, o Sr. Surasak, aqui presente. Eu não me atrevo, às vezes, a falar o nome completo, mas desta vez eu vou me atrever aqui: Surasak Suparat.

    Quero cumprimentar também o Prefeito de Santo Antônio do Leverger, jovem também, aqui representando os Prefeitos de Mato Grosso. Santo Antônio do Leverger é uma cidade bem vizinha, bem próxima de Cuiabá, que se confunde também. E é bom dizer que com poucos passos já se está no Pantanal, saindo de Cuiabá. E Santo Antônio do Leverger é uma cidade com toda a característica pantaneira.

    Quero cumprimentar, em nome de todos os Vereadores de Mato Grosso, em especial aqui também os Vereadores de Cuiabá, o Sr. Luís Cláudio, que representa aqui os Vereadores. Eu tenho certeza de que, por ser a nossa capital, muitos Vereadores do interior acabam indo à Câmara para conversar com os Vereadores de lá, no sentido de trocar informações.

    E aqui, Sr. Luís Cláudio, há um trabalho, através do Instituto Brasil Logística -- IBL, em que o Senado da República tem feito numa grande parceria com as Câmaras de Vereadores, com as Assembleias. Esse trabalho lá em Cuiabá já foi marcado e vamos continuar fazendo.

    Quero aqui cumprimentar todos. Também na plateia haveria muitos que eu poderia citar nominalmente, mas eu vou cumprimentá-los em nome do Sr. Josélio Moura, que eu gostaria que se levantasse, junto com o Sr. René Dubois. São dois companheiros veterinários, da Academia Brasileira de Medicina Veterinária. No ano passado, eu tive a oportunidade de adentrar essa academia. E o José, inclusive, que foi Ministro da Integração, é um grande companheiro baiano.

    Digo isso aqui com muita satisfação, porque sou filho de baianos. O meu pai saiu da Bahia a pé para Mato Grosso, exatamente naquele momento, na busca de oportunidades. E Mato Grosso é isto: um Estado de oportunidades.

    Eu quero saudar a todos, em especial a caravana de líderes comunitários cuiabanos que estão aqui presentes. Por isso, os meus cumprimentos também a todos os senhores que aqui vieram. (Palmas.)

    Saúdo também o público que nos assiste através da TV Senado, da Rádio Senado, das redes sociais e também da imprensa cuiabana, que está transmitindo esta programação ao vivo em muitos sites.

    Cuiabá, nascida em 8 de abril de 1719, conhecida como Vila do Bom Jesus, às margens do Córrego da Prainha, capital do meu querido Estado de Mato Grosso, comemora 300 anos, que celebramos nesta sessão tão especial do Congresso Nacional.

    Ao longo destes séculos, a cidade fundada por bandeirantes paulistas, em busca do ouro, passou por inúmeras e profundas transformações.

    E Senador Lucas, V.Exa. dizia aqui que Cuiabá realmente é essa riqueza, é possível encontrar o ouro que ali se está escavando em qualquer lugar. Mas, acima de tudo, o ouro é a população cuiabana, com a sua forma, sempre receptiva e humilde, que está lá para receber todos os brasileiros.

    Por esta história, Cuiabá passou inúmeras e profundas transformações, até se transformar no que é hoje: um centro de referência em prestação de serviços, em produção industrial. E mais: Cuiabá é um ativo polo comercial e de atração de turistas do Brasil e do mundo, graças ao seu espetacular patrimônio histórico, suas encantadoras belezas naturais, conectadas à Chapada dos Guimarães, que fica bem ali próximo.

    Quando se vai a Cuiabá, encontra-se a capital do calor humano, mas também uma capital quente em todos os aspectos. E a Chapada dos Guimarães, que fica bem próxima, já tem a temperatura bastante amena, com nevoeiros, às vezes. Trata-se de um local extremamente aprazível, já que as duas cidades são vizinhas.

    Ainda há o Pantanal, que é o patrimônio da humanidade. É claro que todos nós temos trabalhado muito no sentido de fazer com que este patrimônio seja preservado, para oferecer também às futuras gerações o Mar de Xaraés, como é chamado o Pantanal.

    Eu quero convidar todos os que não conhecem ainda o Pantanal, com a sua diversidade, para que vão até lá. Temos hoje uma infraestrutura muito grande lá. A partir de Cuiabá, pode-se ir de carro. Chega-se ao SESC Pantanal, uma reserva de mais de 100 mil hectares. O Pantanal, Senador Lucas, tem que ser conhecido em duas épocas. Agora, neste momento, o Pantanal encontra-se completamente cheio; por isso, é denominado Mar de Xaraés. Na seca, tem-se a oportunidade de olhar toda a fauna, com a sua exuberância, e fazer o passeio da focagem das onças, dos jacarés e explorar toda a sua potencialidade.

    E aquilo que talvez seja mais marcante é a receptividade alegre de toda a nossa gente cuiabana.

    Dizem os antropólogos que a culinária é o mais revelador e o mais saboroso atalho para se conhecerem os costumes e a identidade de um povo. Sobre isso, posso testemunhar. De fato, a mesa dos cuiabanos é uma vitrine e um regalo para quem gosta de doces, licores, bolos, biscoitos, produzidos com diversas frutas. E aqui destaco o caju.

    Agora, uma curiosidade relevante: um dos pratos mais tradicionais da cozinha cuiabana tem nome de mulher. É a tão requisitada Maria Isabel -- para muitos, Maria Isabé --, feita com arroz e carne seca, servida e acompanhada de farofa de banana da terra e também feijão.

    Os peixes estão entre as iguarias que arrancam elogios de todos os apreciadores da boa mesa, tais como pacu assado, piraputanga frita e mojica de pintado. A mojica de pintado é o pintado cortado em cubos, também com mandioca cortada em cubos. É uma receita deliciosa.

    E aí, Senador Lucas, que é também nosso cozinheiro oficial, não é preciso muito tempero. É só um alho, sal, e depois, com o cheiro verde, você vai sentir a delícia que é o peixe de água doce, que é o nosso pacu, o nosso pintado. E já estou aqui fazendo uma receita como cozinheiro.

    É importante falar da culinária e das tradições porque a integração de todos nós ocorre com a culinária. A população que nos assiste pode se perguntar como os Senadores convivem com tanta atribulação. É exatamente na oportunidade de uma visita, de cozinhar, de conversar, que muitas vezes encontramos a solução de muitos problemas. Anteontem mesmo estivemos na casa do Lucas, com 22 Senadores que lá passaram, conversando e discutindo com o Presidente Davi Alcolumbre sobre a pauta e o que precisaria ser feito para melhorar cada vez mais o nosso trabalho.

    E quero dizer também que a esta culinária se somam as carnes exóticas, como a do jacaré, para formar um mosaico de sabores que encantam os mais exigentes paladares, que também se impressionam com outra característica fundamental: a fartura. Em Cuiabá, senhoras e senhores, é proibido terminar um café da manhã, almoço ou jantar sem estar plenamente satisfeito e pronto para uma boa conversa. E aí o cuiabano tradicional, ao acordar, logo bem cedinho, pega lá a grosa, o bastão do guaraná, rala, às vezes em confraria com sua família, e daí faz o seu copinho, seguindo toda uma metodologia, coloca açúcar e a toma, para, assim, começar o seu dia. Como em Brasília temos a altitude de mil metros, eu costumo tomar à tarde essa mistura, porque vem o cansaço, e o guaraná ralado traz a energia para continuarmos trabalhando durante todo o dia.

    Entre uma refeição e outra, nada como um bom pixé, feito com milho socado, açúcar e canela, regado a generosos goles de licor de pequi, outra fruta típica da região que, na época da safra, presenteia com seu perfume as ruas de Cuiabá. O pequi é também uma fruta de todo o Centro-Oeste brasileiro. Quem não conhece a flor do pequi que procure conhecer. É uma das flores mais lindas do nosso ecossistema, da nossa flora.

    Esse passeio pelas delícias da culinária cuiabana nos conduz a outras manifestações folclóricas ou religiosas importantes, durante as quais muitos desses pratos são servidos. É o caso da Festa de São Benedito, na primeira semana de julho. Considerada a maior comemoração religiosa do Centro-Oeste brasileiro, essa festa atrai grandes multidões, que ocupam o entorno da centenária Igreja de Nossa Senhora do Rosário, com sua capela dedicada ao Santo Negro.

    Tradicional também é a Festa do Senhor Divino, na Catedral Metropolitana, que começa no domingo da Ascensão de Jesus e termina no Pentecostes. Nesse período, festeiros percorrem as ruas de Cuiabá, com a bandeira do Senhor Divino, acompanhados de banda de música, para arrecadar prendas e contribuições para o evento. Essa romaria sempre termina na Prefeitura de Cuiabá, onde o Prefeito recebe não só as homenagens, como também a coroa, simbolizando toda população.

    Essa tradição festiva nos remete, por sua vez, a outra riqueza da cuiabania: as danças folclóricas, reflexo vivo da alegria do povo da capital.

    O rasqueado é um hit de sucesso. Nasceu da convivência de negros, índios e brancos, e hoje é ritmo folclórico que simboliza Mato Grosso.

    O siriri é uma dança marcada pelo colorido e agito das saias das moças, saias de chita, muito coloridas, e hoje resgatada por vários grupos que já se apresentaram pelo mundo afora.

    Nesse sentido, faço referência ao grupo Flor Ribeirinha, da nossa cidade de Cuiabá, que ganhou, em 2017, na Turquia, o Campeonato Mundial de Folclore.

    Já o cururu é um desafio de trovadores que encantam pela criatividade, presença de espírito e musicalidade popular.

    Tudo isso em meio às suas ruas estreitas, becos e calçadões, ladeados por casarões de estilo colonial, com suas eiras e beiras, e paredes de adobe, que dão um aspecto muito peculiar à cidade e nos enche os olhos. Muitos jovens talvez não saibam o que é o adobe. É o tijolo feito apenas de barro cru, colocado ao sol para secar e utilizado nas construções. Muitos misturam palha para produzir isolamento térmico.

    Nessa arquitetura, linhas do passado dialogam com grandes edifícios e esquadrias metálicas a sustentar grandes vidraças.

    Minhas senhoras e meus senhores, poderia discorrer por muito mais tempo, exaltando aspectos culturais e arquitetônicos, que fazem da capital do meu Estado uma terra de alegria, encantamento, prosperidade e hospitalidade. Levaríamos muito tempo, sem ser enfadonhos, porque de Cuiabá tem muito o que se contar.

    E a cada aspecto, vamos nos envolvendo numa narrativa de encantamentos e sonhos.

    Como não falar do calor cuiabano, essa característica marcante que, em verdade, se mistura com o calor humano da nossa gente?

    Não se assustem com o calor de Cuiabá porque a alta temperatura está, na verdade, presente, acima de tudo, no coração do cuiabano.

    É um povo cordial e alegre, a se notar pelas manifestações culturais e pelos festejos aqui narrados.

    Extraio um trecho de um artigo muito famoso do jornalista Paulo Renato Coelho Netto, que retrata com bela eloquência a característica do povo cuiabano. Assim ele escreveu:

O cuiabano é a personificação da alegria. Ele não precisa de muitos motivos para fazer uma peixada e levar você para dentro da casa dele, lá no quintal. E já recebe sempre pela cozinha. Dali a pouco, aparece um para tocar violão e outro para fazer a vaquinha para comprar cerveja -- porque com o calor também uma cerveja é sempre agradável --, e tudo bem. Está feita a festa.

    É notável que o jeito cuiabano irradia por todo Mato Grosso, sem enfrentar nenhuma outra tradição daqueles que lá escolheram viver e ajudar a construir esse grande Estado que somos.

    Para provar isso, cito aqui uma canção muito conhecida de todos, que se chama É Bem Mato Grosso, de Pescuma, Henrique e Claudinho, que qualquer criança sabe cantarolar. Ela diz:

É bem Mato Grosso

o guaraná ralado,

o pacu assado,

manga madura no quintal.

É bem Mato Grosso

banho de rio ou cachoeira,

pescaria no Teles Pires,

Araguaia ou Pantanal.

É bem Mato Grosso

festa de santo,

churrasco, pixé, caju.

É bem Mato Grosso

bombo, viola de cocho,

siriri e cururu.

É bem Mato Grosso

belas igrejas,

casarões coloniais,

festas de rodeio,

praias, festivais.

É bem Mato Grosso

grandes rebanhos,

plantações fenomenais,

um povo hospitaleiro

como não se viu jamais.

É bem Mato Grosso...

    Sei que já me alongo, mas confesso aqui que a emoção me domina. Eu que nasci na região sul de Mato Grosso, em Rondonópolis, tive a emoção de, numa campanha do Prefeito Emanuel Pinheiro, sair correndo aqui de Brasília para Cuiabá porque ia nascer o meu primeiro netinho, o meu cuiabaninho. Mas a vida política às vezes nos obriga e, ao chegar ao aeroporto, já tinha alguém dizendo que eu tinha que passar numa reunião de campanha do Prefeito Emanuel Pinheiro. Fiz, porque é nosso compromisso. Às vezes, a família fica em segundo lugar.

    Mas eu quero, nesta emoção, dizer que ao homenagear Cuiabá quero, também através do meu netinho João Francisco, o meu papa, homenagear todas as futuras gerações, aqueles que estão nascendo hoje... (Palmas.)

    E, principalmente, quero ressaltar a responsabilidade de todos nós de construir um mundo melhor, com mais justiça social, com mais oportunidades.

    Nesta semana nós tivemos uma reunião da Comissão de Assuntos Econômicos no Banco Central, e lá, é claro, a preocupação era discutir a economia. Eu disse ao nosso Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, neto de Roberto Campos, que nasceu ali, bem próximo de Cuiabá, na cidade de Livramento, "papa-banana"... Roberto Campos foi uma sumidade. Tudo que ele dizia, há 20 anos, 30 anos, é a realidade de hoje. Mas eu dizia a Roberto Campos Neto: olha, e economia é importante, mas nós não podemos fazer com que as pessoas sofram ao ponto de morrer. Nós, os políticos, temos que ter sensibilidade, acima de tudo, ao fazer os ajustes, para propiciar algo principalmente àqueles que mais precisam.

    Agora há pouco, Prefeito Emanuel, eu fazia aqui um aparte ao discurso do Senador Styvenson e dizia que eu não posso, eu que fui, inclusive no meu primeiro mandato autor do projeto de lei criando a Política Nacional do Idoso... Ele foi apensado a vários outros projetos, e nós criamos o Estatuto do Idoso no Brasil e a Lei do Benefício de Prestação Continuada. O que é a Lei do Benefício de Prestação Continuada? É exatamente a ajuda que um país tão grande como o Brasil tem que fazer a pessoas com mais de 65 anos de idade que trabalharam e não têm direito à sua aposentadoria -- são trabalhadores rurais, garimpeiros, enfim, pessoas que foram para Mato Grosso fazer com que nós possamos ter orgulho de ter um Estado como ele é hoje, e assim no Brasil inteiro, de produção -- e também a todos os portadores de necessidades especiais, aos deficientes físicos quando nascem, cujas famílias tenham renda menor do que 1 salário mínimo. Essas pessoas têm direito, então, a 1 salário mínimo para sobreviver.

    Não se pode, numa reforma da Previdência, falar em acabar com o Benefício de Prestação Continuada. Aí já é demais! (Palmas.)

    Portanto, nós estamos prontos aqui com a sensibilidade de fazer as reformas para modernizar o País, mas no sentido de gerar emprego e oportunidades.

    E como recomenda o bom linguajar da terra, um cuiabano de chapa e cruz sempre diz que é um cuiabano de chapa e cruz, por isso, o meu netinho é um cuiabano de chapa e cruz. E quero dizer que já firmei o compromisso com ele -- com a minha família -- de ensinar-lhe a história e de também cultivar nele um comportamento de preservação e carinho pela cultura, na esperança de manter vivas as tradições do povo cuiabano.

    Como homem público, eleito para representar o Estado de Mato Grosso nesta Casa, acredito que a melhor homenagem que posso prestar à nossa tricentenária Cuiabá é aquela que se traduz em ações concretas, em apoio ao desenvolvimento humano e material da nossa querida Cuiabá.

    Cuiabá sempre esteve no foco de nossas prioridades. Cito aqui o exemplo da construção da Ponte Sérgio Motta, sobre o Rio Cuiabá, que liga Cuiabá a Várzea Grande. Cartão postal da nossa cidade, foi construída numa articulação que ajudei durante o Governo Dante de Oliveira, nosso saudoso senhor do "Diretas Já". Fomos à Itália e construímos o maior programa de pontes em estradas de produção, e a Ponte Sérgio Motta é um grande exemplo.

    Houve um trabalho pela implantação, também, da Usina de Manso, grande obra que também se reveste de fundamental importância, pelos seus aspectos de múltiplo uso. E hoje a grande disputa, em muitas cidades, é pela água, imprescindível à vida.

    Eu sempre cito aqui, Prefeito Emanuel Pinheiro, a cidade de Manaus, que está toda ela cercada de água, e às vezes há dificuldade de encontrar água potável. E Cuiabá, Senador Izalci Lucas, com a obra de Manso, que foi feita exatamente para controlar as enchentes do Rio Cuiabá, para trazer a perenidade do Rio Cuiabá, para preservar o Pantanal, tem o maior lago, de 40 mil hectares. É, portanto, uma grande caixa d´água, e Cuiabá, Várzea Grande, a Baixada Cuiabana não terá problema por dezenas, centenas de anos, porque temos ali um grande reservatório de água de qualidade. E isso gerou um turismo muito grande. Esse é mais um motivo para conhecer, próximo à Chapada, o grande Lago de Manso. Só com a piscicultura no Lago do Manso, é possível produzir tudo o que produz Mato Grosso hoje.

    Por isso, não desistimos também ainda da ferrovia, um sonho de Vicente Vuolo -- está aqui o seu filho, Francisco Vuolo --, que lutou tanto para que a ferrovia chegasse a Mato Grosso. Mas o sonho de Vuolo não era só que ela chegasse a Mato Grosso, em Rondonópolis, não, mas que ela chegasse a Cuiabá. Estamos aqui nessa luta. Ontem mesmo esteve aqui o Vuolinho, com uma equipe de Cuiabá, junto ao Ministro dos Transportes. E aqui eu quero me somar ao Senador Jayme Campos, que é um cuiabano -- é várzea-grandense, mas é cuiabano -- que tem lutado muito. Quero falar em nome da Senadora Juíza Selma e do Senador Jayme, que queria muito estar aqui, falou ontem comigo, mas, por um imprevisto, não pôde estar presente hoje. Mas vamos lutar e estamos trabalhando para que a ferrovia saia de Rondonópolis, chegue a Cuiabá e vá até o nortão de Mato Grosso.

    Muitos poderiam perguntar: "Mas você é de Rondonópolis, você não quer que a ferrovia fique lá parada em Rondonópolis?" Nós temos o maior terminal ferroviário da América Latina exatamente em Rondonópolis, mas um Estado precisa de desenvolvimento integrado. Não adianta uma região estar bem e a outra região estar mal. Por isso, juntamente com outros Parlamentares, trabalhamos agora também para conseguir recursos, junto ao Ministro Blairo Maggi, para que o Prefeito Emanuel Pinheiro pudesse inaugurar o novo Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá. (Palmas.)

    Foram 100 milhões de reais que, em uma articulação com o Ministro Blairo, conseguimos liberar. Não havia orçamento para aquilo, mas hoje já temos o pronto-socorro sendo colocado em funcionamento gradativamente, porque não se coloca um hospital em funcionamento de um dia para o outro. Mas a Santa Casa de Misericórdia receberá também toda a nossa atenção, é claro. O Prefeito está envidando todos os esforços para resolver a situação da centenária Santa Casa de Misericórdia.

    Por isso, ao encerrar, quero ainda registrar -- porque a história é extremamente importante -- nomes de tantos outros, mas lembrar também de Jonas Pinheiro, que foi Deputado, Senador da República, um homem que era uma referência na agropecuária brasileira. Se o Brasil hoje é este País -- e Mato Grosso em especial --, o maior exportador de produtos agropecuários do mundo, isso se deve muito à tecnologia, mas principalmente a Jonas Pinheiro, que fez toda uma articulação mostrando essa capacidade.

    Quero homenagear também começando por Antônio Maria Coelho, o primeiro Governador, passando por expressivas lideranças, como Pedro Celestino Corrêa da Costa, Mário Correia, Antônio Paes de Barros, Caetano Albuquerque e, mais recentemente, já na nova geração, Garcia Neto, Frederico Campos, que está com 92 anos, Júlio e Jayme Campos. O Júlio Campos, que é uma tradição também, fez um transplante de fígado, ele que estava já querendo se despedir de nós. O Júlio Campos hoje parece um moço, um jovem também, com toda a sua capacidade e a sua articulação política.

    Quero também registrar o Deputado Carlos Bezerra e o Blairo Maggi, o nosso último Governador, o Silval Barbosa, o Pedro Taques e agora o Prefeito Mauro Mendes. Disputamos a eleição, mas queremos aqui, acima de tudo, que o povo mato-grossense, através do nosso trabalho conjunto, possa ter cada dia mais, e Mato Grosso ser o Estado de oportunidades.

    É bom que o Brasil que está nos assistindo saiba que Mato Grosso, nesses últimos 15 anos, foi o Estado que mais cresceu e se tornou, embaixadores, um Estado de oportunidades. São 900 mil quilômetros quadrados com menos de 3,5 milhões de habitantes. Portanto, estamos lá abertos para receber pessoas do mundo inteiro que queiram investir e desenvolver, e Mato Grosso é o Estado que, com certeza, pode ser a solução da fome do Brasil e do mundo, mas especialmente não queremos fome no Brasil e vamos trabalhar para que não a tenhamos.

    Por isso, ontem inclusive estivemos com o pessoal da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural -- ANATER, para ampliar a assistência principalmente ao pequeno e médio. Em Mato Grosso, há mais de 80 mil propriedades que não têm documento. Então, está havendo essa revolução a partir de Cuiabá, aqui com o Prefeito Emanuel, e já entregamos 4 mil títulos na regularização fundiária.

    Esta sessão solene foi solicitada por mim e também pelo Deputado Emanuelzinho, porém apoiada por todos os demais Parlamentares da bancada federal, e quero fazer este agradecimento em seu nome, Emanuel, pela oportunidade de estarmos aqui representando toda a bancada. Com certeza, você, como jovem, deve estar a pensar como vai falar depois do seu pai, mas é um orgulho para todos nós tê-lo aqui representando exatamente a juventude brasileira e a juventude do nosso Estado.

    Esse é um exemplo de como trabalhamos aqui em Brasília, inteirando-nos, um buscando força no outro, independentemente de cor partidária ou princípio ideológico, para fazer aquilo que mais gostamos de ver realizado: o bem coletivo.

    À homenageada do dia, quero dizer que queremos uma Cuiabá cada dia mais saudável, mais próspera, mais bela e mais acolhedora. Esses desafios nos estimulam sempre a avançar, no rumo de realçar o dom da eterna juventude que caracteriza a capital mato-grossense, hoje em plena flor dos seus 300 anos.

    Quero agradecer a todos os que vieram, pessoas que vieram de Cuiabá, chegaram aqui em cima da hora e viajaram a noite inteira. Então, deixo os meus agradecimentos, principalmente ao movimento comunitário. (Palmas.)

    Eu sempre digo que, para atender melhor à população, temos que dar suporte a quem está na ponta. E o movimento comunitário é um desses. Muitas vezes, o presidente de uma associação de bairro é acordado de madrugada por uma urgência na saúde ou outro motivo. Ontem mesmo aconteceu um acidente em Cuiabá em que faleceu um amigo meu, e foi exatamente um presidente de bairro que me ligou, porque a família estava desesperada, e o corpo não era liberado no IML.

    Eu homenageio aqui todos do movimento comunitário cuiabano, em nome de todo o movimento comunitário mato-grossense. Cumprimento os Vereadores, todos os Prefeitos e a sociedade de um modo geral. (Palmas.)

    Estou muito feliz, Emanuelzinho, de poder estar nesta tribuna hoje falando da nossa querida Cuiabá, a Capital de todos nós.

    Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 06/04/2019 - Página 11