Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexão sobre a situação do Estado de Roraima, com destaque para as áreas de transporte, saúde e segurança.

Retrospectiva do impacto da política nacional para o Estado durante o governo dos três últimos Presidentes da República.

Exposição sobre viagem recente à Venezuela, em missão pelo Senado. Apelo para que o Presidente do Senado mantenha o diálogo com a Venezuela em benefício de Roraima.

Autor
Telmário Mota (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Reflexão sobre a situação do Estado de Roraima, com destaque para as áreas de transporte, saúde e segurança.
GOVERNO FEDERAL:
  • Retrospectiva do impacto da política nacional para o Estado durante o governo dos três últimos Presidentes da República.
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Exposição sobre viagem recente à Venezuela, em missão pelo Senado. Apelo para que o Presidente do Senado mantenha o diálogo com a Venezuela em benefício de Roraima.
Publicação
Publicação no DSF de 23/04/2019 - Página 44
Assuntos
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Indexação
  • COMENTARIO, ASSUNTO, SITUAÇÃO, DIFICULDADE, ESTADO DE RORAIMA (RR), DESTAQUE, AREA, TRANSPORTE, SAUDE, SEGURANÇA.
  • ANALISE, RESULTADO, GOVERNO, DILMA ROUSSEFF, MICHEL TEMER, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBJETO, SITUAÇÃO, ATUALIDADE, ESTADO DE RORAIMA (RR), CRITICA, JAIR BOLSONARO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, APROXIMAÇÃO, ROMERO JUCA, EX SENADOR.
  • EXPOSIÇÃO, VIAGEM, DESTINO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, MISSÃO, SENADO, SOLICITAÇÃO, DAVI ALCOLUMBRE, SENADOR, PRESIDENTE, MANUTENÇÃO, DIALOGO, PAIS, VIZINHO.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Para discursar.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Sras. Senadoras, telespectadores e telespectadoras da TV Senado, ouvintes da rádio Senado, estou vindo a esta tribuna para abordar um assunto da maior importância para o nosso País e sobretudo para o meu Estado de Roraima. Roraima, Sr. Presidente, hoje, está à beira do colapso. O transporte escolar está parado, parado desde dezembro. As terceirizadas que prestam serviços ao nosso Estado também estão sem receber há mais de quatro meses.

    A área de saúde virou um caos absoluto. São dados alguns testemunhos que deixam você extremamente triste, como recentemente um rapaz numa moto, que bateu num carro e aparentemente não teve nada. Foi para o hospital, dizendo que estava só sentindo uma dor, uma dor sem nenhum ferimento. E deram a ele um anti-inflamatoriozinho, mandaram-no para casa, ele reclamando, e não fizeram sequer um ultrassom, um exame mais profundo. O rapaz estava com uma hemorragia interna e veio a óbito.

    Esse é um caso entre tantos outros, porque hoje nós temos mais de 500 cirurgias ortopédicas pendentes e quem mais sofre são os idosos, fora os que não são idosos e que ficam normalmente sequelados. E os idosos vão a óbito porque ficam muito tempo numa só posição e estão adquirindo doenças hospitalares, principalmente a pneumonia.

    E assim os outros órgãos vitais do Estado estão passando por essa mesma crise, como a questão da segurança. Roraima hoje está se configurando como um dos Estados mais violentos do País, com a criminalidade crescendo a uma ordem de cinquenta e poucos por cento. 

    Tudo isso, Sr. Presidente, passando por uma política nacional que é impossível de você compreender. Nós chegamos aqui quatro anos atrás, junto com V. Exa., Senador Lasier, e o governo era do PT. E nós tivemos um carinho, a Presidente Dilma teve um carinho especial... Eu levei-a duas vezes no mesmo ano a Roraima.

    Tiramos alguns gargalos que atrapalhavam, como o Parque do Lavrado, que era uma área mais de preservação; a mosca da carambola, regulamentamos; a febre aftosa, que estava há 50 anos impedindo a nossa exportação; a questão energética – nós conseguimos, no dia 16 de dezembro de 2015, a aprovação da passagem da energia de Tucuruí, porque o Estado de Roraima é o único que não é interligado.

    Ela caiu, veio o Governo Temer, aí nós fomos para o chinelo do carrasco. Foi feita uma posição do Governo Federal de jogar Roraima totalmente no abismo do quanto pior melhor, para tentar levar um salvador da pátria que o Temer tinha interesse em eleger, o Senador mais ladrão desse País. E o povo, mesmo sofrido, mesmo sendo enganado, mesmo desalentado, mesmo sem expectativa, teve a maturidade de deixar esse cidadão de fora.

    Eu hoje dizia para alguns procuradores do Ministério Público que eu já tive tanto encanto pela Lava Jato, e esse cidadão está envolvido em todos, denunciado em mais de R$1 bilhão de corrupção, e a Lava Jato não coloca as mãos num homem desses! Será que é porque ele foi Relator do orçamento três vezes e conhece algumas coisas erradas do Judiciário? Por que é que o Judiciário vive ajoelhado para o maior ladrão desse País e não o bota na cadeia? Nosso Judiciário é seletivo? Nosso Judiciário é frouxo? Não tem pessoas honestas capazes de enfrentar um ladrão? Esse é o meu desabafo com o Judiciário. Se fosse um ladrão de galinha, estava preso, era ladrão. Como é ladrão do povo, é barão.

    Mas, falando da crise que é provocada por esse conjunto de procedimentos, o Temer fez uma intervenção, já no mês de dezembro, no meu Estado, com o Governador que foi eleito: foram passados R$225 milhões para o Estado de Roraima, para sanear essas despesas básicas com educação, com saúde, salários atrasados, ICMS de prefeituras, e lamentavelmente isso não ocorreu. O pagamento ficou só em nível de servidores efetivos, e também a alguns ICMS de algumas prefeituras.

    Assume o novo Presidente, e com ele, um sonho, uma esperança: o Estado de Roraima foi o Estado que deu a segunda maior votação para o Presidente Bolsonaro. Eu tenho aqui vários vídeos dele dizendo que Roraima era o Estado menino de ouro, que, se ele fosse o todo-poderoso de Roraima, Roraima não viveria jamais na crise em que estava. E, numa hora dessas, num canal de televisão, alguém perguntou: "Mas, candidato, se V. Exa. ganhar as eleições, V. Exa. se sentaria com o Romero Jucá?" Ele disse: "Jamais. Jamais". Um dia desses, ele estava sentado com o Romero Jucá, e hoje a Globo traz que todos os órgãos federais de Roraima, do Bolsonaro, são comandados por Romero Jucá. "Se andas com ladrão, ladrão serás". "Diz com quem andas, que eu direi quem tu és". Uma vergonha para o Presidente Bolsonaro, que enganou o povo de Roraima dizendo que jamais sentaria com um homem desses! Os cargos mais importantes do meu Estado estão nas mãos desse bandido! Na mão de um bandido, que roubou o meu Estado e roubou o meu País! Quantas denúncias de venda de medida provisória nesta Casa!

    Está aqui, a Globo trouxe, Jornal O Globo, de hoje. Está aqui, foque aqui, mostre a cara desse bandido aqui. Mostre aqui, está aí.

    A consequência, Senador Lasier, é de partir o coração! É de partir o coração, porque, ainda no Governo Temer, quando começou o processo de crise na Venezuela, esse indivíduo, junto com sua ex-esposa, que é Prefeita de Boa Vista, convocou toda a mídia do Estado de Roraima, se reuniu com dez Ministros e disse que ia dar... Está aqui a manchete: "Os venezuelanos que vivem na rua vão receber da Prefeita Teresa Jucá uma ajuda de aluguel social de R$700 a R$1.200, alimentação, transporte e emprego na interiorização". Isso aqui caiu como mel dentro da Venezuela. A tendência dos venezuelanos era ir para a Colômbia, e não vir para o Brasil, mas, com um convite desses, num país de alta crise – ora! –, até eu, se estivesse desempregado, iria.

    O resultado, Senador Lasier: um engodo, uma mentira da Prefeita do PMDB com esse Presidente do PMDB, ao povo venezuelano. Eles estavam provocando o caos no Estado de Roraima, chamando – a Venezuela tem 30 milhões de venezuelanos – para dentro do Estado, porque um país não cabe dentro de um Estado; um país não cabe dentro de um Município! Era certo que o caos ia ser implantado, e foi. E foi! Tudo o que planejaram para prejudicar o povo de Roraima deu certo. Só não deu certo a reeleição, porque a mão de Deus ora entra, ora ela toca no coração das pessoas. Você pode enganar um a vida inteira, mas não todos o tempo inteiro.

    O povo de Roraima acordou, e a nossa Justiça, a paços de tracajá, de jabuti, que é mais lento. Resultado: Roraima está aí, como eu acabei de dizer para V. Exa. À noite, nós não podemos ter contato com o Brasil, porque há uma área de Waimiri Atroari onde fecham a corrente, não passam. Nós não estamos interligados com o Brasil na energia. E, de dia, nós não podemos ir para a Venezuela. Somos prisioneiros! Prisioneiros!

    Eu estou falando, Senador Lasier, do Estado que tem o maior estoque de riqueza natural per capita do mundo! Meu Estado é rico de minério! O minério que V. Exa. imaginar tem no meu Estado, e tem em abundância! Estou falando do Estado que tem água da melhor qualidade em abundância para produzir, para produzir energia. Nós temos sol de 11 horas. Nós temos condição de ter mais de duas ou três safras, nós temos a terra mais produtiva deste País. Isso gera ambições.

    O Estado está engessado por falta de um Presidente, de um Governo Federal que olhe Roraima como um ente federativo. Eu falo, Senador Lasier, com a autoridade de ser um Senador do meu Estado, um Senador humilde, eleito pelo braço da humildade, do sonho e da esperança, e falo também porque o meu bisavô foi o primeiro Prefeito, o primeiro Juiz de Paz e o primeiro Promotor Público, Coronel Mota. O primeiro filho dele, tio Vitor, morreu lutando contra os ingleses para defender o Território nacional, junto com o pai do meu pai, meu avô, Pedro Rodrigues, que foi o último Comandante do Forte São Joaquim. Nós temos uma história de luta, de defesa.

    Eu não poderia me calar, eu não poderia me aquietar e ver o meu Estado engessado, na demagogia, com meu povo sofrendo, morrendo. Eles já levaram a educação, já levaram a saúde, já levaram as estradas, já levaram a energia, já levaram o sonho. Eu quero preservar a esperança e a fé do nosso povo!

    Senador Lasier, diante dessa situação, como membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional deste Senado... Foi criada, nesta Comissão, uma subcomissão com 12 Senadores – eu fui eleito o Presidente dessa subcomissão. Na nossa proposta de trabalho, criamos círculos de audiências públicas envolvendo todos os segmentos para tratar da questão da Venezuela. Nessa proposta de trabalho, nós fizemos uma solicitação para falar com as autoridades venezuelanas. Para a nossa surpresa, a resposta foi muito rápida, célere. Deveríamos nos reunir na segunda-feira passada com o Presidente da República e com o Chanceler, o Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Ministro Jorge. Nós requisitamos ao Governo Federal um avião, uma aeronave para irmos eu, o Senador Jaques Wagner e o Senador Chico Rodrigues, que é Vice-Líder do Governo Federal, e o Governo Federal segurou essa informação até sexta-feira da outra semana, o que nos inviabilizou. Quando chegou a sexta-feira, disseram que não dariam o avião. Eu falei: "Eu não posso mais cruzar os meus braços. Eu tenho que ir. Nem que seja de jumento, eu tenho que ir".

    Diante disso, fui para Manaus de ônibus, mas não consegui viajar de Manaus para lá, porque a minha carteira de vacinação era regional e eu precisava de uma carteira internacional. Voltei para o meu Estado de ônibus e peguei um avião lá, porque a Venezuela tinha interesse e mandou me pegar. Eu fui até Caracas e conversei com as autoridades. Dialoguei com o Presidente Nicolás Maduro, que foi eleito com 67% – o segundo ficou com 22%. É o Presidente constitucional.

    Eu vejo tanto o Bolsonaro quanto o Trump conversarem com o Presidente da Coreia do Norte, com o Presidente da Rússia, com o Presidente da China, e o Telmário não pode conversar com Nicolás Maduro – nem o Bolsonaro pode. Eu pensei que o Bolsonaro ia ser Presidente dos brasileiros, mas está sendo Presidente dos americanos, fazendo a geopolítica americana, matando um Estado que acreditou nele. Presidente, onde tu estás? Largue esse Twitter, rapaz! Vamos embora trabalhar! O Brasil grita por você!

    São 13 milhões de pessoas desempregadas e 60 mil pessoas morrendo por ano. Nós temos 27 milhões de pessoas desempregadas, porque 14 milhões estão aí e não trabalham 40 horas por semana. Largue esse Trump de mão, largue esse Pompeo de mão, rapaz!

    Sabe, eu fico triste em ver isso. Eu lamento profundamente que um homem que é eleito com o sonho do povo brasileiro se ajoelhe para esses norte-americanos cruéis, quanto qualquer um cruel desse. Esse americano não ama ninguém, se amasse ele não faria... Quem está matando a Venezuela não sei se é o regime do Nicolás Maduro, não; eu sei que é os Estados Unidos, com as sanções e os boicotes. Disso eu sei, disso eu tenho certeza.

    Não defendo governo nenhum. Eu defendo o Governo brasileiro. Eu não quero saber se a Venezuela está com "a", com "b" ou com "c". Eu sei que nós temos mais de cem anos de uma relação comercial e cultural. Então, a minha ida à Venezuela foi olhando o meu povo e olhando o meu País. Em 2012, nós exportamos para a Venezuela R$5 bilhões e importamos R$1 bilhão; lucramos R$4 bilhões. Foi o superávit da balança, que caiu com a crise e agora recuperou 22%. Nós exportamos, em 2018, R$576 milhões e importamos R$176 milhões. Lucramos mais R$400 milhões.

    O meu Estado de Roraima, Senador Lasier, vive lamentavelmente, por causa de tudo que eu falei aqui, do contracheque do dinheiro público: 80% é da FPE; dos recursos ordinários, os 20%, 49% é do contracheque; 36% é comércio e serviços, abastecidos pelo contracheque. Somente 9% é da indústria e 6% só é da agropecuária. E nós exportamos para a Venezuela 53%; para os outros países a gente exporta só 2%, 3%. A gente com essa fronteira fechada é colocar o Estado de Roraima na forca. Não podemos ir para o Brasil à noite, não podemos ir para a Venezuela em hora nenhuma. Nós vamos viver de quê? De esmolas da Nação, no Estado mais rico do País?

    Povo brasileiro, o Brasil ficou no Haiti de 2004 a 2017. Foram 13 anos – cinco, dez e três; treze anos. Com um ano de acolhida do povo venezuelano no nosso País, o que eu fui contra, nós já gastamos o dobro do que gastamos em 13 anos no Haiti. O dobro! Foram R$264 milhões nessa acolhida. Se querem ajudar os venezuelanos, vão ajudar dentro da Venezuela e acabar com essa briga diplomática que os americanos querem. Levem o remédio, levem a alimentação, mas lá para a Venezuela; não para dentro do Estado de Roraima. É verdade que nós somos indígenas, mas somos brasileiros, bem brasileiros.

    Ora, não para por aí, não. Eu quero dar um outro exemplo, um outro exemplo. Sabe quanto a gente gasta de energia por dia? Eu quero dar com mais precisão os números aqui. Com a energia vindo da Venezuela, um ano de energia da Venezuela, a gente gasta R$264 milhões em um ano, com a energia que está cortada. Com as termoelétricas, nós gastamos R$1,3 bilhão,

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – ...R$1,1 bilhão a mais, dinheiro que faz falta, faz falta na saúde, na educação, nas estradas, na energia, na geração de renda e emprego. Sabe quem essa energia está abastecendo? O bolso dos ladrões do meu Estado, porque lá é tudo MDB. E o Seu Bolsonaro sentado com o Jucá. Demagogia pura, muito pura.

    Então, eu fico aqui pensando: o Estado de Roraima com a fronteira fechada. A gente exporta 1,5 mil toneladas por dia, R$5 milhões por dia. Nesses 60 dias, são R$300 milhões, para um Estado pequeno. Olha, é matar, é matar! Mas, graças à nossa intervenção, nós conseguimos que esses caminhões comecem a passar até extraoficialmente.

    Portanto, quando eu vim de lá, o Presidente Nicolás Maduro estava pronto para abrir a fronteira, quer sentar com as autoridades brasileiras. Mandou uma carta para o Presidente do Senado, Senador Davi. A bola agora está na mão do Senador Davi. O Congresso tem que ser parceiro, tem que ter harmonia com o Executivo, mas não pode ser empregado do Executivo. O Presidente Davi tem que ter, nesta hora, a coragem, como Presidente do Congresso, Presidente do Poder, e abrir esse diálogo, sim. Nós não temos nada a ver com a briga entre americanos e venezuelanos.

    Então, fica o meu apelo, porque eu acredito no Presidente Davi. Votei nele. Ele é da minha região. Ele tem que ter a coragem, sim, tem que ter a valentia, sim, de entender que este Poder não pode ficar ajoelhado. O meu Estado está sofrendo. O Brasil está perdendo. Nós estamos com 13 milhões de pessoas desempregadas; 60 mil pessoas morrendo por mês; 11,8 milhões de pessoas analfabetas; 2 milhões de crianças, 5%, fora da creche; 1 milhão de pessoas sem energia; 100 milhões, a metade do povo brasileiro, estão sem saneamento básico. Nós temos 900 mil pessoas na fila do SUS.

    E o Brasil não pode entrar em guerra ou comprar guerra de ninguém. Somos um País pacífico, da paz, da harmonia, da negociação, do entendimento. Somos o maior País da América do Sul. Nós não precisamos de orientação americana para dizer quais são os nossos parceiros. Quem escolhe o teu amigo é tu, e não o meu inimigo. Eu não posso ser inimigo do inimigo do meu amigo. Acho que eu acabei sendo a Dilma aqui. Falei tanta besteira com o negócio de amigo com amigo, não é? Vou repetir esse negócio. Eu não posso ser inimigo do inimigo do meu amigo. É isso que eu quis dizer. Acho que agora corrigi.

    Então, gente, a gente vem à tribuna segunda-feira, trazendo uma crise que hoje toma conta do meu Estado, do meu País. Eu espero que o Presidente Davi, nessa hora, se coloque como Presidente do Congresso, Presidente desta Casa, porque eu acredito nele, e abra, sim, o diálogo com a Venezuela para a gente abrir essas fronteiras, restabelecer a energia e exportar. Deixa o povo venezuelano decidir quem ele quer. Deixa as instituições venezuelanas decidirem como nós, brasileiros, estamos decidindo. Não temos o direito de interferir na política interna de nenhuma nação, como não aceitamos. "Ah, a Venezuela não tem democracia". Ah, não tem não? Mas lá um cara se autointitulou Presidente. Vai fazer isso na Coreia do Norte para ver. Faz que eu quero ver. E o Brasil conversa com a Coreia do Norte. Os Estados Unidos conversam com a Coreia do Norte. Faz isso na Rússia. Faz que eu quero ver. Mas o Brasil conversa com esse país. Os Estados Unidos conversam com esse país. Faz na China que eu quero ver. Faz ali num arquipélago pequeno. E lá há dois Presidentes: um que foi eleito e outro que se autointitulou Presidente. Sabe, é muito fácil às vezes você criticar. Toda serra de longe é azul. Quando você chega perto, ela não é mais azul. Tem pau seco, pau verde, tem bicho. É diferente. Então, de longe você vê uma coisa e de perto você tem a realidade.

    Então, eu espero que o Brasil pare de ficar se metendo em políticas alheias. Nós nunca fomos atingidos pela Venezuela. A Venezuela nunca desrespeitou nossa soberania. Não somos nós que vamos desrespeitar a soberania venezuelana sem uma razão iminente. Portanto, este é meu apelo ao chanceler do Brasil, Sr. Ernesto. O Brasil não é seu, não. Você está ocupando um cargo. O Brasil tem uma tradição.

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – O meu Estado está sofrendo com a atitude de V. Exa. Presidente Jair Bolsonaro, escolha os amigos que V. Exa. quiser: Jucá, etc., ladrão, tudo. O amigo é seu. Agora olhe por Roraima, olhe pelo Brasil.

    E eu quero apelar, terminando a minha fala e agradecendo a V. Exa. pelo tempo que me deu a mais: Presidente Davi Alcolumbre, sente nesta cadeira com a postura de Presidente do Senado brasileiro e do Congresso brasileiro. O Brasil precisa de você.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/04/2019 - Página 44