Pela Liderança durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro sobre a vida da irmã Dulce, religiosa, notória por sua caridade e assistência aos pobres e necessitados.

Autor
Otto Alencar (PSD - Partido Social Democrático/BA)
Nome completo: Otto Roberto Mendonça de Alencar
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Registro sobre a vida da irmã Dulce, religiosa, notória por sua caridade e assistência aos pobres e necessitados.
Aparteantes
Angelo Coronel, Carlos Viana, Chico Rodrigues, Eduardo Girão, Fabiano Contarato, Jaques Wagner, Jorge Kajuru, Nelsinho Trad, Plínio Valério, Randolfe Rodrigues, Tasso Jereissati, Telmário Mota, Weverton, Zenaide Maia.
Publicação
Publicação no DSF de 15/08/2019 - Página 38
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • REGISTRO, VIDA, IRMÃ DULCE, IRMÃ DE CARIDADE, ESTADO DA BAHIA (BA).

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA. Pela Liderança.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores e Sras. Senadoras, venho à tribuna hoje para dissertar sobre a vida de Irmã Dulce, batizada Maria Rita Lopes Pontes, com quem tive a oportunidade de conviver na Bahia. Ela é batizada Maria Rita Lopes Pontes, mas, quando resolveu encaminhar-se à vida religiosa, adotou o nome da mãe, Dulce. Por isso, Irmã Dulce. Mas o nome de batismo é Maria Rita Lopes Pontes, filha de um dentista, um odontólogo, Augusto Lopes Pontes.

    Eu tive a oportunidade, Senador Nelson Trad, de conviver com a Irmã Dulce por muitos anos quando ela, na década de 70, resolveu, além da vocação religiosa, cuidar de pessoas pobres que não tinham nenhuma acolhida nas ruas de Salvador e também de pessoas que vinham do interior. Numa casa no Largo de Roma, perto da Igreja do Bonfim, ela começou o acolhimento dessas pessoas. E pedia aos comerciantes daquela localidade que pudessem contribuir para matar a fome daquelas pessoas e dar um atendimento médico mínimo possível a elas. A partir daí, surgiu o Hospital Santo Antônio, da Irmã Dulce, no Largo de Roma.

    Ela era uma religiosa franciscana, com devoção a São Francisco de Assis. Ela teve também o apoio de toda a religiosidade de São Francisco de Assis. A primeira santa do segmento é Santa Clara. E agora, com a canonização de Irmã Dulce, ela passa a se chamar Santa Dulce dos Pobres.

    Mas a obra social dela é uma coisa fantástica. Eu não sei quantos homens ou quantas mulheres poderiam fazer o que Irmã Dulce fez e deixou. A partir daí surgiu o Hospital Santo Antônio. Esse hospital hoje é administrado pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) e atualmente atende, 100%, pelo Sistema Único de Saúde. São 4,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano do Sistema Único de Saúde, entre idosos, pessoas com deficiências, com deformidades, pacientes com problemas sociais graves, adolescentes em situação de risco, dependentes de substâncias psicoativas e pessoas que precisam realmente desse atendimento.

    Hoje, as Obras Sociais Irmã Dulce têm 20 núcleos que prestam assistência à população de baixa renda na capital e no interior. A Osid é fruto de uma trajetória, como ela mesmo definia, de amor, de serviço religioso. Era conhecida como o Anjo Bom da Bahia. As raízes dessa instituição datam de 1949. Irmã Dulce nasceu em 26 de maio de 1914 e começou a sua luta em 1949. Instalada em Salvador, no Largo de Roma, na Cidade Baixa e no complexo de Roma, perto da Igreja do Bonfim, abriga hoje 40 mil metros quadrados de área construída, com 20 ou 21 núcleos da sua entidade. O Hospital Santo Antônio, hoje, tem centro geriátrico, um hospital da criança, uma unidade de alta complexidade em oncologia, centro de acolhimento a pessoas com deficiência, centro especializado em reabilitação e centro de acolhimento e tratamento para pessoas dependentes químicos e do álcool, entre outros tantos.

    Portanto, sobre a obra de Irmã Dulce, creio, poucas entidades no Brasil poderiam alcançar o que ela alcançou. Ainda como obra social, ela criou um colégio, o Colégio Santo Antônio, no Município de Simões Filho, que atende centenas de jovens para a educação de primeiro grau, onde existe também ocupação técnica para esses jovens. Mais de 800 jovens são educados nesse educandário, em Simões Filho. Quero mandar um forte abraço a todos os que trabalham naquela localidade.

    Essas obras de Irmã Dulce hoje, na Bahia, têm atenção integral, Senador Kajuru, multidisciplinar e humanizada, que é uma das características do atendimento prestado por essas obras sociais. São ações que cobrem, ao todo, 38 especialidades médicas, exames laboratoriais, de bioimagens, internação, cirurgias de alta complexidade e reabilitação. Destaque também para o centro de pesquisa clínica e para o Centro de Ensino e de Pesquisa Professor Adib Jatene.

    O Professor Adib Jatene, quando Ministro da Saúde, visitou as obras sociais de Irmã Dulce, ajudando também com equipamentos e dando ajuda financeira para que ela pudesse se expandir.

    Tive a oportunidade de trabalhar, no início do Hospital Santo Antônio, como médico ortopedista. Ao meu lado, comigo, havia um grande baiano, um grande baiano que passou pela vida e fez um benefício, um benefício social, espiritual. Foi o médico Taciano Campos. Foi praticamente um guru daquela instituição, hoje falecido. Presto, no Senado Federal, hoje, homenagem póstuma a Taciano Campos. Foi o braço direito, o médico que, ao lado de Irmã Dulce e também da sua sobrinha Maria Rita, levou e construiu essa obra social inigualável. Poucas obras sociais no Brasil têm a grandeza das Obras Sociais Irmã Dulce. Feitas pela fé e pela coragem de uma mulher frágil que trabalhou para ajudar as pessoas de menor poder aquisitivo.

    O legado social da Irmã Dulce é muito grande. Em Salvador está o 20ª núcleo da organização social, o Memorial da Irmã Dulce, uma exposição permanente sobre sua vida e o legado da fundadora, Bem-Aventurada Dulce dos Pobres.

    No domingo, eu fui à caminhada para as primeiras missas que aconteceram em Salvador – outras estão acontecendo em Salvador. Contando a partir de ontem, dia 13 de agosto, daqui a 60 dias, ela será canonizada no Vaticano pelo Papa Francisco.

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – No domingo, eu fiz a caminhada, Senador Kajuru. Saímos da Igreja do Bonfim até o Largo de Roma, onde presenciamos uma missa de louvor à Irmã Dulce. Nessa missa, viu-se a devoção de fé daqueles que, acreditando na Irmã Dulce, estiveram presentes lá. Um dos beneficiados pelo milagre da Irmã Dulce, milagre da fé, é um maestro pernambucano, lá do Estado de Pernambuco, que, desenganado, com total incapacidade de visão, de enxergar, fez essa devoção e teve a graça de voltar a enxergar. Foi emocionante quando ele pegou o violão, tocou...

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – ... e cantou em homenagem à Irmã Dulce no domingo, em que eu estava presente e participei da caminhada.

    Eu tive a graça divina de ter convivido com ela, como médico ortopedista, operando no Hospital Santo Antônio, e tive também, mais ainda, a oportunidade de ser Secretário de Saúde. De 1991 até 1994, tive a oportunidade de ampliar, através de convênios, através de investimentos e de equipamentos, aquele hospital onde trabalhei.

    Ela nasceu em 26 de maio de 1914 e faleceu em 13 de março de 1992. Eu era, então, Secretário de Saúde quando a visitei, antes do seu falecimento, no seu leito e tive a oportunidade de ter a sua benção.

    Esse é um caso de dedicação à causa das pessoas com uma grandeza que ninguém pode imaginar. Aliás, ela dizia uma coisa que deveria ser observada e ouvida por todos que estão aqui hoje. Ela dizia: "O importante não é falar em caridade; o importante é fazer caridade" – frase dela. Para ter grandeza, sobretudo aqueles que têm o poder, para ter grandeza e para ser nobre, é preciso estender a mão a quem é pobre, a quem precisa das ações.

    Não teve o poder de ser política, Prefeita, Deputada, Senadora, Governadora, mas fez uma obra que talvez, reunindo aqui, poucos pudessem fazer com o poder que têm: atender a tantas pessoas. São 4,5 milhões de atendimentos anuais no seu hospital e nas suas obras sociais, com excelência de atendimento, com cirurgias de alto nível, com oncologia, com escola para educar as crianças. Esse é um exemplo que deveria ser seguido por todos.

    Irmã Dulce vai ser canonizada pelo Papa Francisco no dia 13 de outubro em Roma, no Vaticano. Eu estarei presente e sei que outros Senadores poderão estar presentes, pelo exemplo que ela deixa e que deixou, não só da fé, mas dos milagres, que foram todos confirmados pelo Vaticano. O Papa Francisco, que também é franciscano como ela, seguiu a orientação religiosa de São Francisco de Assis de fazer o bem sem escolher a quem, de estender a mão sem perguntar quem é a pessoa, de onde vem essa pessoa. Isso é uma coisa fantástica, maravilhosa,

    A Irmã Dulce não precisava falar, ela falava pelos olhos, os olhos dela diziam aquilo que ela queria que fosse feito e que acontecesse. E aconteceu esse milagre de uma pessoa só construir uma obra gigantesca em favor das pessoas mais humildes do Estado da Bahia; aliás, do Brasil inteiro.

    Depois de canonizada, depois de passar a ser Santa Dulce dos Pobres, a Bahia vai ter, como já tem hoje, a sua peregrinação em favor de uma mulher, de um ser superior. Mas altamente superior, altamente superior, não é coisa de bem material, não é coisa de dinheiro, não é coisa de riqueza, de poder econômico, não é nada disso; é de alguém que teve a sensibilidade de entregar sua vida inteira em favor de quem é humilde, de quem precisava do atendimento. A Irmã Dulce é um exemplo para todo o Brasil.

    Eu sei que comove apenas quem tem espírito e quem tem alma, não comove os que vivem apenas presos aos bens materiais, ao poder econômico, ao poder financeiro, ao poder de fazer, ao poder da força bruta; a esses não comove, mas comove a quem tem alma, a quem tem espírito, a quem conviveu, como eu convivi com ela, dedicando parte do meu tempo, assim como outros médicos fizeram, à medicina humanitária, a alguém que não visa o ganho, que visa salvar vida, recuperar pessoas, estender a mão e levantar quem cai na dura estrada da vida. Foi isso que Irmã Dulce fez, e fez muito bem-feito. Deixou um legado, um exemplo que todos deveriam seguir: o de ajudar a quem precisa.

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Eu convivi com ela, e ela me deu um ganho muito grande: o ganho de saber que o mais importante na vida não é ter, mas é ter a condição de ter o poder e ajudar as pessoas que vivem numa situação economicamente mais fraca. Este foi o grande exemplo da minha vida, talvez tenha sido o maior ganho que tive ao longo desse tempo todo como médico e como político, o de ter essa sensibilidade que aprendi com ela para fazer aquilo que é para o bem das pessoas.

    Então, a Irmã Dulce deixa um legado muito grande de luta, de trabalho, de fé, de crença e que ficará marcado na minha vida e na vida das pessoas que tiveram esse benefício, essa alegria de conviver, de tocar na sua mão, como várias vezes convivi com ela, ela lutando para colocar alimento dentro do Hospital Santo Antônio...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – ... pudessem, de alguma forma, ajudá-la a fazer o benefício, mas nunca desacreditando.

    Frágil, mas com o espírito mais forte que conheci em minha vida. Não conheci outro ser humano com a força espiritual da Irmã Dulce. Como disse aqui no começo, ela não falava, falava muito baixinho, mas falava pelos olhos. Quem fala pelos olhos fala pelos milagres da fé e da confiança em ajudar as pessoas.

    Portanto, Sr. Presidente, eu quero agradecer a V. Exa. ao me dar a oportunidade de exaltar aqui o trabalho missionário, religioso e de benefício para as pessoas que fez Maria Rita Lopes Pontes – batizada de Maria Rita Lopes Pontes. Perdeu a mãe muito cedo, a mãe se chamava Dulce, e ela adotou o nome de Irmã Dulce para ajudar as pessoas.

    Sinceramente, nada na minha vida me emocionou mais do que ter tido a oportunidade de conviver com essa santa, Dulce dos Pobres. Portanto, é um momento, aqui no Senado Federal, que me emociona sobremaneira ao estar aqui hoje.

    Eu queria agradecer...

    Senador Eduardo Girão.

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE. Para apartear.) – Senador Otto, eu queria parabenizá-lo por subir a esta tribuna para falar dessa grande missionária, dessa grande baiana, que é uma pacifista da humanidade.

    Então, a sua comoção nos comove e a sua ousadia no bem, ao ocupar essa tribuna para levar essa mensagem, essa memória de cultura de paz pura da Irmã Dulce... Aliás, o seu Estado...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (PODEMOS - CE) – ... é um Estado que tem muitos exemplos, muitos exemplos de humanistas, como a Irmã Dulce, Divaldo Franco, que é de outra doutrina, mas faz um trabalho de caridade fantástico até hoje, lá em Pau da Lima, nos bairros de Pau da Lima. É uma terra muito abençoada por tantos bons exemplos de fé, de trabalho humanitário.

    Que Deus abençoe V. Exa. por esse pronunciamento e por rememorar os brasileiros a memória da história da Irmã Dulce!

    Muito obrigado.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Senador Otto.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Eu incorporo o aparte de V. Exa.

    Depois, o Senador Kajuru e o Senador Weverton, do Estado do Maranhão.

    O Sr. Jorge Kajuru (PATRIOTA - GO. Para apartear.) – Inicialmente, eu gostaria de ficar feliz de não me arrepender da decisão que tomei, como juvenil desta Casa, de que ouviria cada pronunciamento, não atenderia telefone celular e não conversaria quando um colega estivesse na tribuna.

    Eis que, neste momento, eu emocionado fico. Primeiro, com a comoção de ver que quem trouxe essas notícias emocionantes – emocionante, principalmente, por saber que a Irmã Dulce será canonizada – foi um ser humano raro, é um ser humano raro o Senador Otto Alencar.

    E, ao falar dela, Senador, quando o senhor falou de pegar na mão, eu vou lhe contar uma história rápida aqui. Um grande amigo meu de infância, envolvido dez anos no mundo das drogas... A gente achava que não havia mais solução. Eis que ele conheceu a Irmã Dulce e, ao pegar na mão dele, ela ficou dez minutos agarrada em sua mão. Ele saiu dali e nunca mais mexeu com droga na vida. Ele, inclusive, tem tatuado, no seu braço esquerdo – eu vou lhe mostrar a foto –, Irmã Dulce, que se compara a Gandhi, que se compara a D. Helder Câmara, a Betinho, mas ela num plano, para mim, até superior.

    Então, muito obrigado por essas notícias.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Obrigado, Senador.

    O Sr. Jorge Kajuru (PATRIOTA - GO) – Por uma mulher como exemplo rigorosamente eterno.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Senador Otto.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Senador Weverton. Depois, o Senador Telmário e o Senador Nelson Trad, porque eles estavam pedindo antes.

    O Sr. Weverton (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA. Para apartear.) – Senador Otto, eu gostaria apenas de parabenizá-lo pelo brilhante e oportuno... Nós temos certeza de que esse seu discurso deste momento, na tribuna do Senado Federal, é o reconhecimento à Irmã Dulce, a toda a comunidade católica.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Weverton (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA) – Ela era conhecida como a Beata dos Pobres, a Irmã dos Oprimidos. Sem dúvida nenhuma, não só o Anjo Bom da Bahia, como ela é chamada lá na Bahia, mas agora em outubro, será o nosso Anjo Bom do Brasil.

    Será uma honra se nós pudermos fazer parte dessa comitiva e prestigiarmos esse momento importante no mês de outubro. Tenha certeza de que não só a Bahia, mas todo o Brasil está bastante feliz, primeiro, pelo reconhecimento, porque a gratidão e o reconhecimento são poucos que fazem. Imagine o mundo, através hoje da Igreja Católica, do Vaticano, reconhecer o trabalho e a importância que a Irmã Dulce teve na Bahia e nos dias de hoje, principalmente, em que o ódio, a raiva, o preconceito, todo o tipo de sentimento...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Weverton (Bloco Parlamentar Senado Independente/PDT - MA) – ... reina, principalmente nas redes sociais e nas disputas do meio político em que nós vivemos.

    E hoje nós falarmos aqui de pessoas que divulgavam o bem, que praticavam o bem e que são do bem, sem dúvida nenhuma, é muito importante, porque ajuda a melhorar ainda mais as nossas almas e ajuda as nossas famílias a terem um norte, uma luz.

    Assim como ela, tenho certeza de que V. Exa. e todos nós podemos sonhar com dias melhores para o nosso País.

    Parabéns, Irmã Dulce!

    Parabéns a todos que estão acompanhando este momento importante para o Brasil!

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Agradeço e incorporo o aparte de V. Exas., Senador Nelson Trad, Senador Telmário, Senador Tasso Jereissati.

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - AP) – Eu pretendo encerrar a votação.

    O Senador Telmário e, em seguida, vou encerrar a votação.

    O Sr. Nelsinho Trad (PSD - MS. Para apartear.) – Senador Otto, apenas para registrar aqui o privilégio de ser liderado por V. Exa.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Obrigado.

    O Sr. Nelsinho Trad (PSD - MS) – V. Exa. é um médico, cirurgião, ortopedista, que já deve ter passado por muitas dificuldades, muitos dissabores que a nossa profissão coloca na nossa frente. E vê-lo se emocionar da tribuna desta Casa numa explanação do coração, da sua alma tocou a todos nós.

    O Brasil já é privilegiado de ter a Irmã Dulce como santa. Imagine a Bahia. Imagine V. Exa. que a conheceu pessoalmente.

    Então, eu entendo que este é um momento realmente ímpar para os Anais desta Casa e gostaria, neste instante, de me solidarizar a V. Exa. no sentido de estar ao seu lado como sempre estive para partilhar contigo dessa sua energia, dessa emoção que transcende a sua alma neste instante.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Agradeço e incorporo ao meu pronunciamento...

    Senador Telmário Mota, por favor.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Para apartear.) – Senador Otto, aqui dentro desta Casa, talvez sejam poucos aqueles que têm a biografia que V. Exa. tem, de homem público, de médico e de professor. V. Exa. ocupou os melhores cargos da Bahia. V. Exa. foi Deputado, foi Vice-Governador, Governador, Conselheiro do Tribunal de Contas, mas todos esses cargos e todas as emoções que V. Exa. viveu não foram, não apagaram as emoções que V. Exa. coloca nessa tribuna.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR) – Hoje as suas lágrimas, o seu choro são de alegria por uma pessoa que V. Exa. testemunhou só pregando o bem.

    Meu Estado é o Estado de Roraima, mas foi na Bahia que eu me formei, minha esposa se formou médica, meu sobrinho engenheiro. Então, eu tenho a Bahia como meu segundo Estado, Estado mãe, com povo amigo, hospitaleiro. E a Irmã Dulce, muitas vezes eu a vi nos corredores do banco em que eu trabalhava buscando apoio para atender àquela sua ação humanitária.

    Então, Irmã Dulce é a prova do amor – é a prova do amor. E V. Exa. é um privilegiado, como bem disse o Senador Nelsinho, por ter nascido na Bahia, privilegiado por ter ocupado vários cargos com muita dignidade e honradez, privilegiado por ter trabalhado ao lado de um ser humano totalmente diferente, que dedicou toda a vida à humanidade.

    Leve ao povo da Bahia todo o meu amor, toda a minha solidariedade. E quero aqui dizer para V. Exa. que a Irmã Dulce é um exemplo do amor.

    Muito obrigado.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Agradeço e incorporo. V. Exa., um bom baiano, está lá servindo agora Roraima e fazendo seu trabalho lá pelo Estado que V. Exa. agora adotou como o Estado que vai servir. Ninguém tem o poder de escolher o lugar para nascer, mas tem o poder de escolher o lugar para servir. E V. Exa. serve bem a Roraima.

    Senador Tasso Jereissati com a palavra.

    O Senador Jaques Wagner depois.

    O Sr. Tasso Jereissati (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - CE. Para apartear.) – Senador Otto, eu queria apenas repetir o que já virou o pensamento comum desta Casa. Congratular-me com V. Exa. pelo exemplo de trazer a este Plenário esse tipo de depoimento.

    No momento em que a gente ouve tantas histórias ruins sobre o nosso País, histórias de violências, de falcatruas, de ambições desmedidas, a gente toma uma brisa ouvindo sua história sobre a Irmã Dulce, que já não é só da Bahia nem só do Brasil, já é uma figura que pertence à história da humanidade, pelo seu exemplo de vida e pelo seu legado.

    Então, eu gostaria só de dizer que a sua emoção é a emoção de todos nós. E eu tenho que confessar que o invejo por não ter tido o privilégio de ter convivido com a Irmã Dulce.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Obrigado, Senador Tasso Jereissati. Incorporo o pronunciamento de V. Exa.

    Senador Jaques Wagner.

    Pois não, Senador.

    O Sr. Chico Rodrigues (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR. Para apartear.) – Senador Otto Alencar, a gente percebe que, nessa sua leveza, V. Exa. navegou no mar das emoções aqui hoje, nesta sessão desta tarde de quarta-feira, no Plenário do Senado.

    Quando V. Exa. começa a deslizar a sua imaginação pela caminhada da Irmã Dulce, V. Exa. é tomado de uma emoção admirável por todos nós, porque sabemos que só o exemplo constrói e exemplifica, e ela teve uma vida de exemplo.

    Nós vemos que a decisão da Igreja Católica Apostólica Romana, da qual nós fazemos parte, é uma decisão extremamente feliz. Não existe nenhuma dúvida quanto a seus milagres, porque cada cristão que nela deposita sua fé consegue, obviamente, transcender além dos sentimentos com o que nós chamamos de milagres. E milagre só se consegue, eu acho, através de uma pessoa santificada, uma pessoa que, em vida, transformou seus dias num servir.

    E imagino como a sua imaginação caminha neste momento ao ver seus 80 colegas Senadores a aparteá-lo de uma forma absolutamente respeitosa, mas comungando desse mesmo sentimento.

    Portanto, eu tenho certeza de que, tanto na sua canonização quanto em Salvador, no mês de outubro, nós haveremos de lá estar para que, como católicos, como fiéis daqueles postulados de Jesus Cristo, que são praticados pela Igreja Católica, nós tenhamos como referência da fé a Irmã Dulce santificada.

    Portanto, parabéns pelo seu pronunciamento! Ele, na verdade, amarra o sentimento da emoção e contamina cada um de nós, que, mesmo sem nem vontade de aparteá-lo, fomos impulsionados por esse sentimento verdadeiro, franco, como é V. Exa., e o respeitamos bastante pela sua postura e, acima de tudo, por essa sua bela e merecida reverência hoje à santa Irmã Dulce.

    Parabéns, Senador!

    O Sr. Carlos Viana (PSD - MG) – Senador Otto...

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Agradeço, Senador, e incorporo o pronunciamento de V. Exa. ao meu.

    Senador Wagner.

    O Sr. Carlos Viana (PSD - MG) – Senador Otto, um aparte também.

    O Sr. Jaques Wagner (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - BA. Para apartear.) – Querido amigo Senador Otto Alencar, V. Exa., como decano da bancada de Senadores, com muita propriedade, traz a este Plenário do Senado da República o sentimento que, como já foi dito aqui, não é apenas dos baianos e baianas, mas dos brasileiros, porque são várias as instituições pelo Brasil afora que carregam o nome de Irmã Dulce, pelo exemplo que ela foi de solidariedade, de caridade, de coragem, como aqueles que tiveram a oportunidade de assistir ao filme sobre sua vida puderam ver de quanta determinação aquele pequeno corpo, fisicamente miúdo, era gigante na defesa daqueles que necessitavam de acolhimento.

    Quis Deus que eu, que não tive a sorte de nascer na Bahia, mas tive a inteligência de escolher a Bahia para viver desde 1974, não tivesse a oportunidade que V. Exa., como homem também de alma solidária, um homem que sempre se dispôs a ajudar os mais próximos, amigos ou não, e, principalmente, os mais simples, teve de trabalhar na instituição que carrega o nome da Irmã Dulce dos Pobres, agora Santa Irmã Dulce dos Pobres, e de, seguramente, poder desfrutar dessa companhia.

    Eu, como Governador, e com Fátima, minha esposa, tivemos a oportunidade de contribuir muito para o engrandecimento das Obras Sociais Irmã Dulce. E Maria Rita, sua sobrinha, que hoje coordena suas obras, pelo gesto que fiz de desapropriar um terreno para que pudesse ser instalada a área de oncologia, batizou a área de Nossa Senhora de Fátima, porque eu disse que não aceitaria uma homenagem com o nome de Fátima diretamente, porque não é correto em vida se homenagear.

    Então, eu quero crer que a sua emoção vai ser maior ainda no dia 13 de outubro – e eu espero estar ao seu lado e do Presidente Davi Alcolumbre, que já se comprometeu em estar presente –, quando nós poderemos ouvir do Santo Papa a palavra definitiva da proclamação de Irmã Dulce como a primeira santa brasileira, nordestina, baiana, por obra e graça de tudo que ela fez.

    Parabéns a V. Exa. por trazer esse bálsamo nesta tarde! Tanta aridez que estamos vivendo no dia de hoje, e V. Exa. traz o bálsamo da caridade de Irmã Dulce aqui para Casa.

    Parabéns!

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Eu incorporo o aparte ao meu pronunciamento e agradeço ao Senador Jaques Wagner.

    Senador Randolfe Rodrigues.

    O Sr. Carlos Viana (PSD - MG) – Permite-me um aparte também, Senador Otto?

    A Sra. Eliziane Gama (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Senador Otto, assim que puder...

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP. Para apartear.) – Senador Otto, o nosso País é o maior país católico do mundo. É paradoxal nós ainda não termos tido a nossa primeira santa canonizada.

    Quis o destino que a primeira santa viesse da Bahia de Todos os Santos, da Bahia onde o Brasil começou, da Bahia de Cabrália, da Bahia da inauguração, da mistura. O Brasil, na verdade, não começou só na Bahia, porque nós somos o resultado dessa mistura dos povos originários que aqui estavam, dos negros, da negritude, que tem na Bahia sua maior expressão – é o maior Estado de presença negra do Brasil. Aliás, a Bahia, como o meu Amapá, tem muita identidade, porque são dois Estados onde a mistura, como Darcy Ribeiro dizia, se processou e se organizou.

    Então, permita-me: já que não pode a santa vir lá do meu Amapá, não pode sair de lá, que venha da Bahia a primeira santa e que seja alguém com o nome de Irmã Dulce, nome a que vários brasileiros tanto rogam, pelo qual tantas devoções têm. Ela está no imaginário popular. São conhecidos um ou dois milagres de Irmã Dulce, mas quantos milagres existem de Irmã Dulce Brasil afora, por todos os cantos, por todo o imaginário, por toda fé desse religioso povo brasileiro?

    Um dos maiores orgulhos que temos é ser o maior país católico deste Planeta.

    E eu quero já me incluir – viu, Presidente Davi? –, católico que sou, devoto das Comunidades Eclesiais de Base, militante da Pastoral da Juventude, aquele que reconhece Francisco como o Papa que resgatou o dever da Igreja, porque igreja vem de enklesía, comunidade, a igreja e o ideal de igreja é a devoção pelos mais pobres... Está lá no ensinamento do Cristo: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que o rico entrar no reino dos céus. E ele, quando dizia, não fazia acepção de pessoas, não dizia que o rico lá não entrava. Ele dizia que a opção da igreja dele, da comunidade dele, que a opção preferencial da religião que ele fundava – religião de religare, de ligar ao transcendental – tinha que ser a escolha dos mais pobres.

    Ninguém, poucas pessoas na história humana fizeram mais pelos mais pobres do que Dulce. Talvez Dulce colocamos aí junto com Madre Teresa de Calcutá, pari passu, uma pela outra.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Exato.

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Mas são duas santas – já vou chamar assim, permitam-me o Santo Padre e a Santa Igreja – que fizeram, levaram a cabo a escolha pelos mais pobres, a devoção preferencial pelos mais pobres.

    Então, Presidente Davi, permita-me: como militante de comunidades de base, dia 13 de outubro, já me escalo para estar lá, junto com o Santo Padre, para ouvir a proclamação da primeira santa brasileira.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Senador Randolfe Rodrigues, eu incorporo o pronunciamento de V. Exa., muito próprio para Irmã Dulce. Senador Randolfe, Irmã Dulce...

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – ... é são-franciscana, o Papa Francisco vai canonizar uma santa que segue São Francisco de Assis – de Assis, na Itália –, uma coincidência tão grande, que eu acho fantástico esse momento em que todos os brasileiros, mas os baianos também, vão ter essa alegria. Depois de Santa Clara, que é a primeira santa são-franciscana, Santa Dulce dos Pobres. E V. Exa. colocou muito bem...

    O Sr. Plínio Valério (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AM. Para apartear.) – Senador Otto, o meu nome é Francisco Plínio Valério Tomaz. Nosso padroeiro, da minha cidade, é Francisco de Assis, sou também franciscano.

(Soa a campainha.)

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – V. Exa. está incorporado aí aos baianos na fé de Irmã Dulce.

    O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Então, veja, Otto, tive chamada a atenção, exatamente pelo Plínio, para isso, para a identidade franciscana. Esqueci de dizer, de tanto que falei aqui, que o anelzinho que sempre uso aqui vem da Pastoral da Juventude, é anel de tucum e tem uma simbologia derivada da teologia da libertação: quem o usa tem sempre a escolha pela causa dos mais pobres, é um matrimônio pelos mais pobres. É a identidade que nós temos, e saudaremos a canonização de Irmã Dulce.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Muito bem, Senador.

    Senador Carlos Viana.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Carlos Viana (PSD - MG. Para apartear.) – Meu Líder, Otto Alencar, todos os Srs. Senadores e Senadoras que estão presentes, quero me solidarizar com V. Exa.

    Apesar de não ser mais católico, há 24 anos, não posso, em hipótese alguma, deixar de admirar o trabalho de Irmã Dulce. Eu, como baiano de coração, que aceitei a Bahia como meu segundo Estado, pelo tempo que vivi, por todo o aprendizado que tenho com os baianos, com V. Exa., que é um grande líder, quero aqui dizer da minha satisfação e lhe contar rapidamente uma experiência que tive. Sempre Irmã Dulce para mim foi um grande exemplo.

    Eu estava em Israel, no ano de 2014, lá trabalhando durante a Semana Santa, e estava ali diante da Basílica do Santo Sepulcro, que é um dos lugares mais sagrados para o cristianismo, por conta do túmulo que está ali.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Carlos Viana (PSD - MG) – E lá são 12 igrejas que dividem aquele espaço. Cada uma fez um puxadinho, e os três principais, católicos romanos, ortodoxos sírios e ortodoxos armênios, que são os mais antigos, dividem o átrio da igreja. Um padre de cada religião não pode varrer além do quadrado de cada um.

    Eu estava ali naquela Semana Santa e me deparei com uma cena muito estranha, Senador Anastasia: o lugar estava lotado de cristãos de todas as vertentes religiosas, e, de repente, uma procissão encontrou-se com a outra, e os padres começaram a trocar socos, um padre começou a agredir o outro ali, por conta de um espaço dentro de uma igreja. E eu passei a me perguntar qual é o sentido disso. E, hoje, vou lhe dizer: o sentido da nossa fé é amar ao próximo como a si mesmo. E foi isso que Irmã Dulce fez. Nas visitas que fiz à Cidade Baixa, nos momentos em que pude estar lá acompanhando o trabalho dela, muitas vezes, na empresa em que eu trabalhava, levamos os donativos para o hospital. Eu pude perceber que ali estava a essência do cristianismo: amar ao outro como a si mesmo, sem olhar a quem.

    Com isso, hoje, eu me solidarizo. Sua emoção é a nossa emoção.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Agradeço.

    O Sr. Carlos Viana (PSD - MG) – Eu fico muito feliz que tenha sido dado esse presente à Bahia, porque, de fato, lá está o grande exemplo da verdade da nossa fé. Meus parabéns a todo o povo baiano!

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Obrigado. Incorporo o aparte de V. Exa. ao meu pronunciamento.

    Ouço a Senadora e, depois, o Senador Angelo Coronel.

    Pois não, Senadora!

    A Sra. Zenaide Maia (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN. Para apartear.) – Eu quero parabenizá-lo aqui e dizer que Irmã Dulce era uma cristã com obra. Eu vi uma entrevista de Irmã Dulce em que se dizia o seguinte: "Irmã, a senhora tem que orar mais". Aí ela dizia assim: "As mãos que curam são mais sagradas do que os lábios que oram". Então, era um exemplo de amor ao próximo.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Exatamente!

    A Sra. Zenaide Maia (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN) – Era uma cristã na essência. Irmã Dulce faz com que nós, mulheres, sintamos orgulho. Ela merece ser canonizada, sim. Ela salvou muitas vidas.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Muitas e muitas vidas!

    A Sra. Zenaide Maia (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN) – Ela sabia que o amor ao próximo era importante, mas sabia que a fé, para o cristão, precisa também de obras. Por isso, ela dizia que as mãos que curavam eram tão ou mais sagradas do que os lábios que oravam.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Exatamente, Senadora!

    A Sra. Zenaide Maia (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN) – Parabéns, Senador Otto!

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Obrigado, Senadora. Agradeço e incorporo o aparte de V. Exa.

    Passo um aparte ao Senador Angelo Coronel, da Bahia.

    O Sr. Angelo Coronel (PSD - BA. Para apartear.) – Senador Otto, V. Exa. traz para este Plenário essa homenagem à nossa Dulce, Santa Dulce dos Pobres, que será canonizada no próximo dia 13 de outubro. Inclusive, apresentei nesta Casa um projeto de lei para que o dia 13 de outubro se torne o dia de homenagem à Irmã Dulce dos Pobres.

    Essa mãe dos pobres baiana deixou um legado que é orgulho para nós brasileiros. Ela tem suas obras bem tocadas hoje pela sua sobrinha Maria Rita, por toda a sua diretoria, pelo seu conselho, pelas Amigas de Dulce. Minha esposa, Eleusa, faz parte das Amigas de Dulce.

    Nunca deixo de me recordar de que, quando Presidente da Assembleia da Bahia, nós ajudamos muito aquele santuário, as Obras Sociais Irmã Dulce, que, na realidade, merecem a ajuda não só de Parlamentares baianos, merecem a ajuda de todo o povo brasileiro, porque ela não vai ser santa só da Bahia, mas é uma santa do Brasil, é uma santa do mundo.

    Então, V. Exa. foi muito feliz, principalmente porque foi um servidor daquelas obras como médico. Já salvou vidas naquela unidade hospitalar, trabalhando muitas vezes sem cobrar um real, simplesmente pela sua boa vontade e pelo seu coração, ao servir à Bahia, aos baianos, e também em regozijo àquela santa que se foi, mas que está viva no coração de todos nós baianos e brasileiros.

    Parabéns, Senador Otto Alencar, e que vivam aqueles que amam as obras de Irmã Dulce!

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Eu agradeço o aparte e o incorporo ao meu pronunciamento.

    Sr. Presidente, agradeço também a tolerância com que V. Exa. me contemplou para que eu pudesse fazer essa homenagem à Irmã Dulce. Eu tive essa alegria de conviver muitos anos com ela, trabalhar, e certamente, de tudo, ficou todo o ganho de aprendizado espiritual. Eu aprendi no Hospital Santo Antônio, nas obras sociais da Irmã Dulce, uma coisa que me deu a condição de conviver com muita firmeza com as pessoas, mas sobretudo com as mãos sempre estendidas para ajudar a quem precisa.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Senador Fabiano Contarato.

    O Sr. Fabiano Contarato (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Um aparte.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Pois não, Senador.

    O Sr. Fabiano Contarato (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES. Para apartear.) – Quero parabenizar não só o povo baiano, mas a população brasileira. A Irmã Dulce era uma mulher que dignificava o ser humano. Há uma frase de que eu gosto muito, que fala... Eu sou católico com muito orgulho...

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Eu também.

    O Sr. Fabiano Contarato (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – ... mas há uma frase que diz o seguinte: "A minha religião é o amor, e o meu Deus é o outro". Eu tenho certeza de que a humildade... Aliás, essa é uma das melhores virtudes no ser humano, e um dos piores pecados no ser humano é a vaidade. Ela sabe que o ato de se tornar uma santa não era o objetivo, porque a vida dela já era de santidade. Existem muitos santos que estão no anonimato. 

    É mais do que merecido esse reconhecimento da Igreja Católica. E isso, que sirva de lição para todos nós.

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Exatamente.

    O Sr. Fabiano Contarato (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – Há uma passagem em São Paulo que diz: "Eu não vivo, mas Cristo vive em mim". E a partir do momento que, em cada circunstância de nossas vidas, como eu estou olhando para o senhor, Senador, como eu estou olhando para cada um de vocês, eu enxergar Cristo no próximo, eu vou exercer mais o amor, o respeito...

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Sem dúvida.

    O Sr. Fabiano Contarato (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - ES) – ... a caridade, a compaixão, o diálogo, a humildade. É isso que eu penso.

    Parabéns, é mais do que merecido. É um exemplo, uma santidade de pessoa Irmã Dulce, irmã dos pobres, Irmã Dulce dos brasileiros, agora Dulce mundial. Parabéns!

    O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Eu agradeço e incorporo suas palavras.

    E queria dizer a V. Exa., para concluir meu pronunciamento, que eu convivi com várias pessoas de várias classes sociais – com Governadores, com Presidente da República, com Deputados, com Senadores –, mas nunca vi uma pessoa igual à Irmã Dulce, porque ela tinha uma diferença ímpar em relação a todos com quem eu convivi: ela falava pelos olhos, ela curava pelas vistas dela. Tinha as mãos frágeis – era uma pessoa muito frágil –, mas tinha uma força interior que eu nunca vi parecida na minha vida, e olhem que eu vou completar agora 72 anos e convivi com muita gente de caráter, de firmeza, mas nada se comparava a Irmã Dulce, uma pessoa que falava pelos seus olhos; lhe olhava e dizia exatamente aquilo que precisava ser feito, para uma coisa fundamental na vida: quem tem força política, quem tem força de fazer, quem tem força do poder de curar e de atender tem que estender a mão e levantar quem precisa e quem cai na dura estrada da vida.

    Portanto, Irmã Dulce é a minha referência e deve ser a referência do Brasil: Santa Dulce dos Pobres!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/08/2019 - Página 38